segunda-feira, 30 de junho de 2008

Cada Cor, Seu Paladar?

Uuuuf! Queridos Leitores, foi um dia que não desejo a quem quer que seja. Mas ficaria mal com a minha consciência se não viesse ainda cá comentar a estranha descoberta científica que dá Marte como terreno aceitável para o cultivo de espargos. Na minha ignorância pensava que não bastaria a qualidade do solo, que a pressão derivada das dimensões do planeta também influiria. Mas uma vez que não é assim, estou já a imaginar a exploração propagandística de quem queira comer no mais in que possa, através da promoção de Espargos de Marte, os únicos que os atentados anti-ecológicos não estragaram.Mas há mais, ganha uma nova plausibilidade a conexão dos homenzinhos verdes aos extra-terrestres sintetizados no termo Marcianos. Simplesmente, o look passará a ser mais literalmente cultivado, quem sabe se motivo para uma nova estação da Moda, colhendo na popularidade crescente do vegetarianismo. A sede de novo a exibir está bem expressa na insatisfação que, afinal, é de si, como se tira de Mestre Drummond, nesta belíssima lembrança da Marília.
O que me deixa angustiado é a significação clubística de um verde insuspeitável no que até agora se conhecia como Planeta Vermelho. Cruzo os dedos para que se não trate de uma preparação psicológica para tomadas de posição leoninas no que ao Glorioso Sport Lisboa e Benfica pareça pertencer. Além de notar o péssimo gosto de pintar das cores da bandeira republicana um astro indefeso.

Outra Maneira de Existir

Antes do mais, devo dizer que, até hoje, nem fazia ideia da existência do Blogue bloqueado (ai a aliteração!) por decisão judicial. E aceito que nenhuma figura pública goste de se ver insultada. O que me faz espécie é o Tribunal ter reconhecido que a matéria agora subtraída ao olhar público, no seu grosso e por muito grossa que fosse, era mera expressão de opiniões, não publicação de veleidades difamatórias que se pretendessem factos.
Assim, a coisa torna-se mais perigosa, pelo menos para quem dê importãncia, quanto a mim imerecida, ao bloguismo. Estou cansado de dizer que a maneira mais saudável de encarar estes bocaditos que aqui se gastam é como mero passatempo. Mas claro que muitos serão tentados a promover-se a pensadores por dedilharem umas linhas, o que justificaria a charge que a imagem imputa à mente figurada na escultura de Rodin. Poderão esses achar apoio no facto de artigo do iol estar incluído na página de «Ciência». Mas cuidado com as decepções, já que, activado o link, cai sob a classificação da subdivisória de «Tecnologia». Quanto mais se sobe, mesmo imaginativamente, maior é o tombo...
Post Scriptum - passei os olhos pela página que sucedeu à sancionada e a ironia nela presente não me pareceu incompetente. É a única apreciação que posso fazer sobre aspecto concreto do caso.

Tiros no Escuro

Disparar para todos os lados ainda é a melhor maneira de evitar que a parte dolorosa da notícia, no final do artigo, passasse para o título.De Arlene Amaler-Raviv

Por Via das Dúvidas...

...eu cá não ia, a menos que tivesse o empossado como provador. Doutra forma, passa é por provocador!Veneno de Andy Wahrhol e Jean-Michel Basquiat

domingo, 29 de junho de 2008

Sétimo Céu

Esta imagem deixou-me extasiado, por lembrar o meio em que se move a Cristina (só às vezes, eu sei), o curriculum da Ana, o convite para o chá no link da Once, o mais privilegiado dos Caminhos, o Celeste, da Júlia, a flutuação da Fugidia, a eliminação das realidades chãs pela Luísa e a anterior actividade da Nocas...
Até que dei pelo título - Graça de ClaraLucia. Está tudo explicado.

Euro Visão

A Furia Espanhola esteve em grande, não só na raça mas na indiscutível Qualidade, perante um Adversário muito difícil, nós que o digamos.Aos Meus Amigos Campeões, Filomeno, Rafael e José Enrique, um abraço de parabéns.
PS: não querem mandar o Iniesta para o Benfica?

Os Irresponsáveis

29 de Junho de 1919. Foi tornado público o texto assinado pelos Quatro Grandes vencedores da Grande Guerra, que, ao contrário dos Mosqueteiros, eram três, já que a Itália foi chamada apenas para o borrão. Tudo neste documento precipitaria desgraças piores. Cegos pela Revanche, em vista à qual Rémy de Gourmont era o único dos do seu País que dizia não levantar o dedo mindinho, que lhe era necessário para abater a cinza do cigarro, os Franceses impuseram tudo o que não conviria - desmilitarização do Reich, deixando-o à mercê das revoluções e da demagogia armamentista do primeiro que aparecesse. Fractura da continuidade territorial alemã, com um inimaginável enclave nesse Dantzig que iria despoletar o conflito seguinte. Responsabilização unilateral e tentativa de criminalização de Guilherme II, a que só a intransigência do asilo holandês e algum bom senso Britânico puseram cobro. Intimação de aceitações vergonhosas a negociadores Judeus da República de Weimar, abrindo caminho ao desenfreado anti-semitismo de um País que, como estudou Hannah Arendt, não possuía longa tradição dele. Combinados com Wilson, a selectividade na auto-determinação, fazendo referendos no Schleswig, mas não na Alsácia-Lorena, para decidir os países a que pertenceriam, uma espécie de Democracia da UE que bem conhecemos. Além do draconianismo do faseamento das idemnizações de guerra, que estrangulavam a economia germânica e de uma voracidade mal disfarçada sobre o Sarre, com precursores episódios de resistência análogos aos que se verificariam no seu próprio território, após 1940.
A sede de vingança deu na total ausência de sentido de Estado. Ao invés de ficar com zonas fronteiriças e reparações aceitáveis, à Bismarck, quiseram minar completamente a ossatura de além Reno, como o Governo do Kaiser também impensadamente fizera, com a exportação de Lenine para a Rússia, deixando os seus agora ameaçaqdos pelos sequazes dos mesmos princípios. O desequilíbrio dos homens leva facilmente ao das Pátrias e diminuir o peso destas é, a prazo, votar todo o Continente a amargos de boca maiores. Mas há quem não aprenda.

Crime e Escapadela

Não deixa de ser curioso que uma maioria Conservadora no Supremo Tribunal dos EUA não tenha impedido a declaração de inconstitucionalidade da pena de morte para violadores de crianças, enquanto que o candidato da Esquerda defende a possibilidade dessa aplicação. Não se trata de reavivar o debate entre defensores e opositores da mais extrema penalidade. Trata-se, simplesmente de, vigorando ela, se apurar dever ou não ser reservada a crimes de homicídio e suas qualificações. Sou favorável a esta última alternativa, não porque não ache que estragar potencialmente a vida de um ser indefeso não seja de uma gravidade aproximada a tirá-la. Mas porque aproximar não é igualar e ficaria a colectividade sem capacidade de destrinça na reacção, a menos que introduzisse formas mais dolorosas de execução para o caso considerado mais grave. Não defendo tanto. Vejo a dignidade do grupo dependente de não renunciar à eliminação dos culpados mais desumanos, mas não advogo o prazer na contemplação inflicção do sofrimento, por muito merecido quue seja. Para casos destes, volto a dizê-lo, considero mais adequadas penalidades de castração e trabalhos forçados, que têm, além do mais, capacidade dissuasora não-enjeitável.Mas a imagem que ficou da decisão foi a da Águia Americana benevolente para com o que Zeus, disfarçado numa antecessora sua, fez a Ganimedes, aqui retratado por Gabbiani.

Quando Um Dia é Algo Mais

Ter um dia determinado, por sobre múltiplas más vontades, pode também ser o reconheccimento duma elevação. Assim o Vinho, que a 29 de Junho tem a sua lembrança.
Vinho é poesia, que ambos transmitem os transportes libertadores da mediocridade rotineira da vida, desde que se saiba num e noutro avançar. Um paralelo interessante ocorreu com a expressão Chave d´Ouro, empregue nas regras da versejação e tendo correspondente num hábito vínico luso hoje um tanto esquecido, o do vinho da chave doirada. Por emprego semelhante ao dos poemas se distingia, já que a vila de Mação, onde o produziam, o usava para obsequiar visitantes ilustres ou amadores reconhecidos, não para inundar o circuito comercial. Talqualmente se saca da imaginação poética, frequentemente, para honrar os destinatários. Era feito de uvas brancas de selecção rigorosíssima e muito maduras, não se podendo tocar no mosto guardado cuidadosamente numa vasilha fechada com chave de metal amarelo, a que deve o nome. Todos os anos se retira uma porção de vinho, não superior a um terço, acrescentando-se, em substituição, equivalente quantidade de mosto. A fama do néctar originou uma tradição de peregrinação apeada, remontando a lendário voto de um capitão-mor de Abrantes, de virar uma dúzia de taças da preciosidade em honra da báquica divindade. Eram cinco ou seis dias em que os devotos invadiam pacificamente a terra, com um jeito bem oposto aos dos soldados de Massena que, por malvadez e selvajaria pura, espalharam pelo chão a valiosa porção então acumulada.
O Triunfo de Baco de Ciro Ferri

António Diniz da Cruz celebrou-o:

Não quero Borgonha;
não quero Champanha;
não quero Tockai;
nem vinho do Cabo:
os vinhos estranhos
não provo, não gabo.
Quero vinho que alegre, que aquente:
dá-me desse, que guarda na cuba,
doce sumo Mação excelente,
camarista estimado, e valido
de Évio Lísio, na casa enramada,
por isso chamado
da chave dourada.

sábado, 28 de junho de 2008

Incomunicabilidades Cósmicas

É que nem de propósito! Deficiências de entendimento e expressão detectadas em circunstantes recentíssimos levaram-me a pensar em como qualquer tentativa de comunicção humana envolve um irrecusável optimismo, o de que todos os destinatários possuam, se não a chave dos nossos códigos, ao menos os parâmetros a partir das quais pudessem descobri-los.
É essa incomparável esperança entre humanos que toma uma dimensão coerentemente ampliada na tentativa que o Prof. Drake levou a cabo, de incluir um esquema em que o zero correspondesse ao espaço branco e o um ao negro, enviada por impulsos rádio e, segundo o Autor, inspirada nas palavras cruzadas. A descrição do Sistema Solar e o esquema estrutural do carbono e do oxigénio deram isto. Terá êxito?

A outra tentativa, da figura na placa elaborada pelo casal Sagan para ser transportada pelo engenho Pioneer 10, na tentativa de, até pelas zonas de vida pouco previsível que atravessaria, dar a conhecer algo de nós.
Conta Paul Watzlawick que, publicada no Los Angeles Times, levantou ondas de contestação das mais diversas, no nosso pobre mundo: uns diziam que a saudação podia ser entendida como agressão, ou indicar a posição inerte como fazendo parte da nossa essência. Outros alertavam que a perspectiva dos pés poderia levar a interpretações estranhas, desde vê-las como armas até tê-las por raízes, ou alicerces. As feministas queixaram-se de a figura feminina ser representada de forma passiva e da estatura a inferiorizar.
E, apesar da propositada assexualização, um protesto em devida forma contra a nudez:
Devo dizer que fiquei chocado com a ostentação espalhafatosa de órgãos sexuais tanto masculinos como femininos na primeira página do Times. Este tipo de exploração sexual não se identifica com o que a nossa comunidade se habituou a esperar do Times.
Não chega sermos obrigados a tolerar o bombardeamento de pornografia nos meios de comunicação social e nas revistas ordinárias? Não chega o facto de a nossa própria agência espacial ter achado necessário espalhar esta nojeira para lá do nosso sistema solar?

Quando com os pés bem assentes na terra a opacidade do receptor é esta, não estaremos a pedir demais às mais longínquas paragens da Fronteira Final?

A Cajadada

Bolas de Ícaro de Christophe Demarez

Dois coelhos de uma só: mostro que a via aqui dada pela nossa Amiga das nuvens é uma queda em contemplações que não se acha na alegria sem risco de dois apetrechos perigosos, desde que reduzidos pela imaginação humana a proporções incompatíveis com o acidente que gere quedas livres. E nunca pensei arranjar uma maneira aceitável de mandar a Ana Vidal fazer bolas de sabão!

Causalidade Identitária

Tenho pouca pachor-ra para aturar ideias que querem ver jogos de poder em tudo o que é relação íntima. Deste modo, acho que a douta tese aqui sumariada não tem pés nem cabeça. Parte, desde logo, do princípio de que as televisões familiares são geridas pelas partes masculinas de cada lar, o que contraria toda a minha percepção do campo, com Elas a determinarem horas e horas novelísticas e de programas estranhos ao imaginário masculino, apenas contrariadas pela revolta que excepciona, quando dá bola.
Mas nem é isto o principal. Aceito que se diga que os telemóveis mudaram as aplicações que as Mulheres fazem de Si, como os homens, com a diferença de ser o Belo Sexo normalmente mais loquaz e menos perturbado pela intermediação. Daí a promovê-lo a factor de identidade é que parece inaceitável, tanto por reconhecer que os jovens de ambos os sexos se espraiam nesse novo desporto, como porque o que, com maior benevolência, se pode conceder é o fortalecimento de laços de grupo. E aqui, como em muitas outras circunstâncias da vida, oponho o mesmo que ergo como contra-argumento das esperanças de alguns Amigos Íntimos - a prioridade à inserção num grupo é sempre mais diluição do que afirmação própria. Por isso também prefiro fundar o dever para com a comunidade no que cada um de nós herdou, não em solidariedades contemporâneas de partes contra outras.
Uma identificação viciada num cerrar de dentes, obrigaria a fazer destas fotos as que integrassem o B.I.

O Princípio do Fim

Quando hoje, no que foi o antigo Império dos Habsburgos, tanto à Esquerda como à Direita se reconhece a benignidade do paternalismo burocrárico do período de Francisco José, feito bom pelos que vieram depois, de todos os partidos e religiões, nacionais e estrangeiros, temos de nos interrogar se não serão as agruras vividas há quase cem anos nas regiões martirizadas um castigo pelas balas de Sarajevo, de que corre mais um aniversário.
O Assassinado Arquiduque Francisco Fernando, Herdeiro do Trono, vivia opressão pessoal muito maior do que a imaginada pelos agentes subversivos na morna administração que respondia perante Viena: casado por amor com a Condessa Sophie Chotek de Chotkowa e por tal hostilizado pelo Imperador, que queria sangue Real no enlace, viveu todas as humilhações do casamento morganático com muito menos fleuma que a sua estigmatizada esposa. Mas nunca isso, nem os autênticos episódios de guerrilha com o Chefe do Protocolo, o Príncipe de Montenuovo, muito mais intransigente do que o bondoso Soberano, o fizertam rebelar-se, ou dissidir. Tornou-se, isso sim, um maníaco da etiqueta, na tentativa de chupar dela todas as honras que pudessem minorar os vexames que considerava infligidos à bem-amada desposada, mas nunca se virou para simpatias pelos que queriam sair do domínio do Tio. Ao contrário do mimado Príncipe Herdeiro Rudolfo, nunca manifestou afecto por autonomistas, como os Húngaros, tornando-se antes um Ultra da unidade imperial.
Em 28 de Junho de 1914 A Esfinge de Belvedere caía sob os tiros de uns desmiolados que queriam fazer a Grande Sérvia, unido até na ida para outro mundo À que tão extremadamente adorava. Nos nossos dias Belgrado paga um tanto esse crime, vendo uma organização quase tão terrorista como a Mão Negra, a UE caucionar os empreendedores da Pequeníssima Sérvia. Por vezes, cá se fazendo, cá se pagam, sobretudo nos casos de devaneios de egoísmo que levam a revoltas contra autoridades tranquila e civilizadamente exercidas.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Homenagem a Uma Progressista

O Tempo de Magritte
A uma Viajante no Tempo que Se apeou.

O Arrivismo Esquecido

Que coisa é o pedantismo? Quanto a mim, uma forma de iliteracia que perde o direito à solidariedade por se querer promover à custa da relegação do Próximo. Tenta exibir um conceito que não assimilou, embora julgue o contrário, para ascender a um meio que lhe vedara a entrada por outras vias. Dela faz parte o que Montaigne identificou, bagagens cheias de conhecimentos que não se sabe usar, como o consegue a Sabedoria; a ostentação dessa abundância, muitas vezes recente. E o emprego para se promover, excluindo outros, sem qualquer preocupação de propor um posicionamento em ordem Verdade ou Validade, apenas visando um peditório de consideração para o autor.
É, por isso, incompatível com a ironia e desperta rejeição consensual, porque o que quer mais do que tudo é ser levada a sério. Trata-se, portanto uma incompetência que se volta contra si própria, do que não estaria até livre este postal, caso visasse fazer algo pela imagem irrecuperável do autor.

Por isso Hiérocles de Alexandria entendeu plasmar uma octologia do pedantismo, com os seguintes exemplos,
o que, tendo-se quase afogado na primeira entrada no mar, jurou alto e bom som que não voltaria para dentro de água sem ter aprendido a nadar.
O que queria vender a casa e para tanto trazia com ele uma pedra, para servir de amostra.
Aquele, preocupado em saber o aspecto que tinha a dormir, que se postou frente ao espelho, de olhos fechados.
Um outro que, perguntado por um médico por que se escondia dele, respondeu não estar doente havia tanto tempo que se sentia envergonhado em aparecer-lhe.
Aquele que, surpreendido ao ver um conhecido, disse ter sido informado de que esse tinha morrido; e perante o desmentido vivo que ele fez, ripostou que o informador era pessoa de todo o crédito...
O objecto da revelação de que as gralhas viviam 200 anos, que comprou uma para se certificar.
O passageiro de um navio prestes a naufragar que, vendo os restantes agarrados a tábuas, abraçou uma âncora, porque maior, para não submergir.
O viajante em conjunto com um calvo e um barbeiro, a quem este, durante o sono, rapou a cabeça e que, por ele acordado para fazer o turno de vigia, achou, ao passar a mão pelo crânio, que o companheiro se tinha enganado e acordado o calvo.

Nesse sentido, gravar uma tatuagem como a da figura não quadrará no conceito? É que não é bem isto que se pretende quando se diz que a distinção entre presença e ausência de pedantismo é algo que está na pele de cada um...

Apologia do Ilogismo

Eis uma Roche incapaz de me petrificar! Ellen Roche...

A Dor do Dinheiro

Com certeza que quantificar o sofrimento é não só tarefa inglória, mas ingrata. Mas é para avaliar factores subjectivos que se querem Julgadores: nada há de mais subjectivo do que a Culpa e para lhe determinar o grau servem os Juízes, caso contrário bastariam burocratas, ou, até, computadores. Da mesma forma com o índice de padecimentos que resulta de um acidente, variável de caso para caso. O Governo, porém, não quer saber e manda que as fixações de idemnizações por desastres passem a ser determinadas pela declaração de IRS.
A Coluna Partida de Frida KahloAinda por cima estes "socialistas" parecem convencidos de que quanto mais rico se é mais se sofre, pois tanto mais alto seja o rendimento, maior será o montante compensatório concedido. A única alternativa a esta plutopatia acéfala seria a de acreditar que a Sócrates & C.ª o sofrimento dos Portugueses é indiferente. E, desgraçadamente, é bem capaz de ser verdade...

Línguas de Perguntadores

Não consigo concordar com a proposta do PP para os exames escolares. O caminho não pode ser privatizar as confecções dos mesmos, já que equivaleria a uma demissão do organismo de tutela, por a entrega a particulares não ser remédio seguro, conforme verificado na gestão hospitar, porque uma empresa do campo que visasse fundamentalmente lucro estaria ainda mais exposta ao perigo de traficâncias e contratações falseadoras e pela razão acrescida de que o monstro em que se tornou o Ministério da Educação deve justificar um poucochinho o astronómico número de funcionários. Há que entregar a tarefa aos competentes, ou, em não os havendo, substituir os que não servem.
Também não me agrada muito a criação do banco de dados com perguntas certificadas. Dependendo do acesso, com as seguranças sempre furáveis neste tempo de hackers, ainda transformaríamos as provas académicas num gigantesco

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Vero Ouro Negro

Ainda haverá algo de novo a dizer do café? Pois aqui têm um achado que não deixou de me surpreender. Há muito que sabia que o néctar negro, ingerido sem excessos, tinha acção benéfica sobre o organismo. Mas ficar ciente de que recebê-lo pelo olfacto fossse suficiente para combater o stress, não passaria pela cabeça do mais optimista. Nesta civilização assombrada pelas agitações, irregularidades do descanso e depressões, como esquecida de Deus, não tarda, o papel da Divindade vem a ser preenchido pela cafeína.
E isto fez soar uma campaínha nesta cabeça suficientemente oca para lhe fazer corresponder ecos consequentes. Lembrei-me de um escrito de Verediano de Carvalho, jornalista brasileiro hoje esquecido, opinando em princípio do Século XX que cada Nação tinha um cheiro peculiar, como língua instituições, costumes, e por aí fora.
Assim, o Brasil cheiraria a café, açúcar e tabaco, Portugal a vinho, cebolas e laranjas, França a pó de arroz e absinto, a Inglaterra a carvão de pedra e sebo de carneiro, a Alemanha a cerveja, salpicões e repolho, Itália a pó de ruínas e azeite esturgido, a Espanha, a chocolate, pimentões e sangue, a Rússia a alcatrão e a linho, a Holanda a manteiga e queijo, a China a chá e ópio, a Turquia a esponjas e âmbar, a Bélgica a limalha de ferro, pelicas e rendas, o Paraguai a ervas e mato, o Peru a guano, a Suíça a leite de cabra, a Áustria a marrasquino, a Noruega a bacalhau e os Estados Unidos... a tudo.
Descontando pormenores secundaríssimos como o de ignorar o que seja cheiro a rendas e de fingir não ver a maldade feita ao Peru, dado como pia de gaivotas, cumpre verificar que os odores brasileiro, a café, e chinês, a chá, ilustram realmente dois Povos de que temos a imagem de pouquíssimo stressados. E da fragrância compósita norte-americana se pode dizer o mesmo que da salada de frutas em nutricionismo - o valor da mistura é muito inferior ao dos elementos.

Os Factos da Vida

A diferença entre osexo


e
o Amor?

Jogar a Feijões?

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades? Vejamos, leio que na Inglaterra de outras eras, os candidatos a Conselheiro Municipal da cidade de Leicester eram eleitos de forma muito mais justa e limpa do que presentemente se faz, um pouco por todo o lado:
Reuniam-se os disputantes na praça pública, onde todo o Povo os conseguisse ver, sentados em círculo, muito sossegados, tendo cada um, sobre os joelhos, o seu chapéu cheio de feijões, após o que se introduzia no meio da roda um porco esfomeado, ficando provido no cargo o primeiro de cuja cobertura o animal comesse.
Hoje não direi que a decisão continua a ser negócio de suínos, mas posso afirmar sem constrangimentos que qualquer ambicioso de cargo público se agitaria o mais que pudesse para que todos os chapéus o indicassem. Continua-se porém a fazer toucinho daqueles a quem se deve a escolha.

Tomou Um Destes Calores!

Tractor de Peggy HepburnAs correias de transmissão socráticas, atentando ao precedente camioneiro e à evaporação portuguesa do Euro (campeonato), mais do que à dos euros das bolsas dos portugueses, pensaram assim congelar a ameaça que se desenhava.
Para bem dos directamente interessados e do País, espera-se que não tenham considerado devidamente a incompatibilidade com o calor, não só o atmosférico, mas o da animosidade contra o Ministro Silva, a qual levou outros Agricultores a dizerem que ele os queria enforcar e o patrão a ocupar o lugar do ajudante incapaz nas negociações do Sector. Resta saber se consegue resolver o que o atado enleou, ou se não ata nem desata.

Paladar Aturado

Os mais clarividentes viram logo que este anúncio retirado, mais do que polémico era um falhanço, já que só se fez notar pela controvérsia relacionada com a venda de imagem de uma harmonia familiar gay, não por eficazmente promover o produto alimentar que o pagou.
É evidente que as contestações dos simpatizantes da causa dos casamentos e adopções homo que vieram papaguear ser o spot o evidenciar de uma realidade existente mas escondida caíram num contra-senso: se a luta deles é para que se permita à tal sexualidade intergénero casar e adoptar, é evidente que é algo que querem implementar, não uma coisa que se pretenda meramente reconhecida.
Está visto que o que se teve em vista foi fazer da Fada da Maionese a madrinha dos três desejos desta gente - fingir que as crianças encararão com naturalidade serem privadas de uma Mãe, a harmonia no matrimónio idealizado da subespécie, contraposto às dificuldades dos hetero e a associação da habilidade extra de um chef de cuisine, como índice de exclência daquelas gentes. Mas a própria protectora mitológica deste molho não parece competente o bastante para os atender.

Aliás é curioso confrontar os protestos habituais das Feministas com a mensagem destas imagens: elas não podem ver uma Mulher com um avental, levando a cabo uma tarefa doméstica, que não se insurjam contra a subalternização da Mulher. Os aclamadores do anúncio não acham nada inverosímil um uniforme de cozinheiro numa residencia familiar e aspiram a essa mesma opressão familiar. É combater um fogo com outro, no paupérrimo cozinhado publicitário que conseguiu o feito de propagandear uma substância pegajosa de forma que não pega.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Cingir

Lendo a notícia da inclusão do Príncipe William de Inglaterra entre os membros da Ordem da Jarreteira, que, ao contrário da do Soberano e do Príncipe de Gales, não era forçosa, saltou-me à ideia um feixe de reflexões que o tema permite.
Primeiro, a a origem, que muitos espíritos inconformados com a mensagem erótica da lenda não querem ver apenas a galanteria de Eduardo III, apanhando a peça íntima deixada cair pela Condessa de Sallisbury. Desses, uns exergam na divisa Mal Haja Quem Mal Cuide, em francês, expressa uma afirmação dos direitos feudais do Rei das Ilhas a terras gaulesas do continente, para além da razão do baile, que seria a tomada de Calais. Outros, como Margaret Murray, obcecados por tudo explicar pela generalização de prática religisa de fundamento comum, dão o evento como uma negação da bruxaria que à Dama se pudesse atribuir, na vertente de adoradora do Deus Cornudo e de que a jarreteira seria símbolo traidor do segredo.
A explicação alusiva à sexualidade, dada a brincalhona e ostensiva alusão, parece-me, evidentemente imbatível, por mais conforme ao espírito festivo do Tempo, do que Política Internacional e Esoterismos.

Mas há uma cabala em que a Ordem releva: a da campanha insidiosa movida pelos agitadores Republicanos contra D. Manuel II, aqui representado nas insígnias respectivas. Os proopagandistas contra o Trono espalharam. na sua imprensa e pelo boato, que a viagem Real a Inglaterra fora um fracasso, com pouquíssima atenção dada ao nosso Monarca pela Corte e Realeza Britânicas. Quem leia «A Comédia Política», de Joaquim Leitão, verá o testemunho de um elemento da comitiva demonstrando pormenorizdamente o contrário. E não deixa de ser irónico que tenham sido os que viriam a mendigar recepções ao seu infeliz representante em Londres, Teixeira-Gomes, os contrafactores da mencionada falcatrua. Mas para quem ponha em dúvida testemunhos, há sempre a possibilidade de recorrer aos registos deste restritíssimo clube de Honra - o cerimonial completo da recepção no celebrado número dos agraciados, em tempos próximos, só ocorrera, para além do nosso Rei, com o Irmão, D. Luís Filipe e com o Rei da Noruega. E cabeças coroadas de Países bem mais poderosos haviam sido na mesma distinção incluídos.

Sibila a Três Tempos

A 25 de Junho de 1843 morreu Mademoiselle Lenormand, celebérrima deitadora de cartas que errou nessa previsão, pois vira-se para lá de centenária e deu a a alma ao Criador com pouco mais de setenta anos. Foi apenas um dos seus notórios falhanços, pois já dissera a Josefina que acompanharia no trono os esplendores de Napoleão, até ao fim. Este, aliás, hesitava entre afastar a Mulher daquela influência e a consulta dela, tendo dito em Santa Helena que ela descrevera tal exílio e os carcereiros com minúcia.
Simpatizande do Rei, foi solicitada profissionalmente por Robespierre, Marat e Saint-Just, o que não a impediu de ser presa durante o auge revolucionário, em 1794, por se haver atrevido a predizer uma contra-revolução. Talvez tenha sido a lição que a levou a só dizer coisas agradáveis à pobre Imperatriz em vias de ser repudiada, que o profeta da desgraça é também um mensageiro de más novas que urge punir, mesmo que não já matar.
A vertente desta patrona de um específico tarot que me seduz mais é a de agente informadora da Polícia de Fouché. Sabe-se que ele a inquiria sobre o Presente dos frequentadores, não sobre o porvir deles. Ora, que preciosas informações poderia ela dar nesses domínios, que não eram a sua especialidade? Não são só os treinadores de futebol que colocam jogadores fora do seu lugar natural, está visto. Mas, hoje por hoje, é o seu conhecimento do Passado que a faz mais lida, uma vez que publicou Memórias interessantíssimas do mundo famoso que conheceu. Os oráculos deixaram de ser monopólio de um tempo só.

(Ab)Usos de Confiança

Confie em Mim de James ConnallyDois terços dos Portugueses não confiam nos seus governantes. Quer isto dizer que o Sr. Sócrates estará prestes a mudar de vida? Nem tanto, as práticas privadas demonstram ser uma importantíssima fatia do eleitorado muito digna dos que nela mandam. E sabe-se como o voto tanto pode ser determinado pela crença na capacidade e honestidade dos mandatados, como na simples circunstância de as gentes se reverem neles. As dentuças escancaradas que pedem que neles confiem podem dar bem lugar ao sorriso próprio de cumplicidades entre sujeitos de uma igualha.

Empurrar a Realidade

O caso do jornalista macedónio que se transformou em serial killer para arranjar histórias que contar tem dois termos de comparação que imediatamente me ocorrem: o do jovem incendiário florestal português que, sendo bombeiro, ateava os fogos, para se incluir na camaradagem e interesse de apagá-los; e a problemática de «The Big Carnival/Ace In The Hole», de Billy Wilder, onde um fura-vidas da imprensa, interpretado por Kirk Douglas, força o salvamento de um homem subterranamente encerrado pelo processo mais demorado, para poder explorar o filão noticioso e, até, transformar o local em atracão turística.
É uma consequência da idolatria da profissão, a qual, começando na Sociedade Burguesa, passou para esta zona cinzenta que se gostaria de ver como ultrapassagem dela. Explorando o desequilíbrio que haja em si, a partir do momento em que se incuta a necessidade de conseguir interessar as massas e não inventar histórias, concomitantemente, corre-se sempre o risco de ductilizar a Verdade, ao ponto de esbater a fronteira nítida de cobertura e criação dos factos noticiosos e a noção não poderem coincidir, sob pena de se transformar numa encenação, apesar da irreversibilidade trágica dos sacrifícios que a integraram.
Nesse sentido, o suicídio do monstruoso reporter na cela acaba por ser o castigo supremo dentro da impermeável ordem de valores a que se vinculara - a morte auto-infligida pela qual conseguiu uma manchete ainda maior já não foi por si acompanhada nos Media. Quem tudo quer tudo perde e a condição profissional foi a primeira a ceder.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Marco!

Este Guarda Pretoriano aqui da residência virtual foi nomeado voluntário para oferecer à Júlia uma flor, pela passagem do "nosso" aniversário.

Síndroma do Iô-Iô

Uma Querida Amiga quis à força mergulhar na radicalidade dos desportos com o balonismo, saltando de imediato para o paraquedismo. Em bom rigor, são tradições associadas no imaginário dos povos, porquanto, muito antes de Garnerin juntar ambos os utensílios, usando um balão para ascender e uma espécie de paraquedas para descer com suavidade, em 1797, já as publicações satíricas francesas davam à estampa gravuras como esta, de Damas e Gentis-Homens a fazerem sobe e desce nos céus.
A sátira não poupa quem quer que seja. E quando o famoso Nadar recorreu a um dirigível, Le Géant, para se tornar pioneiro da fotografia aérea, logo houve fraco versejador luso que poetou:
Se já é perigo «nadar» no mar,
Que fará «nadar» no ar!
Nada! nada! «Nadar» por «nadar»
Antes «nadar« no mar...
«Nadar» que nade, se lhe apraz
«Nadar», no ar.
Sei que a Ana Se sentirá mais irmanada a Victor Hugo que lançou sobre o balonismo:
Comme une éruption de folie et de joie,
Quand, aprés six mille ans, dans la fatale voie,
Défaite brusquement par l´invisible main,
La pesanteur, liée au pied du genre humain,
Le brisa: cette châine était toutes les châines!
Tout s´envola dans l´homme, et les fureurs, les haines,
Les chiméres, la force evanouie enfin,
L´ignorance et l´erreur, la misére et la faim...


O Tempo demonstrou que não era propriamente a panaceia, mas é sonho lindo e, na Nossa Amiga, inofensivo. O princípio do balão é o da festa, o do pára-quedas, até pela semelhança dos originais com o guarda-chuva, o da segurança. E como alguém disse que este não passava de uma bengala de saias, está muito próprio reservar a uma Senhora a capacidade fantasista que esta combinação dá. Fruir o turismo das imensidões, sem brusquidão e fazendo a ida e a volta por diferentes vias! Apesar da transversalidade de géneros que os desejos de elevar-se e evitar quedas fatais gozam. O sonho comanda a vida, não é?

Fontes da Maria

Está em cena uma peça que, pelas notícias que chegam, parece ser alegre e librérrimo desvio da História, Nada a obstar, do ponto de vista da Liberdade Artística, mas convém precisar alguns factos, para sabermos que terrenos pisamos.
Por muita protecção que D. Maria II haja dispensado ao Conde de Tomar & Companhia Limitada, na fase inicial do levantamento popular da Maria da Fonte nada se podia ouvir contra a Rainha. Pelo contrário, davam-se vivas a ela e, antes do acaudilhamento da sublevação pelos notáveis, representantes Legitimistas e, depois, pelo Padre Casimiro,o filomiguelismo, contrariamente ao de outras regiões do País, não era reportado directamente à Figura do Rei exilado, mas, despoletado pela proibição de sepultar os mortos nos templos, à rejeição das inovações legislativas abstractas, sob a divisa Vivam a Santa Religião e as Leis Velhas! Morram as Leis Novas!
Nesta viçosa guarda da Tradição por um levantamento inicialmente feminino, o problema da identificação da figura emblemática que lhe emprestou o nome acha-se razoavelmente sintetizado aqui, mas convém acrescentar que a célebre Maria Angelina, de Simães, se apresentou ao Padre Casimiro, reivindicando ser a verdadeira e única Maria da Fonte, contra outras candidatas. E disso o terá convencido, pois por ele foi considerada heroína e gratificada com a quantia notável para o temo de 4$800 réis.
A versão muito popularizada por Camilo deve ser posta de parte, porque assente nos apontamentos que Ferreira de Mello e Andrade lhe transmitiu, os quais, segundo artigo de Francisco M. M. de Oliveira publicado em 1903 afiança, foi-lhe confidenciado pelo Autor serem obra de ficção, coisa corroborada pelo filho do próprio.
Por fim, a questão da Fonte parece de facto encontrar explicação na estalagem da Póvoa de Lanhoso junto de uma, em que se reuniam as revoltosas, embora a sua proprietária Maria Luiza Balaio nunca haja integrado as insurreições, limitando-se a dar coragem às que nelas entraram, O mais provável é a designação ter sido de origem compósita, em que a noção do local de partida e sua dona se amalgamou às Mulheres de Armas que afrontaram o Liberalismo Cartista.




Contas do Vigário

Concepção de exame de Matemática, segundo a Equipa da Ministra Milu

O Governo é socrático e Socialista, o que sendo mútua agravante, quer dizer que gosta de ter o Povo por tolo e de igualar por baixo. Eliminar dificuldades de percurso e mérito, não já formar espíritos que as vençam é a metodologia. Que admira então esta apoteose? Talvez, pensam, a Juventude fique suficientemente amolecida para os não apear... Só que pode haver erro... nas contas. E esse marasmo impedi-la de defender os seus pretensos benfeitores quando descobrir que a Vida não oferece facilidades iguais.

À Unha!

Esta não lembra ao Diabo! Acusar a empresa que deu o iPhone às massas de fazer uma subtil discriminação de géneros, por as unhas não activarem convenientemente os comandos e as Mulheres as usarem mais compridas, nem tem lógica, nem base fáctica. Com efeito, serão Mulheres os Mandarins chineses e epígonos sobrevivos, que as deixavam crescer como prova de não se darem a trabalhos manuais? E muito original no nosso País que dá centímetros largos à extremidade do mindinho? Além de que o aparelho não é uma necessidade, mas superfluidade que só compra quem quer. De resto, não há qualquer inevitabilidade no comprimento dessas partes em crescimento, pelo que difícil é considerar as portadoras de opções mais visíveis como disabled people...
Plínio O Antigo defendia, em mandamento unissexo, que o ideal para a fronteira da unha seria acompanhar o rebordo da pele do dedo em que assentava. Menos austeros que o sábio Romano, custa-nos prescrever uma norma neste campo. Mas não está a questão já resolvida com as imitações amovíveis que se colam e tiram, conforme a prioridade seja decorar ou labutar?
Estamos é perante um sinal dos tempos - é aceitável exigir a uma moda que não incompatibilize com outra. Submissão total!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Colo e o Zelo

Fiquei zonzo ao ler que um vigilante abade Boileau publicou, e 1675 um «Traité Sur Les Abuses Des Nudités de Gorge», onde defende que o seio da mulher decotada é o trono de Satanás. Com certeza que o piedoso autor veria com bons olhos qualquer tentativa de um bom Cristão para se apoderar do cadeirão em que o Maligno assenta o seu poder, desbancando-o. Será que não era um ditame puritano, mas um incentivo à vida pia?
Nestas coisas não devemos ficar pelas patentes intermédias, há que apelar para a Cabeça da Igreja, no caso o Papa Pio VI, que passeando com um cardeal, viu uma beldade com o peito muito razoavelmente exposto, onde pousava uma sumptuosa cruz de pedrarias. Tendo o acompanhante chamado a atenção para a beleza da jóia inerte, respondeu a Santidade Sábia: sim, aquela cruz é, realmente bela. Mas ainda mais é... o calvário!
A moda de hoje, embora não cesse de se reivindicar de outorgante de apelo sensual às Senhoras, tem descurado, pelas concorrentes preocupações de liberdade e conforto, este chamariz masculino sem par. Não assim a Rainha Isabel I de Inglaterra, a qual, para promover o acasalamento, momentaneamente em baixa, entre as Damas e Cavaleiros da sua corte, prescreveu às solteiras um decote... até à cintura, por assim dizer, interditando-o de todo às casadas, por querer, concomitantemente, garantir a estabilidade dos casamentos. E a si própria, digo eu, para não assustar os observadores da inovação.

Ganda Ganza!

É Sexta-Feira? não. Mas é uma espécie disso no Brasil e na Cidade do Porto. Pensando nos Amigos desses Lados, deixo, em emblema dionisíaco do Excessivo deste dia, a melhor Ganza... rolli, Hélen Ganzarolli, aproveitando para demonstrar por que não aprecio cabeleiras femininas com comprimento demasiado...

Lisboa a Arder

Poucas datas como a de Véspera de São João, misturam tanto Paganismo e Cristianismo. Nem o Natal, apesar da conhecida determinação cultual solar aureliana. Ainda no rescaldo do Solstício de Verão, desde o Brasil do feriado à Inglaterra das Fadas, do mundo Germânico dos cortejos fantasmagóricos à Ucrânia de onde esta fotografia é tirada, o folclore dos saltos de fogueira e dos augúrios a moças casadoiras são uma constante herdada dos tempos em que o matrimónio era apetecido com fervor por mais gente do que alguns elementos da Comunidade Gay. Vindo-se a suavizar o processo, passados tempos de outra barbárie como os de sacrifícios de animais para alegria das multidões, esbatendo-se até a matança do porco (a ASAE não podia ser totalmente condenável), fica o festejo na vertente de Excesso reduzido às inofensivas acrobacias sobre as brasas, mais condizente com a comemoração cristã do dia. É um dos raros festejos de nascimento e não de morte de Santos, juntamente com o de Jesus e o de Nossa Senhora, pois a génese de São João teria ocorrido com libertação do Pecado Orignal, pelo processo da Graça concedida a Santa Isabel, cuja idade e esterilidade não permitiam a concepção natural. Mas é ainda o do nascimento da codificação musical, já que o hino do Breviário para este dia, cantado na benção do fogo, Ut queant laxis, foi a matriz das notas musicais, legado inestimável desse Paulo O Diácono (não eu, D. Ana Vidal), entretanto caído no esquecimento. Do, Re, Mi, Fa, So, La, Ti, Do. com o Ut inicial reduzido a Do, por comodidade expressiva:

Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum,
Solve polluti
Labii reatum, Sanc
Te Ioannes

E o sempre interessante Sousa Bastos conta que ainda em finais do Séc.XIX era vulgar os salaricos de fogos acesos nas principais praças de Lisboa, desmentindo a exclusividade portuense na predilecção pelo Baptista. Mas eram tempos em que essas ardências não arrastavam consigo o Chiado inteiro, ou, como hoje, a tesouraria da Câmara.

A História da Carochinha

A Língua da História de Gennady PrivdentsevEste obscuro escrevinhador tem o direito de não gostar do Fascismo e até o (embora seja mais torto) de não gostar de Salazar. Até pode, porque as palavras não custam coisa que se veja, identificar um com o outro, pois há muito que "fascista" passou a ser aquele de que não se gosta. Não vale a pena é comprar o livreco dele, pela amostra desta entrevista. Os grandes argumentos não são assentes em confronto das doutrinas bem diversas: vitalismo, a-religiosidade filorepublicana, expansionismo, modernismo estético umbilicalmente ligado à mensagem política, sindicalismo enquadrado partidariamente versus supra-individualismo tradicional e tranquilizante, Catolicismo de Estado na harmonização das classes, isolacionismo protector, eclectismo não totalitário expresso numa preferência artística, paternalismo governativo sem retirar da militância num movimento partidário o critério de preenchimento dos cargos políticos. A descoberta que este senhor faz é a de que como Hitler matou nazis e Estaline comunistas, continuando cada um a ser o que era, por Salazar ter mandado os fascistas para a prisão e para o exílo... só podia ser fascista! Nem por um segundo refere que purgas partidárias internas são coisa ligeiramente diferente da ilegalização de um partido que lhe queria modificar o regime e não era seu, obrigando os militantes respectivos à reciclagem ou ao castigo.
Um apartezinho - a última coisa que quero é defender Marcello Caetano. Mas dizer assim que outros sustentaram ser ele um criptocomunista é enganar o pagode, pois inculca que se estaria a falar dos princípios do político em questão (admitindo generosamente que tivesse algum), não já do que se tratava, da intenção de pactuar com os comunistas, sobretudo, mas não apenas, em matéria da entrega ultramarina.
A História vive a longa noite das línguas compridas...

domingo, 22 de junho de 2008

A Escola da Noite

Nada detesto mais, sazonalmente falando, do que os dias de Verão, que me dão sono, afastam a disponibilidade dos Amigos e o apetite, reduzindo a Noite, em toda a sua dignidade, para além do sofrimento que o calor me causa, com um índice de transpiração superior à média que, em miúdo, chegava a mamifestar-se em forma de alergias, na pele.
Para culminar, ficou gravada a decisiva e admoestadora aquilatação de um verso de Gottfried Benn, em que se diz que o mais grave de tudo
é não morrer no Verão
quando tudo é claro
e a terra é leve para a enxada.

Não admira, até por me faltarem razões de remorsos de não ser Porto, que, apesar dos seus ridículos e limitações, prefira ver-me numa noite de Verão, em que, nem atentando nas faltas de jeito, os convívios nos libertam da camisa de forças diurna. Como cantava o algo novo Jacques Brel

JE SUIS UN SOIR D´ÉTÉ

Et la sous-préfecture
Fête la sous-préfète
Sous le lustre à facettes
Il pleut des orangeades
Et des champagnes tièdes
Et des propos glacés
Des femelles maussades
De fonctionnarisés
Je suis un soir d'été

Aux fenêtres ouvertes
Les dîneurs familiaux
Repoussent leurs assiettes
Et disent qu'il fait chaud
Les hommes lancent des rots
De chevaliers teutons
Les nappes tombent en miettes
Par-dessus les balcons
Je suis un soir d'été

Aux terrasses brouillées
Quelques buveurs humides
Parlent de haridelles
Et de vieilles perfides
C'est l'heure où les bretelles
Soutiennent le présent
Des passants répandus
Et des alcoolisants
Je suis un soir d'été

De lourdes amoureuses
Aux odeurs de cuisine
Promènent leur poitrine
Sur les flancs de la Meuse
Il leur manque un soldat
Pour que l'été ripaille
Et monte vaille que vaille
Jusqu'en haut de leurs bas
Je suis un soir d'été

Aux fontaines les vieux
Bardés de références
Rebroussent leur enfance
A petits pas pluvieux
Ils rient de toute une dent
Pour croquer le silence
Autour des filles qui dansent
A la mort d'un printemps
Je suis un soir d'été

La chaleur se vertèbre
Il fleuve des ivresses
L'été a ses grand-messes
Et la nuit les célèbre
La ville aux quatre vents
Clignote le remords
Inutile et passant
De n'être pas un port
Je suis un soir d'été

Reconversão das Musas

Dia de Billy Wilder, a quem se devem tantas obras primas na Comédia, começando pelas que fez cm Lemmon, mas a quem prezo particularmente os filmes sérios. Já aqui falei de «O Crepúsculo dos Deuses», filme proibido de ser o da vida de alguém, mas que calha a ser o meu. E também de «Stalag 17», com as avaliações erróneas do carácter. Ainda conto um dia debruçar-me sobre «Pagos a Dobrar», com a nunca por demais enaltecida Stanwick e «The Big Carnival», muito na ordem do dia pelas práticas noticiosas das nossas televisões.
Hoje, contudo, prefiro dar-Vos este pequeno vídeo, com o aniversariante (mesmo que no Céu) mostrando algo que aflige qualquer um que crie, quotidianamente: os dias em que nada sai, alternando com os de jorro imparável. Com a diferença para os bloguistas de não terem por detrás produtoras exigentes, o que lhes agrava a responsabilidade que pareceria atenuada pela paralela inexistência de contratos milionários.
Mas ilustra-se com este pedacinho uma diferença essencial do Cinema para a Escrita, sobretudo a Poética. Nem tanto pela obrigação de ir debitando páginas regularmente, enquanto fazemos a imagem do versejador apenas limitada pelos sopros da Inspiração. Antes por encarcerar o Cinema na Sociedade, pois não só um filme depende de muito mais gente que Autor e Editor, como a relativa pouca idade da sua invenção o dispensa das escravizações e clivagens perante grandes do Passado que Harold Bloom imaginativamente escav(ac)ou. E também por o Público ser sempre mais aferido pela contemporaneidade do que pela genealogia, pois não há séculos e séculos de tradição a escrutinar e o videoclube de cada esquina opera aproximações mais miraculosas do que os empréstimos das bibliotecas públicas. Digamos ainda que, em matéria fílmica, as exigências imediatas de êxito da cinematografia fazem aparecer a da Posteridade como admiração bastante menos gloriosa do que a actual.
Além de que... podemos facilmente imaginar Deus fazendo um poema, sobretudo se estivermos dentro dele. Mas quem conseguirá harmonizar o Divino com a regie que conduz as câmaras?

O Passarão

Para os Dentes de Jeroen DiepenmaatConstatada como ganhante a estratégia de martelar os ouvidos das pessoas com a ideia da sua inevitabilidade, por não haver alternativa, coloca-se um disco semelhantemente riscado a propósito do Tratado de Lisboa...
Quem estranhe o título da fotografia lembre-se da expressão que fala em mentir com quantos dentes se tem.

As Relações da Mente

Leio este relato da Viúva de Borges e não posso deixar de sorrir, da ingenuidade de um escritor tão prevenido poder pensar que um acidente cerebral fosse capaz de lhe ter coarctado selectivamente apenas uma das modalidades da criatividade, a poética, Sabe-se como grandes abalos físicos podem impedir uma forma de expressão, mas dentro de uma só delas, a Escrita, seria credulidade excesiva admitir que fosse capaz de prejudicar apenas um dos géneros em que se desdobra.
Outro caso seria o efeito psíquico receado do choque. Nietzsche perante o cavalo espancado de Turim, abstendo-se do debate filosófico... E ponho-me a pensar como o baque de se ver sofredor de uma vulgaridade fortuita não poderia exercer uma influência dissuasora da elevação programática que qualquer poema é, relegando para o contismo, a mais difícil das especialidades, mas que escapa ao estalão comum apenas pela Qualidade que possa atingir, não já pela inerência transfiguradora dum registo.
Como outros colossos mostraram, o receio de si, mesmo que passageiro, era o seu maior adversário. Ainda que ultrapassável. Mas da porventura excessiva conta do Poético, como da temporária falta de aptidão para o mesmo, germinaram das melhores ficções curtas do Século. O que faz de alguns percalços circunstâncias gratas.
Nada a Temer, Salvo a Si de Glen Tarnovski

sábado, 21 de junho de 2008

Sub Júdice

D. Sebastião e o Rio


Posted by Picasa

O Dr. José Miguel Júdice passou metade de uma vida a estudar a Política e a restante a influir nela. Tinha obrigação de saber que não era pelas suas barbas que em matéria de interesses na - mas não forçosamente da - zona ribeirinha de Lisboa o davam como O Desejado. Um governo partidário convidando com os holfotes e microfones orientados uma figura sem o seu cartãozinho, mas recentemente alinhada, decerto quer um idiota útil para cobrir uma arbitrária gestão das acusações de favorecimento. Só não vê quem não quer e arrepiar caminho depois de uns meses mais mão alcança do que cair noutra figura a criar, a do idiota inútil, já que o alinhamento inicial terá produzido muito do efeito que se pretendia.

Dor em Verbo

Em Memória de Mary Daniel HobsonA partir de que momento se torna a dor insuportável? Os primeiros choques que ferem podem ser trancados numa arrecadação cuja porta se teme abrir, ou simplesmente lançados à brisa, para que os afaste. Pretender superá-los pelo esquecimento é, porém, forçar-se e enganar-se, já que cada bote ficou marcado e a sua repercussão aguarda momentos de menor inexpugnabilidade para fazer a reentrada em força numa existência que, pouco a pouco, se deixou reger pelo conceito falso da luminosidade desmentida.
Há sempre o momento em que todo o penoso acervo, paulatinamente acumulado, forma um texto impossível de ignorar, como, ao contrário, acontecera com os elementos soltos do Passado. E são esses regressos paroxísticos, algo descongelados, que juntam a Sobrevivência ao Fracasso. De Sylvia Plath, traduzida por Mário Avelar

PALAVRAS

Machados,
após o golpe seco a madeira reverbera
e os ecos!
Ecos partindo
em fuga de um centro, como cavalos.

A seiva
flui como lágrimas, como a
água lutando
para refazer o seu espelho
sobre a pedra

que tomba e dá lugar a
uma caveira branca
devorada por ervas daninhas.
Anos depois,
encontro-as na estrada -

palavras secas e selvagens,
o infatigável bater dos cascos.
Enquanto
do fundo da lagoa, estrelas imóveis
governam toda uma vida.

Uma Vez Só Não Basta?

Sempre fui hostil à ideia de Reencarnação. Não tanto por temer a justiça ao modo de cá se fazem, cá se pagam, mas porque nunca gostei de trabalhos de grupo, a começar pela escola. E o mesmo ser vital espalhado por várias concretizações, se abstrairmos das compartimentações temporais, é isso mesmo. Além de que, se consigo carregar culpas extra-pessoais, quando decorrentes da Condição da Espécie, o que é formulado imageticamente pelo conceito de Pecado Original, já me pareceria uma injustiça cósmica sobrecarregar um indivíduo com o peso do que historicamente foi atribuído a outro. Além de que detesto segundas oportunidades.
Tendo noção das referidas desconfianças, uma Querida Amiga enviou-me esta ligação a página que, além de nos dizer coisas mais conhecidas sobre o nascimento, nos apresenta a quem teríamos sido na outra vida. Faculto o meu resultado, por baixo da pintura.

Reincarnação de Anya RubinDiagnóstico de su vida pasada:
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No sé si le parecerá bien o no, pero usted era hombre en su última encarnación terrena. usted nació en algún lugar del territorio que hoy es Norte de Latinoamérica en torno al año 950. Su profesión era artista, músico, poeta o danzante litúrgico.
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Un breve perfil psicológico de su vida pasada: :
Siempre le gustó viajar e investigar. Podría haber sido un detective o un espía.
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La lección que su vida pasada le ha dado para la encarnación actual :
Debe desarrollar su talento para el amor, la felicidad y el entusiasmo, y debe distribuir esos sentimientos a todos los demás.
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¿Recuerda ahora?
Homem? A Oeste nada de novo! Artista? Se plástico, estou bem castigado por esses laivos de superioridade, veja-se as minhas notas liceais a Desenho. Músico? Ai, a segunda via não me permite distinguir duas notas e só me atrevo a cantar no duche! Dançante litúrgico? Nunca fui bom a dar baile, salvo em sentido figurado. Mas espera, a liturgia pode envolver um factor sacrificial: está encontrado o sentido para os tormentos infligidos a pés de parceiras, nos slows da Mocidade.
Detective ou espião? Claro, que é a net senão reabilitar a bisbilhotice?
Da lição não falo. Em que raio me distingue ela? Mas é bom saber que ainda há quem me não considere peculiar ao ponto de desumano.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Hoje é Sexta!

Inspirando-me no que se faz em Países Amigos, sugiro a Pessoas que estimo o que são verdadeiras pinturas de torcida, em terreno futebolístico, bem como, agora que Portugal foi eliminado, rogo que o meu apoio à Itália, em face desta prova, não seja dado como vestir outra camisola...

Fuga Sem Arte

20 de Junho é o primeiro do fatal acontecimento de Varennes. Não devemos lembrar tanto o folclore imaginado ou não de ter Luís XVI levantado uma cortina da janela da carruagem e ter sido reconhecido pela efigie nas moedas que corriam. São factos de que os relatos mais autorizados prescindem e, apesar do valor simbólico de a curiosidade ser fatal, para Reis como para o gato do provérbio, bem como de o dinheiro aparecer, recorrentemente como o maior inimigo da Tradição, o que devemos reter, para além da notória incompetência na camuflagem da viatura - que chamava todas as atenções e mais algumas - é que, depois de muito ceder já não rsetava capacidade mobilizadora de outros centros urbanos contra os revolucionários que dominavam totalitariamente Paris. A haver fuga, sempre pior que uma resistência heróica, que tivesse sido no princípio, como nesse Outubro de 1789 em que fora pensada. E não agora, quase dois anos depois, apesar de a mitologia revolucionária da traição cair pela base quando sabemos que a Família Real se encontrava prisioneira de facto, impedida de se deslocar até a cerimónias religiosas como a de Saint-Cloud.
A partir daqui, tudo estava perdido, porue o medo e o fracaso se prestam a todas as caricaturas, como a de a detenção se ter devido a uma permanência excessiva à mesa da hospedaria, já que a gula tinha caução expressa de Nostradamus quando escreveu deste Rei, Roy desrobé, trop de foy en cuisine, num passo próximo da expressa menção de Varennes, o que vai um pouco mais longe que o jogo interpretativo feito de literalidades e simbologias dos ditos proféticos, de modo a fazê-los encaixar.
Não era preciso ser profeta para perceber que a cedência em quem tem responsabilidades é a perda da cabeça. Literal ou metaforicamente.

Olhó Balão...

...em noite de São João! Talvez por já estarmos próximos, a Ana Vidal anuncia esta intenção. Pois eu contraponho o publicitário desenho de Timberps, por o achar elucidativo das minhas reacções a Respeito: para ir atrás Dela, poria facilmente de parte o enraizamento que não me deixa sair do lugar em que estou. Mas, a bem dizer, é o que a Companhia da Balonista já vai fazendo - o milagre de elevar-me.

A Bíblia e as Gralhas

Com a Reforma de Lutero a Bíblia veio a ser feita em língua vulgar e viu crescer a cifra dos volumes postos a circular de forma a não se poder evitar certos erros no texto impresso, uns por vontade, outros não. Parece ter sido inadvertidamente que saiu a omissão do not no sétimo mandamento, durante o reinado de Carlos I, fazendo correr a consequente incitação o adultério. O caso resolveu-se com uma multa pesadíssima e apreensão de todos os exemplares que se conseguiu apanhar da que veio a ser conhecida como Wicked Bible, mas seria interessante saber mais da vida particular do impressor e se não se trataria de um acto falhado que exprimisse a respectiva preocupação com culpas no cartório...
Já parece não haver dúvida de que foi um protesto consciente que levou a Mulher de um dos primeiros mestres da Imprensa alemã dos primórdios, insatisfeita com a ordem de Deus a Eva contida em Genesis 31, 16, fazendo-a aproveitar uma distracção marital para alterar a palavra Herr para Narr, transformando a submissão contida em Ele será o teu senhor num muito realista Ele será o teu joguete, acepção que a História confirmou ao longo de séculos. No entanto, as feministas são hostis a este episódio inconformista, porque nunca aceitaram a supremacia que as demais Senhoras souberam exercer, apenas reconhecem "libertações" no progressivo aumento da semelhança com o homem. O que transforma essa parte do Belo Sexo num espantalho, semelhante ao de A Mulher e o Fantoche, de Maud Fily, que se dá em ilustração.

Acabou-se a Pera Doce

Salvo para os adeptos Alemães. Vejo-me obrigado a lembrar as prevenções que fiz quanto à nossa incapacidade defensiva, mormente nas laterais, o princípio do nosso fim. E a publicar imagem do estado do entusiasmo nacional, que obrigará o Sr. Sócrates & C.ª a um mesito de cuidados de que já se desacostumara, até que chegue a próxima anestesia - as Férias.