terça-feira, 23 de outubro de 2007

Da Prudência Galega

Hitler desejoso de levar Franco para o Eixo, ou, pelo menos, Gibraltar. Sempre agitado e pontual, chegando a Hendaya a 23 de Outubro de 1940, onde o Caudilho arribava bem disposto e melhor dormido, depois da lendária siesta que parece, efectivamente, ter tido lugar. É conhecido o método que Franco empregou para evitar subir o patamar da não-beligerância: o Yes, but..., com o beneplácito tipicamente britânico do Foreign Office, exigindo, para entrar na Guerra, tanto petróleo, borracha, armas, provisões e compensações coloniais norte-africanas que o Protocolo Secreto equivaleu a adiamento para as calendas gregas, as tais que não existiam.
Mais tarde, Franco diria ao Mundo que o único tratado que vinculou a Espanha no conflito foi o Pacto Ibérico, com o seu Acto Adicional visando colocar a Península fora dos combates, para que não ficasse fora de combate, num equilíbrio de medos: o alemão de que os Britânicos e, mais tarde, os anglo-americanos desembarcassem no nosso País; e o dos aliados, de que os alemães, por mão própria ou agenciando Madrid, nos tomassem e a Gibraltar.
O General aproveitou para dar ao Cabo uma lição de estratégia baseada em argumentos não de planos de Estado-Maior, mas da experiência combatente que o interlocutor, veterano de guerra, poderia compreender: a impossibilidade de domínio militar clássico do norte de África, para além da orla costeira, por o Deserto funcionar como protecção natural, à semelhança das águas para uma ilha.
Neste episódio célebre só custa perceber qual o verdadeiro Serrano Suñer: o neutralista "maldito jesuíta" dos desabafos de Ribbentrop, ou o germanófilo intervencionista dos relatórios de Teotónio Pereira. O memorialismo dele não ajuda, tão contraditórios são vários dos seus passos. Talvez tenha feito jogo duplo até para si próprio.

9 comentários:

Anónimo disse...

Franco contestaba a Hitler con la misma sagacidad que utilizó, años después, el Arsenio Iglesias, el "Zorro de Arteixo" al contestar a los requerimientos y preguntas de los periodistas deportivos madrileños:" Si home, si, claro, claro,claaarooo.......PERO......! Por cierto, sabe algo el amigo Réprobo de una supuesta petición del General Spínola al General Franco, en 1975, para que en aplicación de Claúsula de Defensa Mútua, interviniera España en la Revolución de los Claveles en Operación Similar a la de los Cien Mil Hijos de San Luis.......Ab.

O Réprobo disse...

Ehehehehehe!
Isso é que devia dar conferências de imprensa divertidas!
Meu Caro Filomeno, ignoro a correspondência fáctica do que me perguntas. Noutro qualquer eu diria ser impossível pensar em 1974 a mobilização para além fronteiras numa operação similar à recuperação da face Taillerandesca. Mas no espírito desse Spínola as fantasias eram tomadas pela realidade, como quando mandou para a morte oficiais encarregados de negociar com os turras os seus devaneios de Comunidade Lusitana. E quando asim é...
Abraço

Jansenista disse...

Não creio que Serrano Suñer tivesse convicções muito arreigadas ou consistentes, ou mesmo que devesse muito à inteligência. Soube aproveitar muito bem a situação e tirar benefício dela, mas não me parece que quisesse correr quaisquer riscos - tanto assim que, mais tarde, quando o vento mudou resolveu "lavar roupa suja" (o único momento em que, aliás, se tornou credível, como costumam sê-lo os «insiders» despeitados). Daí a natureza camaleónica nos anos 40: um homem capaz de uma conversa amável e até encorajadora com os ingleses, poucos dias depois de estreitos abraços com Himmler...

O Réprobo disse...

Meu Caro Jansenista,
é bem capaz de ter razão. Sempre me fez espécie aquele ziguezaguear, mesmo memorialístico. E camaleónico vai muito bem ao Cunhadíssimo, pois a alteração de cores era em momentos muito aproximados.
Vou ter de reler um testemunho que me lembro de ter dado prazer, vinte anos atrás, as recordações da época de Sir Samuel Hoare. Há pormenores que recordo um bocadinho diferentemente contados do que a revisitação de Freire Antunes dá.
Abraço

Capitão-Mor disse...

Dos galegos, só me recordo mesmo de alguns restaurantes na Baixa... :)

Anónimo disse...

Había una simpatiquísima óptica/optometrista orensana en la Rua Almeida Garret de Lisboa.......

Anónimo disse...

¿ O sería en Almirante Reis?

O Réprobo disse...

Era o destino normal dos que prosperavam, e função de um talento característico para os comes & bebes, Caro Capitão-Mor.
Abraço

O Réprobo disse...

Meu Caro Filomeno,
estou a ver pelo menos duas casas do ramo na Garrett (ao Chiado). Terei de verificar a proveniência.
Abraço