segunda-feira, 30 de abril de 2007
Espreitadelas
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Em França Ségo, não tendo conseguido tirar da cartola o "coelho" Bayrou para usar como arma no segundo turno das Presidenciais, contentou-se em exibir um roedor chamdo Strauss-Kahn, aparentemente por ser pouco socialista, assim comprovando a sua (dela) moderação. A coisa não tem pés nem cabeça. Justamente por a sua imagem não ser radical é que era supérfluo sugerir para Primeiro-Ministro um político com essas características. O que acrescenta de caracterização diferente da sua (dela) é a agenda dos contactos manhosos na manga, à beira da corrupção; e o estatuto de queridinho de uns quantos empresários, detestado pela maioria da população. Inacreditável!
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O Presidente da Comissão Europeia conseguiu, por uma vez, que a banalidade do seu raciocínio coincidisse com o bom-senso, ao dizer que espera que a Turquia se porte como uma democracia madura na questão entre laicistas e religiosos islâmicos que rebentou a par da eleição do Presidente pelo Parlamento. Assim é que é. Se o candidato do Governo levar a melhor, poderá exprimir receios da entrada de Ankara por estar em perigo a liberdade religiosa. Caso os militares intervenham para o impedir, poderá sempre dizer que é de temer a entrada de uma nação com a política tutelada pelos quartéis. Estamos safos! O pior é se o partido do Dr. Erdogan escolhe um substituto hostil à adesão que aproveite um crescente sentimento anti-europeu para reconciliar-se com o meio castrense magoado com a desconfiança de Bruxelas. Só por aí é que se imagina as fardas a aceitarem um político contestatário do laicismo como Comandante Supremo...
O Mundo não está famoso
Posted by O Réprobo at 21:04 2 anátemas
Atalhos: Eleições, Relações Internacionais
domingo, 29 de abril de 2007
Contra a Bibliofobia!
Mau grado a minha identidade ser um segredo de Polichinelo, não é permitido a um signatário assumido como réprobo confessar a amizade por Quem quer que seja, nem a solidariedade, independentemente das divergências doutrinais. Fica pois esta nota em abstracto pespegada, com o ónus da concretização a caber aos bons entendedores.
A destruição dos volumes de textos é velha como o Mundo. Desde as recíprocas práticas religiosas de afirmação da sua visão da Verdade, com o propósito de imprimir nos espíritos a definitividade da execução dos escritos inimigos, até temores tributários de algo entre a superstição e o pré-maquiavelismo ligados à conservação do Poder, que geraram um Imperador Chinês com um cognome de Queimador de Livros. No universo contemporâneo a Alemanha hitleriana fê-lo, com intuitos semelhantes de associação da vontade popular ao triunfo da cultura oficial.
Nota-se uma abrupta e absurda queda qualitativa quando o móbil da inutilização não se refere já à condição herética ou hostil dos autores, ou ao perigo das suas máximas concernendo a conservação política, para passar-se a culpar o livro em si, personificando-o. Foi o que o Santo Fidel Castro de muitos opinadores fez, na grande biblioincineração de 2003, ao estatuir que "certos livros não deveriam ter visto publicados um simples capítulo, uma simples página, uma simples letra". Na base da reificação do ódio suspeito muito de que se possa encontrar a inconsciente e infantil pulsão de não querer permitir aos outros o acesso a um tesouro eventual na posse de um nebuloso gnomo do ramo, como de impedir a este a continuação do fruir dessa propriedade.
A Biblioteca de Rob Gonsalves
O grau zero da dignidade no ódio em questão atinge-se porém quando se priva alguém dos seus calhamaços, não já por preocupações de neutralizar capacidade propagandística que a quantidade de exemplares de cada obra não consente, mas para privar os adversários que se pretende atacar do manto protector de que se rodearam. Sabe-se que uma maneira clássica de enfraquecer um Homem é investir contra os seus afectos. Nesta medida, subtrair a um grande Leitor a companhia dos maços de folhas encadernadas que ama é transformá-lo num sem-abrigo. E nem funciona a única espirituosa redenção sugerida por Brodsky quando dizia que há crime maior do que queimar livros, qual fosse, não os ler. Confesso que seria perfeita a apreensão em que os homens de mão dela desatassem a devorar os milhares de páginas que tinham sido encarregados de desviar, convertendo-se às prosas lá dadas, porque, no sentido de preocupação, tal desenvolvimento decerto instalaria angústias extremas nos mandantes deste horror.
E mais, como técnica de combate político é muito rudimentar, uma interpretação grosseira, literal e, contudo, plena de iliteracia da recomendação de, nestes casos, proceder by the book.
Posted by O Réprobo at 11:37 7 anátemas
sábado, 28 de abril de 2007
Um Sorridente Futuro
Posted by O Réprobo at 18:16 10 anátemas
Atalhos: Diplomacia, Mulher
sexta-feira, 27 de abril de 2007
Ódio Velho Não Alcança?
Foi nesse contexto que o Tratado de Windsor, reactivando a Aliança Britânica, uma das maravilhas da Arte de Soveral, se revelou salvador. Um espumante Bülow, metamorfoseado em memorialista, garante que houve acordo posterior com Londres para se lamberem ambos à custa das dependências lusas, mas é duvidoso que assim se tenha passado. Grey nega-o e a História transformaria num enigma a estagnação de um tal entendimento. Mas, a ser verdade, só corroboraria a fama de diplomata de fracos resultados que mais tarde se lhe haveria de colar, por não conseguir fazer a Itália entrar na Grande Guerra ao lado do seu País, nem persuadir a Áustria a ceder territorialmente, em ordem a esse desiderato.
Quais as razões desta monomania odienta contra a nossa Pátria? Rocha Martins sugere que o político tivesse presente a expulsão, noutro século, de um seu familiar, um tal Cavaleiro do nome. Não sei se algum Confrade ou Leitor me poderá elucidar sobre tal personagem, mas não encontro rasto dele, nos meus pequenos esforços. Seja como for, a ser verdadeira a imputação, jorraria abundante material para a reflexão de licitude de vergar a política de uma Nação a rancores pessoais e familiares, o que parece mesquinho, ou de mostrar fidelidade aos sentimentos que envolvem a herança dos antepassados, aspecto mais louvável duma realidade que poderá ser a mesma.
Apetece concluir, até porque hoje é Sexta-Feira e urge homenagear um hábito instituído pelos Colegas do Corta-Fitas, que, apesar do competente General com idêntico apelido e, no momento da morte de Rostropovich, do Mestre de Viana da Mota, von Bülow a valer é a Brigitte, nem que seja preciso ir buscá-la à Austrália...
Posted by O Réprobo at 20:42 0 anátemas
Atalhos: Colonialismo, Diplomacia, Ética, Marquês de Soveral, Mulher, Música
quinta-feira, 26 de abril de 2007
Explicação dos Pássaros
Posted by O Réprobo at 18:22 7 anátemas
Atalhos: Eleições, França, partidocracia
quarta-feira, 25 de abril de 2007
33 Anos de Enjoo
O Demo-liberalismo, se obedecer ao médico que o mande dizer "trinta e três", poderá achar-se de boa saúde, mas só por conveniência ignorará que o País está moribundo. Um pouco como a infecção, a qual progride enfraquecendo o corpo. É mal endémico das variantes deste ideário institucionalizado, nascido dos horrores da Revolução Francesa e que, mesmo na nossa brandura, teve de recorrer às revoluções de sangue de 1834 e 1910, ou à do vómito, a de 1974. Não esquecendo que esta se raiou profusamente do derramamento sanguíneo de tantos combatentes e populações inocentes do Portugal Ultramarino. Mas a ambição suprema era, como vai continuando a ser, livrar-se de embaraços e fazer como os outros.
Não se conte comigo para carpir os opositores organizados que procuram as substituições dos regimes. Vale para os skins de hoje, como para comunistas & Delgados do Antigamente. Acharia uma carência total de desportivismo um indivíduo que se associe com outros para acabar com um poder vir queixar-se de que o dito o tenha aprisionado, abanado, ou morto. Mas não me posso calar quando são pessoas que nunca manifestaram vontade de participar nessas corridas as vítimas de quem tem na mão os instrumentos opressores. Como as etnias que Hitler e Estaline dizimaram, as classes que Lenine e os Jacobinos atacaram, a Vendeia ou os nascituros que os democratas, parisienses ou abrilistas, resolveram assassinar.
Estafado, mais do que estafado se encontra o argumento do pluralismo. Este é restrito aos partidos que se entendem para distribuir-se quotas de gestores e altos cargos, comprazendo-se na sacro-santa "alternância", herdeira directa do Rotativismo que não deixou saudades. Tudo dentro da mesmíssima família, portanto, variando apenas o primo que, em cada hora, ocupa a cabeceira da mesa, com as inescapáveis mediocridades promovidas que as cumplicidades aparelhísticas trazem. Os estranhos encontram a porta fechada, todas as portas fechadas. Com uma tranca adicional, a exclusividade das atribuições das listas dos eleitos aos estados-maiores das facções reconhecidas. E nem dignidade houve para referendar a aceitação deste quadro político, ao contrário do que fizeram sistemas anti-pluripartidários que a isso não estavam obrigados pela retórica respectiva e, no entanto, se fizeram plebiscitar.
Ao ter confiado a sua génese à espoliante e ficcionada procuração do pretendido representativismo de uma Assembleia Constituinte, o sistema então nascente e hoje jacente fez assinar o pacto mefistofélico e assumiu-se de vez como o liberalismo do Demo.
Posted by O Réprobo at 07:39 11 anátemas
Atalhos: anti-desportivismo, partidocracia, Poder
terça-feira, 24 de abril de 2007
Explicação da Cepa Torta
Posted by O Réprobo at 09:03 6 anátemas
segunda-feira, 23 de abril de 2007
A Lição Dos Brutos
E, no entanto, o Brutus recriado por um Génio autêntico, Shakespeare, surgiu-me nestes dias como estimável, ao permitir, contra o conselho de outros conspiradores, que António fizesse o elogio do estadista morto, desde que não falasse contra os seus matadores.
Marco António, aí vos fica o cadáver de César. Tende cuidado em não nos censurardes, na vossa oração fúnebre; podereis, porém, dizer todo o bem que quiserdes de César, e acrescentar que procedeis assim com nossa autorização.
Se não piedade, confiança na força do seu nome e algum resto de lisura, que é sempre de admirar quando a mais hipócrita e totalitária das actualidades demonstra que sucessores seus tiraram ilações do fim da Batalha de Filipos, atestando que é sempre possível descer mais. E quando o elogio ou os respeitos prestados a um Morto são tidos por perigosos, pelos manda-chuvas que o querem fazer esquecer, não estaremos também perante um belo triunfo sobre a Morte? Não o da Epístola aos Coríntios, com a sua dimensão Sobrenatural, mas, à escala humana, a perduração na Memória e no Conceito dos compatriotas sujeitos à tirania que deixou cair a pele de cordeiro.
Posted by O Réprobo at 16:22 8 anátemas
Atalhos: Actualidade, Salazar
domingo, 22 de abril de 2007
sábado, 21 de abril de 2007
O Direito de Usar Armas
Foi sem surpresa, mas com o desacordo habitual, que verifiquei recair a tónica maioritária das análises do último morticínio escolar estadunidense no debate sobre a restrição ou não do mercado de armas. Ninguém se deu ao trabalho de recordar que o sonho americano colhe o que semeou: generalizou o direito de andar armado, como reacção aos que na Europa o tinham, encontrando-se estes, no entanto, proibidos de trabalhar, pois era funcional a sua razão de existir: defender a Comunidade. Ao permitirem a todos acumular o sucesso profissional com a lei da bala que facultasse ao mais rápido no gatilho afirmar-se, foi criada uma nova concepção de aristocracia, fazendo reviver as antigas, mas rebaixando o conceito com o caminho do materialismo concorrencial, coisa alheia ao espírito enformador da noção de Nobreza no Velho Continente, colaboração com o Poder e não seu livre exercício. Claro que era o caldo de cultura ideal para os deserdados e desequilibrados reagirem com desesperos lúgubres. E quando as duas características se reúnem num só indivíduo, que alvo mais fácil do que os universitários, proto-elite aspirante ao sucesso, mas sem possuir ainda os meios de pagar guarda-costas e fechadíssimos condomínios protectores?
Posted by O Réprobo at 20:56 4 anátemas
Atalhos: Assassínio, Elite, EUA
A Carne e a Pedra
A Castiglione
Um menos conhecido Metternich chamou a esta ansiosa por justificar-se a aplicação do feminino dum título de seu célebre homónimo "uma estátua viva" Subsistem dúvidas sobre se ele terá empregue a expressão no sentido em que nós dizemos Fulana É uma Estampa, ou se se referiria à frieza. Na dúvida favoreçamos a Dama.
O certo é que o mais interessante está na forma como ela, envelhecendo, jogou com a memória do seu triunfo, orientando o retratismo de um momento precoce da fotografia, escondendo parcialmente o rosto que tão idolatrado fora. Por uma das ironias em que o Mundo é fértil, foi precisamente esta faceta tardia que inspirou a modelagem de uma estátua que a celebrasse. Mas não se pense que esta ocultação de si fosse modéstia sincera: pediu para ser enterrada com a camisa que usara no seu triunfo na Corte de Compiègne. Todo o jogo para a câmara fora cálculo e só cálculo. O que dará bons argumentos a quem queira, então, optar por interpretar a qualificação do Austríaco como dirigida ao carácter e todos os elementos deste terem convergido para uma consagração final ampliada.
Posted by O Réprobo at 19:38 2 anátemas
Atalhos: Ética, Fotografia, Mulher, Poder
sexta-feira, 20 de abril de 2007
Falsos Como Judas
A força da reacção é que não tem equivalente: enquanto o Ancien Régime aplicou a pena com a dureza dissuasora enunciada, a República em que o epígono se moveu, prejudicando-lhe a vida, é certo, acabou por consagrar-lhe a obra, ao fazer com que, em virtude da apreensão das notas ilegítimas, elas se transaccionem hoje a preços mais elevados do que as verdadeiras da época.
Por isso, não vos admireis da falta de sanção de que os forjadores de informações e avaliações escolares se possam vir a gabar. Está inserto na genealogia do Poder em que se filiam os actuais regedores lusos, com refinamento de conduta e tudo. Da parte dos obreiros da contrafacção mais não é que o velho anseio de fazer um favor a quem manda, de cerviz dobrada à espera da paga. Pelo lado do que beneficiou pouco mais será do que a velha e disseminada aspiração a mostrar-se mais do que é. Inscrito nos genes dos abusadores de um Povo que disso não tem culpa.
Posted by O Réprobo at 17:58 6 anátemas
Sangue Azul
Posted by O Réprobo at 14:30 8 anátemas
Atalhos: Actualidade
quinta-feira, 19 de abril de 2007
(um)A Decisão
Ainda há tempo de ouvir a voz do Vento
Numa canção que fala muito mais de Amor.
Posted by O Réprobo at 18:17 3 anátemas
O Prestígio Por um Fio
Alérgico como sempre fui ao abuso do aparelho, faço notar que esta intimação ao "Progresso", vista na conversação à distância, ainda retinha um simbolismo que se deve sublinhar - a ligação por um cabo, tal como a umbilical união do Povo ao Rei, assim como a sua inexistência nos tempos que correm, dominados pela inexistência de fios que nos unam, na era dos telemóveis. Sem falar em que o auxiliar de combinações de rendez-vous prometedores foi promovido a substituto deles, chegando ao extremo do sexo por telefone das hotlines. Época de tecnologia avançada, época de decadência!
Posted by O Réprobo at 17:30 0 anátemas
Desconsiderações Sobre a França
Joseph de Maistre in Considerações Sobre a França
Apoderei-me propositadamente desta imagem para ilustrar o que me vai na alma enquanto tocaio o triste espectáculo de uma eleição presidencial mais em França. A pintura foi concebida para comemorar os êxitos pioneiros da aviação francesa, porém a mesa vazia e o desconsolo da ilegitimidade tricolor a voar parecem-me mais do que apropriados para exprimir o atentado que é a prevaricação em preencher por papeluchos, o lugar que foi de São Luís, isto é, a patética tentativa de se apoderar do vazio.
E, no entanto, o mal não está nas pessoas. Os candidatos são melhores do que a V República habituou. Até aqui, tínhamos a arrogância como imagem de marca, De Gaulle à cabeça, olhando de alto do seu metro e noventa e sete, fingindo lutar contra a decadência ao trucidar os que estavam na mó de baixo, camuflando com "passos históricos" as cedências vergonhosas cuja rejeição prometida lhe tinham valido o Poder. Pompidou pouco contou, mas a sua afabilidade relativa não escondia a presunção da nata financeira donde foi extraído. Giscard tinha o olhar altaneiro e não tinha mais, salvo as perigosas ligações diamantíferas a circenses Napoleões africanos. Mitterand nunca a escondeu, por detrás do florentinismo com que enrolou família e País. Até alguém vindo dos meios católicos, como Delors, não conseguia evitar os tiques da auto-suficiência pesporrente com que amassava as tradições nacionais sob o rolo compressor burocrático.
Na última eleição tocou-se no fundo, com um burlão comum a vencer, depois de eliminado o Jospin de anedota, homem cujo drama reside em não ver a opinião que faz da sua estatura política corroborada por alguém mais, o que significa que a justiça não se sumiu de todo.
Perante isto, Sarkozy, que adoptou alguns dos tiques dos seus predecessores gaulistas parece uma esperança redentora, pois consegue fazer da antipatia peculiar aos litigantes dos sufrágios um sinal de decisão. Que é aquilo por que os franceses mais suspiram, massacrados pela regular criminalidade protestatária.
Madame Royal estava longe de ser, como a querem fazer os seus compatriotas e a extensão portuguesa deles, apenas uma carinha-laroca. Tinha, realmente, uma panóplia de propostas substantivas que, contudo, teve de meter na carteira, porque não agradavam à sua base de apoio. A descentralização era incompatível com o jacobinismo legiferante caro aos militantes socialistas gauleses. O ambientalismo é por eles tido como mero apêndice eleitoral, não cativa, para além do que os Verdes possam acrescentar a uma maioria. A reforma do Serviço Público é impensável no partido cuja maior base de apoio está, justamente, nos funcionários do Estado. E vamos ver até que ponto foi um erro afirmar firmeza no combate ao crime sem aceitar a descida da idade de responsabilidade penal, dado constatar-se a preponderância juvenil no recenseamento etário da criminalidade.
O Sr. Bayrou, creio-o, na verdade, bom homem, tanto quanto um político o pode ser. Mas, de cada vez que é inquirido sobre propostas concretas, só lhe saem frases ocas sobre "a necessidade de políticas novas", com o engasgo subsequente quando lhe pedem para precisar, bem como o aprofundamento em abstracto da União Europeia. Faz lembrar o actual Presidente da Comissão, com mais bonomia, não admirando que lhe teça os encómios que invariavelmente debita.
E Le Pen já não é o mesmo. À transigência em correr com as regras do Sistema este Réprobo, maior do que o que escreve, soma agora a rendição perante as inovações instiladas pela filha e presuntiva herdeira, tacitamente capitulando perante a convicção - e não já mera aceitação - republicana, eleiçoeira e abortista com que se pretendeu renovar no Campo Nacional. O seu corajoso combate ameaça diluir-se numa progressiva indiferenciação.
Perante isto, não se pode concluir por coisa diferente de que, apesar da melhoria no material humano, as contingências impostas pelo regime e pelo Arco Consensual continuarão a fazer das paragens que condenaram Maurras um péssimo exemplo para o Mundo. Pode-se seguir o espectáculo, mas como de baixa comédia que é.
Posted by O Réprobo at 15:01 6 anátemas
quarta-feira, 18 de abril de 2007
Pauliteiros de Ciranda
Tempos que já lá vão, como, infelizmente, o Glorioso Guarda-Redes que tinha a descrita estrelinha dos Campeões. Sem as vantagens da espontaneidade, temos de nos virar para a malandrice das conotações acintosas, substituindo a adesão à magia do Desporto pelo escrutínio divertido de uma sentença judicial do imenso e inesgotável Brasil, que um Querido Amigo nos enviou. Confrontai:
Posted by O Réprobo at 17:15 10 anátemas
A Partida dos Partidos
Na sequência deste importantíssimo postal do Corcunda ocorreu-me ilustrar duas breves notas sobre o tema através dum esgotado protesto panfletário de 1808, pelas semelhanças que apresenta com a situação que atravessamos. Sem a intolerável monomania sanguinária da Primeira República, esta, de Segunda ou de Terceira, que suportamos ostenta pontos de contacto evidentíssimos com o cansaço que no fim do Constitucionalismo Monárquico se oferecia na pele de forçada ementa do País. O progresso material estava lá e, apesar da ascensão dos agitadores Republicanos, o Poder não participava da violência conflituosa conhecida da Guerra Civil, ou do jacobinismo costista que viria a seguir-se. Mas o seguidismo parlamentar, a ficção da representatividade, traída pelas listas eleitorais e pelo uso dos mandatos, o descrédito de uma classe política preocupada sobretudo com a auto-promoção e os favorecimentos, numa destravada ânsia de subir que, impune, contagiava também, aos olhos do Observador, pouco a pouco, a Justiça e as Armas obrigavam à necessidade de reagir, em nome do Patriotismo e contra a fragmentação.
O momento estritamente institucional diferia do que presentemente vivemos num dado essencial: estava-se perante a obra demoníaca da multiplicação dos partidos políticos, ou por cisões dos titulares do Rotativismo, ou por reacção a este. Não é o que se verifica hoje, se exceptuarmos a contudo relevante singularidade do Bloco de Esquerda. Mas se a proliferação não obra, verifica-se uma generalização do sentimento de indiferenciação dos disputadores do Poder. Eles são todos iguais deixou de ser "conversa de taxista", uma Classe por dever de ofício com a sensibilidade sempre à flor da pele. Quando esta percepção alastrar aos estratos sociais com influência mas sem participação na gamela da Administração estarão criadas as condições para se concluir que a solução reside no derrube do regime e não nas pretensas escolhas que ele oferece, como isco escondendo o anzol.
Uma chamada de atenção final: o Autor do panfleto com capa reproduzida, embora escrevendo como se de fora do movimento estivesse, mostra simpatia pela reacção nacional e moderadamente anti-parlamentar dos Nacionalistas de Jacinto Cândido. Não pode ser essa a via. O monopólio partidário não se combate sentando mais um jogador à mesa, mesmo que este proteste não vir a entrar na batota generalizada. Só proibindo a sala de jogo que arruína o País se poderá chegar lá.
Copio os versos dum Costa Lima no folheto citados, sobre a trindade que regeria o Portugal de então, a Propina (subvenção), o Empenho (cunha) e o Voto (o totoloto que nunca premeia):
Não vês aquela dama, em trajes insolentes,
seguida, logo atraz, de imensos pretendentes,
a bôlsa sempre aberta, a mão sempre estendida;
portuguêza a valêr, frêsca. bela, garrida,
com lábios côr de rosa e a voz pura, argentina,
sonora do metal... vês? Chama-se Propina!
Propina, a bela dama, a fada seductôra,
rainha da belêza, a deusa ecantadôra,
quando meiga e sorrindo, em alguem põe a vista,
adeus justiça e lei! Não há quem lhe resista!
*
Agora mais alem... Vês um homem sisudo
vestido com decência, um tanto barrigudo,
de fita a tiracol, comendas a brilhar,
direito como um fuso, ou taco de bilhar,
falar pausadamente á súcia, que o rodeia,
mexendo no berloque, apenso na cadeia,
com ar aristocrata e pose de empreitada,
sorrindo por disfarce, ao som de uma pitada?
Chama-se Dom Empenho, o tipo verdadeiro
de quem já foi ministro e agora é conselheiro
.............................................
Propina mais Empenho egual a coisa feita:
Não há nêste torrão ninguem que o não respeite;
do luso maquinismo Êle é mola, Ela azeite.
*
Passemos ao terceiro, aquêle outro burguêz
de um tôdo espertalhão, que junto dêle vês.
Oh! êsse... é mais! é tudo! é grande potentado,
que faz de um badameco um par, um deputado;
e quando está de veia agarra um boticário,
e fal-o sem c´remónia um alto funcionário.
Amigo do vadio e protectôr da pândega
faz do Estado uma creche e um asilo da alfândega;
faz tudo quanto quer, quer tudo quanto faz:
na fúria do querêr, crê tu que êle é capaz,
sem licença da carta, ou permissão de alguem,
da pasta dar da guerra ao Jaime de Belem.
Pois êsse... meu amigo, êsse... chama-se o Voto,
que tem sido e será peor que um terramoto;
por onde quer que passa arraza, e faz caliça...
de casas? Não... da lei, da honra e da justiça.
Mas onde é que nós já vimos este filme?!
Posted by O Réprobo at 15:42 4 anátemas
Atalhos: Actualidade, partidocracia, Poder, Rotativismo
terça-feira, 17 de abril de 2007
e Reverso
Já quanto à falta de harmonia física temos de recorrer à pena dum pensador de eleição como Ralph Waldo Emerson, para negar o que parece, à primeira vista, evidente: dizia ele que "o segredo da fealdade não reside no irregular, mas no desinteresse". Consultando esta biografia, vê-se pois evaporada a possibilidade de apelidar de "feia" a que foi assunto deste post. À cautela, junto o retrato, para demonstrar como um grande escritor deixa, por vezes, a Realidade em maus lençóis...
Posted by O Réprobo at 10:40 4 anátemas
Verso
Sei bem das diferenças: a SS que mudou do vermelho para o negro tem neste cartaz - que desde já proponho para a Rotunda e em permanência ilimitada - uma frase de fecho que diz "Melhor agora que aos vinte anos". Poder-se-ia dizer o mesmo da nossa Ilustríssima Colega, não fora o facto de ser muito mais nova e de os vintes, Nela, parecerem perdurar, inamovíveis...
Posted by O Réprobo at 10:09 2 anátemas
segunda-feira, 16 de abril de 2007
O Trabalho e os Dias
Posted by O Réprobo at 10:43 0 anátemas
Atalhos: Amizade
...A Tumba o Leva"
De resto, toda a história abana muito, ao recorrer a falsários estabelecidos, quer na recolha da patine, com o envolvido num "achado" adicional forjado para acrescentar aos Manuscritos do Mar Morto, quer ao inventar o "Túmulo de Tiago", já certificado oficialmente como impostura, estando o proprietário processado criminalmente por várias fraudes arqueológicas. Além de não ter desaparecido nenhum receptáculo de ossos, bem como de o que se tentou impingir como tal ter dimensões bastante diferentes das registadas.
Acresce toda a insuficiência na análise de DNA que a Arqueóloga portuguesa entrevistada no fim apontou. E, na tentativa de pôr na sepultura uma Maria Madalena, o esforço de aproximar - que nem se conseguiu fazer coincidir - uma menção grega, quatro séculos posterior, de uma inscrição aramaica desafia a lei da gravidade investigatória.
Por fim, o ângulo e o círculo, passados como um símbolo Cristão arcaico, quase esotérico, encontram-se frequentemente em muitos elementos funerários judaicos, conforme os bons catálogos mostram à saciedade. E que lógica teria uma religião perseguida inscrever um emblema do próprio Credo à vista das autoridades que atacavam os Seus enquanto vivos, ou perseguiam a memória dos mortos?
Se era só isto que havia para dar, vou ali e já venho.
Posted by O Réprobo at 09:58 6 anátemas
Atalhos: Cristianismo, Túmulo, TV
domingo, 15 de abril de 2007
Destino: Paris
E atentando no denodo com que a mesma Figura da Blogosfera vem propondo a Deslumbrantes e Desejáveis Companhias roteiros pela Cidade-Luz, ocorreu-me que talvez pudéssemos cear aqui, conforme um souvenir guardado por Aquele que, terrenamente, me deu a vida, da passagem que pelo célebre estabelecimento empreendeu nos Anos Cinquenta, numa altura em que lá actuava a famosa Yvonne Ménard.
Porque me parece digno de nota o esforço incessante que as funcionárias da casa desenvolvem para trazer à memória dos possíveis clientes momentos felizes da vida passada, mas próxima, destes...
...e, reparando no título da intérprete de um dos números de então, me surge como muito possível acicatar a curiosidade de um Outro Grande Bloguista, fazendo imaginar que estará em cena um sucedâneo dentro da mesma linha...
As Senhoras poderiam divertir-se com os trapinhos das frequentadoras, os homens com realidades mais despojadas!
Mãos, digo talheres, à obra!
sábado, 14 de abril de 2007
(pat)ÉTICA
É porém evidente que na própria essência significante da teorização republicana está presente essa chaga. Se não reduzida ao menor denominador comum do latrocínio, ao menos, mascarada pela fatiota vistosa da participação cívica, a arrogância de confiar no juízo próprio para se ir propondo, ou fazer vingar procuradores de si, quer dizer, marionetas nobilitadas pela magia que se quer dar à palavra "mandato".
O que importa de todo proscrever é a soberba que acredita ter direito a escolher agentes e caminhos nas funções soberanas da Comunidade. Restrita a escolha a partir de baixo às pastas técnico-sociais, num nível concelhio, muito bem, desde que o sufrágio se não desenrolasse com base em listas partidárias, devendo a escolha recair formalmente perante o indivíduo X ou Y. No que toca à Política Externa, ao que resta das Finanças, ao que sobrevive da Justiça de da Defesa e aos restos da Segurança a única atitude que dignifica um indivíduo é a disponibilidade para servir, se chamado por Quem está acima e não foi eleito, o contrário da ambição ao penacho e/ou ao poder, sempre visível nas altercações deprimentes que precedem o discurso "unitário" final da apresentação dos candidatos de cada facção. É esta a única Ética que em política merece o nome - a que não briga para se elevar, mas se eleva esperando uma chamada legítima, já que não-proveniente de um qualquer congénere que tenha vencido pelos mesmos caminhos ínvios.
Posted by O Réprobo at 14:25 2 anátemas
quinta-feira, 12 de abril de 2007
Trio Desafinado
Inteiramente merecido o destaque dado pelas câmaras da TV, no fim do jogo de hoje, na Luz, a Nuno Gomes, esse grande defesa central do Espanhol de Barcelona. Para além de conseguir não meter a bola numa baliza a um metro, sem o Guarda-Redes à sua frente, ainda a tirou dos pés de Simão, que, mesmo atrás de si, ameaçava marcar...
Fiquei de boca aberta com a notícia de a Al-Qaeda do Iraque prever vir a pescar os seus bombistas suicidas entre crianças: parecia-me abstrusa a ideia de prometer a recompensa clássica do martírio, sob a celebrada forma de 72 virgens, a quem ainda não estivesse com toda a, hããã, disponibilidade para aproveitar o prémio. Já perspectivava um agiornamento teológico do Paraíso islâmico, com a substituição das ditas por, sei cá, ursinhos de peluche, quando li nas letras miudinhas que as admissões à carreira iriam incidir em portadores de deficiencias mentais. Não serei tão mauzinho que insinue estar salvaguardado o estalão deste concurso público, salvo na idade...
Posted by O Réprobo at 21:53 4 anátemas
Atalhos: Benfica, Sócrates, terrorismo
quarta-feira, 11 de abril de 2007
A Parábola do Figueira
Não se deve abdicar de querer chamar a Esta um Figo: Helen Swedin, Madame Figo, casada com o ex-capitão da Selecção Nacional.
Posted by O Réprobo at 17:32 7 anátemas
Atalhos: Mulher
Da Dor e da Culpa
Posted by O Réprobo at 16:56 2 anátemas
Atalhos: Actualidade, Condição Humana, Símbolos
terça-feira, 10 de abril de 2007
O Poder Simbólico
O decreto mesmo é um mimo e uma peça acusatória contra o Governo Provisório da República que o promulgou. Os primeiros dois artigos são de fazer saltar das órbitas os olhos dos mais distraídos, restaurando as leis pombalinas de 1759 e 1767, expressamente estabelecendo que: "continua a estar em vigor como lei da república portuguesa, a lei (...), promulgada sob o regime absoluto..."
Que admira pois que os jacobinos de 1910 tenham feito a estátua da Rotunda a Pombal, tal como os liberais de 1834 tinham restaurado o medalhão com a efígie dele na estátua de D. José, no Terreiro do Paço? Os adeptos da centralização e do ódio não podiam suportar quem lhes disputasse o ensino, que passa por insígnia do saber, professando, ao mesmo tempo, uma obediência estrita que lhes fosse estranha.
Estou, entretanto, em crer que os bons olhos com que o anti-jesuitismo é visto por alguns a quem repugnam as arbitrariedades e violências da 1ª República brota de um raciocínio análogo ao daquele aristocrata francês que se recusava a dar a ler aos seus rebentos os livros da Condessa de Ségur, por todos os filhos desta terem acabado mal, o que não abonaria da sua virtude educativa... Lembrar-se-ão estes cépticos de Voltaire e Diderot, que deles foram discípulos. Mas a questão parece falsa. No que ao ensino deve ser imputado, a qualidade da escrita, mais um grão de louvor merece ser acrescentado aos Padres da Companhia. O resto deve-se procurar no orgulho de naturezas que busca a glória para si, incompatível com a adstrição ao Serviço e o acatamento de uma disciplina férrea.
Mas o que mais interessa é que não se vê os próceres e a intelligentzia deste regime que temos, que procuram - e bem - não legitimar expulsões de inocentes estrangeiros, ao ponto de - muito mal - favorecer os que, vindos doutras origens, tenham culpas em cartórios vários, dissociar-se da herança partidocrática que continua a ser reabilitada e enaltecida nas persistentes, embora soporíferas, peças oratórias e académicas dos Senhores do Momento. E a esquecer que inocentes portugueses foram expulsos pelo regime que os precede genealogicamente. É contra este tranquilo branqueamento da maldade histórica que urge resistir.
Posted by O Réprobo at 18:54 7 anátemas
Atalhos: anti-clericalismo, República, Símbolos
domingo, 8 de abril de 2007
O Lugar Dela
Da mesma forma, é À que não titubearia, A de Magdala, que Jesus aparece. E que não O reconhece, senão quando chamada pelo nome, coisa estranha em quem tivesse contacto carnal com o Mestre, como querem fantasias esotéricas do Tema, dado que o hiato entre a separação e o seu termo não correspondia aos muitos anos de Penélope, mas a apenas escassos três dias. Nem a natureza da reacção e da incumbência parecem ser a de um casal, por muito Singular que fosse. Mas claro que os amantes do Oculto ficariam muito empobrecidos no encanto das suas efabulações sem o recurso à União física com o Senhor. Depois da acusação da subalternidade, esbate-se a do acasalamento, ambas por vezes estimadas pelas mesmas cabeças, que não percebem contradição nelas, cegas que estão no empenho da recusa ou diminuição Da que viria a ser Padroeira de Portugal.
Posted by O Réprobo at 20:20 0 anátemas
Atalhos: Cristianismo, Mulher
Tigres de Papel
Quanto ao mais recente desenvolvimento do diploma socrático, a abandalhar a dignidade do homónimo ateniense que nunca do papel certificante precisou, só posso deixar o lembrete, Naquele que o é por excelência, que não façais como a gente aqui denunciada e que, obedecendo a um dever de séculos, guardeis o Domingo.
Posted by O Réprobo at 17:31 3 anátemas
Atalhos: Actualidade, Cartazes, Sócrates
Música no Coração
Posted by O Réprobo at 14:24 6 anátemas
Atalhos: Amizade, Cristianismo, Mozart, Música
sábado, 7 de abril de 2007
Sábado de Aleluia
Escreveu Torga:
SUDÁRIO
O dia rompe da noite
Como um rebento do fruto
Ri-se um melro de alegria,
Acorda o ceu do seu luto.
Era preciso cantar,
Mas um hino absoluto.
E quem o canta, quem é
Capaz de uma tal façanha?
A poesia morreu
De desespero e de manha.
Mas a questão vem a revelar-se falsa: o óbito da Poética como exaltação apropriada só pode ser certificado relativamente à acepção de técnica, não À do maravilhamento que se impõe espiritualmente. É o triunfo do centrípeto da Comunhão sobre o centrífugo da realização, afinal Aquela Esperança a que secreta ou assumidamente se aspira, para lá das coroações de louros da "passagem cá por baixo" que compensam mas não recompensam.
Posted by O Réprobo at 20:35 0 anátemas
Atalhos: Cristianismo, Poesia