Si Non e Vero...
Leitura de um estudo de A. S. Silva Costa Lobo, PORTUGAL E MIGUEL ANGELO BUONARROTI, de 1906, em que se força a nota à escala do Mundo para tentar provar que o pormenor do Juízo Final da Capela Sistina em que se vê uma figura estendendo o que é dado como um Rosário a dois ostensivos naturais de outros continentes corresponde a uma glorificação de Portugal, paga pelo Enviado Balthasar de Faria. A tese é a de que se trataria da obra evangelizadora levada a cabo fora da Europa, com as características físicas dos gentios a indicarem as paragens por onde se moviam os missionários lusos. Alicerçando-se numa carta do diplomata português em que ele narrava ter Buonaroti insinuado a urgência do pagamento de uma "Nossa Senhora da Misericórdia", o nosso Autor lá consegue descobrir na enorme pintura uma figura apta a corresponder a Essa Faceta de Maria, contaminando, por assim dizer, o fresco inteiro com o protagonismo que convém ao defendido. Por outro lado, vê claramente nas roupagens de um dos convertidos um hábito dominicano, que igualmente é promovido a prova, bem como a animosidade do Florentino contra a Espanha e a dureza da colonização desta.
Nada tenho contra a latitude extrema na interpretação das obras plásticas, duvido é que esta exaltação da História Pátria pelo génio italiano convença muitos, tão ostensivo é o amor patriótico na formulação da teoria. Porém, meditando na grandiosidade da Obra de cristianização que os nossos Maiores empreenderam em Áfricas e Ásias, tenho de reconhecer que mereceria não menos que o ilustrador da Basílica de S. Pedro para a celebrar. E que será pecado bem pequeno guindar uma suposição agradável ao que se ama a explicação de uma obra. Também aqui a liberdade deve ser total e não se vê que a criatividade, exaltada na coisa dada a ver, possa ser censurada na visão da coisa. Desde que se não atribua ao Autor sentimentos contrários aos que tenha exprimido durante a vida. E não consta que o extraordinário artista tenha alguma vez exteriorizado hostilidade a Portugal...
Nada tenho contra a latitude extrema na interpretação das obras plásticas, duvido é que esta exaltação da História Pátria pelo génio italiano convença muitos, tão ostensivo é o amor patriótico na formulação da teoria. Porém, meditando na grandiosidade da Obra de cristianização que os nossos Maiores empreenderam em Áfricas e Ásias, tenho de reconhecer que mereceria não menos que o ilustrador da Basílica de S. Pedro para a celebrar. E que será pecado bem pequeno guindar uma suposição agradável ao que se ama a explicação de uma obra. Também aqui a liberdade deve ser total e não se vê que a criatividade, exaltada na coisa dada a ver, possa ser censurada na visão da coisa. Desde que se não atribua ao Autor sentimentos contrários aos que tenha exprimido durante a vida. E não consta que o extraordinário artista tenha alguma vez exteriorizado hostilidade a Portugal...
2 comentários:
Resta-nos a consolação íntima de pensar que se não foi assim,poderia muito bem ter sido...
Sem dúvida, Cristina, consolando-nos com a suposição de que o talento extremo não podia deixar de reconhecer e difundir a glória verdadeira Dos que nos fizeram. Nem tem grande mal, se nos tornar mais abertos ao Artista...
Bj.
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