quinta-feira, 31 de maio de 2007

A Todo o Gás

Toda a Pessoa que não seja maldosa pode ficar perplexa perante a razão que terá levado um jovem a lançar gás-pimenta numa estação de Metro. É evidente que não se trata da versão portuguesa do Sarin, no meio de transporte nipónico homólogo. Parece-se mais com uma das apatetadas brincadeiras de carnaval, simplesmente estamos num período do ano em que toda a gente leva a mal. Os mais suspicazes poderão ver por detrás do incidente uma estratégia de marketing dos fabricantes do acessório de vestuário da foto. Mas uma hipótese alternativa poderia dar o incongruente que realizou o feito como um dos protestatários contra o domínio do Mundo pelos países chamados "ricos" que, tendo lido esta peça do Diário de Notícias, tivesse acreditado piamente na correlação adiantada pelo entrevistado entre a tranquilidade e a riqueza das nações, resolvendo acabar com a primeira, na expectativa de fazer Portugal regredir na classificação da segunda. Cada um pode encontrar motivações no inimigo que eleja, conforme o apego que tenha aos aversários do mundo empresarial ou aos expoentes dele. Especulação que, afinal, vem a ser tão absurda, como o acto abordado.

Argumentos de Força

Pode surpreender como um político tão incapaz como Shimon Peres, chegado várias vezes a Primeiro-Ministro sem sucessos eleitorais próprios, na sequência de demissões ou mortes dos líderes do antigo partido em que militava, ou da rotatividade da grande coligação acordada com o Likud, pode merecer tanto apoio da População Israelita. A resposta poderia encontrar-se no facto de a Presidência ser, ainda mais do que cá, um adereço cuja maior vantagem seria, no caso, impedir que ele, no tempo em que a ocupasse, fosse disputar cargos com importância. Mas ainda há mais: profetizou que seria o seu último combate polítco. Perante tal esperança só admira que não haja grangeado um apoio de 100% entre os seus compatriotas...

Brialy Morreu! Viva Brialy!

Actor de Buñuel que foi, como comparsa menor de Karina e Belmondo no único filme de Godard de que gosto muito, Jean-Claude Brialy fica, para mim, sempre lembrado pelo papel num dos filmes de Rohmer que menos prezo como arte, mas me importou na vida: "Le Genou de Claire", ou de como uma fixação pode libertar quem a ela assiste. O Cinema, já se sabe, pode garantir a continuidade para além da morte. É como a Coroa, enfim.


Ternura

Para melhorar a saúde da também e sobretodos por mim idolatrada Miss Pearls, a notícia de que o Chico Buarque vai participar na beneficência de Figo: João e Maria.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Barbas de Molho

Aniversário do nascimento de de Pedro O Grande. Altura que parece boa para sublinhar a indissociabilidade desejável na ligação da Coroa à Tradição. Na Rússia, que ele à força e por influência estrangeira de favorito e de viagens reformou, não havia, como cá e em França, o historial de aliança entre o Poder Real e o Povo contra os abusos dos poderosos que quisessem subverter a ideia da Nobreza, edificada ao longo de séculos, pela reintrodução de uma aristocracia que justificasse tipologicamente o nome. O que lá existia era, apesar do despotismo potencial de cada átomo da terratenência, uma intimidade entre Senhores e Servos, repousando estes nos seus amos para não serem absolutamente escravizados pelo Czar. O conhecido episódio do corte das barbas não vê proclamada com igual êxito a sua significação. Foi a resposta expressa do soberano a um protesto dos Nobres pela centralização, traduzida em medidas substantivas, bem como na meramente formal abolição da fórmula dos decretos "Decide o Príncipe e os Boiardos concordam...". Foi o começo de uma tragédia que se repercutiria no Século XX. Ao lançar-se nessa prova de força que procurava opor ao tépido levantamento motivado pela quebra da tradição governativa, acabou por separar os hábitos da elite, em breve domesticada na Corte, que não voltou à ortodoxia capilar facial, enquanto que as classes humildes campesinas, mal Pedro entregou os seus dias ao Criador, libertas dos impostos que ele sobre cabelos do rosto e banhos lançou, logo regressaram às pilosidades cujo corte tinham por sacrílego. O remanescente dos menos favorecidos em breve viria formar o embrião de um proletariado urbano, sem raízes ou afectos, a base da Reestruturação, para falar à Gurvitch - de 1917. O outro hábito introduzido pelos estrangeirados que passaram a rodear o Trono igualmente contendia com as convicções religiosas dos "não-conformistas" mais fanatizados, o que não melhorou a situação. Era o tabaco.
Um último pormenor: muitos de nós se chocaram com o descaramento com que as autoridades Soviéticas decidiam ser quem lhes não obedecesse cegamente "psiquicamente perturbado". Pois também esta perversão decisória teve origem no mesmo protagonista. Um dos entretenimentos dele era determinar quem era louco ou não, passando o diagnosticado a ostentar um trajo identificativo e a ser obrigado a comportar-se como tal!
Pelo que se impõe dizer, quando haja desvio à Tradição Política, "Se vires as barbas do vizinho a arder põe as tuas...

Era Táctica!

Afinal havia uma razão profunda para a eloquência arenosa do Ministro Lino. O Homem é um visionário e aquilo que todos demos como dislate não passava, afinal, de luminosa resposta ao problema de transportes de dias como o de hoje. Ora vejam a solução do enigma que o meu Amigo Diogo me mandou por e-mail: o projectado Metro da Margem Sul do Tejo. Com a implementação dele não haveria guerras laborais que o parassem! Pois se aos viventes retratados e por contratar nem falta serem um tanto amarelos, a designação dos fura-greves...
Mas para funcionar era preciso convencê-los de que não encontrariam habitat hostil. Eis o "deserto"!

Canto (do Cisne) do Ocidente

Descubro esta escultura que o Sião antigo ergueu, representando um dos primeiros Portugueses que lá chegaram. E, olhando para a imponência e imortalização pétrea da grandeza de que se reveste, não posso deixar de tremer, perante o que, imagino, pudesse ser a escultura que reproduzisse um luso de hoje, se porventura a Tailândia resolvesse, por urbanidade, que outro motivo não se vislumbra, esculpi-lo. Com esta apreensão quero dedicar este pequeno momento ao Miguel Castelo-Branco, que muito ama os dois Povos.

Vista da Geral

A maneira mais segura de não ser tentado a fazer greve é não trabalhar. Compreendo o movimento grevista como elemento da luta contra os abusos desse nefando Liberalismo que deixava tudo fazer e passar aos abusadores de entre os capitalistas, de forma a criar a escravatura mais deprimente de todas, a do período da Industrialização euro-americana. Mas não aceito um regime que o inscreve constitucionalmente como direito, porque isso é consagrar o conflito como forma de regulação, quando deveria ser precisamente o que se devia tentar evitar, pela aplicação superior da justiça.
Porém, o meu posicionamento perante os grevistas decorre também do que, genericamente, penso do trabalho, que é similar à forma pela qual encaro a doença: respeito as Pessoas que são atingidas por ele, mas não o desejo a ninguém. Remetido assim para as opções individuais, será coisa excelente na medida em que permita a cada um sobreviver sem prejudicar os Outros, mas só nessa medida. Quando a justificação dele passa - e muito boa Gente cai nessa - pela sua perspectivação como "facto propiciador do orgulho" - fujo como o Demo da Cruz, por pressentir na competição ou carreirismo, fora do Desporto e do mundo hierarquizado diplomático-militar, a ausência de compaixão por quem nos rodeia, bem próxima afinal da indiferença dos trabalhadores paralisados por aqueles que lesam.
Daí que, como puro e perdido ideal me volte para o Amor, seja o da canção, pessoal e intransmissível, seja o Evangélico. Isto porque a minha extremada imperfeição me interdita os cumes da bondade franciscana, em que a vivência das Esmolas era encarada sem humilhação para o receptor, nem obrigação para o dador, num universo de onde o negativismo e as condenações das pequenas imperfeições entre irmãos estava banido.
Sem lá poder chegar, fico-me pela audição desta inspirada conversa entre Isabelle Boulay e Julien Clerc. Bebei cada verso, que cada um tem o seu quê.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Prenda Para o Çamorano

Agradecendo a homenagem que a Ilustre Cidade de Salamanca prestou em 1939 aos Viriatos, os voluntários portugueses que tinham ajudado a libertar a Grande Espanha das garras vermelhas, sabendo-se como haviam escolhido para designar-se o termo por que outrora eram conhecidos, na Universidade local, os estudantes lusos que se envolviam em disputas e rapaziadas com os colegas de outras Proveniências.

A Resistência às Solicitações

Já Miklós Teknôs tinha surpreendido o Jansenista passeando, absorto, pelo despojamento espiritualizante do Ashram..

Ilustração na Biblioteca

Então não querem ver que entre uns papéis religiosamente guardados fui descobrir um retrato do Caro Je Maintiendrai?!

Olhos Nos Olhos

You and Eye de Esther I. Albone


Ao ler o título desta notícia, "Lino Debaixo de Olho", cheguei a pensar que o Primeiro-Ministro se tivesse compenetrado da necesidade e vigiar o seu ministro gafo mais notado, essa vítima da lepra dos ditos infelizes. Afinal era mera informação sobre o interesse do F.C.Porto num defesa da Académica. Perde o Sr. Sócrates uma ocasião de ouro para provar que é feito dos genes que o poderiam levar a rei na terra de cegos da nossa política. Precisamente os que não faltam ao presidente portista no mundo do Desporto, provados que estão os méritos dos respectivos olheiros...
Em compensação, o período experimental, probatório ou não, da capacidade de o governante das Obras públicas se explicar ainda promete ao patrão muitas noites sem dormir, ou seja... olheiras. É a paridade, Senhor!

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Os Idos de Maio

Em 1926 o movimento militar que se preparava no dia que hoje comemora o aniversário queria coisa diferente dos pronunciamentos sucessivos que a República conhecera. Os primeiros preparadores foram os conspirados de sempre, muitos com honestíssima intenção, mas por isso mesmo inspirando desconfianças aos quartéis, neste caso sombras fiéis dos sentimentos do País, esgotado pelas divisões das facções. Aos vetos de guarnições a nomes conotados com esta ou aquela tendência, substituiu-se um entendimento dominante de que, para liderar, era preciso coisa diferente. Se a absoluta independência não era fácil de achar, ao menos que um prestígio universalmente reconhecido no País lhe desse os foros da imparcialidade. Estavam condenados triúnviros de várias bandas, com a emblemática situação de um dos mais entusiastas opositores ao triste estado de coisas que se vivia, Sinel de Cordes, ter de ver o desfile vitorioso à paisana, entre a assistência que vitoriava. Primeiro escolhido para encabeçar a mudança, o duplo Herói da Ocupação de África e da Grande Guerra, Alves Roçadas, na fotografia. Com a doença que o extinguiria a miná-lo, teve de ser outro. Gomes da Costa também servia, pela sua participação no C.E.P. e por ter repetidamente recusado encabeçar golpes, que nestas coisas são os que têm currículo de renitência que melhor se posicionam, pois a maioria não gosta, para o efeito, de quem ferve em pouca água. Um último terceto se confeccionou. Cabeçadas era o veterano putchista e o primeiro marcado para sair. O General vindo do Norte cumpriu o seu papel espectacular, mas a Chefia do Futuro estava reservada em breve a Quem, sem antes se ter sublevado, o fazia agora, por, como o País, não conseguir suportar mais a tirania da desordem, tendo, inclusivé, recusado acusar os seus Pares revoltosos.
Era uma cabeça equilibrada, nem demasiado brilhante para se substituir aos políticos, nem demasiado desprovida, para não reconhecer a necessidade de a Um confiar a governação, ainda que não comprometido em desmandos anteriores.
Não pude deixar de, neste 28 de Maio, lembrar um Carmona como expoente da esperança contra o momopólio do Poder à conta dos partidos.

O Avesso Entronizado

Sabe-se como é costume a ligeireza analítica falar do regime norte-coreano como uma "monarquia vermelha". Já antevejo a catadupa de adjectivações do género, no momento em que se diz estar Kim Jong Il gravemente enfermo e colocar-se o problema da sucessão na ordem do dia. Admitindo que não é uma informação falsa, posta perante os olhos da espionagem estrangeira para ganhar tempo que permita melhorar as posições no poker balístico-nuclear em que Pyongyang está enterrada até ao cocuruto, há que fazer um desmentido do carácter certeiro da qualificação.
Numa Monarquia como as tradicionais do Ocidente a regra sucessória está perfeitamente definida e não passa pelo arbítrio daquele cuja morte deixaria o Cargo vago. Este, como factor relevante, embora muitas vezes superado, é, isso sim, preponderante no Cesarismo, que bem conhecemos do Império Romano. Até na luta entre familiares pela chefia máxima, inclusivamente nas tentativas de assassínio, este remanescente marxista se parece com os epígonos de Octávio, descontada a ausência de grandeza. Mas é coerente com o espírito de partido que não pára nas origens imperiais, antes se prolonga, com as suas lutas e intrigas, pelos tempos fora, mais visível na altura de um óbito, quantas vezes apressado...
É, portanto, uma consequência mais da dialéctica histórica, circunscrita à pessoalidade do poder e não já, forçosamente, aos princípios estruturantes. Contra a agitação emergente deste sorvedouro de forças, que está tão longe de ser o regime correspondente à relativa perfeição final, só o princípio da Estabilidade da Coroa, transmitida por regras sobrepostas às vontades individuais, pode trazer Paz; interna e externa, apenas compatíveis com o Direito no Trono.
É que crer num rebento "mais moderado" não é grarantia de fiar. Este Kim também era tido como "um amante da boa vida que, possivelmente, ocidentalizaria o regime". Viu-se!

domingo, 27 de maio de 2007

Por Entre os Dedos

A Vida Eterna de Michael Flaherty

Cumprir-se é manter-se insatisfeito, desde a idade ou a aurora em que se congeminam promessas para esquecer, até aos crepúsculos literais e alegóricos em que nos parecemos dissolver. Se na maior parte do Trajecto é o combate que, rasgando a carne, nos incita a continuar, quais cavalos esporeados, o contrapeso das recordações do que fomos e Dos que a nosso lado foram são o doce perigo mais imediato de resvalarmos para a desistência, no sentido de ver como uma esperança o fim provisório, a menos que consigamos nutrir pela certeza do término o amor desinteressado que, afinal, é o segredo do sucesso possível, não só na relação com o Próximo, mas, sobretudo, com Quem nos for mais próximo.
De Vitorino Nemésio:

Tenho o mundo na mão pela manhã,
À noite lançam-me ao mar com ele aos pés
Tais os que morrem a bordo a meia viagem
E todo o meu dia é uma luta
No perpétuo e estúpido bulício:
A minha funda é o cilício
De que fui incapaz aspirando a santo em menino.
Assim vivo doente, enérgico à força e peregrino.
Oh como é bom e triste ser um velho espantado
De ainda há dois anos parecer gente por inteiro:
Mas quando a morte nos é mais vizinha
Mais mortos vêm como grão apurado ao celeiro
E até a luz eléctrica macaqueia a luz perpétua,
Os ausentes acodem à nossa alma
Na secura da nossa solidão.
Eu agarro-me à vida como a palmeira a palma
Mas sei amar a Morte que me espera no chão.

Para o Despertar de Mme Bomba

Otelo e Desdémona, de Alexandre Marie Colin

Prosseguindo,
de tanto ouvirmos dizer que "o ódio é a cólera dos fracos", tendemos a interiorizar a última como prova de força. No fim de contas esta vazão da Ira, que é o que nos interessa, é sempre uma diminuição do Homem, ainda que para o alheamento dominante possa ser um auxiliar que o torne palpável. Bacon já dizia que "um homem irado que abafa as suas paixões pensa pior do que fala e se lhes soltar a rédea falará pior do que pensa". Desperta pois reacção ambígua, como conduta irreflectida é lamentada, como ausência de cálculo - e mais, da sua necessidade - é enaltecida. Os mais militantes dos ateus tentaram ver na Ira o solitário pecado que as Escrituras expressamente atribuem a Deus. Porém o Santo Padre, quando ainda o não era, já explicou a imagem como pura consequência da opção humana que afasta do ideal da Perfeição para zona em que a consequência esteja omnipresente.
Quando um destinatário de uma qualquer ira é condenado pelo espectador aquela que sobre ele recaia pode despertar tanto o sentimento de que foi merecida como o de que nem tal valia a pena. E tanto pode o entendimento firmar-se no desprezo que lhe seja creditado, como na estima que se nutra pelo que perdeu o domínio de si. No fim de contas a abstractização dos Sete Pecados Capitais, como a generalidade de raciocínios deste tipo, é ilegítima, porque só o caso concreto justifica e conduz adesões e condenações.
Um Bispo americano sentenciou a Ira como "auto-imolação". Mas sabe-se como o sacrifício também frequentemente ganha valor...
Como podereis ver, Acedia é que não abunda por cá: o humor é sempre mais estimado, eficaz e... indesculpável do que uma vociferação.

sábado, 26 de maio de 2007

Estou convencido!

Afinal era tudo uma questão de mnemónica, de alguma forma a função dos Livros. Vejam até ao fim e perceberão. Estou certo de que as Minhas Leitoras não adoptarão a neutralidade pouco colaborante da moderadora...

Pirilampos da Ribalta

Não contem comigo para sombra de acto da mais tola e reles solidariedade nacional para com os sacripantas que foram como turistas à Letónia e resolveram passar da condição semi-criminal à de pleno direito, mutilando bandeiras nacionais do País que os recebia. Quando era novo visitei algumas terras estrangeiras e apanhei não menor número de bebedeiras. Nem eu nem os que comigo travaram essas rudimentares formas de convívio caímos em condutas gratuitas que pudessem ofender os que nos acolhiam. Só espero que o simpático Estado Báltico não esteja demasiado obcecado em mostrar-se mais europeu do que os membros mais antigos da UE, ao ponto de não aplicar correctivo visível nos rapazolas. Nesse caso, a frase desculpabilizadora do cartaz publicado terá algum sentido: o merecimento que à fraqueza respeita.
*
Por que será que tudo o que nos chega da Irlanda tem um pouco de feérico? Até um acto pouco entusiasmante, como é o incidente eleitoral, nos traz uma atmosfera diferente. Nem falarei muito dos resultados, ou da ideologia dos dois partidos hegemónicos, que deram um apertão mais nos menores que sonhavam disputar-lhes algum espaço. Por cá cai-se na vulgaridade de dizer que o Fianna Fáil é de Centro-Esquerda e o seu principal rival de Centro-Direita. A realidade é muito mais complexa, nas partilhas do património da luta pela independência, tudo dependendo do ponto de vista do observador. Se económica e socialmente o partido do Sr. Ahern tem um historial mais hostil ao não-intervencionismo, nas questões político-morais estaria mais próximo do Catolicismo Tradicional, que, no entanto, também informa o seu adversário mais vigoroso.
Vamos, no entanto, à magia dos nomes: Fianna Fáil, os Soldados do Destino... não inculca um equilíbrio entre Moïra e o domínio das consequências da acção não igualado em lugar diverso, no Ocidente? O "Destino" para o transcendente, a condição militar que afasta o abandono das e às deserções...
Terra feliz, após muito ter penado.
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Bem me parecia! O afã de tanto político em querer criar a estulta e obtusa regra de uma vocal mas vazia "paridade" nas listas eleitorais tinha de trazer água no bico. Ou era coisa para se protegerem, que um homem público na partidocracia raramente é desinteressado, ou visava eliminar concorrência. Durante muitos anos houve mais Homens do que Mulheres a candidatar-se. Agora, quando a tendência é alterada, toca a garantir uma quotazita mínima, para subsistir, ou para afastar o Perigo para em longe, sob uma aparência generosa. Neste último caso está o chuto para o Espaço do Belo Sexo, com o pretexto de Lhe abrir a carreira da cosmonáutica. Prova do primeiro é a não-aceitação de uma lista do PP das Canárias composta inteiramente por Senhoras, querendo garantir a presença masculina. E repare-se que nas terreolas onde é mais difícil apresentar coisa semelhante, a protecção legal faz gala em não actuar. Depois queixem-se do machismo dos lugarejos, quando não há entidade mais machista do que a Lei! Se fosse para consagrar os hábitos sociais estabelecidos, também não haveria razão para os modificar nos grandes aglomerados. Qual! Os detentores do Poder sentiram foi de onde vinha o perigo. Cá para mim, já se sabe, quanto mais saias na vida pública melhor. E não defendo a Diáspora aplicada aos Escoceses...
*
O Fim do Túnel, de Bob Nunn
Na sequência do alívio pressentido pelo meu Amigo Pedro Guedes quanto à reacção dos Lisboetas à obstrução, hoje em perda na Bolsa política, do Vereador Sá Fernandes ao túnel do Marquês, tenho de o justificar: o homem é dotado de presciência e apercebeu-se com anos de avanço desta situação. Só não conseguiu ver onde se localizava a marosca. E como Lisboa fica mais à mão que Reikjavyk...

sexta-feira, 25 de maio de 2007

O Dia em Que Revi Paris

Não, não é esta a cena arrepiante. É-o uma que a precede, quando Kinski pergunta a Stanton se quer que ela dispa a camisola, momento arrasador em que a finalidade de uma demanda única é respondida pela média interiorizada da abjecção mercantil. Mas naquela aqui passível de reprodução há outra coisa, a consolidação do que de inapelável tem o frémito, sem participar da intensidade dele. A ironia, se o riso fosse para aqui chamado, estaria em mais uma vez se desencontrarem as vontades dos que se tinham amado, ao fim colidindo, até numa perspectiva... funcional. Ele, recordando o que Ela não quereria lembrar e dando as costas para que o degradado presente lhe não entrasse pelos olhos dentro. Do outro lado, a tentativa de perscrutar o momento actualíssimo, sem que o espelho permitisse mais do que a devolução por demais conhecida da imagem do nada em que se tinha tornado. Tentativa evidente no homem de evitar repetição da mediocridade imediata e temida. Por muita luz subversiva que virasse contra si próprio, depois do reconhecimento, não haveria retorno, desde a guitarra inicial de Ry Cooder que sabíamos ser a solidão de Travis definitiva.
Exemplo da mais extraordinária capacidade de excitação do Sensível, apelando até a experiência que se não tenha igual no detalhe, mas que se revele susceptível de assimilação a todos os reencontros que seriam dolorosos, se a Dor não tivesse já tido a sua apoteose, unificados em espécie.
Foi e é a obra-prima absoluta do cinema Pós-Clássico, mais ainda do que o díptico angélico do mesmo Wim Wenders, porque humano, demasiado humano: «Paris, Texas».

Enquanto Há Vida...

A doença é das poucas coisas de que Fidel não tem culpa e não é susceptível de brincadeira, da minha parte. Porém, a sabujice dos que o rodeiam é. Só pela vontade de passar graxa na Referência do regime se explica as fantasias de um médico que garante 140 anos de vida ao Comandante! É, todavia, sintomático do incómodo que os materialistas sentem diante da ameaça da morte, quando a deveriam entender como facto natural. E da negação permanente da realidade, como a que levou à detenção do cineasta Luís Moro e de Helena Houdová, na foto, por captarem imagens arrasadoras para a mitificação do sistema de saúde cubano, no primeiro caso, como da repartição das habitações, no outro. Numa altura em que o derradeiro líder comunista do Ocidente reconheceu que o inimigo principal é a idade e não o vizinho americano, poderia, com mais fundamento, retirar alguma esperança da descoberta de que os dinossaur(i)os nadavam, o que lhe facultaria a hipótese de se evadir da ilha em que o encerram, locomovendo-se na água que os lambe-botas que querem singrar metem à sua volta.

O Colosso de Poses

Atão um pilar que sustenta tal peso não certifica um engenheiro melhor do que as papeladas e formalidades do costume?

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Na Bossa de Lino

A Blogosfera desatou a comentar o que entende ser uma gafe do Ministro Lino. Um propósito louvável e um tema que não se estranharia. Examinadas porém as declarações do Político, este espírito de contradição que teimo em ser tem de vir dizer que a asneira, tal como o Sahara linesco, não está onde se julga.
O palavreado do (ir)responsável das Obras que deviam ser Públicas não foi inocente, ao invés do que se possa crer: quando disse que a Margem Sul, ou a porção dela dada como aeroportável, "era um deserto", queria, simplesmente, obter o que veio a conseguir - as Populações Indignadas a desmentirem televisivamente as suas carências. Doravante terá sempre como trunfo a confissão das Gentes de que não lhes falta tudo aquilo que apontou, o que o dispensará de construir e gastar. Um espertalhaço!
Mas não é esta a bela sem senão. Espatifou-se ao comprido quando quis adornar a politiquice com imagens inesquecíveis. Muito mais do que a sua interpretação do corvo de Poe naturalizado francês, dever-se-ia notar que o homem se pronunciou contra a construção de um "projecto faraónico num deserto". Que cultura! Em que terreno julga ele que os Soberanos Egípcios edificaram as Pirâmides? Na Selva Amazónica?
Já quanto ao seu defensor oficioso Almeida Santos, ainda fez pior do que os advogados estagiários dos velhos tempos. Aquela de irmos para a Ota "porque uma ponte seria destrutível pelos terroristas" só se justifica se for desbravamento de caminho para não se construir a via férrea que ligaria Lisboa à localização que os apaniguados de Sócrates preferem. Com efeito, dos radicais coevos lembro-me de ataques a infra-estruturas e composições ferroviárias. Alguém recorda uma grande ponte como alvo?
Ná, o abstencionismo do Governo PS parece-me estar a preparar-se para pisar terrenos que excedam o do pensamento. Como dizia o diplomata finlandês de «Os Maias», é grave, é excessivamente grave!

Elevação de Pensamento

Onde se tenta recriar o amor aos livros do João Villalobos...

De Boca Aberta

A Mordaça Social de Bonnie E Rodgers

Enquanto não há versão indisputada do que o professor alvo de punição por socráticos gracejos possa ter dito, quero deixar duas ou três posições sobre o tema.
Considero que a oposição política não dá o direito a ninguém de ofender a família dos actores do Poder e, desse ponto de vista, a ser verdadeira a qualificação que uma das histórias alternativas fornece, sentiria alguma compreensão pelo correctivo possível, nyma triste época em que se exige aos políticos um comportamento certinho, que lhes não permite lavar afrontas pessoais pelas próprias mãos.
No caso de ser a mera anedota sobre a saga académica do Sr. Sócrates a base factual da repressão o caso fia mais fino, pois é uma intromissão na privacidade do humor de cada um, desde que se não consubstancie em actos de serviço, não colhendo a justificação oficial que tornaria os espaços públicos - e do funcionalismo em particular - "assépticos à força".
Devo dizer que não parece poder ser assacada responsabilidade ao ex-engenheiro, o qual terá reagido como devia, apesar de o fazer de forma inferior ao lendário desportivismo de Salazar, que gostava de se fazer contar as piadas que o visavam. Mas Esse, para além de Universitário era um Político à séria. O que se pode cobrar ao actual ocupante da cadeira é a falta de qualidade que resulta do provimento no cargo da carrasca que se revelou.
A maior lição disto tudo é que haverá sempre burocratas desejosos de mostrar serviço e o quanto, para tanto, zelam pelo nome dos poderosos, enquanto estes subsistam. E também, com menos culpa, oferecendo-se a vítimas deles, funcionários que querem alguma liberdade, como a de desprezar os superiores hierárquicos e os que neles mandam, mas que não estão dispostos a sair da carreirazita segura para serem verdadeiramete livres. O resultado é a tensão entre o silenciamento e as delações, mesmo num grau mais risível do que trágico
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é enfado!

Mala Real

Há dias que começam bem! Recebido logo pela manhã, do Berço da Nacionalidade, graças a Pessoa Que me é querida, esta vigorosa (e, asseguro-Vos, envergável) prova do júbilo vimaranense na subida, a que junto o voto de um carácter profético quanto à restante vida pública portuguesa.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Azares Duma Identificação

O meu pessimismo acentua-se. Por um instante, ao percorrer a primeira página do Record, julguei que o título maior se referia aos compradores das acções do SLB, agora na Bolsa. Uuuuf!

By The Book

A vontade de responder ao Mário, no comentário sobre o Mundo de Tintim, um pouco abaixo, era muita. Cedendo porém à Preguiça, ao Pecado Capital que melhorou a minha vida - e sem livros, Madame Bomba, ai que heresia, salva-me a leitura do Vosso belo texto -, em vez de correr à estante, um piso abaixo daquele em que estaciono, atirei-me à net para descobrir o redactor do jornal luso que abordara Tintim. Descobri-o aqui, no original, como dado pelo RAA, vertido para o nosso idioma. É, rectifico, no «Tintim no Congo».
O que me interessa para agora é a ilustração que dá da ideia de povo muito formal que tanto Estrangeiro de nós faz. Atente-se na fatiota do nosso patrício e nos tratamentos que dirige ao dono do Milu. Julgo que os subscritos invariavelmente endereçados a "Excelentíssimos Senhores" terão feito das suas, sendo já resultado da supressão do " Ilustríssimo" dantes acrescentado. Mas seremos caso único? Não escarrapacham os Ingleses muitos "Esquire" a torto e a direito? Dir-se-á que somos imbatíveis na generalização. E aí calo, aceito e digiro.
Pois já os nossos Amigos Espanhóis se passam com a massificação de "Senhoras Donas" que nos é característica. Para Eles "Dona" adequa-se a pouco menos do que Infanta.
Não creio que a questão incida sobre o cerimonial instituído, apesar de a persistência do Estado Novo em manter o fraque e a casaca em certas cerimónias que havia muito tinham sido simplificadas noutros países poder contribuir para compor o quadro. Não é, isso não, o traço em apreço apontado à regras do poder público, caso em que nos levaria para terrenos próximos da infirmação do pensamento de Jünger, segundo a qual países com maior espectacularidade no Teatro do Poder tendem a ser os que maior requinte encontram, igualmente, nas punições máximas, casos da China e da Espanha históricas.
Como não penso que sejam as relações entre os particulares as que hoje em dia trarão à colação a problemática, com as novas gerações a tutearem-se abundante e precocemente. Julgo que a questão se põe é no atendimento ao Público dos agentes intermédios da Administração. E a explicação encontro-a simples: tivessem outras nações súbditos tão abusadores como tendemos a ser e também encontrariam essa defesa da distância...
No entanto talvez seja mais do que isso e mais antigo. O Abade de Jazente, que ando a reler, já a sabia toda:

TU, VÓS, SENHORIA E EXCELLENCIA

Aquelle Tu e Vós, quando algum dia
havia em Portugal sinceridade,
acabou, começando a nossa idade
a dar a uma Mercê a primazia.

Depois foi-se exaltando a fidalguia,
e entrou tambem na plebe essa vaidade;
e tomando a Mercê de propriedade
a nobreza subiu a Senhoria.

Não parou inda aqui tanta loucura;
porque vai já querendo uma Excellencia
quem tinha a Senhoria por ventura.

Mas sabeis o que causa esta demencia?
faz com que os críticos vão á sepultura
fazer-lhe anatomia na ascendencia.

Princípios da decadência de que nos não livramos.

Esperança Para um Jansenista

Basta abrir os cordões à bolsa, num sentido digno. É o que garante a Irmã, apenas ocasionalmente de Caridade.

Maria Kirilenko

A Sharapova que se cuide. Maria Kirilenko garante-nos que é como um pássaro. Quem disse que uma andorinha não faz a Primavera?

Em vias de Extinção

Concurso de dança em bikini na praia turca de Marwish. Os cartazes com fatos de banho reduzidos já são arrancados no cumprimento de instruções oficiais. Fala-se, em programas eleitorais, de interditá-los. O grito de "põe!" onde deveria estar "tira!", traindo toda a parte da cultura Muçulmana onde fez carreira a dança do ventre!

terça-feira, 22 de maio de 2007

A Assombração

Para as bandas rosas há um fantasma! Finou-se há algum tempo no Governo e também agora, academicamente falando. Mas veio asseverar que continua, em espírito, no Executivo! Cá para mim, não é inocente, não: a possessão confessa, quer dizer, a habitação do supremo corpo administrativo por um ente espiritual estranho, é uma tentativa imaginosa de desresponsabilizar Sócrates & C.ª pelo estado a que isto chegou.

Um Facho Apagado?

O Miguel Castelo-Branco deixou um postal com cujas linhas gerais concordo mas que me suscita uma dúvida. Entre os intelectuais "fascistas" que elenca, para fazer o paralelo com Hergé, cita T. S. Eliot. Duvido que o fosse. Decerto que teve palavras elogiosas para com o Duce, mas desde que a experiência Fascista tivesse lugar em Itália. Como solução universal pugnou antes da Guerra por um monarquismo de sabor maurraseano, mas cuja maior fulgência terá recebido pela intermediação brilhante e meteórica de T. E. Hulme. A sua postura durante a grande perturbação foi irrepreensível, mesmo do ponto de vista dos governos dos dois países a que pertenceu. Foi, certamente, antes do conflito, um anti-democrata. Mas mais por amar a epopeia construtiva que se pudesse opor à desolação revolucionária que devastava os espaços por onde passava, deixando rasto para a sensibilidade expressa em poemas como a «Waste Land»; não por qualquer vitalismo e eticizado amor ao perigo e ao movimento remotamente tributário de Nietzsche e genealogicamente filiado em Marinetti e... Mussolini. Depois da conflagração, mais suavizados as adesões e os engajamentos, não encontrou afinal por que renegar o monarquismo que em política fora o único credo de que se afirmara, a par do anglo-catolicismo em Religião e do classicismo em Literatura.
Penso que foi toda a vida um conservador lúcido, sem cedência ao liberalismo, ainda que este se apresentasse morigerado pela idade. Tive durante muitos anos a tentação de o ver como um Dr. Johnson nos princípios, edulcorado por algo de Henry James nos comportamentos, sendo certo que a agressividade do primeiro e o artificialismo das boas maneiras do outro se esterilizavam e potenciavam mutuamente. Por essas e por outras é que Pound dele disse, quando o amigo lhe salvou a pele: "O Sr. Eliot faz sempre o que se deve fazer". Mas com génio, acrescento.

O Esquecido

Convida-me o Sr. Oliveira da Figueira a uma menção a Hergé, que já pensada estava. Para além de nos ter dado a imortalização do nosso desafiante Compatriota e... Confrade, bem como dos outros portugueses que entram na saga, o Professor de Coimbra de "A Estrela Misteriosa" e o jornalista de um diário lisboeta, creio que do "Tintim na América", devemos-lhe o inesquecível capitão. Apesar do muito que prezo o "reporter da poupa", prefiro-lhe ainda Haddock e Milu, por esta ordem. O protagonista é um ideal muito escutista, na rectidão e no desenvencilhar-se. Mas a espessura psicológica só chegou com o amigo barbado. E não deixa de ser curioso que o criador de ambos tenha tido, numa entrevista, de reafirmar que o seu herói era Tintim e não o consumidor de álcoool...
Já agora, uma pergunta Quizz aos meus Leitores: o que é que Haddock tem em comum com Cary Grant?

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Gente Corajosa!

Juro que quero tudo menos agoirar quanto a dificuldades futuras, tenho é que expressar a minha admiração pela coragem de 324 pessoas. Não tanto pelo facto de acederem à nacionalidade portuguesa, com todos os prós e contras que a coisa comporta, como agora se diz e a gafe primoministerial mais não fez que sublinhar. Mas dar como garantida uma qualidade que consta de um certificado distribuído pelo Sr. José Sócrates, isso sim, não é para qualquer!

Telmo de Comparação

O Político de Zach Johnsen

Os comentadores sublinham o óbvio conflito que o Dr. Telmo Correia viveria, caso eleito, na necessidade de acorrer aos deveres da Câmara e aos dessoutra que é o hemiciclo, como presidente do grupo parlamentar do PP. Nenhum falou no que me parece o essencial, a saber, o papel de elemento pouco impressivo num confronto que aquele político sistematicamente vem encarnando, com o que julgo ser o objectivo, tácita ou secretamente concertado, de fazer brilhar o Dr. Portas. Depois de haver passado pelo Governo por Turismo, todos lembram a sua falta de empenhamento enquanto candidato a líder, que deu a revolta castrista, logo revelada incapaz para a polítiquice dos truques e factos políticos artificiais. Também agora a sua apetência pelo Município deixou muito a desejar, assumindo logo a fungibilidade de nomes para o poiso, ao considerar-se "um entre tantos". No espírito dos iludidos pelas reclamadas vantagens da vida partidária o que está na memória é o facto de o Paulinho das Feiras de outra encarnação ter lutado num e noutro dos lugares a que o seu acólito agora se propõe. E no espírito de facção que é a terra fértil da subsistência partidocrática a combatividade é sempre valorizada. Cada vez mais gente se afasta, desconfiada, das promessas vazias do sistema. Mas os que lá permanecem, e até alguns dos neófitos descrentes, mesmo torcendo o nariz à inencontrável verticalidade das motivações da classe política, gostam de ver nos candidatos algum esforço e o esboço de uma ideia para o exercício do lugar que faça as vezes da vocação.
Olhando para o desinvestimento do nomeado, os olhares que caiam no patrão vê-lo-ão sempre como o Maior, alguém capaz de trepar, não um simples numerário de cocktails.

Quanto Pior, Melhor?

Chère Charlotte, concebo que a maior parte deles tenha podido tornar certas vidas menos más, mas não a Inveja. Essa só consome e é capaz de tirar prazer, não de dar. Ainda se fosse pensada em francês, onde a mesma palavra serve para "desejo"...
Julgo que Julie Crozat pintou bem o que quero dizer.

domingo, 20 de maio de 2007

O Elogio da Censura

No momento em que surgem novos dados sobre a censura patrocinada por entidades publicas incidindo sobre a INTERNET e, presume-se, a blogosfera, quero remar um pouco contra a maré. Não é só sexualidade que permite e fomenta perversões, a escrita também é terreno independentemente fértil para elas. Qual deve ser, então, a posição do administrador de um blogue para com um oficial encarregado de lhe vigiar os escritos? Se for pouco visitado, não será a má vontade ingratidão para com quem regularmente o lê, ainda que por dever de ofício? E há outra linha para se explorar este filão: ver o imputável por um corte como alguém tão cioso da leitura que fez, ao ponto de não a querer partihar com mais ninguém. Assim como que um extremista da monogamia lierária... Ou, considerando o texto final, um co-autor da obra...
Pensei em tempos escrever um conto sobre um escritor pouco popular e algo ocioso que, sabendo-se "filtrado" se dedicase à investigação da vida e pessoa do responsável pelos riscos eliminatórios, numa curiosidade meramente intelectual que se viesse a transformar em amizade. Contudo, num País em que o "infame Estado Novo" oferece as memórias de uma convivência entre os coronéis de lápis azul e os jornalistas com parágrafos retirados, em que se ia, muito além da cordialidade, até ao quase pungente pedido de desculpas por cada supressão, achei que não teria unhas para imaginar algo que trouxesse novidade de monta.
E é assim que me ponho a imaginar como será o encarregado da vigilância dos pobres escritos que aqui deixo. Mas, olhando com atenção para o mapa-mundi da frequentação da página, constato, com melancolia, que faltam os países com maior propensão para essa específica modalidade de público, Birmânia, Paquistão, Irão, Arábia Saudita, nenhum consta. Está visto que, ao contrário do Profeta, a figura do Maldito só o consegue ser na sua terra!

sábado, 19 de maio de 2007

Inscrito Nos Genes

A Justiça Desportiva é, cá no burgo, muito mais célere do que a dos restantes domínios, mas, ainda assim, só ontem foi decidida a questão do protesto sportinguista do jogo com o clube de Leiria. E dá para desconfiar de que terá havido alguma aceleração por a Liga estar por decidir à última jornada e dois anos seguidos com questões a resolver após terminar a competção cheirariam demasiado mal.
No entanto, havia pior. Os egípcios diferiam à sua deusa da justiça, Maat, as atribuições do julgamento para o momento da morte, ao contrário do mundo greco-romano, o qual ia dando à sua algo que fazer enquanto ainda se anda por cá. Previdente foi o artista que concebeu a imagem da primeira associada a um relógio...
Mas não se caia na tentação de acreditar que a sistemática demora que nega a grande regulação é coisa do nosso tempo. Já o Abade de Jazente escrevia, no Século XVIII:

JUSTIÇA HUMANA

Citado o reo, a acção distribuida,
off´rece-se o libello na audiencia;
entra logo uma cota, uma incidência,
apenas em dez annos discutida.

Contraria-se tarde; ou recebida
uma excepção, faz nova dependencia;
crescem as dilações, e a paciencia
uma das partes perde, ou perde a vida.

Habilita-se um filho, outro demora;
e de novos artigos na disputa,
mais se dilata a causa, ou se empeora.

Com tudo, põe-se em prova, ou circunduta;
em casa do escrivão bom tempo mora;
e se ha sentença emfim... não se executa.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

As Curvas da Ciência

Nada admira que tenham sido duas Investigadoras Portuguesas novas, Mónica Bettencourt Dias e Ana Rodrigues Martins, a fazerem a fulcral descoberta do funcionamento do centrossoma, que tantas boas esperanças traz. Os seus colegas de outro género, idade e país andavam concentrados na experimentação de campos mais doces: «Sugar Sugar», pela incarnação em Barbara Stanwyck, na melhor comédia de sempre, que não é a da Vida, mas, «Ball of Fire», sem mais.

Sensual vs. Social

Tantos anos perplexo com o persistir do fundamento da intervenção policial em favelas e a luz estava tão perto...

Não era uma questão da Sociedade, era-o de campos do saber com outros corpos, sendo que as fardas não podem ser outra coisa que um fetiche e a entidade intervencionada outra favela: Marlene Favela!

Eu Hoje Ancorei Assim...

...e o blogue à seca...

Uma Esquerda de Mestre?

Não sei se Sarko terá visto esta imagem, mas sem dúvida que ela prova que até uma Esquerda pode exercer alguma atracção. É norma nos governos norte-americanos integrar um membro do gabinete provindo do partido derrotado na eleição presidencial, para simbolizar uma platónica postura anti-partisenship. Daí que o Sr. Norman Mineta, nome correctamente grafado, tenha acompanhado a apresentação como Secretário dos Transportes de Bush com a declaração de que aqueles não eram Republicanos, nem Democratas. Não é tão habitual em França. Por isso a celeuma acerca da corte feita pelo Presidente a alguns Socialistas. Não falarei do Sr. Eric Besson, nem dos publicistas que apoiaram o novo ocupante do Eliseu antes do sufrágio. Cingir-me-ei a breves palavras sobre aqueles ao encontro de quem o Eleito foi, na ressaca da bebedeira eleitoral.
É um Bando dos Quatro. Não porque tenha cometido malfeitorias equivalentes, mas porque a solicitação deles para que integrassem a equipa dirigente vinda do outro lado é uma verdadeira "Revolução Cultural" na rotina política do Pais. Os nomes: Claude Allègre - o coveiro da PUF -, Anne Lauvergeon, Hubert Védrine, Bernard Kouchner. Os convites geraram logo rangeres de dentes dos aparelhos partidários: na Maioria com desabafos à boca pequena de que um estaria muito bem, mas quatro em quinze ministros seria levar a governação para a Gauche. No PSF, transformando François Hollande em controleiro, ao declarar inaceitavel a cooperação de inscritos no Partido com o inimigo e o inefável Maire de Paris a adoptar linguagem ameaçadora para os "traidores". Três recusas terão resolvido os embaraços maiores da questão. E o que cedeu acaba por ser o menos significativo, embora o mais popular deles. Kouchner, apesar do cartão de militante, sempre se moveu com uma autonomia que o transformava em sucessor de Tapie como a amante cara dos socialistas. É um homem paradoxal, com uma vontade efectiva de realizar boas obras, mas uma quasi-patológica - e e todo o caso infantil - necessidade de aparecer a protagonizá-las para o Grande Público. As explicações que se vão dando para a sua nomeação em vez de Védrine para as Relações Exteriores, o seu pendor filoisraelita, confrontado com o extremo anti-sionismo do outro ministeriável, cai pela base, dado o preenchimento da vaga ter tido origem na nega deste último e não numa retirada do convite em função das propaladas pressões da Comunidade Judaica. Mas creio que a razão última da abertura de Sarkozy não foi ditada pela Política Externa, antes pela vontade de emitir sinais para os compatriotas. Quer dizer, pelo privilégio da abrangência da Nação, contra o fraccionismo dos partidos. Precisamente o contrário do que Royal fez, pressionando os seus pares para uma designação imediata do candidato ao próximo despique, daqui a cinco anos, oferecendo-se, modestamente para o cargo. Se achava assim tão vital a alteração, mandaria o pudor que não se disponibilizasse. Estou a gostar da forma como um soube ganhar e a entristecer-me com a maneira como a outra não mostra saber perder. Dentro do triste espectáculo que é sempre uma corrida divisionista, claro está.
Nota: já depois de escrito o post, chega a notícia, por Hollande, da expulsão do "colaboracionista" que aceitou o posto ministerial. No fim de contas a Revolução Cultural, na vertente viciosa, parece morar na direcção partidária...

quinta-feira, 17 de maio de 2007

A Finura das Finanças

Pois não sei se Quem lê viu que hoje se nota, ainda, um ano mais da Bolsa de Valores Norte-Americana na sua morada célebre. Vem portanto a calhar esta fúnebre Demise in Wall Street, de Slowinski. Mas sabendo-se que demise significa igualmente "transferência" e "legado" não será de estranhar que o front runner à Câmara da nossa maltratada capital, face à catástrofe deixada, haja transferido a prioridade do saneamento básico para o saneamento financeiro. Isto é, um eufenismo, em tempo de finanças como ele finas...

You Too?

Neste dia que se diz da INTERNET não quereria parecer ingrato, sabendo-se que uso e abuso do meio para garantir o meu nicho de blogosfera. Porém - e contra mim falo -, a superioridade do cinema é uma evidência esmagadora: em sede de dificuldades linguísticas filmadas e passadas em cada um dos suportes o que está a dar no mundo informático é a ironia presente na incapacidade da empregada doméstica latina em pronunciar "Youtube". Na tela a mesma temática deu-mos "The Rain in Spain" no «My Fair Lady». Talvez por isso mesmo seja chover no molhado dizer que, com todo o respeito pela nova starlette, prefiro a Audrey. You too?

Malditos Puritanos!!!

Volta e meia estas investidas contra a exibição do corpo em locais apropriados... A legislatura do Ohio resolveu forçar os bares de "strip" a impedirem os toques nas funcionárias e a imporem algumas roupas estrategicamente ocultantes, uma coisa e outra facilmente contestadas em qualquer praia... Ah, claro trata-se de um Estado sem mar.
Temendo que, depois de várias outras correcções políticas e da perseguição ao tabagismo, também esta moda apareça por aí, cá deixo o grito de protesto de Juliette Gréco, «Déshabillez-moi».

São Rosas, Senhor!

Passeio de Artur Portela por um País querido, vertido em letra de forma. Ponto alto, a fala a que chegou com o grande Papini, aqui dado como o Dragão de Florença. Digo-o para que se não pense que o Autor doutra grande prosa se mudou com armas e bagagens para as margens do Arno! Importância imensa para o nosso canto, pois, após ter defendido a unidade europeia sob uma forma confederada, para responder à ameaça vermelha, defende o tipo de chefe que essa junção de esforços imporia:
- Como Salazar! É o estadista mais inteligente, mais prudente («sage», disse em francês) do Mundo, nos últimos tempos. Não é um ditador, mas um moderador. Leio os seus discursos e pensamentos com o mais vivo interesse. Vejo-o como um crente, um sábio, que não pede muito aos homens, nem ao destino! Não é um militar, nem faz comédias à Hitler!
Toda a peça se lê bem. Apesar do estilo da época, telegráfico nas perguntas e respostas, sem pretensão a imitar a fluidez de uma conversa normal, com detença, por vezes, em aspectos que hoje diríamos perfunctórios, o grande Giovanni conta a sua luta com a cegueira sem o desespero de Camilo ou Montherlant, ao ponto de nos pôr a pensar, dada a clarividência que exibe, se não seria num escritor (quase) cego que se encontraria a visão mais radical. Como neste ponto:
- Pois eu não sou democrata. E Salazar também o não é! É um sinal de inteligência não ser democrata! A Democracia faliu por toda a parte!
- Não sou um democrata, mas amo a Liberdade, o que é mais importante. Democracia é a arte de fazer ver ao povo que é ele quem se governa. Repare nos Estados Unidos, onde meia dúzia de políticos e de capitalistas fazem a comédia.
E outra diferença face ao que nos rodeia, hoje. O reporter não tenta orientar as respostas, apesar destas lhe não agradarem. Um único lamento, quando esclarece que a honestidade do jornalista se sobrepõe às sua convicções. Esmolas de Espírio e Direiteza, dignas do Real Milagre Isabelino.

Arquitectura do Refúgio

Na tentativa de combater o excesso nas draconianas medidas contra o fumo que se anuncia, advoga-se a criação de salas de fumo em empresas e repartições, onde os infra-condenados a quem se nega o cigarrito possam aligeirar a abstinência. Com o fito de converter os inimigos deste regateio que sejam sensíveis à Arte, oferece-se como alvitre decorativo, esta nova versão da Mae West de Dali.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Girândola de Provocações

Para ver como não cou só eu a meter-me com o Caro Jansenista, aqui vai um trecho de um dos filmes da inha vida, «Ma Nuit Chez Maud», de Rohmer, com Trintignant chamando-O pelo nome e referindo-se ao ascetismo precisamente da forma que eu o penso. Quanto aos prazeres não-proscritos pela Sociedade, a privação só tem verdadeiro significado espiritual e sacrificial se tiverem sido conhecidos, como em S. Francisco; e não forem condenados nos Outros, como Ele também defendeu. A recusa em conhecê-los é quase uma confissão de temor da cedência perante o monopólio dessas solicitações.

Deus e as Audiências

Nada admira que uma Mente Ilustre, respondendo a desafio destas profundezas infernais, tivesse querido ver o espírito do Visconde de Bonald e o corpo do pobre condenado que escreve prestando cego tributo ao Autor das «Críticas». Lançou-nos uma citação que dá que pensar, distinguindo duas formas de Fé. Meu Caro Jansenista, a distinção oferece pano para mangas. Não seria então o Deísta um mero crente na "Consciência Cósmica", esse impreciso acquis que Ruyer encontrou nos "Gnósticos" de Princeton? E, por outro lado, não correria o risco o Teísta, se investido do prefixo "pan" de um sofrimento exarcebado em cada escolha, aquele que é próprio da parte excluente das opções, na medida em que estaria a ser agredida uma manifestação da presença da Divindade? Mas a frase é importante, mil graças.

Agora a imagem... Só pode ser uma... montagem. Uma conferência de Kant para OFICIAIS RUSSOS???!!! O pobre sábio de Koenigsberg, como tema ou orador, fora dos santuários especializados, só encontra reacções deste tipo!

E o que torna a coisa ainda mais inverosímil é a nacionalidade do pretendido auditório. Decerto que os ex-boiardos disciplinados e militarmente burocratizados volveriam os seus olhares antes para algo similar ao que ocupa o pensamento dos seus descendentes: Dana Borisova, apresentadora de TV, unanimemente tida como o Sex Symbol do Exército Russo por excelência...

O Príncipe Sem Maquiavel


Em igual dia de 1945 o Senhor Dom Duarte Nuno anunciava aos Lusos a garantia da Sua sucessão directa nos direitos do Trono de Seus Reais Avós. Hoje, em tempos de banimento revogado, mas de mediocridade epidémica, urge falar no papel do Herdeiro da Coroa. É necessário que esteja disposto ao sacrifício de desembainhar a espada para tentar salvar os seus súbditos, como outrora o Bisavô D. Miguel I fez, com sacrifício da sua situação, porém não beliscando um milímetro das convicções. Não deve a espera por Tal Disponibilidade, porém, ser pretexto para a inacção dos monárquicos mais doutrinados, ou dos meros simpatizantes. A tarefa da mudança cabe-nos, como a responsabilidade inerente. Do Príncipe espera-se não que seja mais uma Reserva da República, a qual nos foi sucessivamente frustrando com a entrada em jogo de ineptos elementos desse banco. Deve ser a Reserva da Nação, justamente para quando com a República Portugal empreender a "rescisão contratual" constitutiva da chicotada psicológica de que todos os espíritos atentos andam ávidos.
Mas atenção, não deve Aquele que um dia retomará a Coroa ceder à transigência com o espírito fragmentário das facções. A incumbência da definição do molde do Futuro cabe, no melhor espírito das Cortes tradicionais, à base popular que O aclame, em nada devendo o Homem diminuir o Papel Cimeiro de União que cabe ao Rei.
Nesta data de esperança curvo-me perante Sua Alteza Real o Senhor D. Duarte.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Coisa Feia, a Inveja!

Numa altura em que é moda dizer mal da França, este maldito sugere a razão oculta de tal pulsão: nós temos o Nero que abaixo desmascaro; na Feliz Gália "Néron" respeita remotamente ao monstro imperial, mas, muito mais na ordem do dia, a Caroline... Néron! Fados!

O Que Deu a Costa

Não, não se trata de um qualquer brinde das marés dado com falta de acento, num ambiente em que não há assento que falte. Vou é falar-Vos da designação do Dr. António Costa como candidato do PS por Lisboa.
Errado outra vez! Apesar do que se poderá inferir do título, não sondarei as razões psíquicas profundas da aceitação da prova para edil pelo ainda Ministro. Talvez vontade de seguir pisadas do ex-Presidente Sampaio, por cujo escritório de advocacia passou e não sei se estagiou. Quero é referir-me a quem lhe ofereceu a possibilidade do lugar.
Mais uma vez ao lado! Não me interessam as motivações do Sr. Sócrates de prescindir de um Número 2 combativo, por muito que deixem estupefactos os analistas. O que mais abunda como passatempo de chefes de governo em dificuldades é o engenho em desembaraçar-se de braços-direitos considerados nos respectivos partidos. O que me move é especular sobre a razão que terá ditado a ligação a Lisboa.
E achei: O Dr. Costa desiludiu todos os que o exceptuavam da mediocridade reinante, ao mostrar-se incapaz de garantir um eficaz combate aos incêndios florestais no primeiro ano do seu actual desempenho. Coerente com a sua obsessão em desviar recursos humanos da Província para as Urbes, o líder socialista pode muito bem ter entrevisto a possibilidade de se vingar do eleitorado alfacinha, colocando na Praça do Município, na espera da eventualidade de um fogo, alguém com provas dadas na incapacidade de combater as chamas reais e, bem pelo contrário, de manter acesa a chama rosa.
É Nero reeditado. Para o ouvirmos cantar só falta a faúlha!

Portugal - Um Retrato Social

Antigamente o Festival Eurovisão da Canção era um acontecimento, senão musical, ao menos social. Hoje, ninguém dá por ele. Quanto a mim, mais do que pela inflacção de países concorrentes, por termos, desde a entrada na CEE, tomado contacto na pele com as solvências de Bruxelas, nos dois sentidos o termo. É que antes fazíamos do certame a certificação da nossa inclusão europeia, como, no tempo do Estado Novo, do noso não-isolamento, ou da unidade de Portugal Continental e Ultramarino, candidatando cançonetistas das Províncias de Além-Mar. No regime abrilino foi a nosa colagem ao "Progresso", com investidas e investimentos de muito cantadeiro caucionado por militãncia no PCP.
Mas a evaporação do prestígio, que fez o concurso pasar de trunfo da RTP a obrigação, não pode dever-se a melhoras do gosto musical, dentro da pimbalhada reinante. É sim o spleen próprio dos folgados, apesar de neste clube sermos meros remediados.
E, se formos ver, nos vencedores não há grande coisa. Exceptua-se habitualmente os ABBA, a quem realmente devemos algumas criações que entravam no ouvido e ainda me atrevo a cantarolar no banho; mas quanto a profuniade de composição...
Não quero, contudo, fazer-me melhor do que os meus Compatriotas - vibrei um tanto com «Si La Vie Est (un) Cadeau», por Corinne Hermès. Verduras da juventude!

A Bolsa ou a Vida

A notícia de ter sido dado o "último passo" para fazer entrar na Bolsa de Valores o meu pobre Benfica vai contra a entranhada concepção do que um clube deva ser a que me mantenho colado. Espero, por conseguinte, que não se verifique a conformidadedade absoluta e literal nessa passada derradeira, que ela não precipite no abismo. Nos bons velhos tempos não se fazia destas. Torço para que não seja prenúncio de desastres paralelos ao que Farr anteviu, com dois anos de avanço, para 1929, através desta ilustração. Para catástrofes já bastam as desportivas.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Moi-Même

Auto-retrato do Artista Com Halo de Guido Brink

A Zazie, além de Erudita, é uma Querida, pelo que me chama... "enigmático", o que me deixa inchadíssimo, já que tão esfíngico estatuto me faz impar de vaidade, quer por, num breve instante, me imaginar dono da importância característica dos mitos, quer por me entrever com o tamanho do nariz diminuído, o que, igualmente não é de desprezar. E lança-me um desafio em forma de corrente, o de escarrapachar aqui um meme e de passar a pasta a outros tantos Blogadores. Como não fujo de correntes desde que vi «Sei para Onde Vou», de Michael Powell e E. Pressburger, das que lá constam ou destas, desde que tenham espírito, deitei-me ao trabalho. E que coisa é um meme, afinal? Segundo a definição Dos que lançaram o desafio, «é um ”gene cultural” que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma».
Pensei, pensei e a Eureka a que tive direito deu-me:
O homem deseja mais vivamente o poder sobre os outros, à medida que o tem menos sobre si mesmo.
Louis de Bonald
E quem trazer à conversa? São mútiplos os Notáveis Bloguistas que me tentam a que Os atente. Deixei-me pois boiar nas citações do Autor eleito e penso ter encontrado cinco, capazes de seduzir ou espicaçar Outros Tantos Vultos da Blogosfera que prezo. Assim,

Um deísta é um homem que ainda não teve tempo de tornar-se ateu parece-me adequado a fazer o Caro Jansenista dizer das Suas.
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O homem nasce perfectível, o animal nasce perfeito levou-me de imediato a pensar em alguns afectos da Charlotte.
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As parvoíces feitas por pessoas hábeis, as extravagâncias ditas por pessoas de espírito, os crimes cometidos por pessoas honestas... eis as revoluções parece-me poder corresponder ao pensamento do F.Santos.
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Pode-se ser moderado com opiniões extremas talvez diga alguma coisa que evite "condenações" amigáveis do Miguel Castelo-Branco.
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A revolução começou pela declaração dos direitos do Homem, ela não findará senão pela declaração dos direitos de Deus é verdade que creio capaz de trazer à jogatana o Rafael Castela Santos.
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Se tiverem pachorra, além de responder, vinguem-se em inocentes.