sábado, 30 de junho de 2007

Passarinheiros

O meu medo, considerado todo este transbordante contentamento, é de que os cinco ornitólogos a quem cabe engaiolar a ave, perdão, definir a data de encerramento das instalações nucleares do Querido Líder, não se ponham de acordo, por causa da primeira birra que desponte entre eles. Funcionará? Estou como São Tomé.

A Dependência da Córsega

Não se pode deixar passar o aniversário desta Importação da terra dos Bonaparte, que melhor justificaria o uso de tal apelido, até porque a graça que lhe coube tem hipotéticas cacofonias melindrosas. Enquanto se espera que lhe advenha notoriedade maior do que a do vestido voador da cerimónia de Cannes, sublinha-se, o seu protagonismo em Imagem da Leitura, numa posição clássica de que gosto particularmente, com estio e sensualidade a temperar a melancolia, talvez devidos ao sangue andaluz que também nela corre: Vahina Giocante.
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Um Berardo A Sério

...........................................De Michael Mucci, o que se poderia intitular Cérebro e Terror
Fiquei varado com o optimismo demonstrado por Manuel de Lucena, hoje no debate da RR, «Com Sal e Pimenta», ao embandeirar em arco por um dirigente do Hamas ter sublinhado as diferenças entre o seu movimento, que recorreria pontualmente ao terrorismo localizado e a Al-Qaeda, a qual teria um projecto de afrontar o Ocidente, de forma total e ilimitada. É que isto é passar uma esponja pela OPA que o ideólogo de Bin Laden, o Dr. Al-Zawahiri, registou, quanto ao movimento Palestiniano referido. Se é hostil ou não, depende dos dias, como se depreende desta notícia. Mas importa reter que a facção correntemente maioritária em Gaza, em sede de recursos, não parece ter blindagem que se veja contra a tentativa de apropriação. O milionário do fato preto pode deixar-se tentar pelo terrorismo, ofendendo os Benfiquistas com declarações bombásticas. As deste senhor levar-lhe-ão sempre a palma, porque inbuídas da poção mágica da literalidade.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Cotações da Boda

A partir do momento em que se consentiu no casamento sem intervenção do Sacerdote degradou-se a instituição, na medida em que se transformou um sacramento num contrato. E, se respeito muito o primeiro, fico com pele de galinha cada vez que oiço falar no outro. Por isso, também, vivo arrepiado. Mas não era nada comigo, dado apenas rebaixar os nubentes e eu não acreditar em proteger as pessoas contra si. A nova lei, que estende efeitos civis a casamentos religiosos de outras confissões, é outra música, na medida em que abala valores até agora protegidos pela Comunidade. Uma das religiosidades promovidas é a Islâmica. Quererá isto dizer que se passa a consagrar a poligamia e o casamento temporário? Que dirão as Feministas deste progresso colossal? Não reivindicarão, como contrapeso a poliandria? E como se articularão os impedimentos e a quebra dos deveres conjugais, desde logo o de Fidelidade?
É de ouvir Gerorges Brassens e «La Non Demmande de Mariage». Como um discurso anarquista se torna saudavelmente reaccionário. Nada que Chesterton não soubesse já. Ou Berth, noutro plano.

Ma mie, de grâce, ne mettons
Pas sous la gorge à Cupidon
Sa propre flèche
Tant d'amoureux l'ont essayé
Qui, de leur bonheur, ont payé
Ce sacrilège...

J'ai l'honneur de
Ne pas te de-
mander ta main
Ne gravons pas
Nos noms au bas
D'un parchemin

Laissons le champs libre à l'oiseau
Nous seront tous les deux priso-
nniers sur parole
Au diable les maîtresses queux
Qui attachent les cœurs aux queues
Des casseroles!

J'ai l'honneur de
Ne pas te de-
mander ta main
Ne gravons pas
Nos noms au bas
D'un parchemin

Vénus se fait vielle souvent
Elle perd son latin devant
La lèchefrite
A aucun prix, moi je ne veux
Effeuiller dans le pot-au-feu
La marguerite

J'ai l'honneur de
Ne pas te de-
mander ta main
Ne gravons pas
Nos noms au bas
D'un parchemin

On leur ôte bien des attraits
En dévoilant trop les secrets
De Mélusine
L'encre des billets doux pâlit
Vite entre les feuillets des li-
vres de cuisine.

J'ai l'honneur de
Ne pas te de-
mander ta main
Ne gravons pas
Nos noms au bas
D'un parchemin


Il peut sembler de tout repos
De mettre à l'ombre, au fond d'un pot
De confiture
La jolie pomme défendue
Mais elle est cuite, elle a perdu
Son goût "nature"

J'ai l'honneur de
Ne pas te de-
mander ta main
Ne gravons pas
Nos noms au bas
D'un parchemin


De servante n'ai pas besoin
Et du ménage et de ses soins
Je te dispense
Qu'en éternelle fiancée
A la dame de mes pensées
Toujours je pense

À Lei da Bala

Lisboa no Século XVI

A proposta da Arquitecta Helena Roseta para que os pelouros camarários, depois das Intercalares, fossem universalmente distribuídos, não por determinação de contabilidades partidárias, mas por competências técnicas, mereceria aplauso, porém só se o Homem não fosse o que é. Qualquer votação em listas, para mais muitas delas de partidos, por qualificadíssimos que fossem os edis, geraria suspeição de a escolha ter neles recaído por causa da cor. É o que se passa com a arbitragem: verificou-se que só o sorteio dos árbitros garantia a imparcialidade; mas logo os Senhores dos Clubes, com a Liga como cão de fila, voltaram às nomeações, em nome de a qualidade dos juízes ter de ser assegurada para os jogos mais importantes.
E a História corrobora a lição da bola. Embora no Século XVI os membros dos executivos municipais não fossem eleitos em listas, mas pelo valor de cada um, e não se tivesse contemporizado perante as associações semi-criminosas que são as facções institucionalizadas, El-Rei D. Manuel I mandou, a 1 de Fevereiro de 1509, que os vereadores tirassem à sorte os seus pelouros, para que não se suscitasse dúvida de favorecimento. Aliás, o nome deriva daí, porque "pelouros" era sinónimo de balas e a distribuição aleatória efectuada por meio de esferas, miniaturas daquelas.
E se quiserem comparar a força então empregue para garantir a assiduidade e o zelo, continuava a determinação da Coroa, impondo aos faltosos sem justa causa a cada sessão camarária o pagamento da elevada soma de cem réis para as obras do Concelho, os quais logo o escrivão carregará em receita sôbre o procurador, sob pena de os pagar noveados, quer dizer, multiplicados por nove.
Conhecendo os candidatos de hoje, estaria resolvida a crise financeira da Felicitas Julia a que temos direito...

Baixa Comédia

Mal vai um político quando desce à função - respeitável, desde que não passível de confusão com a sua - de entertainer. Eis uma gárgula de pirenaica igreja, representando entre os pecados ameaçadores os provenientes da proximidade de uma artista que diverte pela fala e pelas contorções. Precisamente o mesmo que fizeram George W. Bush e Fidel Castro, metendo a Divindade nas suas lamentáveis disputas. O Presidente Americano, com a atenuante de dizer Nele acreditar, terá prevaricado ao invocar o nome de Deus em vão, quando afirmou que «um dia o Senhor levará o cubano». Este, ateu, ao dizer que foi o Altíssimo «que o protegeu», poderá ser acusado pelos que dele não gostam, do Pecado contra o Espírito Santo, por atribuir a autoria de um mal ao Supremo Bem...

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Nº 10 Downing Street

Quem, salvo o réprobo, se lembraria de postar Maria Rita com «Encontros e Despedidas» a propósito de cessão de Blair a Brown? Ora, mas se é à própria Condição Humana que respeita e, apesar das aparências, os políticos não estão excluídos dela...

Da Prática à Teoria

As Três Graças
Dia do mês em que nasceu Rubens. Um homem sem tempo, que pouco escreveu sobre pintura, apesar de algumas regras que deixou na «Teoria da Figura Humana». Aqui tentou combinar, como fim, a sugestão do entusiasmo, composto por um misto de "ênfase" e "vertigem", o que, digo eu, é uma precoce visão da interacção ideal entre artista e fruidor pelo elo da arte ligados. No mais, ensaio de dar figuras e polígonos geométricos como bases das partes do corpo, em breve saltando para distinção das próprias morfologias masculina e feminina. Alguns pontos de desacordo e estranheza: diz que na mulher a perfeição é menor, mas a elegância maior. Não é preciso cair no snobismo para sentir vómitos perante a admissão de que o perfeito possa prescindir do específico carácter elegante que impede a saturação. Outra - cita Platão quando diz que o círculo é a figura mais bela, assimilando-lhe a feminilidade, o que parece ilegítimo, quando se sabe que para o Ateniense as Filhas de Eva eram seres inferiores em todos os aspectos, estético incluído, ao ponto de fazer nessa Condição reencarnar os que se tivessem portado pior, contra os medianos, que voltariam a ser homens e os melhores, os quais se tornariam estrelas. Mas revela algum instinto de psicólogo, ao intuir do menor poderio físico que... as Fémeas Humanas estariam mais sujeitas à predestinação do que o outro género. Nunca pensei que fosse essa a causa, mas é uma explicação tão válida como muitas outras para o êxito relativamente maior de que a Astrologia desfruta junto do Belo Sexo. Por fim, o ensinamento lapidar, de que o corpo Delas não deve ser demasiado magro, nem demasiado gordo, mas de uma opulência moderada, seguindo o modelo das estátuas antigas. Não se contesta a via média proposta, prevenidos que estamos, todavia, para as diferenças de gradações, segundo os gostos de cada qual. Agora, examinando as concretizações deste enorme pintor e confrontando-as com as realizações plásticas da Antiguidade, está encontrada uma nova identidade para tão grande génio: a do Frei Tomás que bem prega.

A História de Sempre

Tenho a certeza de que por cá os inimigos de Israel vão andar uns tempos desorientados, por não terem a certeza se o novo Foreig Secretary,o titular dos Negócios Estrangeiros Britânico, Mr. Miliband, é escolha de aplaudir, ou de censurar, já que, embora cautelosamente crítico do Sionismo, tem o azar de ser... Judeu. No Reino Unido isto não interessa nem ao Menino Jesus. A grande dúvida é o que trará a nomeação de novo ao suspeitado eurocepticismo do Primeiro Ministro caloiro, sempre tido como mais pronunciado do que o de Blair, até que um radical "europófilo" deu em seu apoiante e trânsfuga dos Conservadores. Nos mentideros dá-se como indício importante a leitura atenta que o novo líder do Foreig Office teria publicamente empreendido dos argumentos parlamentares de um dos maiores críticos da integração continental. Divertimentos de quem acredita que os políticos eleitos mudam alguma coisa e esquece a lição de quem sabe, aqui recapitulada.

Mitos e Crimes

Um Sacrifício Pagão de Garofalo

Dizia Chesterton que a Igreja Católica é o que nos impede de nos vermos submetidos à mais horrível das escravaturas, a de sermos filhos do nosso tempo. Talvez por isso, na altura em que a moda dita um misto de revivalismo fantasiado e violência, as edificações do Carolicismo são, também no sentido arquitectónico, os alvos mais seleccionados por movimentos neo-pagãos, porque a repressão dos escravos fugidos sempre foi dura. Assim aconteceu, uma vez mais, na Bretanha, com grupelhos pretensamemte celtistas a incendiarem capelas. A dinossáurica acusação, freita aos Cristãos, de intolerância é mera reabilitação de uma linhagem que muitos neo-pagãos querem fazer sua. Omitem voluntariamente, que a tolerância romana antiga para com as religiões alheias parava - e como! - quando era recusado o culto ao Imperador. E no caso da obediência à Roma Papal, as acusações estão neutralizadas pelas que protestantismos vários lhes fazem da perspectiva inversa, a da cedência a cultos e práticas pagãs. Porque muita da grandeza da Santa Madre Igreja vem do equilíbrio com que lidou com as práticas religiosas instintivas e adquiridas séculos antes da Mensagem da Salvação: assimilação de cultos e transferência de veneração de divindades mitológicas para Santos com curriculum adequado, no caso em que não contendesse com a doutrina; e enumeração entre os Demónios das que lhe fossem contrárias. A disciplina, inquisitorial ou outra, dirigia-se tanto ao que indignava o fervor dos Crentes, como à espontaneidade persecutória destes: as reacções contra as práticas, muitas delas abomináveis, de resto, da bruxaria, foram sempre mais drásticas quando deixadas ao elemento popular ou a colegialidades puritanas anti-papistas, que não dispunham da moderação dos ímpetos pelo processualismo. Mas isso já não é um problema religioso, é-o da Democracia, como no caso célebre de Hipátia, com as multidões cavalgadas por um ambiciso tribuno local, nas vestes de hierarca, antes da atribuição de madatos e mandados repressores específicos.
Sem Hierarquia Superior, os neo-pagãos decidem em cada descentralizada célula como afirmar as suas fidelidades, amiudadamente ao que não existiu como querem. Daí a expropriação da violência a que procedem nos nossos dias, em seu proveito reactivo.
A atitude correcta perante a mitologia viu-a há muito camões: aproveitá-la no plano estético, pondo-a ao serviço da Cruz que norteia.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

The Right Man In The Right Place?

Mesmo para quem não tenha de Blair opinião tão radicalmente negativa como a que tantos espíritos, mais ou menos ilustres, alimentam, uma vez considerada a fama dele no terreno, parece que a prevenção da mocinha era de ter sido levada em conta antes desta escolha...

XÔ!

Concordo, ponto por ponto, com o que diz o Miguel Castelo-Branco. E não se pense que é pura desconfiança do partido islâmico no poder em Ankara. Um laicista paroxístico como Kamal Ataturk estabeleceu, nada mais, nada menos, do que a pena de morte para quem continuasse a usar o fez tradicional. Inadmissível, como a imagem demonstra! Na esteira do Papa concluo que, para tentar ser europeu, deveria, primeiro, o País ser evangelizado. Sugiro, portanto, Linda Evangelista.

Arte e Manhas

Tendo acabado de receber da Câmara Municipal de Cascais o convite para a Exposição «Mar», versando parte da obra artística de El-Rei D. Carlos, senti de imediato vontade de reler este informativo opúsculo de Dias Sanches sobre o talento pictórico do Soberano. Escusado será dizer que quem se senta num trono deve ser ajuizado pelo que faz ou deixa de fazer nessa circunstância, não relevando para o aquilatar da sua acção outros talentos que possa ter. Mas esta regra de ouro foi voluntariamente infringida pelos façanhudos republicanos que, sem escrúpulo ou contenção, pegaram em todos os aspectos da vida pública ou particular do Chefe de Estado para O atacar. Guerra Junqueiro, perto do fim, viria a reconhecer a mentira sem fim que tinha propagado e propagandeado, dando-lhe o nome mais suave de «inexactidões». Também o Real Labor nas Artes Plásticas não escapou à sanha fundibulária do PRP & Associados, que fizeram espalhar ser o produto do augusto pincel retocado, leia-se corrigido, por Mestre Casanova. O Autor deste texto, fundando-se no grande José de Figueiredo, salienta que uma tal suspeita só poderia resultar de má-fé ou de eclipse crítico ditado pela ignorância de estilos tão desconformes. Mas pouco há a fazer, era um pioneiro exemplo da ética republicana.
O reconhecimento veio de prémios de certames exigentes e acima de qualquer suspeita, em republicaníssimos regimes, casos do Salão de Paris, Exposição do Rio de Janeiro e St. Louis. Ou do público conhecedor de Cádiz e da Exposição de Barcelona. Ou ainda um crítico na altura hostil, mas não tão desonesto como outros, no campo cultural, Fialho, que escreveu Pinta e muito bem, e só elle vale, n´esta exposição, quasi todo o Grémio Artístico. Como também o consagrou Ramalho; porém a ele, no momento em que o fez, já chamavam "talassa" a cada esquina.
Hoje dá-se a mão à palmatória e já se fala do mérito. Por que não? Está morto e já não custa...
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Colunas Reais

Soltou a T um lamento agudo quanto à má sorte das colunas do Cais que nomeavam, enquanto se arrastam as obras metropolitanas que as aprisionam em obscuro depósito. Quero pois dedicar a Tão Ilustre Aficionada de Lisboa, como a Dois Outros, Este e Aquele, que igualmente carpiram a prateleira em que jazem os emblemáticos pilares, a imagem de santuário que o local exibia em 1862, aquando da chegada a Portugal Da que viria a ser a Rainha D. Maria Pia.
Duas notas:
1- Foi num 5 de Outubro, o que valerá como raro agrado para adeptos do posterior que me leiam.

2- Comandava a Divisão Naval Portuguesa da esquadra que A transportava um ilustre oficial de apelidos Soares Franco. Esta é para engraxar os Meus Amigos Sportinguistas...

terça-feira, 26 de junho de 2007

O Bom Gigante

Cardozo ainda não jogou, porém já traz ao Glorioso benefícios de monta.

Casting Para Fausto

Fausto perdendo-se, pelo pincel de Delacroix

O prometido Primeiro Ministro Britânico, Gordon Brown, jurou, na entronização partidária, devolver aos Trabalhistas a sua alma. Sua, deles, já que a própria estava havia muito entregue, porquanto pactuou perante Blair e com ele pactou dez anos na respectiva sombra, quando era o favorito para liderar; tudo em nome da maior vendabilidade do sorriso de que, celebradamente, é incapaz.
Mas o Blair da Direita, Cameron, seu imitador em centramentos, esvaziamentos e outros tormentos, vê agora um deputado da própria bancada, o que no Reino Unido quer dizer alguma coisa, passar-se com estrépito para o Partido do Governo e acusá-lo de tudo o que ficou dito. Do Socialismo e do Conservadorismo doutrinários restam as abdicações, assinadas com os olhos postos numa conquista. À míngua de Margaridas e outras pérolas, naturais ou de Cultura, uma cadeira, a do simulacro da Governação, desempenha o papel. Mas de mando maior jamais Mefistófeles abrirá mão. Quem esteja atento não ignorará por onde pára.

Prioridades ao Olhar

O Astrónomo de Vermeer

Ele há destes dias. Se me vejo nas mais das vezes no desdém do cálculo, costuma ser o que procura sempre proveito no agir e no dizer, não tanto o da redução das coisas a fórmulas. Mas hoje vejo-me em maré de saturação das abstracções; e as marés, como sabe muita Gente, embora o não soubesse Galileu, são competentemente influídas pelos Astros. Pelo que nesta hora da minha vida me sinto a resvalar pelas fruições directas e a pôr um pouco à margem as conceptualizações, sempre sinónimo de cansaço, mas, outrossim, da necessidade de aplicar o capital do eu em investimentos mais directos do que a submersão nas erudições que fazem perder de vista o Sublime dos Objectos estudados. Como os pontos brilhantes do Firmamento, que, desprovidos de contacto, se tornam soporíferos.


De Walt Whitman:

WHEN I HEARD THE LEARN´D ASTRONOMER

When I heard the learn’d astronomer;
When the proofs, the figures, were ranged in columns before me;
When I was shown the charts and the diagrams, to add, divide, and measure them;
When I, sitting, heard the astronomer, where he lectured with much applause in the lecture-room,
How soon, unaccountable, I became tired and sick;
Till rising and gliding out, I wander’d off by myself,
In the mystical moist night-air, and from time to time,
Look’d up in perfect silence at the stars.


Apito Pelado

Mal vão os caminhos da arbitragem! Por cá, já se sabe, são os árbitros contemplados com "fruta". Mas no Grande Brasil, hoje por hoje a Pátria do Futebol, é uma juíza que nada tem a esconder que é perseguida pela fruta que recebeu... dos pais. Ana Paula Oliveira pode não ser grande coisa a dirigir jogos, os ardidos adeptos do Botafogo que o digam. Mas, salvo algum arrastamento para paragens de gorgulho gay, seria insusceptível de ser corrompida da forma que os árbitros portugueses acusados foram!

A Estrada do Mal

Françoise Dorléac. 21.03.1942 - 26.06.1967
Penso nela, em Nimier e tantos outros, perdidos numa via demasiado curta para eles e excessiva para todos os que, pelos desaparecimentos, vimos piorar as nossas.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Boladas da Vida

O Reinado de Hypnos de Elsie Russell
(Hypnos e o Seu Filho Morfeu)
Só faltava mais esta: a nova de que o SLB anda por aí fora à cata de um tal de Morfeo. Sabido que entre os mitos gregos era esse o nome do mentor dos sonhos proféticos, se o dermos como anúncio relativo ao sonho do título, estará na metade onírica a quota-parte de más notícias e na predição a tábua de salvação da esperança. Mas parece arriscado contratar um nome conotado com a acção que fomenta o sono. Disso já tem havido de sobejo na equipa, nos últimos anos...

Diaz a Quente

Cameron Diaz foi para o Peru esquecer mágoas e escolheu como acessório uma carteira vermelha com estrela e slogan maoístas. Em terras ainda assombradas pela macabra memória do Sendero Luminoso nada mais natural do que o coro de críticas que concitou. Mas não deve ter feito por mal, é um pouco na tonalidade das meninas bem que acham o mááááááximo usar uma t-shirt do Ché Guevara, só que desse disparate talvez ela estivesse livre pelo sangue cubano que do pai herdou.
Quem se der ao trabalho de visionar este video poderá concluir que as escolhas de indumentária dela podem também contristar muito boa gente, pelo globo fora. Donde, segue um bom conselho - despir, despir, que assim não corre o risco de ferir...


Fora do Reduto

Sabe-se que nas campanhas eleitorais nos EUA tudo o que pode ser usado contra o adversário é-o, por muito que o seja por jagunçada propagandística, deixando ao candidato rival a aparência apolínea de não remexer na lixarada do concorrente. Assim, as campanhas dos Senadores McCain e Brownback já começaram a aludir ao mormonismo de outro participante nas Primárias Republicanas , o ex-Governador do Massachusetts Mitt Romney, ao ponto de os apoiantes deste terem criado um site para deflectir os ataques. Não é a América gulosa do seu mito da terra da liberdade religiosa? Só na retórica, sabe-se como, historicamente, puritanismos vários, uma vez estabelecidos, se aplicaram em garantir brutalmente exclusividades ou predomínios. Mas em relação aos Mormons é mais problemático. Depois da renúncia vocal à poligamia, chegou-se a um conformismo que deixasse a representação dessa importante confissão aos Legisladores do Utah, para que não incomodassem demasiado. Mesmo quando um Líder da Maioria no Senado, vindo de outro Estado, o Nevada, como é, actualmente, Reid, comunga da mesma Fé, não se toca muito no assunto, para não lhe avivar o fogo. Afinal os pioneiros dessa voluntarista Igreja tinham escolhido o local que menos atractivo fosse ao comum dos mortais, logo há que arrumá-los por lá. Mas a subida nas sondagens muda tudo e uma barreira tão apetitosa como a envolvência religiosa de um candidato é petisco bom demais para ser desprezado, quando ele tem no activo tantas vantagens como possuir experiência administrativa num Estado impossível para o GOP e ser filho de um ex-Governador do Michigan, que é dos que decidem tudo...

O Caminho das Estrel(l)as

Convivendo com a dificuldade de ver a Estrela que é Morientes vir a alinhar no Benfica, tem-se a amplíssima consolação de saber que Estrella Morente virá cantar a Portugal, no fim do mês. À atenção da Mariposa Roja e de todos os mais amantes de Flamenco. Um Poeta importante como Manuel Alegre disse numa entrevista que o encontro mais imediato que tivera com o Poético não escrito se situara na "batida" de uma bailarina desta sedutora arte.

domingo, 24 de junho de 2007

Forjas de Fronteiras

Napoleão III em Solferino de Meissonier

Passa também um ano mais sobre a Batalha de Solferino em que a família Bonaparte continuou a destruir o que restava da concepção plurinacional do Império, que durante tantos séculos tinha subsistido na Europa. Ao retirar à Áustria a influência que lhe restava no Norte Transalpino transferia para os Piemonteses a liderança da formação de um Estado centralizado que correspondesse à ideia da Unidade Italiana. Apesar da fidelidade familiar à Casa de Sabóia, tenho de me pronunciar contra esta preeminência das aspirações difundidas nos Povos como substitutiva da arte dos governantes. As unificações muito maturadas pelos intelectuais, a Italiana como a Alemã, ou até a Norte-Americana, sob forma diversa, viriam a conduzir à fatalidade expansionista que se conhece, diferentemente da insular pela fusão das Coroas da Grã-Bretanha, ou do lento trabalho de consolidação da França nas suas fronteiras naturais.
Invocar a Nação está muito bem, quando vise aumentar a coesão do Grupo, defendendo-o das quebras que espreitam. Mas é péssimo princípio de política, interna por capar o Poder, externa por estimular uma mudança qualitativa no domínio do bélico. Por isso Maurras preconizou que a acção relativa ao Exterior deveria assentar nas construções firmes que são os Estados, não nas plasmáticas que se revelam as nações. A Guerra Total, entre povos saídos da babárie, seria difícil sem a cobertura ideológica da grandeza de uma unificação, transplantada para a Cena Internacional.
Era a face apresentável da massificação da morte que, no mesmo terreno de enfrentamento, determinaria o genuíno Filantropo que se revelou Henry Dunant a tentar minorar-lhe os efeitos escabrosos e garantir ao Combatente que enverga uniforme e obedece a regras um mínimo de respeito no tratamento pelo Inimigo. A mesma realidade, vista da cadeira do curioso, ou do pó que o combatente morde.

Uma Fera

Quando se pensaria estar tudo dito sobre a Batalha de São Mamede, elemento embrionário da cisão entre as Ibérias Europeia e Atlântica que nos fez, descobri na heráldica relativa à Freguesia que tomou o nome da batalha a razão profunda de a Cristina Ribeiro ter um fraquinho pelo Sporting: o Leão é presença dos dois emblemas que Lhe são queridos.
Motivo da dedicatória, em dia de aniversário do célebre combate, com beijo complementar.

Dúvidas de Domingo

O Rapto de Europa, desta por Michele De Subleo
Em que medida esta notícia terá determinado que a Lisboa concorram tantos candidatos? É que a perspectiva de na Capital se assinar um tratado pode bem ter feito alguns pensar que era o local perfeito para ser ocupado por tratantes...
A nova de que o sangue de um Canadiano revelou, na mesa de operações, ser verde desperta-me duas perplexidades: 1- não acredito que a pouco usual coloração se deva ao tal medicamento, ou os imensos Sportinguistas que por aí pululam já há muito teriam esgotado as doses disponíveis de Sumatriptan, para se poderem dizer integralmente da cor, por dentro e por fora.
2- Não seria antes um admirador de Eva Green, completamente tomado pela obsessão do nome da Estrela?

Compensação dos Gafanhotos

Templo e museu é conjunctamente a capella de S. João Baptista; não perderá a fé de christão quem entrar n´ella, romeiro da arte, com os olhos fitos no Bello.
Extraído do livro cuja capa é reproduzida.

Em dia de S. João, tento honrá-Lo pela leitura desta investigação um pouco difícil de encontrar, que escalpeliza o extremo do culto que em Lisboa sobre Ele recaiu, sem pretensão de roubar ao Norte do País a vocação para alegremente O celebrar. Neste volume Sousa Viterbo descrê da lenda que dava a obra luxuosíssima e encantatória que é a parte autónoma da Igreja de São Roque, cujo recheio bem merece o nome de tesouro pelo qual é conhecido. Rezaria o legendário relato no sentido de que D. João V teria ficado chocado com a pobreza relativa que naquele edifício se dedicava a São João, resolvendo mandar refazer a capela para a tornar mais digna do Santo Seu Patrono. Não vejo que o alegado pelo Etudioso seja incompatível com a intenção Régia, uma vez que a Carta de encomenda da obra, de Itália, expressamente fala na consagração ao Espírito Santo e ao Precursor, parecendo-me claro que tendo Este, evidentissimamente, sido tocado pelo Paracleto, estender-lhe a dedicatória de uma refundida capelinha antes dirigida à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade apareceria como meio mais que idóneo para a homenagem.
De resto, toda a sumptuosidade que rodeou a construção no estrangeiro, o recurso a artistas conceituados, a benção papal em Santo António dos Portugueses, o embarque e a odisseia suplementar que veio a ser armar a pequena maravilha, são exemplificativos de época que já tinha perdido a vocação primacial da Espada ao serviço da Fé, procurando compensar com o fausto essa lacuna na relação com o Divino. Mas ainda não se tinha descido ao que o Reinado seguinte traria: por este gesto amistoso para com a Companhia de Jesus, a quem pertencia o edifício, procurava-se aproveitar para o bem da Comunidade os talentos e serviços dos seguidores de Santo Inácio, não se inventava inimigos dentro do Todo Nacional, como viria a fazer o Pombalismo.
Dedico o post ao Jagoz.

sábado, 23 de junho de 2007

Um Leito & Um Feito

Mantendo-se Orgulhoso de Mark Chester
Culturas assentes em Mérito não permitem que a facilidade seja motivo de que se ufanar. Logo, apesar de estarmos no mês dos Santos Populares, não se vê numa marcha qualquer motivo para um Gay se orgulhar; mas já uma corrida pode sê-lo abundantemente...

Gato Escaldado...

E depois... desconfio muito de exortações à "união dos Países Europeus", quando vindas de Berlim. Nem é preciso que o tom seja dado por mensagens de supremacia em ideologias talhadas para o efeito, como a de Hitler. Já nos alvores do Século XX Guilherme II elaborava este belo desenho, «A Alemanha Convidando as Nações a Unir-se Pela Civilização», agitando um espantalho para o efeito criado, que seria o Perigo Amarelo. Depois, sabe-se o que fez, disputas fronteiriças, coloniais e armamentistas com as outras Potências, não sossegando enquanto o Velho Continente se não viu submerso numa guerra exterminadora de vidas e de cavalheirismo. Mas nem era preciso recorrer à História, basta ver a quem a mão do Imperial Artista tinha reservado as asas... o que pode parecer estranho, na medida em que tomava os outros por anjinhos.
Sei que a actual Chanceler tem um curriculum diferente, mas a força de tão grande país unificado pode empurrá-la, despertando as mesmas pulsões, sob mantos diferentes.

2014?

Novos mecanismos de votação em 2014? Em 2014 nem se sabe se haverá Mundo, sendo provável que a UE, caso possuísse alma, já a tivesse entregado ao Criador.
«POLONAISE HERÓICA» de Chopin, por Artur Rubinstein (quem mais?).

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ética & Estética das Pedras

Forçosíssimo é que me pronuncie contra a escolha do meu estádio como palco dessa pepineira que creio a selecção de novas Maravilhas do Mundo. Para começar, não se deve brincar com o legado da Antiguidade; depois, porque estando num meio, apesar de tudo, mais honesto do que o da a política eleiçoeira, onde não tem lugar a votação de cada um em si, exclui-se o deslumbramento maior, a Maravilha Por Antonomásia, que é o Estádio do SLB.
Desgraçadamente, o meu desgosto com a iniciativa não se fica por aqui: parece não ter sido considerada a candidatura de Sharon Stone. Sem razão! Se o critério era restringir o concurso às pedras, que outra, melhor do que a deste nome, poderia exibir a conditio sine qua non no cartão de visita?

Invulgar a Qualquer Preço?

.................................A. Huxley por Bachardy
Leitura do artigo de Aldous Huxley «A Vulgaridade na Literatura e na Vida». Se há caso de alguém com envergadura intelectual a quem a erudição tenha prejudicado, muito por roubar ao humor outro espaço que não o da tentativa não-consumada, esse é o autor do «Admirável Mundo Novo». Neste escrito parte da inconveniência aceite no começo do Século XIX em o Artista "falar de lenços de assoar", para assimilar essa prescrição ao Classicismo, logo determinado pela negação paramaniqueísta do corpóreo, como subalterno, chegando à concepção de que era uma manifestação do Espírito Clássico e de um ideal de unificação, posto em causa pelo plano físico que distinguiria cada indivíduo, consistindo assim numa arte comparativamente fácil, na medida em que amalgamava.
A meu ver, de tanto tentar penetrar as essências, perdeu de vista o Essencial. No começo do Século XIX a influência dominante não era a Clássica, mas a Romântica, que, essa sim, cindia Corpo e Alma, contorcendo-se na adoração e inatingibilidade desta. Mas claro que o Romantismo não serviria à tese huxleyana, porque a distinção que fazia entre cada Ser de Eleição era a mais radical que alguma vez foi tentada, ao ponto de apenas exergar o pormenor único em cada interior. Acresce que o Classicismo não era maniqueu, antes comungava do sentimento de absurdidade de cindir no humano o espiritual e a sua extensão, coerentemente com a Tradição Ocidental, fosse a do monismo Pré-Socrático, ou a do Catolicismo reabilitante da Carne, pela sacralidade do Matrimónio, a Ressurreição Final dos Homens e a Encarnação. Se se abstivera de incidir sobre a parte menos limpa da Espécie fora pelo sentimento de perda de tempo, não por sublimação, a qual existiu, mas lhe foi posterior. Ironia das ironias, o advento do Naturalismo, escalpelizador das excrescências e dejecções, viria a encontrar o seu objecto, esse sim, naquilo que está presente em todos os homens, no que os iguala e mais material não pode ser.
Como uma intuição certeira, por intelectualismo deformada, conduz a conclusões absurdas.

A Cimeira de Bruxelas

Não Se deixem enganar por não terem sido pintadas as 27 cadeiras dos Membros da UE. Os que decidem não serão mais do que estes. E o abismo continuará lá, cada vez com menos sustentabilidade das plataformas limítrofes, por cada acordo mais umas pedras vão caindo.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Defesa Imaginosa



Tenho cá uma suspeita de que a criação deste dia nacional corresponde a uma tentativa de um certo arguido se inocentar...

Europa Posta Nos Eixos

Alegoria da Europa de Oudry

Ignoro até que ponto a substituição do Eixo Franco-Alemão no protagonismo integrador pelo Checo-Polaco no refreamento do sprint pulverizador das soberanias não será mero aparato para favorecer negociações de pontos concretos que apenas aos obstrutores interessem. Mas parece de saudar a ida para o banco - até para o que decide economicamente, o Central Europeu, que o monetarismo parece ser o respectivo nível de incompetência - de uma parelha complexada pelas duas Guerras Mundiais e pela Fria que se seguiu. Os governantes dessas duas ex-potências continentais ainda vivem assombrados pelo medo de uma guerra entre os seus dois países, esquecendo que o poder militar necessário para tanto já não existe, bem como pelo perigo da invasão de Leste, que subsiste tanto como o pavor previamente referenciado.
Os dois novos membros que ocupam as páginas dos jornais, de forma inversa, sofreram muito mais com os conflitos do Século XX, ficando, entretanto, muito menos traumatizados. Polacos e Checos viram a sua criação como Estados condicionada por fronteiras artificiosas e uniões contra-natura impostas pelos vencedores de 1914-1918 e os seus territórios repartidos e absorvidos, em 1939-1945. Além de terem sofrido na pele, que não apenas em conversas de café de Paris ou Bona, a brutalidade Soviética. O primeiro em demografia fez-se graças a um dos mais militantes catolicismos que resistem, o outro pela acção de uma das mais influentes maçonarias que se insinuaram. Pois essas duas géneses não os demovem de se darem as mãos para impedir os que se auto-intitulam grandes de configurar as instituições que em nós agirão a seu bel-prazer. Parece especioso o recurso a raízes quadradas para determinar atribuição de votos? Será. Mas foi o que se conseguiu encontrar contra a prosápia de poderes medianos cuja mania da grandeza não encontra outro escoadouro que não o esmagamento dos mais pequenos.

Verão!

Chegámos então à Estação dos escaldões, a que menos agrada a este acalorado, que num braseiro castigador expia as culpas fautoras de um réprobo! Todavia, em se tratando de Vivaldi, aqui num excerto cuja execução se deve a I Musici, o caso muda de figura. A minha versão favorita é a por muitos lapidada de Harnoncourt, pois os sentimentos que me inspira a época combinam bem com paroxística marcação da regência dele, na mais extremada concepção dos tempi que conheço, sem assassinar a obra como alguns génios processuais, vulgo Nigel Kennedy, fizeram.Quanto ao atraso das características climáticas esperadas, não se preocupem; e consolem-se com a coerência da forma verbal homófona, uma conjugação no Futuro que implica a certeza.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Línguas de Trapos

Outra versão da Torre de Babel, por Escher

Ia sendo um grande trinta e um, mas ficaram as promessas futebolísticas anglo-holandesas pelos trinta. Estes sub-21 não justificaram o nome e só ao trigésimo pontapé da marca desempataram a meia-final do respectivo Europeu.
Assim liberto, corri para o computador, o que me fez saber que Joe Berardo pediu desculpa das inaceitáveis declarações que fizera sobre Rui Costa. No que me concernia, como associado benfiquista, o acontecimento está encerrado e não estigmatizarei mais o empresário por esse facto. Mas gostei de ver a resposta de um Jogador que admiro, vincando que a honra não tem preço e que ele e o causador do imbróglio falam duas línguas, respeitantes a mundos diferentes.
E por falar em línguas diversas, quanto ao combate aos fogos cuja ameaça se avizinha, ouvi do Ministro Rui Pereira que diria que o País está mais preparado para a dificuldade "do que jamais esteve". Considerando o apregoado recuo do governo quanto à Otite que o ensurdecia, espero que a diferença linguística entre o Governante e o seu Colega Lino vá para além da dos idiomas luso ou francês em que preferencialmente se exprimem...

Frutuoso Código (de Conduta?)

É uma constatação recorrente a de que os infractores bem sucedidos, quando passam a confiar demasiado na sua estrela, tomam todos os outros por parvos e acreditam que quaisquer duas larachas que digam virão a ser aceites. Este, cometeu o erro de admitir que a "fruta" da famosa conversa referente ao árbitro seria um código, soando a subterfúgio rebuscadíssimo a explicação de não se tratar de meninas, mas de uma dívida obscura relacionada com não sei quem. Há falta de imaginação em tudo isto. Alguém que tenha estagiado num escritório de advocacia pode ter visto a tentativa de inocentar de variadas patifarias com recurso à pretensa existência de contas-corrente. Mas não costumam incidir sobre relações contabilísticas com terceiros nem sequer nomeados nos processos...
Já agora, estou ansioso por saber qual a explicação cifrada do "chocolate" que o Juiz Desportivo não quis...

Eu Sabia Que Isto Estava Retratado em Qualquer Sítio...

Viaturas da Família Real Queimadas na Praça do Palais-Royal (24 Fevereiro 1848)

A classe média da Grande Paris geme hoje pelos seus veículos, diariamente incendiados, esquecendo que pôs termo ao regime de Luís Filipe com esse mesmíssimo expediente. Caso para notar que "cá se fazendo, por vezes, cá se pagam", pese o facto de o regime classista do Rei-Burguês, o contrário da universalidade monárquica, não haver sido flor que se cheirasse; e de a sua monarquia sem coroa não merecer uma lágrima. Claro que, do ponto de vista do puro julgamento, uma tal sentenciação pode aparecer muito no tom lupino Se não foram vocês, foram os vossos pais, mas de uma perspectiva... hã... historicista, trata-se de uma marca e de dois marcos de dinâmica civilizacional...

Homem Prevenido Vale Por Dois

Tenho de dar a mão à palmatória e louvar a previdência dos actuais detentores do poder no Benfica: em face da dificuldade de contratar um Bergessio, nada de descartar quem consegue bem passar por Borgesso...

A Proverbial Ignorância dos Políticos

Marte Vencendo a Ignorância de Anton Claeissens

Não se tire a conclusão de que ando especialmente desocupado, porém ontem ainda caí na esparrela de ver o debate televisivo sobre as eleições municipais de Lisboa. Pura cusquice e amor à Capital, uma vez que não sou lá munícipe. E se a curiosidade matou o gato, nesta modalidade acabou por anestesiar o telespectador. Muitas boas intenções apelando ao consenso perante a "situação dificílima", incapacidade total de descer de um certo nível de generalidade à terra. Para cúmulo, uma vez mais se comprova que, tal como as metáforas, provérbios em boca de políticos são desastre certo. Foram pelo menos dois os que, com grande solenidade, recorreram ao «vão-se os anéis, ficam os dedos». Simplesmente, onde o adágio significa a desejabilidade da permanência do essencial, nas mentes daquelas alminhas parece ter-se transmutado em indesejablidade da continuação da alienação de recursos. Perante tal afastamento da sabedoria popular, o contacto com o Povo fica reduzido ao que para eles conta, a captação do voto, em troca da simpatia e afectividade artificiais. Há que travar um combate sem esmorecer contra os vícios partidocráticos travestidos em debitadores de brocardos, ou, depois de termos perdido o conforto de um Poder em que confiar, veremos evaporar-se a certeza linguística a que recorrer.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Os Sentidos Duma Entrega

Bartholdi no seu estúdio

Neste dia do mês, de 1885, era entregue em Nova Iorque, como oferta da França para as comemorações da independência americana, a escultura de Bartholdi «A Liberdade Iluminando o Mundo». Pouco importa neste momento lembrar que foi uma terceira escolha de estátua colossal, pelo escultor, após terem sido recusados um projecto para farol celebrativo do Canal de Suez e a representação de Vercingetorix, em Clermont-Ferrand. Também não interessa dissecar os motivos pelos quais se virou para a América, intoxicado pela ingénua e fanática admiração do seu grande amigo Laboulaye, historiador/adorador dos EUA, antes mesmo de ter ido lá verificar a bondade do que cantava. Este teria, aliás, como co-redactor do texto inscrito numa medalha enviada para o Novo Mundo, após o assassínio de Lincoln, sido responsável pela primeira idealização, sob forma alegórica é certo, de uma petrificação do motivo: Dedicada pela democracia Francesa a Lincoln... o honesto Lincoln que aboliu a escravatura, reestabeleceu a União e salvou a República, sem velar a estátua da liberdade.
O que se impõe hoje é salientar a cegueira da França de Luís XV, que enviou voluntários, apoio e quadros militares, para irritar o rival inglês, lançando o fermento da destituição da sua própria dinastia. Ao pé disto o comboio congeminado pelo Império Alemão que levou Lenine para a Rússia dos Czares é brincadeira de crianças. Custou muito sangue, mas a infecção já foi neutralizada, enquanto que a gangrena liberal-republicana continua a obrar. Nada admira que a III República francesa haja enviado o artista numa pomposa delegação presidida por um Rochambeau neto do combatente de Setecentos, toda babada com a asneirada do seu Rei.

Revisionismo

Dia do rescaldo de Waterloo. A 18 celebra-se o combate que valeu a Grouchy ser tratado por Napoleão no resto da vida dele por «imbecil», pois embora não o desse por traidor, censurava-lhe a apatia. O vencido do dia inclinou-se até aos seus últimos momentos para a hipótese de os oficiais do seu Estado-Maior que enviara ao infeliz Marechal com contra-ordens para que suspendesse a perseguição aos Prussianos e viesse reforçar as forças no tereno de combate terem traído e, vountariamente, se haverem abstido de cumprir a sua missão.
Porém, um escritor belga, Léon Van Neck, fez correr a versão de que a mensagem fora recebida, tendo-se o comandante focado posto em marcha, até que, a cinco léguas de Saint-Lambert, resolvera dar um pouco de descanso às tropas esgotadas, aceitando a caneca de cerveja que uma lindíssima estalajadeira lhe oferecia. Dever-se-ia, evidentemente, entender o passo como sinédoque do restabelecimento proposto tanto a si como aos seus militares. É pois para os que creiam na veracidade de tal percursora das Mata-Haris posteriores que, duma perspectiva ahistórica e pessoalísima de satisfação, a música dos ABBA ganha um sentido muito mais consentâneo com a moral da festividade...

O Tempo Reencontrado

Meto sem pudor a minha colher em conversa para que não fui chamado. Diz o Jansenista que o livro maior de Joyce foi - e é para quem o lê - uma "perda de tempo". Bom, falando de Flaubert, Borges dizia que qualquer romance o era. Mas é fácil chegar onde ele queria, sabendo que tratava da Bovary e que todo o volume está contido numa frase genial: "Charles Bovary era médico e possuía a mulher a horas certas". Qual teria sido, porém, a sorte deste trecho, autonomizado, sem livro e escândalo que integrasse? O olvido certo. No «Ulysses» JJ não faz coisa diferente do que faziam os romans à clef do Realismo, simplesmente a chave é transferida da sociedade mundana que já cansava para a epopeia que sempre prende. No que inova genialmente é transpor o vencer as dificuldades de Odisseu para o vencer-se como dificuldade em Bloom. E no lunatismo da interioridade (im)pressionada jaz a salvação da esterilidade realista. Também eu acho que a escrita joyceana teve o seu expoente máximo noutra obra, no «Retrato do Artista Quando Jovem», por subordinada que no seu universo estivesse a figura do protagonista ao personagem da saga mais dilatada. Mas daí a perda de tempo... Há quem o pense de toda a literatura. No caso, julgo que a procura das correspondências, mesmo sem a adesão à atmosfera global, pode ser um excelente investimento temporal: o do interesse e da descoberta. E escuso de lembrar a um Leitor de Proust que o tempo perdido é, afinal, aquele em que fomos felizes.

James Joyce na Lua de Jules Gotay

Nas Garras do Gosto

O Gato na Biblioteca de Márcio Melo

Montaigne, num célebre ensaio em que começava por estigmatizar a presunção humana, escrevia ser impossível dizer se, quando se divertia com a sua gata, era ela o brinquedo dele, ou vice-versa. Da mesma forma se pode inquirir sobre se a sintonia que tantos de nós vêem entre gatos e livros não deverá evidenciar a construção de bibliotecas para honrar os felinos, com o Saber codificado em oferta cultual, ao invés de imaginarmos os animais como adereços que atraiam outros humanos dotados de gosto. Um pouco no seguimento da "Protectora dos Bichanos" que é o Museu de São Petersburgo onde, por Imperial Vontade, eles ainda hoje sáo recolhidos e hospedados, convido todos os meus Leitores a visitarem este delicioso Blogue. E Aqueles de entre eles que saibam de algum bigodudo amigo que estancie junto de oficial acervo de livros, a que registem essa nobre escolha no link disponibilizado aqui.

O Exterminador Inaplicável

Começou o que eu temia: o comentador, digo comendador Berardo recebeu uma mensagem mística investindo-o da vocação de Segurança Social substituta. Mas, maçarico que é, já meteu os pés, o que no futebol é louvável nos relvados, não o sendo na secretaria. Em vez de reformar o Rui Costa pela idade, deveria pensar em fazê-lo ao Nuno Gomes, por incapacidade. O pouco que há não tarda em ser destruído.


segunda-feira, 18 de junho de 2007

Branqueamento Histórico

Garanto que não queria, em defeso, meter-me com os meus Amigos Sportinguistas, porém há que denunciar como se subverte o realismo da concepção de um Artista e a realidade evidente: acima, o modelo de cera dourada do projecto original de Machado de Castro para a estátua equestre de D. José, com o leão esmagado sob as patas do cavalo. Em baixo o resultado final em que o pretenso Rei da Selva se encontra substituído pelas cobras. Embora o carácter nocivo seja tão bem representado por um como pelas outras, ao facto de o mamífero ter transitado, com uma imponência importada, para a Rotunda, em comparativamente fraca companhia, não deverá ser estranha a condição verde de ambas as estátuas...

A Rolha Sem Lei

Depois da assunção persecutória da inenarrável Directora Margarida Moreira, após a reivindicação de mais sangue, com a exclusão eventual de médicos que se recusem a fazer abortos das vagas da carreira para um hospital açoreano, por Fernanda Câncio, na sequência da cereja no cimo do bolo que é a constituição como arguido em processo penal do noso corajoso Colega António Balbino Caldeira, de «Do Portugal Profundo», o que penso do socratismo instituído «Nem às Paredes Confesso», na guitarra de Silvestre Fonseca, para que palavras não sejam interpretadas contra mim.

Sem Fazer Ondas

A Ondas de Arnold Böcklin

Pronto, Nicolas Sarkozy lá tem a sua maioria, mas sem ser o vagalhão previsto, que lhe tinha permitido o sonho de surfar. De tanto tocar a rebate, o PSF conseguiu convencer os eleitores adversários de que eram "favas contadas", os seus da mobilização geral e os oscilantes da sua imprescindibilidade parlamentar. Resultado: obtiveram uns bons quarenta deputados de acréscimo, relativamente às últimas legislativas, entre os quais cinco dezenas de royalistes que pareciam ameaçados. Como o seu ex-qualquer coisa Hollande também meteu quase outros tantos partidários, provou-se que dois é bom, noventa e tal é demais; e o casal anunciou a sua separação.
De resto importa parafrasear Bernanos: la majorité pour quoi-faire? O que mais me irrita nesta Direita é o primado do Económico sobre as questões político-morais, no discurso. Neste contexto dou graças aos Céus por ter sido derrotado Alain Juppé, a ponte que o Chefe de Estado queria fazer com o chiraquismo. Para além de me agradar ver um cúmplice de malfeitorias cadastradas obrigado politicamente à demissão, agora que o ex-presidente perdeu a imunidade, vislumbro, com este sinal, um encorajamento a que do Eliseu não venha, em caso de condenação, um qualquer perdão presidencial dum inimigo dentro do aparelho gaulista, em nome da "abrangência" - conceito estimável que poderia tornar-se uma fixação.
Resultados ontem corrigidos em baixa, como hoje o foi a cotação bolsística das acções do Benfica.

domingo, 17 de junho de 2007

Quem Sai Aos Seus...

No aniversário da morte de Jean Sobieski poucos há que possam não mostrar gratidão para com esse grande Soberano polaco. Os mais apegados ao Passado por ter livrado a Europa do avanço turco que ainda parecia mais ameaçador do que hoje. Aqueles que apenas ligam ao Presente, por dele descender LeeLee Sobieski...


Areia Para os Olhos

Deserto de Thimoty van Laar

Na Jornada Mundial de Luta Contra a Desertificação e a Seca não devemos esquecer que ambos esses flagelos progrediram muito mais rapidamente do que o esperado no nosso País. Em poucos segundos toda a Margem Sul de parte fundamental do Tejo ficou transformada no Deserto do Lino o qual, em face da tempestade que desencadeou, não parou de dar secas. Lutemos contra o alastramento desta ameaça que concerne a todos! É o Futuro dos nossos filhos que está em jogo.