sexta-feira, 18 de julho de 2008

Re-Bate (de consciência)

Alguém Que prezo me chamou a atenção para a inconveniência de deixar-Vos com a imagem de uma danação. Por outro lado, não gostaria de ir blogosfericamente desta para melhor, deixando dívidas. Sendo hoje Sexta, posto mais uma vez, para quitar as contas com o Caro Comentador do Brasil a Quem prometi legar uma miss venezuelana ainda mais apelativa do que a eleita Miss Universe.
Aqui deixo Alexandra Braun, com atributos que teriam arrasado Londres com muito mais eficácia do que os engenhos do cientista do apelido parecido. Ganhou um certame Miss Earth há um par de anos. Por menos ambiciosa que a referência ao Planeta possa ser, face à abrangência do Universo Inteiro, pode servir também para olharmos mais para o que temos por casa...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Fui

A Morte do Réprobo de Emiliano VillaEste blogue fez-me conhecer Pessoas Interessantíssimas e superar um momento mau da minha vida. Deu muito mais do que lhe tinha pedido. Agradeço a Todos os que, animados de generosa intenção, o fizeram muito melhor do que eu só seria capaz.
Algumas opiniões sobre a insuficiência humana vi confirmadas, por outros que não Esses, o que acaba por confortar, demonstrando acerto de observação.
As conjunturas pessoal e alargada levam-me a entrar numa nova etapa da existência, de que a blogosfera não faz parte. Despeço-me pois, desejando Aos que ficam que nunca percam de vista a necessidade de encarar o meio que ora deixo como um mero divertimento, válido apenas enquanto melhorar a disposição.
Até sempre!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Paixão Que Veio do Frio

Amor Num Clima Frio de Anil DayalNão me quero ir sem revelar um história comovente que resiste ao cinismo. O dia de anos de Admunsen foi o pretexto para pensar num seu colega explorador dos Pólos, Nansen, que, amantíssimo da Mulher, exigiu que dele se divorciasse, antes de uma das suas perigosas explorações, por não querer que ela corresse o risco, caso não voltasse, de ficar vinte anos sem estado civil definido, o tempo de ausência que a lei estabelecia para presumir a morte.
Voltando, foi a divorciada esperá-lo e comunicar que queria contrair segundo casamento, tendo-lhe o ex respondido que deixara a liberdade para esse efeito, caso fosse a sua vontade. Foi quando a anunciadora retorquiu que o noivo que tinha em vista era... ele.
E re-casaram, vivendo com felicidade que ainda consta até que ela morreu, sendo ele o principal diplomata da representação da Noruega em Londres.. Nos transportes do luto fresco desabafou:
Agora que já nada me liga ao mundo, hei-de chegar ao pólo. Até aqui tinha a minha mulher, que me atraía para o Sul, fazendo-me voltar das minhas viagens. Mas esse elo, que tão fortemente me prendia à vida já não existe e só regressarei se conseguir chegar vivo ao termo da viagem.
Suspeito que tão tórrido afecto terá sido o causador do início do derretimento da calota polar.

Holly Smoke!

Era fatal que surgisse uma esperteza destas, só admirando que não tenha sido obra de um Português, de um membro deste povo sempre engenhoso em encontrar vias de como furar a lei. Doravante, o caminho para a libertação das proibições e regulamentações obsessivas passará por criar uma seita seja do que for, aproveitando os compromissos de liberdade religiosa destes restos europeus, desde que se trate de grupos exóticos, insusceptíveis de se confundirem com a Religião tradicional, inelegível para respeito que passe por favorecimento. Talvez isso explique por que não nasceu cá a ideia, a ofensiva socrática contra a Igreja, passando por papalvas simbologias de crucifixos retirados e bispos desconvidados, com corolário numa efectiva restrição no ensino e formação infantis, deve ter convencido os potenciais torneadores da Norma que era para aplicar a todos os credos...

Opressão Fugidia

Para não Se deixar abater, é só deitar isso para trás das costas, Querida Amiga.

Não É Defeito, É Feitio!

A Prisão dos Devedores vista por Hogarth,
de A Rake´s Progress

Nada admira que o Banco de Portugal tenha palavras de compreensão para com o endividamento das famílias e desvalorize o nível impressionante a que chegou. Ao contrário de outros povos, como o Inglês, em que as dívidas suscitavam repulsa, ao ponto de conduzirem à prisão, como a da célebre Fleet Street, em Portugal sempre houve janelas de contemporização com as fracas contas. Ao ponto de haver disposição legal antiga que permitia a todos os que se estabelecessem em Pereiro, no Concelho de Alcoutim, que se livrassem de ser demandados por quantias de que fossem devedores, embora a isenção não se estendesse a operações posteriores à sua residência na localidade. No estado de Pe(d)reiros Livres que vamos tendo mais não se faz do que prolongar a insensibilidade ao calote. O que reforça o espírito de aproveitamento das facilidades, que, depois, logo se vê.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Estar Por Fora

Às Leitoras e aos Leitores que temam não conseguir adormecer, no afã de tentar conciliar os termos da frase do Génio da Bola sobre a Mulher Ideal - o que interessa é o interior, mas por fora tem de ser bonita como a Angelina Jolie - deixo a minha hermenêutica: o rapaz estava a dar prioridade a um orçamento equilibrado e tanto ouviu os especialistas bradarem que não basta aumentar a receita, é preciso cortar na despesa...

Destino de Um Homem

No dia de Rembrandt apliquei-me na leitura da tese conscienciosíssima de Georg Simmel, a qual diz residir a especificidade inovadora do Génio Holandês na representação das figuras na sua totalidade supra-temporal que sugere enquadradas no respectivo Destino, face à Arte Antiga que isolaria um momento biográfico específico, mesmo quando representativo do Homem, tal como a Psicologia faz, ao seleccionar um aspecto como resumo da Personalidade.


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Vai ao ponto de, sempre com solidez especulativa, dar a transmissão das Essências no trabalho do Mestre de Leida, sobretudo nos desenhos, como a individualização extrema decorrente da atomização, contrariamente ao ensinamento e aceitação neo-platónicos que quereriam cada representação de um vulto humano partícipe do Belo como património se não comum, ao menos comunicável.


Foi tendo presente esta elevada mas artificiosa analítica que deparei com uma vontade tremenda de regressar a um dos trabalhos do Mestre aniversariante, o Filósofo Lendo, menos por o anonimato e a rigidez do personagem cortarem algo rente a aplicabilidade da tese, muito principalmente pelo protagonismo que o livro toma; e pela condição pensadora do retratado ser muito menos limitada na conceptualização do Destino, que pode e deve encarar numa universalidade liberta da concretização que cada biografia ilustra. Por muito bom que o comentário seja, a Obra que o motivou é sempre superior. Até quando boomerang pouco dócil contra a edificação de um sistema.

Caminho das Estrelas

Sou e quero continuar a ser absolutamente estranho à adoração da eficiência do sector privado como base de transposição para a intervenção pública. Estruturar um partido como uma empresa, com consultorias e assessorias profissionalizadas em nome de maior rendimento é, a meus olhos, um tropeção mais, impedindo de prosseguir o caminho de disponibilidade e sacrifício, como de fé, que o Serviço Público deve exigir. Se as propostas e posições de uma organização que disputa o poder passam a ser elaboradas por especialistas assalariados, em vez de resultarem, ao menos aparentemente, da carolice de crentes, depressa derruirão as últimas paliçadas contra a identificação que, no imaginário popular, entre partidos e empresas vai vingando: ambos se moverem pelo lucro próprio contra o interesse dos outros.
Não é por fazer o homem comum ver as estrelas, as contratadas e as resultantes deste choque, que uma alternativa de poder ganha o estatuto de nave espacial. A Enterprise só o era de nome.

Passado!

O Pensamento Que me Consumiu de Laurel SwabQual será impermeabilização mais eficaz contra a desilusão? A renúncia à experiência com a inerente melancolia de nunca ter tentado? Ou a eliminação da Vontade levada à última consequência dos objectivos, deixando a carcaça em que nos arrastamos neste mundo sem fogachos de elevação? A meu ver, nenhuma destas vias, o pessimismo enformador, para ser consequente e não rebaixar, deve concentrar-se na aplicação de si com a naturalidade de não pretender resultados transfiguradores, pois esses seriam uma humilhante insatisfação com o que se ia sendo. Nem abdicar da acção, porque se estaria perante outra maneira de se rebaixar. Só resta a via de tentar não ficar obcecado, com uma intervenção baseada em cumprir a sua parte, que não secundarize as fruições e a observação, mas, igualmente, não esterilize a capacidade de ascender. Caso contrário a desilusão despontará, sem que possa achar melhor canto do que o de Camões:

Quando os olhos emprego no passado,
De quanto passei me acho arrependido;
Vejo que tudo foi tempo perdido,
Que todo emprego foi mal empregado.

Sempre no mais danoso, mais cuidado;
Tudo o que mais cumpria, mal cumprido
De desenganos menos advertido
Fui, quando de esperanças mais frustrado.

Os castelos que erguia o pensamento,
No ponto que mais altos os erguia,
Por esse chão os via em um momento.

Que erradas contas faz a fantasia!
Pois tudo pára em morte, tudo em vento...
- Triste do que espera, triste do que confia!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A Grande Fita

Nunca conseguiria assistir ao parto de uma Mulher minha, mas nada tenho contra os que conseguem e gostam, Trata-se somente da minha incapacidade em conviver com situações em que nada possa fazer para minorar a dor, o esforço ou o estado indefeso de quem estime. Outra coisa porém é o anúncio público de que Brad Pitt cortou o cordão umbilical dos filhos, depois de ter assistido ao espectáculo do nascimento deles. O que poderia passar por uma deferência da equipa de saúde que acompanhou o nascimento, tornada pública, mostra-se uma inauguração empreendida por vulgares corta-fitas, nada a ver com a elite homónima do Blogue.
E se um dia o divórcio surgir, como poderá ele defender-se da acusação de tudo ter feito para separar a Mãe e os filhos?

A Mãe de Todas as Patranhas

Que os Comunistas queiram fazer das raptoras, assassinas e narco-traficantes FARCs coisa potável, não admira, inventar opressões faz parte do próprio dogma, desde a instilação da consciência de classe como mecanismo de correcção da objectivação marxista da opressão. Agora que façam de megafone a um escrevinhador que quase defende o rapto, por achar que Ingrid Betancourt não quis ser suficientemente mãe é que me deixa de boca aberta. Então que defenderão para as abortistas? A fogueira? Olhando para esta Maternidade, da colecção de Tom MacMahon, apeteceu-me soltar uma interjeição que envolvesse caneco!

A Vida a Salto

Devo ter estado muito doente no Sábado, para deixar passar a notícia de que a minha Bem-Amada Yelena Isinbaeva elevou o recorde do Mundo de Salto à Vara para 5.03m.
Digam lá que boicotar os Jogos Olímpicos de Pequim, privando a Piquena da medalhita que a espera, não seria transformar o salto em assalto?

Chaves de Uma Comemoração

Pareceria impossível de explicar a razão pela qual uma França orgulhosa faz de uma insubordinação e arruaça em que partes de si se combateram a Festa Nacional. Esta costuma ser, nos países mais sãos, reservada a data de afirmação da independência contra ameaças estrangeiras, não assente e lutas intestinas; mas há um pormenor esquecido que pode explicar. A populaça que tomou a Bastilha, desejosa de substituir um cárcere com sete prisioneiros por masmorras em que milhares transitassem, a caminho da lâmina e do cesto, ofertou ao seu agitador-mor, Santerre, as chaves da famosa prisão, de que a família conservou a posse por quase dois séculos, até que as doou a museu conectado. O contemplado era apenas empregável em excitar ânimos já de si exarcebados, como reafirmaria no tristemente célebre massacre dos Suíços, em que novamente incitou à matança. Feito general, portou-se muito mal na Vendeia e foi acusado por Robespierre de... Monárquico, ele a quem tinha sido confiado o cargo de carcereiro do Rei condenado.
É neste episódio que encontro a simbologia maior do êxito da Revolução e da continuidade do seu festejo, guindada a gigantesca parada de feriado - os motins como pressa de se dar a quem aprisione, desde que seja novidade. E a institucionalização da desgraça cíclica substitutiva, como tentativa de fazer perdurar em sistema a ilusão do novo. Esta é que é a verdadeira servidão voluntária.

domingo, 13 de julho de 2008

As Alegrias da Técnica

Enquanto tomava um copo com um Amigo de longa data, lamentou o meu Interlocutor que eu aqui não tivesse abordado a loucura do público em torno da novidade tecnológica do iphone. Pois faço-o com este desenho de Rowlandson, sobre o tempo em que a locomotiva a vapor (de Trevithick) era dada como espectáculo a audiências pagantes. Tão logo que o uso torne o instrumento corriqueiro, logo aos entusiastas do momento de comercialização estará reservada a imagem de pategos, perante os que tomem conhecimento de tão ingénuas explosões de entusiasmo...

Orelhas Poucas

Desta foi McCain, a propósito de Obama, mas muitos outros candidatos a qualquer coisa tentam desqualificar os adversários por ocos palavrosos, reservando-se para si o monopólio dos actos. Tenham ou não razão, em sistemas de campanhas eleitorais conseguirão sempre algum eco, não por serem este ou aquele, deste ou daquele, mas porque a essência da oratória num político é a do vendedor que, em vez do cheque limitado recebe o voto pagador em infinda quantia.
A Palavra é neutro conceito. No caso do Pregador, sentimo-lo como um intermediário, cuja compensação não é redutível a uma quitação em seu nome, antes aponta para a concórdia dirigida Ao Que transcende.

Por isso o Padre António Vieira pôde justificar a parenética, reabilitando o discurso proferido:
Bem é que bradem alguma vez os pregadores, bem é que gritem.
Por isso Isaías chamou aos pregadores nuvens: Qui sunt isti, qui ut nubes volant? A nuvem tem relampago, tem trovão e tem raio: relampago para os olhos, trovão para os ouvidos e raio para o coração; com o relampago alumia, com o trovão assombra, com o raio mata. Mas o raio fere a um, o relampago a muitos, o trovão a todos.
Assim ha de ser a voz do pregador, um trovão do céo, que assombre e faça tremer o mundo.
De acordo, mas porque capaz de conduzir os expostos a um abrigo definitivo. Já as galimatias dos que disputam um mandato são a tempestade permanente e viciosa - não se diz que a batalha da reeleição começa no dia seguinte ao da eleição?

Aide-Mémoire

É bom lembrar o que desencadeou uma guerra terrível. E quem! Os que mandavam chacinar os chefes rivais e cujos herdeiros hoje querem apossar-se da memória, na melhor das hipóteses para fazer equivaler o castigo ao crime, na pior para inverter o Bem e o Mal.
Em Memória de José Calvo Sotelo

O NU

Sim, eu sei que hoje é Domingo, mas isto não é Sexo, é... Ciência e não a da Árvore do interdito divino. Há quem o diga linguagem universal. A bem dizer, cabe-lhe melhor o título, do que a línguas inventadas para a função, como o Esperanto, cujo número acabou por exceder as que visavam substituir. E também o Futebol, que mereceu o epíteto, deixaria de fora Países que o não compreendem, como os EUA, que têm o seu e lhe chamam Soccer.
O sexo é, verdadeiramente, universal. Mas terá dialectos? Graças à Zazie, encontrei mais um daqueles inquéritos bons para fim-de-semana: o que visa descobrir a nacionalidade de cada um, na cama. Devo dizer que, por uma das perguntas que verão, me parece apenas ser aplicável às Mulheres. Ora comprovem, respondendo às questões da
controladora.
Só para avaliarem a fidedignidade da coisa, deu-me como 52% Sueco. Logo eu, que mais afastado dos hábitos escandinavos é difícil conceber. Mas enfim, terá as suas vantagens:
Viva Pangloss!

sábado, 12 de julho de 2008

Com Dono!

Lamento ter de discordar do Rei Pelé: claro que este Cristiano é um escravo, só que dantes traziam a marca do dono no ombro, feita com ferro em brasa, enquanto que nos nossos dias a põem na t-shirt, sobre o coração...

Comentários à Vida Parda

Nacional
O problema de caminhar para devoluta:
Classe Média de Robert Slingsby



& Internacional
Sorrio da luta entre protagonistas que detesto - a República do Barrete Frígio e o afrontamento Islâmico da Mulher velada. Nem pensar em intrometer-me:

Palavras Para Quê?

Silêncio de Chassériau Théodore

Acordo doente e passo os olhos por livro que tinha como mais adiável. Colho, porém, um texto que me deixa em incómodo maior - o que me diz da existência, em Paris, na viragem do Século XIX para o XX, de um clube, fundado e presidido por um voluntário da guerra contra índios americanos a quem estes tinham cortado a língua, o qual só aceitava como outros associados surdos-mudos e proibia os criados de articularem palavra, sendo a comunicação com eles feita por um aparelho electrónico e entre os membros assegurada por gestos.
Que terrível revolta não evidencia, cercando-se de aflitos de desgraça maior e impondo-se como único vigilante possível das infracções à regra dos empregados! Não será uma ilusão, ter perdido um dom não será mais terrível do que não tê-lo conhecido? Ao estabelecer uma ordem e linguagem substitutivas esterilizou também o absurdo concebível como a mais radical das recusas. Porque, como Camus ensinou, a única atitude coerente fundada na não-significação é o silêncio, se esse silêncio, por seu turno, não significa. E este fá-lo. E fala.

Os Rastos da República

Há meses anunciada, põe-se finalmente em marcha a iniciativa de complementar os laivos de historicidade de que as comemorações da Implantação da República, daqui a dois anos, possam vir a revestir-se. Como o comemorativismo de vitórias de parte da Comunidade sobre outra não costuma ser bom conselheiro para desenterrar dos arquivos toda a Verdade, tentaremos lembrar factos e lutas esquecidos, que a conveniência, a candura e o psitacismo coligados possam fazer por não recordar. É a intenção deste site, servido igualmente por um blogue, para manter vivo o debate.
Com a publicação de fotografia de Machado Santos, símbolo incontestado do início do regime, das ilusões e frustrações que o fizeram e dele resultaram, como das lutas entre os que nele acreditaram e contra os que nunca se convenceram, mais ainda, da autofagia compulsiva desse momento genealógico em que se querem filiar Poderes de hoje, agradeço a toda a Equipa ter-se do meu nome lembrado para, não direi ajudar à festa, mas sim engrossar com umas gotas o caudal da Realidade omitida.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Tudo ou Nada

O Baile das Nações num leque do Século XVIII

Leio que na Biblioteca Pública de Évora um manuscrito setecentista diz:
Hespanha está por tudo. Portugal teme tudo. França zomba de tudo. Hollanda paga tudo. Inglaterra embrulha tudo. Allemanha quer tudo. Prússia tôpa a tudo. Suissa aproveita tudo. Polónia lá vae tudo. Russia logra tudo. Sardenha géme tudo. Roma benze tudo.
Penso que o nosso medo de tudo melhor caracterizaria se explicitado como de não conseguir imitar tudo.
E hoje, dois séculos depois, apetece acrescentar que a Federação Norte-Americana, potência adventícia, inunda tudo; e que, em matéria de nações, essa disforme besta apocalíptica que é a UE tritura tudo.
Mas a época de tal palavra está a acabar, substituída pelo seu oposto.

Satta Apontada

Mesmo com uma abertura de vistas considerável, não consigo entender o que dizem da Cidreira. Como é que a Melissa - nome por que é mais conhecida - pode ter "efeitos calmantes e sedativos no corpo e na mente"?!
Melissa Satta

Vero Choque Tecnológico

Até acredito que não se confirme o pior dos cenários, o da extensão de imposto já existente aos veículos eléctricos, ou da introdução de um que os abrangesse. A loquacidade do Sr. Sócrates terá simplesmente continuado o vício de inaugurar várias vezes a mesma obra, no caso, recitar como novidade benefício ou isenção fiscal já em vigor.
Mas há uma conclusão irrebatível - o Sr. Primeiro-Ministro, por muito alarde que faça da energia, é totalmente incapaz de uma declaração electrizante.

O Misticismo e a Lógica

Trata-se aque de um processo judicial, mas não de um processo judicioso. O cavalheiro que intentou a acção conttra uma Igreja do Tennessee por, ao pedir, orando, uma experiência real, se ter desequilibrado (em duplo sentido) e protagonizado uma queda de que resultaram lesões, não pode, co-relacionando o que solicitara com o desastre, dizer que a instituição não cumpriu a sua parte contratual.
Fosse eu o mandatário dos religiosos accionados, faria ver, no entanto, que as consequências são meramente imputáveis à iliteracia do Antor, em sede de decifração de endereços sagrados. O místico que se vira para Deus levita-se, move-se em direcção ao Céu. Aquele que se estampa no chão está é a aproximar-se do Inferno, dado como sito nas profundezas da Terra. E se dúvida houvesse, o ulterior recurso aos tribunais, mesmo que exibicionista e jocoso, sobretudo porque exibicionista e jocoso, digo, faria prova pleníssima.

Audiência de Conciliação

Vê, Querida Amiga, como se pode pedalar com elevação? O cicloturismo não é incompatível com as alturas, como poderá comprovar quem aumente a imagem, clicando-a. Claro que estas ascensões desvalorizariam muito qualquer camisola pintalgada de Prémio de Montanha...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Ao Estômago da Confraria

A Marília Jackelyne diz que hoje é Dia da Pizza, o que não me choca, porque, embora nos EUA, o coloquem em Novembro, para mim todos são bons para devorá-la. Detesto hamburgers, fritos vários e demais fast food, mas Pizza é diferente, tem milénios de tradição e... sabe muito bem. Embora deva dizer que a popularidade que teve na Bacia Mediterrânica, antes dos Árabes, desde a Roma Antiga, ou até mais remotamente, pela Pérsia de onde foi importada, se refira apenas a uma avó da delícia que conhecemos. Esta só surgiu verdadeiramente com a incorporação no nosso conhecimento do Continente Americano e do tomate de lá originário. É coisa que me escapa completamente e cuja perspectiva me deixa apreensivo, uma pizza sem tomates!
Para me meter com a Nossa Amiga, lanço-Lhe a sátira de Padre J. J. Correia de Almeida, de Minas Gerais:

A GULA

Que injustiça! Um lambisqueiro,
no excesso de golodice,
relambendo os beiços dice:
comi hoje como um bruto!
Nunca o porco no chiqueiro
á gula pagou tributo,
e ao lobo com ser faminto,
se eu chamar guloso minto,
Melhor é que o glutão brade:
comi hoje como um frade!!

Não se fala em freiras, pois não? Tem pois luz verde para atacar a iguaria!

Ensaio Sobre a Cegueira

Como é que depois de semelhante aventura se pode continuar a insistir em que os morcegos é que são cegos? Talvez por terem radar, vêem mais com os olhos fechados do que muitas pessoas que os pretendem ter abertos. Não sei é se será gratificante para os fabricantes de lingerie saberem que estão muito atrás no objectivo de criar peças animadas...

Mas há uma leitura séria - a existência despromovida a repetição maquinal impede de distinguir onde está a vida.

Aquela Máquina!

A Justiça do Dinheiro de Bruno Budrovic

Confesso que não era bem isto que tinha em mente quando encorajava todos a lutarem contra a influência do Dinheiro na aplicação da Justiça. O acontecimento, entretanto, merece um comentário, para lá do necessário lamento de desprotecção dos tribunais. Instalar máquinas multibanco no forum de que a Justiça se propõe irradiar tem um efeito psicológoco contraproducente, pois retira toda a atmosfera sacral e de temor que faz gerar o respeito nos muitos espíritos de formação menos rigorosa. Ter ali à mão, para simplificar, a caixita onde se levantam as notas é colocar uma ideclinável função do Estado ao nível de qualquer supermercado. Há pagamentos de custas e outros conexos a realizar lá? Pois com certeza, mas deve obrigar-se o vulgo a ter diante dos olhos a comparência perante o Julgador como algo suficientemente importante para ser obrigado a empreender previamente as preparações necessárias para o efeito. Como o formalismo no trajo deveria ser garantido. Já não digo as vestes negras em sinal de respeito que ainda eram de uso o tempo dos meus Avós. Mas a gravatinha para os homens, os ombros cobertos para as Senhoras e uniforme prisional para essa categoria híbrida que são os encarcerados deveriam ser norma. Contra as facilidades que vulnerabilizam os incómodos são a melhor das taxas moderadoras.

Fazer Ondas

Não deixa de ser curioso que gente tão predisposta a rebelar-se contra o consumo aceite fazer macacadas de rua, consumindo um produto pouquíssimo duradouro como é um programa de rádio. A busca de uma voz do dono que determine por controle remoto o que os ouvintes façam, com a adrenalina de participar numa "revolução" é ironia suprema, se pensarmos que corresponde ao infantilismo de acreditar manter o controlo sobre o aparelho, enquanto se entrega a direcção do um ser humano que o poderia desligar ou mudar de canal ao Éter. A brincadeira de ontem na Baixa podia ser simplesmente uma palhaçada, caso não fosse ilustrativa dos condicionamentos de uma época. Mais perigosos e espalhados, porque mais subtis. Mas a transigência expressa na hipotecação da vontade está todinha lá.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pirilampo Trágico

Os Portadores de Lâmpadas de Maxfield Parrish

Dei em matutar o quanto me irrita a história do Cínico de lanterna na mão à procura de um homem. Nem tanto por ele só ter enveredado pelo desafio e pelos andrajos depois de falido como banqueiro, em Sinope. Mas porque Diógenes empunhando a luz não fazia mais do que nos nossos dias aqueles populares espertalhaços que se acotovelam para responderem ao reporter televisivo que inquire a multidão. Com efeito, não precisava dela em pleno dia; e acreditar que o que fosse digno do nome que dizia buscar não brilharia por si, antes precisaria de foco luminoso para se destacar, era pálido como idealização. Tanta prosápia na demanda, partindo do princípio da superioridade de ser o único a sentir-lhe a necessidade, confessava não ter encontrado o que pretendia quando se mirava no espelho, ou no que as vezes lhe fizesse. E talvez fosse essa a medida maior do seu drama, reduzindo o sarcasmo iluminado à grosseria de saltimbanco.

A Resposta Ambígua

Querida Ana, Madame Barroso podia responder-Lhe assim, ou com o desprezo feminista consubstanciado na inscrição, ou demonstrando imageticamente que uma cadeira de rodas hiperproduzida pode seguir um peixe num velocípede até ao fim do Mundo...

O Fio da Navalha

Mais do que inteirar-me de que motiva os portugueses a fazer a barba, interessou-me saber que as Mulheres Lusas são as Europeias que mais rejeitam bigodes e barbas nos respectivos. Longe vão os tempos em que uma valente bigodaça trazia um apport a qualquer solteirão casadoiro, era a Belle Époque em que só os operários menos abonados e os padres escanhoavam completamente a cara, estes últimos justamente como renúncia a um sinal de atracção sexual.
Mas a inconstância feminina é pouco contestável: lembro que ainda há dois ou três pares de anos a barba de três dias fez furor como signo de charme e qualquer galã entradote a ostentava, para se dar ares de Mickey Rourke. Suponho que era a quota de picante que convém inserir em qualquer relação.
O que me contrista é a nossa conformação, como que escravizada, à preferência Delas. Com tanto pessoal a tirar os pelos quando, do Governo, lhe tiram a pele, o nosso valor facial ameaça ficar coerentemente tão rasé como os pés rapados em que nos tornaram.
Altura de eleger novas referências? Fica a sugestão fotográfica.

Got The Hint?

Cada vez gosto mais da subtileza Japonesa: conhecedores da língua materna do Presidente da CE, José Barroso, enquanto ele se reunia à penetra num G-8 muito mais mortal do que qualquer G-3, fizeram a Mulher andar num veículo a que deram o nome de i-real, clara alusão à postura do Comissário-Mor, além de ilustrar bem o estado do seu adorado Tratado de Lisboa - sem pernas para andar, ameaçando atirar a Europa para uma cadeira de rodas.
Uma chazada!

Guerra das Rosas

Rosa Branca de Ryno SwartUma notícia realmente importante: o Glorioso Sport Lisboa e Benfica acompanha as tendências da Estação na generalidade do País, mostra-se farto da cor Rosa. E se a flor é importante, também as há brancas, com a vantagem de terem muito menos máculas. Nada como voltar ao cromatismo de sempre da segunda camisola e não deixar que a respectiva coloração seja influenciada pela designação "alternativa" a qual, aplicada a sexualidades deixa muito entusiasta absolutamente... rosado.
A vitória está prometida.

terça-feira, 8 de julho de 2008

De Olhos Bem Fechados

Posted by Picasa

Aniversário de Chagall, pintor a que reconheço alguma imaginação, mas de humor mais pesado do que a ironia que costumo prezar. Ademais, não estimo o uso que faz da cor naqueles quadros em que ela mais abunda, assim como me surge como rotundo falhanço a insistência de pintar olhos. Quando fecha as pálpebras às figuras retratadas atinge logo outra dimensão, como neste auto-retrato com a Musa. Gosto particularmente da apenas parcelar iluminação do artista pelo cone luminoso da inspiração, sendo as vistas cerradas e indistintas, respectivamente, da divindade e do pintor, uma sugestão do esforço telepático de transmitir e aceder à centelha criativa. Com a particularidade de as molduras por terra, ao fundo, aparentarem ser espelhos, o que nos conduz à convicção de terem sido perdidas as veleidades realistas de aprisionamento da própria imagem, assinando a rendição incondicional perante construções psíqucas induzidas a partir do exterior. No fim de contas a História da Arte, desde que se ligou de facto às escolas psicológicas contemporâneas. Mas há um problema, o título é Aparição. Teria sido avisado separar a primeira letra, transformando-a em artigo.

Psicanálise dA Praia

Cá para mim, a irritação da Ana ficou a dever-se a ter sido obrigada a esperar na fila...

Quem Bebeu Beberá

Depois de confessar ter na vida conseguido o êxito empresarial à custa de compra de autoridades, será prudente para a verdade desportiva deixar que o Sr. Abramovich seja proprietário de um clube de futebol? Não será confiar demais na firmeza do sistema desportivo deixá-lo à mercê de comprador sem escrúpulo e impenitente?

Tirar Partido

Serão Diplomático de Auguste Louvrier de LajolaisEis uma medida com os termos invertidos, considerando o que devia ser: Quer vedar aos Diplomatas a actividade político-partidária, quando se impunha que vedasse aos partidos a determinação da actividade diplomática. Concebe-se, até um certo ponto, que não se queiram confundidos representantes do Estado na cena internacional e fiteiros em tristes cenas nacionais. Mas não se vê que deva suscitar a mesma medida de interdições que é imposta aos Militares no activo, pois não há a temer quebras de imparcialidade similares em quem não dispõe da força das armas que pode obrigar a conformações unilaterais. Mesmo no caso do meio castrense, no caso dos retirados já será abuso reduzi-los ao silêncio.
Neste âmbito específico parece é querer aliviar os políticos generalistas do peso de críticas qualificadas. É a transposição da facilidade dos exames para os alunos que menos aprendem, a classe (ou falta dela) do Poder.
Porém, se isto fosse aplicado retroactivamente à Dr.ª Ana Gomes, desdizia-me de imediato, com a maior desfaçatez.

Gama de Missões

Como a 8 de Julho partiu o Grande Almirante para a descoberta da Rota das Índias, fui reler esta conferenciazinha muito bem escrita, que assenta no propósito anti-gaiola de cinco arames de conferir a esta Glória Pátria não apenas a representatividade da aptidão nacional, mas mais, o cumprimento de um mandato civilizacional tácito assente em dois pontos básicos:
- a aproximação das Religiões de Caridade do Budismo e Hinduísmo por um lado e do Cristianismo, pelo outro, contra a ameaça de um credo expansivo e belicoso.
- A contenção da propagação islâmica que encontrava quintas colunas em governos da própria Cristandade, como hoje, acrescento, procura que lhe abram a portas partidos no interior da Europa. O que presentemente são os coniventes com os influxos do Islão Radical e os que pregam a defesa contra ele foram, nos anos que precederam a nossa aventura oriental, Francisco I e Carlos V, respectivamente.
É a rememoração dos feitos algo de crucial quando não abdica de equacioná-los, de forma a identificar os paralelos, quer em sede de problemas, quer de soluções. O que é bem diferente do mero comemorativismo de pastel de bacalhau e copázio de tintol, apenas capaz para nos acharmos óptimos pela obra que, individulmente, outros realizaram.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Está Explicado!

Fui visitar a Cristina, mas não estava em casa, tinha ido experimentar o bólide duma Amiga...

Inquérito de Opinião

Era a Ana Vidal?
Sim?
Não?
Talvez?

Fralda de Fora

Tirado Daquisobre isto, não tenho nada contra, desde que ambos gostem, só recomendando a vantagem de se ir dando a conhecer totalmente em fases embrionárias do processo, para não criar surpresas desagradáveis.
Mas alguém tem a caridade de me explicar como pode o uso de fraldas dar prazer sexual? A minha inocência não consegue perceber.

Amores Forçados

O Rapto das Sabinas de Luca GiordanoEste inquérito pode ter sido feito com muita competência científica no tratamento de dados, mas, pelos factos de natureza muito diferente que inclui é uma salsada enganadora. Com efeito, colocar na mesma investigação ofensas corporais graves e simples elementos do jogo do namoro é ser tão mais papista que os papas - que são o duo de cada relação -, que me faz pensar se quem o realizou ainda se lembra dos amores juvenis.
Outra coisa, e a que merece comentário, é a aproximação de casamento e namoro. Numa dupla focagem:
- acreditar que não pode haver violação entre namorados corresponde não só a uma imperativa mudança da concepção do relacionamento, que implica... hã... prestações que, dantes, em muitos casos, eram deixadas para mais tarde, como resulta da indiferenciação progressiva entre o matrimónio e a informalidade. No sentido em que o debitum conjugalis, que inviabiliza que aquele que possui o outro contra vontade seja um violador, se estende agora a relações sem papel passado.
- o que generaliza algum dramatismo próprio dos divórcios a associações que nele não se incluem. Cada vez menos a noção de que os namoros se fazem e desfazem está mais fora de moda, nos casos em que já se foi bastante fundo. Com toda a consequente disposição ao sacrifício que outrora era muito mais vulgar no himeneu.

Alea dos Namorados

Dados em Movimento de Steve HamblinJá comentei o célebre exame de Matemática quanto à admitida facilidade. Falta porém dizer algo sobre estas declarações do responsável pela concepção. Não lembra ao danado dizer que uma rasteira em exame é avaliação aleatória. Mas lembrou a este senhor. Não se percebe como uma solução matemática de problemas deste nível possa depender de acontecimentos incertos, ou futuros, que são os sentidos que para a palavra o dicionário dá. As chamadas rasteiras são meras dificuldades menos evidentes, cuja identificção e ultrapassagem serve bastante bem para aquilatar da capacidade de um aluno. O declarante explica então que o examinando pode estar num dia mau. Ah, pois pode. Muitas vezes até por ter tido os anteriores como excelentes. Mas a vida é assim, nem todas as auroras são ridentes. E ainda não se conseguiu com essa desculpa evitar que a Existência em geral deixe de nos passar... rasteiras. Esta justificação rasteira para uma abdicação do dever de exigência é que deve ser imputada a um dia mau do supremo arquitecto da prova, que mais não fez do que, com o presente de uma prova de chacha, namorar os que a realizaram.
Salazar, quando um dia lhe sugeriram um nome para ocupar determinado cargo, objectou com umas quantas experiências infelizes anteriores do proposto. Retorquiram-lhe que tinham sido uns percalços, mas que se tratava de pessoa de grandes qualidades. Não o convenceram, pois retorquiu que teria de facto muitas qualidades essa pessoa, mas que, então, tinha também muito azar. E que o Serviço Público não podia servir-se de pessoas tão azaradas.
O Azar, a alea, esses eufenismos lusos da incompetência.

domingo, 6 de julho de 2008

I´m in The Mood

Já me mudei, para entrar nesta boa disposição...

Música no Coração

A Saída de Nguyen Dihn DangNão havia necessidade desta descoberta, a saber o efeito físico positivo que a Música pode ter em recuperações de doenças, já que era mais do que suficiente aquele que possa exercer na regeneração espiritual nesses e noutros transes. Mas há duas alterações de comportamentos que convém salientar. O primeiro é de, nas classes mais desafogadas, ter crescido exponencialmente, até pelos progressos tecnológicos de reprodução e miniturização, ao menos entre as Mulheres, o tempo ocupado na audição, enquanto diminuiu drasticamente aquele que era empregue na produção. Antigamente, qualquer Menina da Classe Média para cima aprendia canto ou um instrumento, sendo quase condição sine qua non para passar por partido apresentável. Hoje, com o acesso a carreiras profissionais à imagem do que acontecia com os homens, o tempo para aprendizagem e execução evaporou-se, sendo comparativamente muito menos As que o conseguem, vingando-Se na fruição que os leitores em consolas de automóveis e os auscultadores de pequeníssimos memorizadores permitem.
Nunca a saúde psíquica e o seu paradigma mais evidente - o sono - estiveram tão ameaçados, mormente entre o Belo Sexo. Mas porquê, perguntar-me-ão se há tanta música a entrar pelos ouvidos dentro?
É que a indistinção da aplicação melómana puramente passiva, generalizando-se, pode criar habituação e perder poder curativo.
Neste sentido, creio que há a distinguir uma das situações relatadas no artigo linkado: a recuperação do marido que ouvia, na doença, a Cara-Metade dedicando-lhe a sua arte baseia-se em mais do que a simples audição musical, mero pretexto para a expressão de sentimentos íntimos que muito podem ajudar a reabilitação.
Foi uma autora de romances cor-de-rosa, June Masters Bacher, que melhor sintetizou a aproximação entre a Arte e o Sentir - o Amor é como a música, pode parar aqui e ali, mas as cordas ficam para sempre. De acordo, mas é preciso tocar ou deixar-se tocar, não se limitando a ouvir de forma que o(s) reduza à rotina.

Cruz Sobre o Cruzado


Morreu anteontem Jesse Helms, o brilhante ex-jornalista que saltou para o Senado Federal dos EUA e para a refundação Conservadora, nos trinta anos que lá esteve. Os Media romanceadores disseram ter sido ele o inventor de Reagan, ao dar-lhe decisivo apoio na promária contra Ford, na sua Carolina do Norte. Não é verdade. O Governador da Califórnia tinha currículo e base suficientes para não precisar de ser inventado e a derrota contra um Presidente em exercício nunca deslustrou, servindo como trampolim para próxima aventura. Além de que Helms, apoiando-o, considerava-o insuficientemente doutrinado.
O grande legado do Legislador ficou na tenaz oposição ao enturmanço na cedência ao intervencionismo e à contemporização com a retórica igualitarista. Opôs-se a acções militares na ex-Jugoslávia, o que coincide com a minha preocupação de resolver problemas no Velho Continente sempre sem a ajuda do Amigo Americano. E não criticou, como é hábito, as quotas pelo que também são - um insulto aos beneficiários delas, mas, abertamente, pela injustiça de retirarem a pessoas mais qualificadas postos de trabalho de que necessitem, por não pertencerem a minorias dadas como desfavorecidas.
Ancorado na fidelidade aos agricultores do seu Estado e na influência que exerceu no Comitê senatorial que lhes respeita, faleceu a 4 de Julho, dia da Fundação e da morte de Washington, permitindo-lhe chegar-se ao simbolismo patriótico numa coincidência que os compatriotas têm por significativa. Senator No se orgulhava de ser, sempre assimilado pelos adversários ao vilão de Bond e ao exasperante Gromiko que ostentaram similares designações. O País que deixou é bem diferente do que encontrou quando eleito, com a desmoralização vietnamita, a quase guerra civil racial e a acabrunhante demissão escandalosa de Nixon.
RIP