segunda-feira, 2 de abril de 2007

Penas Chamuscadas




Não quereria, maldito como me reconheço e repetidamente me confesso, deixar-me prender demasiado à actualidade, que dispensa esta página para conseguir saturar abundantemente o leitor voraz. Porém, a hiperbólica selvajaria da pirómana facção da claque portista no Estádio da Luz suscita-me duas ou três reflexões que não quero calar:
1- Congratulo-me com o facto de já não ser dado às câmaras televisivas como porta-voz da PSP algum sujeito bigodudo, como outrora, ou incapaz de conjugar formas verbais relativamente simples, como ainda vai acontecendo com alguns oficiais da Brigada de Trânsito da GNR. A Subcomissária Paula Monteiro é uma presença notável, para além da telegenia, por conseguir no que diz aludir a muito mais. Tenho por adquirido que quando defendeu a sua corporação, ao explicar que os agressores petardos poderia ter dois dedos, estava justamente a referir subtilmente a mesma medida de testa que faltava aos autores do triste lançamento dos explosivos.
2- Veja-se quão perigoso foi para o Ocidente e para o extremo dele que ainda somos a não-descoberta de armas de destruição de massas o Iraque. Doravante, haverá a tentação vertiginosa de duvidar de que alguém seja capaz de usar elementos de perigo generalizado até no contexto desportivo. Mas a conclusão sagaz será sempre a que se aperceba de que bombas em mãos bárbaras serão sempre usadas. A bom entendedor...
3- Não lembra ao mais imaginoso dos justificadores - embora haja ocorrido aos nossos mantenedores da ordem - culpar o Benfica pelo sucedido, com o argumento da colocação dos adeptos rivais no estádio! O SLB já se defendeu, dizendo que a Polícia concordara com tal disposição. Em última análise, a responsabilidade seria sempre da força policial que poderia recusar o plano, por questões de segurança. Mas ninguém explica por que é que outra distribuição tolheria os ímpetos terroristas dos causadores dos distúrbios: alguém acredita que eles se dirigiram à Catedral, com a pólvora nos bolsos, dispostos a não fazer uso dela e que apenas empregaram por não gostarem do lugar atribuído?
É preciso não ser Águia para repousar nessa confiança. Literal e conotativamente. O que nos leva direitinhos para a eterna condição de bode expiatório da passarada...

7 comentários:

cristina ribeiro disse...

Mal estamos quando nos deixamos dominar,num acto todo irracional,por coisas como um jogo de futebol:daí até à violência física,vai um passo.
Na minha família,entre irmãos,já houve demasiadas situações de mal estar por causa de rivalidades entre camisolas de diferentes cores!

cristina ribeiro disse...

Caro Réprobo,
Claro que não tenho qualquer veleidade de julgar da justeza ou não do que se passou nesse jogo,até porque,como sabe,a minha relação com tal fenómeno é demasiado distanciada,e meramente afectiva.
Daí que o meu desabafo anterior tenha sido feito totalmente em abstracto.
Desculpe-me,pois,esta "entrada em seara alheia".
Beijo.

Anónimo disse...

Caro P.

O Seu Benfiquismo!...

Anónimo disse...

10. A revista dos adeptos não é, nos termos da legislação aplicável, uma responsabilidade do SL Benfica (v. Lei n.º 16/2004, Portaria n.º 1522-B/2002 e Portaria n.º 1522-C/2002 de 20 de Dezembro).

O Réprobo disse...

Escaldada Cristina:
tem todo o direito de julgar, pois a vida é julgamento, o que continuamente fazemos sobre os outros, o dos outros ao qual temos o dever de nos oferecer. E claro que pôr de parte a sociabilidade da competição que é a cordialidade no e do desportivismo merece a censura mais severa.
Beijo

O Réprobo disse...

Terceiro Anel 1:
...não me impediu de ser imparcial, não é?

O Réprobo disse...

Terceiro Anel 2:
Contudo, pegando nas palavras da Subcomissária, gostaria que a das adeptas fosse...