segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

O Reverso Como Verso

A Sagrada Família de Simone CantariniSe eu ainda fosse capaz de ter um sonho, gostaria que a Humanidade e Compaixão de que nos lembramos no Natal não suscitassem o sentimentos maus que acham ser a resposta certa à insuficiência de um gesto sem continuidade. Em suma, que o sofrimento ou a contemplação dele não fizessem piores uns e outros.
De Arthur Lambert da Fonseca

POEMA DE NATAL

Amo-te
nas crianças com frio,
com os pèsitos sujos e roxos
que se escondem nos sombrios portais.
E, cínicas, fazem troça da minha piedade,
Porque serem amadas é para elas a fraqueza
d´alguém que desconhece a essência trágica do mundo
de que elas são a flor comovedora e triste.

Amo-te
nas crianças com fome
que esmagam o narizito vermelho
contra a vidraça espessa e gelada das montras,
mais entontecidas pelas cores garridas
que desejosas dos estranhos paladares
para elas desconhecidos.
E que se ririam de mim se eu entrasse e lhes desse
Tudo aquilo que desejam... porque desconheço
que para o estômago das crianças pobres as guloseimas
são só coloridos álacres e brilhos ofuscantes.

8 comentários:

João Távora disse...

Magnificas e pungentes palavras caro Paulo. Aqui lhe deixo os meus votos de um santo Natal.

Mário Casa Nova Martins disse...

Votos de Feliz Natal.

Forte Abraço.
Mário

Flávio Santos disse...

Um Santo e Feliz Natal para ti e os teus, caro amigo. E que o Novo Ano comece com melhores auspícios que aqueles com que este que se finda se iniciou.
Um abraço.

O Réprobo disse...

Obrigado, Caríssimo João. Idênticos são os meus, bem como para a Família.
Abraço

O Réprobo disse...

Também para o Caríssimo Mário e todos os Amigos de «A Voz».
Outro

O Réprobo disse...

Meu Caro FSantos,
Também para Vós, tu e Família, o Melhor, na Quadra e no ano que se aproxima.
Deus te ouça, este foi o meu horribilis.
Abraço amigo

Anónimo disse...

Comove.

Bjo.
I

O Réprobo disse...

O poema também me tocou, I.
O.