terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O Complexo de Sininho

Como se verificou uma certa insurgência feminina, face à minha escolha do vocábulo feérico e sequente aproximação da Mulher nos impulsos masculinos, tenho de esclarecer que o que pretendi foi evidenciar o misto de atracção pelo mergulho num ápice emancipado da racionalidade estreita e os temores inelutáveis que esse magnetismo comporta. Com efeito, a visão seráfica das Fadas está escarrapachada em «Peter Pan». Mas a construção psicológica e folclórica em torno delas é bem outra e dá-as como seres temidos e temíveis, pese encantatórios.
Talvez fosse risível discutir a ontologia do Little People, porém este interessante livro é um bom compêndio introdutório às representações respectivas. Na Irlanda e Inglaterra predominantemente céltica, é dado como um grupo de entidades temíveis, contra as quais as crianças penduram nas portas das casas urze e fetos, à maeira de repelente. A sua natureza varia conforme a cabeça que a concebe - espíritos da Natureza, divindades das antigas religiões pagãs reduzidas com o declínio do culto, sacerdotes delas, auxiliares diabólicos do famosíssimo Puck, anjos caídos, entes raptores das almas dos recém-falecidos, estas mesmas justificadas no tamanho diminuto pela correspondência métrica ao que estes ignorantes de Pessoa mas herdeiros do Antigo Egipto supunham ser-lhes característico, conhecimento junguiano do self,os inevitáveis extra-terrestres...
Para além da variedade, o registo das principais crenças, manifestações e captações, com a crónica da famosa fraude fotográfica conhecida como Cottingley photos, levada a cabo por duas adolescentes em 1917, ou esta outra tomada, sem explicação incontestada, de uma bruxa invocando-as.
Portanto, a bondade que aborrece as Minhas Amigas mora bem longe...

11 comentários:

Capitão-Mor disse...

Gostei muito desta viagem pelo imaginário fantástico da orla céltica.

fugidia disse...

Caro Réprobo,
quanto ao primeiro parágrafo, acho que "falou, falou" e... pois!
Olhe, no que respeita aos "impulsos", nada como aproveitar o "embalo" do Mário Cesariny (Pastelaria) e dizer:
"Afinal
o
que
importa
é
não
ter
medo:
fechar
os
olhos
frente
ao
precipício
e
cair
verticalmente
no
vício"
(de preferência um pouco mais do que um breve piscar de olhos...)

P. S.
Também gostei da "viagem"...
Beijinho :-)

Anónimo disse...

isto está cada vez mais inesculente.

O Réprobo disse...

Meu Caro Capitão-Mor,
é importante conhecer a realidade cultual/mágica multissecular para percebermos onde nos situamos.
Abraço

O Réprobo disse...

Querida Fugidia,
claro que é e vai sendo o que os menos incompetentes de nós fazem. Mas sabe sempre demasiado a pouco...
O poema é bom e bem lembrado, apesar de sabermos que a Mulher não seria o principal interesse do Autor!
Beijinho

Anónimo disse...

Anónimo. Pode ser que esteja cada vez mais inesculente. Agora eu estou cada vez mais Sexy! Tirando o Capitão-Mor, é só Damas nos comentários.

fugidia disse...

:-)
:-)
:-)


Caro Réprobo, sexy não sei, que não o vejo :-p
Mas mais "saído da casca", parece-me que sim...
:-)))

O Réprobo disse...

Querida Fugidia,
claro que o último comentário não me pertence, como se vê pela ausência de autenticação. É a poluição habitual e sem escrúpulos do mendigo de atenção.
Beijinho

fugidia disse...

Querido Réprobo,
tinha reparado na falta do "selo de autenticação" :-)
Mas não só: a expressão "Damas" não batia certo :-P
Beijinho
:-)))

P. S.
A expressão é bastante utilizada por um certo tipo de "deliquentes" que costumam "passar-me pelas mãos", periodicamente...
:-D

O Réprobo disse...

Querida Fugidia,
sim, não devemos atribuir à mediocridade e à vileza importância que elas não têm.
Beijinho

Anónimo disse...

Ora, não ofendeu e até teve graça...