sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Círculo Vicioso

Dia de aniversário de Buñuel, bom para falar de um filme grande que começou por não ser dos meus favoritos: «Tristana». Sentia faltar-lhe a liberdade dos saltos lógicos das fitas mais surrealistas dele e era repetidamente enganado pelas toneladas de tinta que se esbanjaram na teorização da crítica de relações entre classes sociais, ou na simbologia psicanalítica da sexualidade que os comentadores de cartilha no lugar do discernimento tentavam desesperadamente pôr em evidência. A escravização ao(s) fetichismo(s), estando lá, também não me convencia, por ser literalidade em demasia contraposta aos desbravamentos quase imaginários que antes referi.
Afinal, o que há de grande no filme é precisamente o desmentido da liberdade própria teorizada, fosse a dos desejos, por um Fernando Rey cuja personagem não podia já fisicamente o que apregoava, fosse na da escolha sempre realizável, por Deneuve enunciada quanto às colunas e afinal desmentida pela amputação e confinação ao corruptor a que momentaneamente preferira outro, de acordo com os próprios postulados libertinos que o primeiro lhe ditara.
E não será essa uma nada descartável confissão da impotência surrealista, subvertendo a racionalidade, mas obrigada ao jugo das interpretações que insistem em relacionar os elementos que quereriam soltar-se?

7 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
O Réprobo disse...

Meu Caro Filomeno,
sonhamos sempre para as Estrelas que mais nos atraem o olhar... os papéis de sonho!
Abraço

Anónimo disse...

Amigo Réprobo: cabe resaltar el gran mérito de Don Luis Buñuel, al conseguir "transformar" a la "superfrancesa" Deneuve en una señorita española de provincias; en efecto, en esta pelicula tiene "cara de española", de española rubia.........Ab.

O Réprobo disse...

Meu Caro Filomeno,
terá sido ajudado pela consistência pormenorizada do texto de Perez Galdos em que muito livremente se terá inspirado? Pergunto porque não conheço o escrito...
Ab.

Anónimo disse...

Amigo Réprobo: tampoco he leído "Tristana" del gran escritor canario. Es posible que el cultísimo Réprobo haya leído los "Episodios Nacionales" de Galdós. Por cierto, anécdota de Fernando Rey rodando French Connection en barrio problemático de Nueva York, necesitaba protección policial para poder rodar, el Comisario del Distrito, un tipo alto y elegante, era, también.....¡gallego!.......
Ab.

O Réprobo disse...

O contrário de um Zelig, portanto, considerando o meio, subsidiário do Bronx...
Abraço, Meu Caro Filomeno

Anónimo disse...
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