segunda-feira, 17 de março de 2008

Hoje Somos Todos Verdes

É a nossa gulodice que quer sorte sempre que se encontra trevo de quatro folhas, ou pote de ouro no fim do Arco-Íris, com um duende vestido de sapateitro, Leprechaun, a ter de entregá-lo. A verdade é que essas superstições, provenientes do folclore Irlandês, apenas estabeleciam tais conexões no dia de São Patrício, o Patrono da Ilha. Que é hoje, 17 de Março. Se não aproveitaram... só para o ano. E é preciso fecharem os olhos, fingindo que são Irlandeses, para verem um ou outro.
Mas será legítimo associar um grande vulto da Igreja a crenças de extracção pagã?

No caso do Evangelizador da Irlanda, não tem dúvida: Ele próprio transferiu para o culto cristão os fogos sagrados da anterior civilização politeísta do belo País, bem como o culto do Sol, fundido na Cruz Céltica.
A lenda mais tardia que Lhe imputa a expulsão de todas as cobras da verdejante Terra, fazendo-as afogar-se no mar, visaria dar ideia da força do Santo, capaz de vencer o Mal, simbolizado pelo animal rastejante e sinuoso que tentou Eva.
Como os tempos são outros, o emparceiramento passou a ser o grande émulo do vil metal na motivação dos homens; e, talvez por isso, a erradicação da maldade passou para segundo plano. Com efeito, diz outra história que o famoso Ladies´Privilege, a faculdade tradicional conferida ás Mulheres de tomarem a iniciativa da declaração amorosa, todos os dias 29 de Fevereiro, teria tido origem numa reclamação posta ao nosso Canonizado Amigo por Santa Brízida, queixando-se da condenação do Belíssimo Sexo à inactividade no campo. Compadecido, o Interlocutor teria concedido a prerrogativa de sete em sete anos, ao que a Advogada Delas haveria regateado para um prazo de quatro em quatro.
É bem verdade que, com o passar do Tempo, 29 de Fevereiro, neste sentido, passou a ser quando uma Mulher quiser. Inclinemo-nos perante uma inegável evolução de costumes.

Que era um Santo Poderoso, não tem dúvida. Até aos anos da década de 1970´s o Governo Irlandês conseguiu manter os pubs fechados no dia Dele. E se naquela Nação isso é obra, Senhores!
No fim de contas, será uma tentativa de os Amigos daquela Nacionalidade tão simpática se fazerem aceitar tão bem como o fizeram a um Pregador da Grã-Bretanha romana que espalhou a Mensagem da Salvação. Por isso digo que prezá-los é corresponder a um merecimento.

7 comentários:

Anónimo disse...

Aaah!
Isso é que é post! Assim, sim!
Quanta coisa e mais alguma, além do *wit* todo especial que o querido Réprobo possui;-)

Já agora, deixando passar o 29 de fevereiro - :)), o trevo de 4 folhas dar sorte não sabia que vinha daí.

Eu confesso, prefiro o trevo ao Pote de ouro. Acredita?

Obrigada por tanta informação e com leveza e bom humor.
beijos
M.

O Réprobo disse...

Obrigadíssimo, sou eu, Querida Meg, pela aprovação e por avivar o postalito.

E claro que concordo Consigo, a Sorte que o trevo dará é muitas vezes mais importante do que o eterno motivo da cegueira humana, o qual, em muitos casos, será mais azar do que felicidade.
Beijinho

ana v. disse...

Ah, meu amigo Paulo, mas o que foi que fizeram sempre todas as religiões se não anular, substituindo por outros, os símbolos, lugares e datas daquela que vigorava antes?
E deixe que lhe diga que não vejo onde está o monoteismo da religião católica (que é a minha, note-se)... Se assim fosse, não existiria esta profusão de santos e santas, todos com atribuições específicas, afinal de contas iguaizinhos aos deuses menores das mitogias clássicas... ou não será assim?
Um beijinho

ana v. disse...

mitologias

O Réprobo disse...

Querida Ana,
essa é uma diferença fundamental do Catolicismo, que adaptou `»a verdade Única na Trindade apreensível as inclinações naturais e as formas cultuais herdadas das populações. Ao contrário dos protesttantismos, ou de religiões não-Cristãs (nem todas, lembremos os Cao Dai), as quais intolerantemente tentaram arrasar tudo o que cheirasse a pluralidade.
Beijinho

ana v. disse...

Não posso concordar consigo, querido Paulo, a não ser em que o Catolicismo o fez (quase sempre, mas nem sempre) de maneira mais pacífica e subtil. Até porque revela inteligência não arrasar tudo cegamente, antes "integrar", como sugere. Pura estratégia, meu caro. Mas estamos a falar de um tempo em que as novas religiões tinham que conquistar o seu espaço. Hoje em dia, concordo que pode falar-se de um pluralismo saudável na Igreja Católica, (apesar das vozes mais resistentes), por comparação com outras religiões.

O Réprobo disse...

Querida Ana,
uma Religião naturalmente que não pode abdicar do que considera a Verdade. Mas doutrinando acerca dela, nuns casos respeita as práticas que não sejam incompatíveis com o mais fundo de si. Se é estratégia, viva tal estratégia. Noutros, falei em Protestantismos, mas poderia ter mencionado igualmente os Imperadores Iconoclastas de Bizâncio, o estratagema é arrasar o que não encaixa na letra. E a isto não posso deitar vivas.
Mas claro que sou parcial.
Beijinho