quinta-feira, 13 de março de 2008

O Pomo da Discórdia

Banana Girl, de Linda ReidHá grandes empresas que não têm emenda. A que comercializa a marca Chiquita confessou em tribunal haver untado a pata de milícias partidárias de ambos os lados no conflito colombiano, entre as quais as FARC, hoje na berra pelos raptos, assassínios e ligações ao narcotráfico. Depois do papel tristemente célebre da United Fruit na Guerra das Bananas que teve lugar na América Central, verifica-se uma degradação do estatuto dos beneficiários das subvenções, no cone Sul do Continente.
O que me faz pensar na injustiça de confundir a maçã com o metal precioso, através dos mitológicos pomos de ouro. A menos que a palavra maçã passe a ser uma imagem da conflitualidade e da desordem.
Teria assim razão, apesar da mensagem de Esperança na Salvação, o Padre João de Sousa Ferreira, na «America Abreviada», de 1693, ao defender que o fruto dado pela cobra a Eva, e que acabou por perder a Espécie, não seria o habitualmente indicado, mas o preferido pelos macacos. Oiçamo-lo.
Com mysterio se tem esta fructa (a banana) pela com que peccou Adão: porque cada folha basta para cobrir um homem; e pela cruz que mostra, cortando-se pelo meio, como para signal do instrumento em que havia de ser redimida aquella culpa.

4 comentários:

Anónimo disse...

Que rica reflexão. A sério!

E Linda Reid, de cereteza inspirou-se em Carmen Miranda.

Deixo ao Réprobo a expressão do meu assombro.
E, claro, um beijinho.
M.

O Réprobo disse...

Querida Meg,
Obrigadíssimo! Também achei algum interesse na inovadora versão. E como queria alijar da maçã, por ser a fruta escolhida pela nossa Amiga Ana Vidal, a carga negativa...

Sim, lembra muito o estilo esfuziante da Carmen. Até parece que a oiço cantar «O que é que a BANANA tem?».
Beijinho muito grato

ana v. disse...

"Chiquita Banana, lá da Martinica...", não era assim a canção?
Ficamos a saber onde era, afinal de contas, o Eden do pecado original. Bela descoberta, meu amigo!
E agora que tirou toda a carga negativa do meu espelho em versão de vitamina (e lá se foi com ela o erotismo, perverso mas essencial ao conjunto...) vejo-me impossibilitada de tecer considerações e analogias sobre o substituto que lhe arranjaram. Digo só isto: se uma maça, redondinha e inofensiva, arranjou toda a complicação que se seguiu, imagine-se então uma banana, com as suas inúmeras possibilidades de pecado...
Um beijinho para si e outro para "Mamãe Noel", que gosto muito de encontrar por aqui.

O Réprobo disse...

Imagine então a minha alegria em ser frequentado por uma Versão de Saias e Tropical do Presenteador da Lapónia!
Quanto às maçãs, espelhos e outras coisas mais, vou optar por postal dedicado, não devemos ceder a co-incenerações.
Beijinho