quinta-feira, 13 de março de 2008

Kipling Versus Kipling

Convido todos os meus Leitores a deliciarem-se com a tradução belíssima que a Once In a While fez do «If», de Kipling, poema empolgante entre todos, caso inexistisse a própria prevenção que encerra.
Se fosse possível manter sempre a observância correspondente... se cá nevasse, fazia-se cá ski, não rezava assim uma canção da minha juventude?
Tanbém o reverso do Autor atingiu a genialidade, com reconhecimento e tributo onde no outro estava receita de suficiência e de dever de deixar a pele. Senhoras e Cavalheiros, a fala do superior militar em face do valor e sacrifício do auxiliar nativo e simples de um recanto do Império,
You may talk o' gin an' beer
When you're quartered safe out 'ere,
An' you're sent to penny-fights an' Aldershot it;
But if it comes to slaughter
You will do your work on water, 5
An' you'll lick the bloomin' boots of 'im that's got it.
Now in Injia's sunny clime,
Where I used to spend my time
A-servin' of 'Er Majesty the Queen,
Of all them black-faced crew 10
The finest man I knew
Was our regimental bhisti, Gunga Din.

It was "Din! Din! Din!
You limping lump o' brick-dust, Gunga Din!
Hi! slippy hitherao! 15
Water, get it! Panee lao!
You squidgy-nosed old idol, Gunga Din!"

The uniform 'e wore
Was nothin' much before,
An' rather less than 'arf o' that be'ind, 20
For a twisty piece o' rag
An' a goatskin water-bag
Was all the field-equipment 'e could find.
When the sweatin' troop-train lay
In a sidin' through the day, 25
Where the 'eat would make your bloomin' eyebrows crawl,
We shouted "Harry By!"
Till our throats were bricky-dry,
Then we wopped 'im 'cause 'e couldn't serve us all.

It was "Din! Din! Din! 30
You 'eathen, where the mischief 'ave you been?
You put some juldee in it,
Or I'll marrow you this minute,
If you don't fill up my helmet, Gunga Din!"

'E would dot an' carry one 35
Till the longest day was done,
An' 'e didn't seem to know the use o' fear.
If we charged or broke or cut,
You could bet your bloomin' nut,
'E'd be waitin' fifty paces right flank rear. 40
With 'is mussick on 'is back,
'E would skip with our attack,
An' watch us till the bugles made "Retire."
An' for all 'is dirty 'ide,
'E was white, clear white, inside 45
When 'e went to tend the wounded under fire!

It was "Din! Din! Din!"
With the bullets kickin' dust-spots on the green.
When the cartridges ran out,
You could 'ear the front-files shout: 50
"Hi! ammunition-mules an' Gunga Din!"

I sha'n't forgit the night
When I dropped be'ind the fight
With a bullet where my belt-plate should 'a' been.
I was chokin' mad with thirst, 55
An' the man that spied me first
Was our good old grinnin', gruntin' Gunga Din.

'E lifted up my 'ead,
An' 'e plugged me where I bled,
An' 'e guv me 'arf-a-pint o' water—green; 60
It was crawlin' an' it stunk,
But of all the drinks I've drunk,
I'm gratefullest to one from Gunga Din.

It was "Din! Din! Din!
'Ere's a beggar with a bullet through 'is spleen; 65
'E's chawin' up the ground an' 'e's kickin' all around:
For Gawd's sake, git the water, Gunga Din!"

'E carried me away
To where a dooli lay,
An' a bullet come an' drilled the beggar clean. 70
'E put me safe inside,
An' just before 'e died:
"I 'ope you liked your drink," sez Gunga Din.
So I'll meet 'im later on
In the place where 'e is gone— 75
Where it's always double drill and no canteen;
'E'll be squattin' on the coals
Givin' drink to pore damned souls,
An' I'll get a swig in Hell from Gunga Din!

Din! Din! Din! 80
You Lazarushian-leather Gunga Din!
Tho' I've belted you an' flayed you,
By the livin' Gawd that made you,
You're a better man than I am, Gunga Din!


Acrescento em 1/4/2008: Quem queira consultar as versões alternativas que a Maria nos trouxe pode lê-las aqui.

8 comentários:

ana v. disse...

Já lá fui espreitar. Óptima tradução, de facto.
Venho lá de baixo, ainda comovida com a sua preocupação em livrar-me de maldições. "You're a better man than I am, dear Réprobo!"

Um beijinho

CPrice disse...

:)

O Réprobo disse...

Not at all, Dear Ana, apenas faço parte do departamento de inspecção a presentes envenenados, a criar pela ASAE.
Beijinho

O Réprobo disse...

Ainda bem, Querida Once, ficámos com muito a agradecer-Lhe.
Beijinho

Anónimo disse...

Poema emocionante e sublime. A meio da leitura já as lágrimas me corriam pela face, irreprimíveis. De facto não há palavras para tanta beleza posta num simples poema, glorificando a abnegação e grandeza de alma de um humilde entre os humildes.

O Paulo conhece a tradução directamente do francês, do belíssimo IF por Fernando Mayer Garção (já de si uma adaptação francesa por André Maurois)? Acho-a absolutamente impecável. O original é incomparável, claro, mas na minha humilde opinião este poema é belíssimo por igual em qualquer das três línguas. E é realmente de difícil tradução. A 'Once' está de parabéns, portanto.
Cumprimentos Paulo e por mim agradeço-lhe a transcrição deste lindíssimo 'Gunga Din'.

Maria

O Réprobo disse...

Querida Maria, não, não conheço essa versão. Amei muito ambos os poemas, na língua em que foram escritos; e onde o outro receita a afirmação sem embriaguez de si, este vem dar-nos outra faceta do crescimento de cada um - a da abertura ao reconhecimento do mérito alheio, mesmo que faça sobressair as injustiças de que, no que lhe toca, fomos capazes.
Beijinho

Anónimo disse...

Obrigada pela resposta, Paulo. Se fôr caso disso, isto é, se interessar a alguém, posso deixar aqui o IF em francês, adaptação de André Maurois. Bem como a tradução para português desta versão francesa, por Fernando Mayer Garção. Como disse, são duas pequenas maravilhas.

Paulo, eu não visito os Blogues todos os dias, o seu e alguns outros meus preferidos, simplesmente porque não tenho tempo. Se eu não lhe agradecer de imediato ou não responder de seguida a alguma pergunta que me faça, por favor desculpe-me.
Com efeito só agora, depois de escrever este, é que vou espreitar os comentários relativos à Sharon Stone, porque deixei lá um segundo comentário um dia destes e quero ver se o Paulo deu por ele e ler a sua eventual resposta.

Maria

O Réprobo disse...

Querida Maria,
pois se quiser deixar essas versões, serão certamente contributos de tomo.
E venha quando vier, a Presença da Maria é sempre muito querida nesta pobre casa.
Beijinho grato