terça-feira, 10 de junho de 2008

Perplexidades

Um cidadão japonês, por se descobrir cansado do Mundo, desatou à facada aos passantes, em vez de a espetar no próprio coração, como seria mais lógico, visto que, assim, continuou por cá e não é crível que alimentasse a ilusão de conseguir esfaquear o planeta inteiro. Tudo poderia ter sido evitado, caso lhe houvessem ofertado este equivalente de punching-ball para gumes aguçados...

O 24 Horas ficou bambo por o Professor do nome pedir enormidades de tempo e dinheiro para os livrar do mau olhado! Eis-nos sem perceber as razões da queixa. Ou não acreditam que essa maldição exista e extingue-se o objecto da possível responsabilidade do mago, ou acreditam; e então terão de provar que a dita persiste, ou seja, que o profissional africano não foi eficaz, por culpa reconhecível. Claro que, para quem não seja adepto de interpretações primárias, o factor prejudicial pode ser tido como clasificação da clientela. E aí só uma mudança da linha editorial para atrair melhores olhares.

O Prof. Cavaco pilotando o Gil Eanes: Só anos depois de ter largado a condução do País vê reconhecido o estatuto de Homem do Leme!!!

O BE pede explicações por o Presidente da República haver empregue a expressão Dia da Raça. Ninguém, nem os necessitados de explicações, se atreveu a dizer que o Estado Novo alguma vez desenvolveu animosidades raciais, pelo contrário, o supra-racialismo do discurso é acusado amiúde de ter servido para um integracionismo que os críticos redutores tentam dar como mera cosmética do colonialismo herdado dos sistemas liberais anteriores. Fica pois a sensação de que é muito escasso o pano da acusação "de ser uma forma de designar do anterior regime". O que sobressai é que o Orgulho, para essa gente, só pode ter por base uma minoria sexual barulhenta, jamais um factor de unidade alargado.

13 comentários:

Anónimo disse...

Saberá essa gente, ao certo, o que é o orgulho, Caro Réprobo? Creio que foi até benevolente na sua especulação, meu Caro.
Um abraço.

O Réprobo disse...

Obrigado, Caríssimo Mike. Com efeito, a obsessão da qualidade fracturante que esta gente evidencia, sempre à cata do que possa corroer o edifício social, leva-me a pensar se não confundirão o orgulho que lhes é caro com o gorgulho...
Abraço

ana v. disse...

Ena, Paulo, que fôlego! O almoço fez-lhe bem, inspirou-o para a escrita...

Bjs

PS: Quantos foram os livros comprados na feira, afinal?

O Réprobo disse...

Perdi-lhes a comta, Ana. E perdi um deles, no caminho. Por acaso não ficou no carro?
Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

só coisas horrorosas que a gente lê nos jornais...

o melhor realmente é esquecer com um bom repasto em boa companhia!
E afogarmo-nos em livros, muitos livros.
beijinho, Paulo!

ana v. disse...

Afogar-se em livros não é metáfora no caso do Paulo, Júlia. Fui com ele à feira do livro e parecia uma criança numa loja de gelados... comprou metade da feira!

Paulo, não sei se ficou algum no carro. Procuro amanhã e depois digo-lhe.

Anónimo disse...

"O BE pede explicações por o Presidente da República haver empregue a expressão Dia da Raça."

De facto, esta só lembraria aos berloquistas...Mais um "isco" lançado ao PS...Felizmente, parece que este, por uma vez, não lhes passou cartão!

Ab

Anónimo disse...

Suas notícias recortadas e comentadas são ótimas.
O mundo bizarro ajuda...

Abraço, querido réprobo!

marilia

aindapodiaserpior.blogspot.com

O Réprobo disse...

Ah sim, Querida Júlia, os livros são também refúgio contra a intrusão das desgraças do Presente. Não é que não falem das do Passado, mas como a ida à estante e a abertura de um é controlo muito mais dependente da vontade do que o prejudicado pela hipnotização frente aos diários e noticiários...
Beijinho

O Réprobo disse...

Obrigado, Querida Ana. E não exageremos: não viu um dos Livreiros, admirado por eu este ano lá ter ido tão pouco?
Beijinho

O Réprobo disse...

Meu Caro TSantos,
aquela malta, tudo o que seja cindir, quebrar coesões, vê-o como momentos culminantes. É o Viagra deles!
Abraço

Luísa A. disse...

Também acho desproporcionado o protesto contra a palavra «raça», meu caro Réprobo. Não gosto particularmente dela, mas pareceu-me claramente empregue como referência à «força» de um povo. É sempre um pouco irritante ver a exaltação com que essa gente reage a símbolos e abstracções, no confronto com a apatia que revela perante certas cruas realidades.

O Réprobo disse...

Querida Luísa,
ninguém chegou ao ponto de falar em racismo, no sentido corrente, a propósito deste incidente que é apenas pó. Ficaram-se pela anatematização da linguagem do anterior regime, o que é uma promoção do Prof. Cavaco que não é apetecida nem merecida pelo próprio,para além do alinhamento inqualificável do Dr. Paulo Portas, o qual tentou desvalorizar a questão da maneira que prejudica, dizendo ter-se tratado de um engano.
Beijinho