quinta-feira, 19 de junho de 2008

Tirania ao Espelho


Tenho andado de sonos prejudicados, ao longo dos últimos três ou quatro dias, por me não conseguir lembrar de que personagem histórico a insistência deste mutante me fazia lembrar. Hoje achei: era Heliógabalo, que também se cansou de ser homem e fez a operação que, achava ele, o transformaria em Mulher, proclamando-o por decreto imperial e nessa qualidade casando com Hierocles, uma espécie de escravizado motorista da época, pois que conduzia quadrigas de competição no circo. Deixemos de parte a triste concepção que faz de um Ser tão maravilhoso como cada concretização do Eterno Feminino algo acessível ao primeiro maganão decidido a um corte radical com o Passado. Convém é nunca permitir que esta categoria de indivíduos venha a deter o mando, ou a melguice atormentadora de repartições do transformista luso-canadiano ganhará as asas de norma que a todos nos tiranize.

Mas vi mais, a presença do monstruoso senhor do Império ressuscitou noutros dois pontos - na criação de um paralelo Senado só para Mulheres, o que me parece indiscutível fonte de inspiração da Lei da Paridade que instituiu quotas nas listas para a Assembleia da República. E o episódio da sufocação com rosas dos convivas, algo que, simbólica mas alargadamente, se vai incrementando no Portugal do Sr. Sócrates.
Ilustro a pretensa e pretensiosa feminilização e o afogamento floral com desenho de Martial Raysse e pintura de Alma-Tadema, respectivamente.

2 comentários:

Beatriz disse...

Rép, total show de texto. Bem lembrado. e qto ao final concordo com vc : cada vez mais detesto minoria oprimida
Atraso, back to barbárie.
mille baci

O Réprobo disse...

Obrigado, Querida Bea, o Heliogábalo dá para estas passadas... imperiais, mesmo estanto por cá nós muito tristinhos com a eliminação de Portugal do Campeonato Europeu.
O episódop ajuda a equilibrar Bécaud, fazendo ver que a rosa nem sempre é o importante, depende da própria natureza e do emprego que lhe derem.
Beijinho