quinta-feira, 7 de junho de 2007

Da Vita et Moribus

Quem me conhece sabe bem o quanto desejo o fim do que resta do poder dos Taliban no Afeganistão, bem qual o grau de reprovação que me inspira a captura de reféns, expediente ignóbil que não merece a listagem entre as modalidades de combate lícitas a qualquer espírito digno. Posto o que tenho de lamentar que o corpo de um combatente, o do talibânico comandante Dadullah, seja usado como moeda de troca por inocentes aprisionados pelos seus sequazes. Por muito oportuna que tenha parecido na ocasião esta permuta, os restos mortais de um homem, qualquer que seja, devem ser entregues, sem condições, à família, para que os possa honrar. Estou à vontade, pois expressei exactamente a mesma opinião quando os cadáveres de dois militares israelitas foram dados em compensação de prisioneiros palestinianos.
Sempre me impressionou grandemente a súplica de Príamo a Aquiles para que lhe entregasse o corpo do filho, Heitor, episódio aqui pintado por Gavin Hamilton. Ao menos, para alívio de todos os que vemos na Ilíada a acabada consagração da Grandeza, o implorado, depois do desvairo vingativo que o fez arrastar a carcaça do inimigo, não juntou à cólera o ódio da recusa idefinidamente prolongada. Homero, como a história, dá lições. Pena que não se atente nelas.

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