Invulgar a Qualquer Preço?
.................................A. Huxley por Bachardy
Leitura do artigo de Aldous Huxley «A Vulgaridade na Literatura e na Vida». Se há caso de alguém com envergadura intelectual a quem a erudição tenha prejudicado, muito por roubar ao humor outro espaço que não o da tentativa não-consumada, esse é o autor do «Admirável Mundo Novo». Neste escrito parte da inconveniência aceite no começo do Século XIX em o Artista "falar de lenços de assoar", para assimilar essa prescrição ao Classicismo, logo determinado pela negação paramaniqueísta do corpóreo, como subalterno, chegando à concepção de que era uma manifestação do Espírito Clássico e de um ideal de unificação, posto em causa pelo plano físico que distinguiria cada indivíduo, consistindo assim numa arte comparativamente fácil, na medida em que amalgamava.
A meu ver, de tanto tentar penetrar as essências, perdeu de vista o Essencial. No começo do Século XIX a influência dominante não era a Clássica, mas a Romântica, que, essa sim, cindia Corpo e Alma, contorcendo-se na adoração e inatingibilidade desta. Mas claro que o Romantismo não serviria à tese huxleyana, porque a distinção que fazia entre cada Ser de Eleição era a mais radical que alguma vez foi tentada, ao ponto de apenas exergar o pormenor único em cada interior. Acresce que o Classicismo não era maniqueu, antes comungava do sentimento de absurdidade de cindir no humano o espiritual e a sua extensão, coerentemente com a Tradição Ocidental, fosse a do monismo Pré-Socrático, ou a do Catolicismo reabilitante da Carne, pela sacralidade do Matrimónio, a Ressurreição Final dos Homens e a Encarnação. Se se abstivera de incidir sobre a parte menos limpa da Espécie fora pelo sentimento de perda de tempo, não por sublimação, a qual existiu, mas lhe foi posterior. Ironia das ironias, o advento do Naturalismo, escalpelizador das excrescências e dejecções, viria a encontrar o seu objecto, esse sim, naquilo que está presente em todos os homens, no que os iguala e mais material não pode ser.
Como uma intuição certeira, por intelectualismo deformada, conduz a conclusões absurdas.
Leitura do artigo de Aldous Huxley «A Vulgaridade na Literatura e na Vida». Se há caso de alguém com envergadura intelectual a quem a erudição tenha prejudicado, muito por roubar ao humor outro espaço que não o da tentativa não-consumada, esse é o autor do «Admirável Mundo Novo». Neste escrito parte da inconveniência aceite no começo do Século XIX em o Artista "falar de lenços de assoar", para assimilar essa prescrição ao Classicismo, logo determinado pela negação paramaniqueísta do corpóreo, como subalterno, chegando à concepção de que era uma manifestação do Espírito Clássico e de um ideal de unificação, posto em causa pelo plano físico que distinguiria cada indivíduo, consistindo assim numa arte comparativamente fácil, na medida em que amalgamava.A meu ver, de tanto tentar penetrar as essências, perdeu de vista o Essencial. No começo do Século XIX a influência dominante não era a Clássica, mas a Romântica, que, essa sim, cindia Corpo e Alma, contorcendo-se na adoração e inatingibilidade desta. Mas claro que o Romantismo não serviria à tese huxleyana, porque a distinção que fazia entre cada Ser de Eleição era a mais radical que alguma vez foi tentada, ao ponto de apenas exergar o pormenor único em cada interior. Acresce que o Classicismo não era maniqueu, antes comungava do sentimento de absurdidade de cindir no humano o espiritual e a sua extensão, coerentemente com a Tradição Ocidental, fosse a do monismo Pré-Socrático, ou a do Catolicismo reabilitante da Carne, pela sacralidade do Matrimónio, a Ressurreição Final dos Homens e a Encarnação. Se se abstivera de incidir sobre a parte menos limpa da Espécie fora pelo sentimento de perda de tempo, não por sublimação, a qual existiu, mas lhe foi posterior. Ironia das ironias, o advento do Naturalismo, escalpelizador das excrescências e dejecções, viria a encontrar o seu objecto, esse sim, naquilo que está presente em todos os homens, no que os iguala e mais material não pode ser.
Como uma intuição certeira, por intelectualismo deformada, conduz a conclusões absurdas.

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