terça-feira, 15 de julho de 2008

Caminho das Estrelas

Sou e quero continuar a ser absolutamente estranho à adoração da eficiência do sector privado como base de transposição para a intervenção pública. Estruturar um partido como uma empresa, com consultorias e assessorias profissionalizadas em nome de maior rendimento é, a meus olhos, um tropeção mais, impedindo de prosseguir o caminho de disponibilidade e sacrifício, como de fé, que o Serviço Público deve exigir. Se as propostas e posições de uma organização que disputa o poder passam a ser elaboradas por especialistas assalariados, em vez de resultarem, ao menos aparentemente, da carolice de crentes, depressa derruirão as últimas paliçadas contra a identificação que, no imaginário popular, entre partidos e empresas vai vingando: ambos se moverem pelo lucro próprio contra o interesse dos outros.
Não é por fazer o homem comum ver as estrelas, as contratadas e as resultantes deste choque, que uma alternativa de poder ganha o estatuto de nave espacial. A Enterprise só o era de nome.

4 comentários:

Cristina Ribeiro disse...

Só para lhe deixar um beijo, Paulo.
Tenho de me ausentar por um tempo.

O Réprobo disse...

Volte depressa, Querida Cristina.
Outro

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo:

Muito bem visto. A «empresa» e a «mentalidade empresarial» tornaram-se numa praga que infesta a sociedade e destrói tudo o que nela há de humano - e portanto de Divino, pois a Humanidade é Criação de Deus.
E tudo em nome do lucro diabólico, que nada cria, pois é estéril na essência, como afirmava Aristóteles. É mesmo a «corte de Lúcifer», sobre a qual escreveu Otto Rahn...

Grande abraço.

O Réprobo disse...

Meu Caro Carlos Portugal,
esta gente não mete na cabeça que os critérios de competência do Privado para o Público diferem abissalmente. E que a própria porosidade entre ambos, como passou a dizer-se e fazer-se, está longe de ser benfazeja. Mal de nós quando a prestação eficiente passa por cima das convicções. Mas como na política portuguesa estas começam a rarear, é natural que o próprio conceito delas seja subvalorizado.
Abraço