Em Redor da Maluquinha
Num dia 20 de Novembro chegaram à fronteira portuguesa os exércitos napoleónicos invasores de Junot. Cabe remeter Vossas Excelências para a pertinentíssima questão de saber o que se quer comemorar, posta com mestria pelo JCA no Anarcoconservador.
Eu alvitro que seja o pânico aqui retratado nos moradores de Arroios, que, à época, no respectivo largo, fugiam dos ocupantes.
Eu alvitro que seja o pânico aqui retratado nos moradores de Arroios, que, à época, no respectivo largo, fugiam dos ocupantes.
Mas esta vontade de celebrar a infelicidade histórica, em vez dos momentos de glória, pode ter efeito amplificador e não de vacina. Como sabe quem tenha visto «Peeping Tom/A Vítima do Medo», de Michael Powell, não há nada mais atemorizador do que o príprio medo.
É assim terreno fértil para a obliteração de todas as energias propensas à resistência a agressões, as quais têm infausto precedente na corte de propagandistas, ao nível pictórico, inclusivé, que engrossaram o núcleo de serventuários das ambições do Andoche em tornar-se Rei de Portugal.
16 comentários:
Caríssimo Amigo:
Realmente, fico sem perceber quem são os masoquistas - ou traidores de outras bandas - que quererão comemorar uma derrota, uma humilhação. Talvez lhes saiba bem repisarem a invasão do nosso País, na antecipação - que espero totalmente irrealizável- de outra futura invasão ou anschluss...
Mas a nós, amantes da Pátria que nos serviu de berço, tal «comemoração» é uma afronta. O facto de estarmos (perdoe-me o «nós», mas creio que o Caríssimo também partilhará desters sentimentos) contra o desgoverno respublicano que anda a destruir a nossa Pátria não implica que desejemos ser invadidos por uma potência estrangeira para nos vermos livres destes bárbaros. Tanto mais que tudo indica que estes desgovernantes estão a soldo da potência (neste caso uma oligarquia) que deseja a nossa aniquilação como entidade Nacional e como Povo.
Daí talvez a tentativa de forçar «comemorações» deste jaez.
Um grande abraço.
Então tem lá dúvida, Meu Caro Carlos Portugal? Tenho muita honra em partilhar um pronome plural com o Meu Caríssimo Amigo. E nesta maréria, ainda mais, se possível.
Ainda se eles tivessem tido o cuidado de comemorar a sobrevivência difícil, durante a ocupação e latrocínio que os franceses por cá empreenderam... Agora, "As Invasões", não há pachorra. E, sim, o efeito pode ser continuar a desarmar a nossa resistência. A desamar parece evidente que o é.
Abraço
O medo inquieta e fascina. Assim interpreto o Peeping Tom.
Quanto às invasões, foi um dos períodos mais interessantes (quanto a mim) da história portuguesa . Como ultrapassámos esse domínio e a adaptação da corte à vida no Brasil.
Lá está, um dos meus livros predilectos é o El-Rei Junot.
Acho que estas evocações celebram uma vitória nossa, por mais que tenha tido custos, bjs
A casa dos meus tios na Fronteira de Vilar Formoso foi tomada pelas tropas de Junot fizeram dela quartel general...
Em Amarante onde já vivi há muito memória da passagem deles. Saquearam, queimaram, um horror...
Sim. No entanto conseguimos ver-nos livres deles.
Estava a pensar naquela afirmação, que li hoje no DN, atribuída ao Gen. Franco, " os portugueses são muito cobardes".
http://dn.sapo.pt/2007/11/20/nacional/franco_achava_portugueses_cobardes.html
Bj
Querida T,
e gera mais medo, que era a tese do pai do protagonista, na Ciência; e do próprio, no crime.
Também leio com muita atenção. Sabia que o plano de fazer o Rei arrancar para o Brasil não foi, como se diz, congeminado na altura pelo representante Britânico, mas remontava ao tempo de D. Sebastião, para uma qualquer eventualidade futura?
Bjinho
Querida Júlia,
Amarante foi das regiões mais sofredoras, mas também onde houve um famoso episódio militar nosso, creio. E claro que a zona raiana foi quase transplantada para colecções da nova Gália...
Beijinho
Ideia interessante, onde a leu?
Não é atento é atentíssimo, isso eu sei. E memória de elefante:) Bj
Vou ver se desencanto a referência. E quanto à cobardia, Wellington, que nos comandou na altura e, como bom irlçandês não tinha paciência para bajulações, achava o contrário.
Bj.
Eu não nos acho cobardes. Salvo seja. Bj
pois foi, Paulo...
beijinho
ps- Que cobardes?? Franco já estava mais pra lá do que pra cá e já não sabia o que dizia
Peço desculpa pela desatenção. Mas quem é que quer comemorar as invasões?
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Sobre a passagem da corte para o Brasil, D. Luís da Cunha discorre sobre isso, consciente de ser coisa de visionário, dando porém (talvez) humildemente a original ideia ao seu avô. Aduz razões várias que se resumem neste passo: "que é mais cómodo e mais seguro estar onde se tem o que sobeja, que onde se espera o de que se carece." E premonitório conclui a dita "visão, dizendo a V. Sª [Marco Antº de Azevedo Coutinho] que, sem embargo de não ser já tempo de falar nela, pode vir algum (de que Deus nos livre), em que não seja mal pensada."
Enfim! A ideia de que Portugal pouco vale parece, de feito, tão enraizada que se funda inclusive nos espíritos mais brilhantes. (Estará a comemoração das invasões justificada em face deste espírito tão negativo?) Mas então alguém me explique porque tornam tantos os brasileiros para cá.
Cumpts.
Queridas T e Júlia
não éramos, embora os últimos 35 anos tenham feito regredir, sob esse ponto de vista.
Beijinhos a Ambas
Meu Caro Bic Laranja,
obrigadíssimo pela valorosa achega.
Quanto às comemorações, parece que, pelo menos, os Concelhos de Abrantes e Constância estão empenhados em recriar esses momentos memoráveis.
Abraço
concordo, Paulo...
bjinho
Ainda bem, querida Júlia, indício seguro de que estou certo.
Beijinho.
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