O X do Tesouro
Dia complicadote e absorvente, porém redimido por uma safra alfarrabística como há muito não me acontecia. Entre as aquisições, esta colectânea de depoimentos biográficos sobre Reinaldo Ferreira, o Reporter X, que me fez lembrar a T, por Ela lhe estar a visitar o legado jornalístico; e o RAA, porque um dos textos foi escrito por Ferreira de Castro. O achado é hoje uma raridade e, como o exemplar é dedicado pela Filha a um dos colaboradores, fico a interrogar-me se o Museu votado ao Autor de «A Selva» terá entre os seus haveres o correspondente.
Atirei-me logo à parte subscrita por Rocha Martins. Tinha lido no artigo que publicou à morte do Biografado, que entrara na posse de uma carta a si dirigida, cheia de confissões reveladoras:
Foi exactamente há três semanas que recebemos a sua última carta. Quando um dia a publicarmos - neste momento é impossível fazê-lo - ver-se-á um documento escrito com a queixa de um desespero sem par.
Pensei, por conseguinte, que tivesse a missiva integrado a obra colectiva que comprei. Mas o que lá vem é:
A carta dolorosa, aquele brado torturante, vou guardá-la para quando na minha vida topar alguma grande dor, mostrar aos que a sofreram outra muito maior: a de um homem de talento padecendo pelo seu sonho ante a realidade cruel do nosso tempo.
Mais um prejuízo causado pela velha superstição de que o mal dos outros consola. Saberá algum dos meus Eruditos Leitores informar sobre se esta mudança de intenção foi definitiva, ou se o famigerado objecto epistolográfico saiu em letra de forma nalgum sítio?
Atirei-me logo à parte subscrita por Rocha Martins. Tinha lido no artigo que publicou à morte do Biografado, que entrara na posse de uma carta a si dirigida, cheia de confissões reveladoras:
Foi exactamente há três semanas que recebemos a sua última carta. Quando um dia a publicarmos - neste momento é impossível fazê-lo - ver-se-á um documento escrito com a queixa de um desespero sem par.
Pensei, por conseguinte, que tivesse a missiva integrado a obra colectiva que comprei. Mas o que lá vem é:
A carta dolorosa, aquele brado torturante, vou guardá-la para quando na minha vida topar alguma grande dor, mostrar aos que a sofreram outra muito maior: a de um homem de talento padecendo pelo seu sonho ante a realidade cruel do nosso tempo.
Mais um prejuízo causado pela velha superstição de que o mal dos outros consola. Saberá algum dos meus Eruditos Leitores informar sobre se esta mudança de intenção foi definitiva, ou se o famigerado objecto epistolográfico saiu em letra de forma nalgum sítio?
Nota às 21.00: por esclarecimento da T "Irmã" que saíra no texto original, de acordo com a informação recebida na compra, foi substituída por "Filha".
34 comentários:
Sempre gostei muito do Reinaldo Ferreira, pai e filho.
O pai teve uma vida apaixonante. Vou ver, tenho várias coisas dele.
Bj
Bolas, o blogger tá instável nesta caixinha.
Repito:
Eduardo Sucena escreve o seguinte na sua biografia sobre o RX: Este livro podis ter sido publicado há 20 anos. Não o foi porque a filha de RF, D Yolanda Ferreira da Cruz (...) nos pediu então que omitíssemos o motivo que arrastara o pai para a morfinomania".
O texto do Ferreira de Castro conheço e é excelente e tenho-o noutro livro que não consigo encontrar.
Bj
Querida t,
também gosto muito da poesia do Filho. Como personagem o Pai era sensacional e este livro traz fotografias de que deve gostar. À medida que se proporcione irei postando.
Beijinho
Yolanda, Querida T, corresponde à assinatura. Seria então a Filha, ao contrário do que informou o livreiro.
Vou corrigir.
Bj.
Pelo que sei, era a filha mais velha, nascida em 1919, irmã do Reynaldo grande poeta e muito esquecido,que morreu precocemente em Moçambique.
Este livro que tenho aqui cita muito o que comprou.
Bj
E ainda haveria outro rebento, Edgar, que vem fotografado em criança.
Bjinho
Ele teve duas mulheres pelo menos. Ainda há um Osvaldo.
O Livreiro deve ter interpretado mal em nome dos irmãos que a D. Yolanda invoca.
Bj
Querida T,
sim, julgo que foi isso.
Tem as «Memórias de um Morfinómano...»? Ainda se lê bem.
Bj.
Tenho sim. E o Táxi nº 9297E as memórias.
Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira= o nosso amigo poeta-filho.
Bj
Ah, era Esse o Edgar da foto? Boa.
Bj.
Que bela caçada alfarrabística meu caro!
Era sim, bj
Obrigado pelo lembrete, meu caro. A carta, que eu saiba, não foi publicada. Mas deve ser mais um testemunho da triste penúria e miséria moral que foi o fim da vida do Reinaldo Ferreira, coitado, que voltou à morfina depois de ter esvrito as «Memórias de um Ex-Morfinómano»... (Deve estar no espólio do Rocha Martins, que está depositado,creio eu, lá para A Voz do Operário).
Nesta fase surgem duas mulheres a agradecer as colaborações e a ajuda dos amigos: Iolanda (filha) e Amélia (mãe). A mulher deixara-o, o que terá levado à recidiva do X. Aliás no livro que tem a T, que penso ser a mesma edição que eu tenho, da década de 70, da Arcádia, quando a Natália Correia era directora literária da casa, (no livro) reproduz-se uma carta (carta esplêndida, T...)do Ferreira de Castro à Natália em que esse drama passional do seu grande e velho e malogrado amigo é aludido.
Já agora: o texto do Castro é excepcional; e o do Mário Domingues, o organizador d'«O Livro do Repórter X», é também muito bom e informativo.
Abraços.
Exactamente caro RAA: "E Reinaldo que tanto desejara esquecer, ficou esquecido ainda em vida".
Um abraço
Obrigado, Meu Caro Capitão-Mor,
fiquei todo contentinho...
Abraço
Obrigadíssimo, Caro RAA,
a ver se arranjo tempo para lá ir cuscuvilhar, a publicação seria de grande interesse.
Claro que o exemplar oferecido ao Castro está onde deve?
Abraço
Querida T,
caso para dizer que foi uma overdose...
Bj.
Meu Caro RAA,
"coscuvilhar" saiu "cuscuvilhar" na resposta que Te dei. Já nem sei se é dos "os", "is" e "us" do teclado estarem apagados, ou se tenho o inconsciente a suspirar por cuscuz...
Abraço
Com borrego, courgette e beringela é excelente.
Bj
Claro, claro, Irmão em Cristo, com ded. da filha Iolanda.
T: formidável não é?
Eu gosto de cuscuz, mas não suspiro por eles.
Obrigado a ambos. Vou jantar.
É Formidável sim:)
Eu suspiro quando os cozinho. Bom jantar!
Bj
Querida T,
então a tal jantarada é para...
Bj.
Meu Caro RAA,
óptimo, menos um. Ando a ver se descubro a quem teria sido dedicado este. Assim, exclui-se um concorrente.
Olha, comi um em Marrocos que me deixou em estado de climax!
Ab.
É para...suspense!
Gosto destas pausas narrativas, risos.
Bj
Ehehehehehehehe!
E temos de ver o próximo capítulo...
Bj.
Temos que alinhavar isso...
Bj
Leio com o estômago!
Bj.
E para que usa a visão?
Bj
Para Te Ver Melhor (fala do Lobo ao Capuchinho Vermelho).
Bj.
Quem tem medo do lobo mau?
Risos
Bj
Essa não se aplica, é dos três porquinhos...
...e pensava que tinha o lupino personagem dos Grimm na conta de bom...
Bj.
O senhor Réprobo é muito lembradeiro. No casoem questão é um mau bom E acho que o lobo devia ter comido aquela vara toda:)
Bj
Pois sou, é a minha costela elefantina.
Está claro, eles cantavam pior do que nós!
Bjinho
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