sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Exercício de Tolerância

Bordel de Lee Durbin
Bordéis legais são como as modas: numa estação vêm os que querem, noutra os que a odeiam. Em nome das razões mais díspares. Nestes dias tem vindo a lume a campanha do Dr. Pereira da Silva para legalizar a prostituição. Sou a favor, em nome do controlo sanitário, mas não partilho o optimismo do proponente, quanto à capacidade de a medida acabar com as que exercem o métier na rua. Haverá sempre as que, por não quererem complicações de espécie vária, para maximizarem ganhos, evitando despesas, ou por não arranjarem a colocação que lhes agrade, desenvolverão a actividade paralelamente. Mudar porquê, então? É que aquelas que se registarem serão de facto controladas, o que minorará os focos de risco.
No que acho que o pleiteador da causa está a ver mal é a defesa que faz da tributação destes comércios. O Fisco é a melhor maneira de, num país latino, impelir as concernidas a manterem a semi-clandestinidade. Em Portugal uns bons nove décimos dos cidadãos renegariam os progenitores, se daí adviessem poupanças fiscais capazes. Como se pode pensar que uma ocupação pouco considerada, embora muito procurada, procedesse diferentemente?
Duas notas ainda: legalizar não deve acarretar exageros como o belga, em que puseram, na Catedral onde esteve presente o corpo do Rei Balduíno, uma meretriz a fazer o elogio do monarca, entre três profissões escolhidas. O Rei é de todos e também delas, tendo, em vida, manifestado uma tocante preocupação pelas condições a que eram sujeitas. Mas isso não é motivo para fantasiarmos ser a oralidade em que as ditas se especializam a oratória...
Da mesma forma, convém preparar uns cacetes para os puritanos altissonantes que venham clamar contra a proximidade das casas de passe disto ou daquilo. Lembremos-lhes que não se trata da Prostituta da Babilónia, mas de rameiras muito menos diabólicas, que costumam ser vizinhas discretas e menos importunas que muito boa gente, a começar por esses incomodativos e apocalípticos moralistas.
E para terminar, sobre a convicção do Deputado Campos Ferreira de que hoje vai sendo difícil achar uma prostituta que seja portuguesa. É conhecido o afluxo das estrangeiras, mas não exageremos tanto. Como se pode querer representar um País que se desconhece?

4 comentários:

Flávio Santos disse...

A despropósito, duas notícias que seria interessante debater neste blogue:
http://www.israelnationalnews.com/News/News.aspx/124235
http://www.haaretz.com/hasen/pages/ShArt.jhtml?itemNo=487412&contrassID=2&subContrassID=5&sbSubContrassID=0&listSrc=Y&itemNo=487412
Abraço.

O Réprobo disse...

Vou ver do que se trata, Caríssimo.
Ab.

T disse...

Tenho duas casas dessas ao pé de mim.
A mim não me incomoda nada. Salvo quando os clientes não pagam a conta, ou se metem drogas duras ao caminho.
Bj

O Réprobo disse...

Querida T, como dizia um Velho Amigo, tentando convencer a Mulher, Que não gostava muito da coisa, "são os melhores vizinhos do mundo. Os outros vêm a todo o momento com barulhos, protestos e exigências". Estes só querem passar despercebidos...".
Bj.