O Génio Mau
A T fala aqui no "génio" de Marilyn. Referir-se-á à capacidade de entrar no imaginário - eis uma palavra mesmo a calhar para a série das odiadas pelo Pedro Correia - masculino e, por tabela nas apreciações femininas. Acho que, comparativamente, não tinha qualidades para tanto, mas em matéria de gostos cada um tem direito ao seu, respeito. A mim, irrita-me a cor do cabelo impossível, a voz de falsete, a incapacidade de olhar com profundidade para o outro do tipo que, reconheço-o, encarnou convincentemente no ecrã.
Mas o que me desagrada mais é a tentativa de se fazer passar por coisa diferente do que era. Aludo às tentativas de exibir-se como intelectual, fazendo-se fotografar a ler Joyce, pondo uns óculos grossos auto-proclamativos de cansativas leituras e semeando referências por tudo e por nada ao muito inteligente Miller com quem tinha casado. Só quem seja demasiado angélico pensará que um escritor mais velho procuraria no casamento uma fotocópia de si e não a sua parte de sucesso no Mundo em que os jovens cantores e atletas triunfam...
Mas o pior foi quando, ao filmar com Montand, quis armar ao pingarelho e mostrar que conhecia Descartes, falando do seu contracenante amor de então:
Francês, ele tem alguma coisa de Descartes (o Descartes de Franz Hals) nos olhos, alguma coisa da maneira clara como se exprime. Francês, ele tem ainda um pouco desse espírito que anima os romances de Colette. Pois não é verdade que ele adora os gatos e que esse amor pelos gatos é uma das grandes constantes da civilização francesa? Baudelaire, Montaigne, Lautréamont...
Ou seja, fisicamente, Montand, filho de imigrantes italianos, era francesíssimo. A clareza? Ui! Gosto de Montand, mas a leveza da sua postura em palco e na vida é a coisa mais contrária que conheço ao processo mental cartesiano. Restam os gatos. Não Se admirem os Leitores de que, amanhã, este blogue apareça redigido no idioma de Moliére... com esse critério só pode!
Eu tenho uma explicação: ela queria que o entrevistador pusesse em dúvida o seu conhecimento do Autor do «Discurso do Método». Não mordeu o peixe nessa ocasião, um outro acabou por o fazer, mais tarde. Noutra entrevista atribuiu ao grande Renato a frase a falta de senso é a coisa mais bem distribuída deste mundo, conseguindo que o interlocutor caísse na esparrela de perguntar superiormente quem ele era.
A resposta: um jornalista do século XVII que em vez de pôr em dúvida o saber dos outros tinha a modéstia de pôr em dúvida o seu próprio saber, o que nem sempre hoje em dia sucede. Tenho a certeza de que a frase foi preparada por outrem, para ser recitada por ela, na previsão de circunstância deste género. Querem saber porquê? Por causa do termo "jornalista". Nunca ela se teria iniciado a Descartes sob tal qualificação e considero impossível o salto de espírito numa pessoa sem a segurança de uma reputação anterior no campo.
Publicidade do inexistente, quando o que havia ainda hoje vende tão bem...
31 comentários:
Está bem, vou falar do que gosto na Marilyn. Bjs
Já está.
Bjs
Vou já ver. Eu sei que não é tema pacífico...
Bj.
A primeira vez que Yves Montan concorreu a um papel no cinema foi recusado. Quando perguntou o motivo foi-lhe dito que não era pela falta de talento propriamente dita mas sim pelo seu aspecto... Era feio, pouco atractivo e que nunca seria possível vê-lo a fazer uma cena romântica com ninguém, não havia o mínimo de sensualidade nele!
e eu concordo plenamente, Luar.
Montand só tem o charme que pode ter o "homem comum". Acho que foi por aí que lhe pegaram - o ser um homem feio.
Só que o homem comum só terá charme quando é objecto do amor de uma mulher, deixando, assim, de o ser.
pois mas a beleza não é tudo por exemplo o Erik Roberts (irmão da Júlia R) não é bonito mas tem charme!!!
O Sean Conery (em velho claro).
Bonito bonito é o Paul Newman foi e é!!!!
não conheço o irmão da JR.
Mas concordo com a avaliação dos outros dois. Gosto muito principalmente de Newman e aquela expressão dele de menino maroto ;-)
Querida Luar,
Passo dias a ouvir uma Amiga que o acha o protótipo do "feio charmoso". Parece que, nos primeiros tempos, uma certa brusquidão associada ao estivador que também foi causava um certo frisson nas Senhoras.
Beijinho
À Luar e à Júlia,
entretanto, o "homem ideal" mudou muito entre o das raparigas do tempo da minha Mãe e das minhas Tias e as de agora.
Os Robert Taylor, os Clark Gable, os Errol Flyn parece que nada dizem, hoje por hoje.
Nos inquéritos informais que faço às minhas Amiguinhas com vinte e poucos só um dos Antigos se aguenta: o Gary Cooper.
Beijinhos a Ambas
pois, os parâmetros já não são os mesmos.
e vale também ao falar-se em "mulher ideal.
beijinho
Isso é verdade, Querida Júlia. A Beatriz Costa, ou a Betty Grable, que tinham uma saída danada, hoje teriam vida bem mais difícil.
Para além das feições há uma verticalização dos penteados, parece-me...
Beijinho
Mas há mulheres que têm beleza intemporal como há homens que são atraentes em todas as épocas.
A Beatriz Costa nunca foi bonita em nenhuma época...
Importa talvez aqui referir que quantas vezes outros atributos são bem mais sedutores do que a beleza propriamente dita . Sobretudo, que beleza não é como muita gente julga, passaporte para a felicidade - às vezes até é um handicap.
Eu gosto da Marilyn porque foi o alvo fácil da maldade de muitos, pela inocência do olhar... qualidades, enfim, que a T referiu mas não gosto da Marilyn fisicamente, pq não corresponde aos meus padrões de estética, sem contar que as coquettreies e trejeitos dela a mim tb me irritam, porque artificiais. Ela representou 48 h um papel que lhe saiu caro!!
É a melhor homenagem que poderei fazer a alguem que sempre foi visto como um corpo só, como se fosse boneca insuflável.
beijinho
ps- gostei do termo "verticalização" do penteado :-)
Claro que sim, Querida Júlia, veja a Olivia De Haviland...
Mas a B. C. tinha uma fama de beldade que arrepiava, não era só a energia e a brejeirice...
Desculpe o amadorismo vocabular, mas sou leigo em matéria cabeleireira e achei que ilustrava o que queria dizer...
Beijinho
e ilustrou mesmo! Estou a falar a sério! ( que coisa ,isto de computadores, criam-se estes equivocos)
Quanto à BC,não tinha essa ideia,lá em casa era tida como feia, pensei que a opinião seria generalizada...
Quanto a essa Olivia.........parece mal eu dizer que não estou a ver cara dela, mas é verdade. :-(
beijinho
Querida Júlia,
quer ter a bondade de ir a:
http://misantropoenjaulado.blogspot.com/2005/06/olvia-100-pureza-0-acidez.html
Beijinho
Júlia: é a boazinnha de E Tudo o Vento Levou. A que faz de Melanie. E era irmã da Joan Fontaine que fez a Rebecca.
De certeza que a conhece, deve estar é a dormir em pé:)
Beijinhos
vcs sabem os nomes todos ...
sei,sim, então não haveria de saber? Mas pelo nome não iria lá.
ollhei para ela lá no Misa e não a reconheci.Mas tb estou com um olho fechado
tão boazinha, que ela era! é verdade - risos
beijo
Eu fiz um outro postal sobre ela, com outra foto. Vou ver se encontro para servir melhor a Júlia.
Beijinho
Rita Iurte.
Cumpts.
brigada, Paulo,já sei quem é!
bjinho
Meu Caro Bic,
tenho de investigar...
Abraço
Querida Júlia,
e não é bela em todo e qualquer tempo?
Beijinho
é, sim, Paulo! Lembro de questionar-me ao ver o filme se não seria mais bela do que Vivien. Infelizmente todos nos deixamos manipular pela personagem que esta última encarna (risos)
Peço desculpa pelo trabalho que vos dou. Qualquer dia até esqueço quem sou :-)
beijinho
Quem é a Rita Lurte, Dom Bic?
Querida Júlia, peço desculpa de Lhe fazer notar uma gralha: saiu "trabalho" em vez de "prazer".
Beijinho
Não é Rita Lurte. É ´Rita Iurte.
Toda a gente conhece.
Cumpts.
Sempre gentil, o Paulo!...
beijinho
concluo que não sou gente :-)
Ah...Iurte! A Rita. A da luva, a Gilda...
Essa é de sempre. Desculpe o Amigo Bic ter embarcado, mas o L pelo I, desviou-me da indicação fonética dos apresentadores televisivos portugueses.
Abraço
Rita Hayworth, essa at� eu lembro.
Acho que a "Cigana Vermelha" tamb�m foi ela ,n�o ?
Não tenho ideia desse filme, Querida Júlia. Mas era a Gilda...
Beijinho
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