O Ouro Negro Verdadeiro
A descoberta de que a ingestão regular de café é prevenção de vulto contra a doença de Alzheimer vem justificar com a caução nutricionsta o meu gosto, ao mesmo tempo que obriga à menção de vários momentos históricos: uma das origens aventadas para ele estaria no seu consumo pelos peregrinos Árabes que, há muitos séculos, se dirigiam ao túmulo de Maomé, em Meca, que a ele recorreriam para não adormecer durante o culto. Comprovação de que é um auxiliar que nos mantém alerta, seja na atenção ou no recordar. A outra vem da Abissínia, onde a planta seria consumida por cabritos locais, nos tempos áureos em que lá abundavam, desatando a bicharada aos pulos, em sobre-excitação, motivo apontado para, ainda hoje, explicar a voga que tem a ideia de que consumo, mesmo moderado, do produto faz mal ao sistema nervoso.
A primeira vez que foi notado por escrito na Europa terá sido em 1615, no Império Otomano, em épocas ultrapassadas de grande presença europeia da Turquia. Mas é injusta a associação que permaneceu, porquanto, ainda no mesmo século, sob sultão de nome Ahmed, foi proibido o consumo do delicioso líquido, mandadas encerrar as casas que o serviam e, em simultâneo, também punido com a morte o do tabaco, por infusão ou por fumo. O que explicará a falta absoluta de memória para o genocídio Arménio, nos tempos que correm - é o Alzheimer institucional.
E pensar que os nossos Irmãos Brasileiros, hoje tão ligados à imagem do café, tiveram de ser convencidos a plantá-lo, com violência assinalável, pelo Vice-Rei Marquês do Lavradio...
Enfim, agradeçamos a Madame de Sevigné, que o tornou chic, nos salões. E, por uma vez, à sede de imitação das classes médias que o fizeram alastrar. Pela nossa saúde!
A primeira vez que foi notado por escrito na Europa terá sido em 1615, no Império Otomano, em épocas ultrapassadas de grande presença europeia da Turquia. Mas é injusta a associação que permaneceu, porquanto, ainda no mesmo século, sob sultão de nome Ahmed, foi proibido o consumo do delicioso líquido, mandadas encerrar as casas que o serviam e, em simultâneo, também punido com a morte o do tabaco, por infusão ou por fumo. O que explicará a falta absoluta de memória para o genocídio Arménio, nos tempos que correm - é o Alzheimer institucional.
E pensar que os nossos Irmãos Brasileiros, hoje tão ligados à imagem do café, tiveram de ser convencidos a plantá-lo, com violência assinalável, pelo Vice-Rei Marquês do Lavradio...
Enfim, agradeçamos a Madame de Sevigné, que o tornou chic, nos salões. E, por uma vez, à sede de imitação das classes médias que o fizeram alastrar. Pela nossa saúde!
27 comentários:
A leitura deste post, delicioso, abriu-me o apetite para beber um descafeinado intenso(cafeina, mas pouca-terá o mesmo efeito preventivo?).Até já, depois venho ler o post seguinte, de que já vi a fotografia, linda... :)
Beijo
Então com a minha ingestão compulsiva de café, estou salvo dessa doença tenebrosa!
Caríssimo: Que boa notícia me dá! Sou adepto do café, bem forte, e com imensa cafaína. Nunca me impediu de dormir ou me tornou mais nervoso. Voau aproveitar enquanto os «loucos da globalização» (descendentes invertidos dos «loucos de Deus») não arranjarem mais um decreto imbecil a proibi-lo.
A propósito, Cara Cristina, o descafeinado é que faz comprovadamente mal, devido aos químicos utilizados para eliminar a cafeína.
Abraço a ambos.
pensava que o café na Turquia já vinha em crónicas dos séculos X ou XI
eu fui há pocuco operada ao estômago e posso beber café. Descafeinado é que não.Nem café com leite, sabia, Cristina?
cuidado com o descafeinado!!
Querida Cristina,
como diz o Meu Amigo Alce, tomar bicas é um desporto nacional, creio que só comparável com a Itália, na Europa. Em Espanha sempre me fazia confusão a adição do leite, caso não sejam dadas instruções em contrário...
Mas cuidado com o alerta que a Júlia e o Carlos fazem.
Beijo
Meu Caro Capitão-Mor,
as probabilidades estão todas a Seu favor...
O Alzheimer éw de facto pavoroso, mas, nos casos em que apenas atine a mente, não já a locomoção, gerador de mais sofrimento a quem ama o doente e vê a degradação progressiva, do que ao próprio.
Abraço
Meu Caro Carlos Portugal,
força nisso, com o exemplo turco de outrora, não tardam a interditar esse pequeno prazer, para não ferir de desigualdade alguma seita que se sinta ofendida com as emanações da saborosa bebida...
Abraço
Desconheço-o em qualquer crónica Cristã. A primeira referência que vejo creditada é no «Tarih-Naima» do Mustafá do mesmo apelido, que, datada de 1043 da Era Islâmica, dá 1643 na nossa.
Querida Júlia,
espero que já esteja completamente recobrada. Ai! Então andei a fazer asneira grossa na dieta da minha Mãe, que só bebe decafeinado. Felizmente não é no estômago que se centram os maiores padecimentos Dela.
Beijinho
Obrigada pelos alertas. Amanhã mesmo vou estrear-me no café com mais cafeína(apesar de que o que eu tomei até hoje não é totalmente descafeínado).
Ah, e hoje, pela primeira vez tomei-o sem açucar nenhum(já punha pouco);só com um chocolatezinho preto, que parece fazer bem, igualmente :)
Beijinhos a todos
Querida Cristina,
eu, aditivos doces, nada. Adoro o amargor característico e "o que é doce nunca amargou" tem aqui efeito contraproducente...
Beijo
Querida Cristina,
Que o estomago não esteja vazio e que o café não seja muito forte nem em excesso. O descafeinado faz mal a tudo: aos intestinos também.
beijinho e as melhoras
Querido Paulo,
Mais vale um café bom e não muito forte que descafeinado. Claro que em excesso faz mal. Os quimicos que tem fazem pior e não anula nada o efeito do café.
Já agora: o café normal tb tem quimicos que não são muito saudáveis. Eu já tive uma loja Gourmet onde vendia um café biológico vindo de Timor que é comercializado pela Delta que é uma MARAVILHA de aroma, sabor e pureza. Recomendo! - embora um pouco mais caro, vale bem a pena.
Estou recuperada, sim, obrigada!
bjinhos
Saboroso verbete. E com o aroma das lojas de café?
Cumpts.
com o aroma que recordamos, vindo da infância :-)
Que engraçado, Querida Júlia, o melhor café que bebi até hoje era mistura de café do Brasil, de S.Tomé e de Timor, em doses segredo de uma casa dessas. Era fa-bu-lo-so!
Beijinho
Meu Caro Bic, bela imagem, que agradeço, com correspondência desejável à realidade: é que adoro o café como perfume ambiente, ao ponto de uma Querida Amiga me ter oferecido umas velas espalhadoras desse aroma.
Abraço
Caríssimo Amigo e Cara cristina:
Atrevo-me a dar mais uma achega nos aromas cafeínicos, e mais um alerta.
Passemos à achega: não sei se estão recordados de uma mistura da Tofa, creio que de nome «505», que era constituída por cerca de 70% de robustas de Angola, 25% de arábicas e 5% de moca e café de São Tomé. As embalagens eram douradas e vinham sob vácuo, para não haver perda de aroma, já nesses longínquos anos 60... Eu e os meus irmãos adorávamos o aroma de um pacote acabado de abrir, e de moer os grãos num antigo moinho manual de caixa de madeira (o eléctrico lá de casa não deixava exalar o aroma delicioso). Depois, era todo o ritual do balão, em que o meu Pai era mestre.
A Tofa acabou (como tanta coisa boa), e nunca mais encontrei esse aroma (poderão haver pessoas que achassem a mistura execrável, mas sabem como são as recordações de infância e adolescência).
Quanto ao alerta, refiro-me aos adoçantes como o Aspartame e o Acessulfame K. São de evitar a todo custo, pois são neurotóxicos e hepatotóxicos em elevado grau. Aparecem em quase todas as bebidas «light» e têm feito estragos consideráveis (já foram proibidos e depois novamente autorizados em diversos países, fruto das pressões da indústria). Para quem não gosta de café sem açúcar, o melhor mesmo é usar açúcar amarelo. Uma delícia (embora eu partilhe da opinião do nosso Caríssimo Anfitrião).
Abraço aos dois.
Açúcar amarelo é óptimo e o mascavado também.
A minha sugestão é a compra de café biológico no Comércio Justo, que é comercializado por uma cooperativa de pequenos produtores e tem uma qualidade óptima.Inclusivé o descafeínado.
bjs
Querida T,
em Braga há uma loja dessas; vou experimentar.
Beijinho
Caro Carlos Portugal,
sei que os VERDADEIROS apreciadores de café, como o Carlos e o Paulo, o tomam sem doce nenhum, mas eu como cliente-de-andar-por-casa, já senti como uma vitória o facto de bebê-lo apenas acompanhado por um pequeno chocolate preto; pode ser que um dia consiga dar o passo seguinte :)
Beijos aos dois
Querida Cristina: Se lhe apetece beber com açúcar beba. É porque o organismo lho pede para equilibrar.
Aqui na Biocoop tem uns quadradinhos de açúcar amarelo que são uma verdadeira delícia ! Não temos que ser fundamentalistas.
Eu nem gosto de doces, mas moro perto de uma das casas de bolos quentes mais conhecidas em Lisboa no período nocturno. E já pequei várias vezes..ai as bolas de berlim:)
Beijinhos e recupere depressa!
Meu Caro Carlos Portugal,
muito obrigado pela memória pessoalíssima. O amargo do café é uma das três condições sine qua non da degustação dele, segundo os anglo-saxónicos. Pena o fim da Tofa, ainda tenho para aí cinco chávenas da marca, da colecção que o meu Pai fazia.
Abraço
Esta T, em matéria de refinamentos (açucar, não é?) alimentares e cosméticos, devia criar um blogue de parceria com a Júlia.
Beijinhos às Duas.
Querida Cristina,
nem é a preocupação de ser um apreciador by the book. Não gosto de comida doce, em geral. De doçaria, só tarte de maçã, pelo que o ácido da fruta quebra. E em comida-comida, nem pó. Quando me aventuro num chinês vou sempre com um guia deste cego, para fazer soar a campainha, de cada vez que espreite um prato adocicado.
Beijinho
A minha sobrinha Joana é que é perita em culinária. Eu só sei algumas coisas. Mas de produtos gabo o sabor melhorado dos biológicos. No ano passado tive uma macacoa valente e safei-me usando alguns conceitos teóricos dessa área.
Bjs
Querida T,
sou um aprendiz, nos produtos biológicos ainda me fico pelas hortaliças, que são muito boas, não tem dúvida.
Beijinho
Enviar um comentário