domingo, 11 de novembro de 2007

A Festa e a Festança

A Cultura Popular sabe bem corrigir o que a sua experiência, numa primeira abordagem, fez ficar nas máximas para a posteridade ultrapassar com acerto as dificuldades da vida. É assim que a celebração de um período de fartura, tendo dado o conselho egoísta de gozar os frutos da Terra apenas com os do próprio lar, segundo a estrofe

No dia de São Martinho
Mata o porquinho
Abre o pipinho
Rebusca o soitinho
E põe-te de mal com o teu vizinho.

deu lugar às festas da Província, em Portugal, com as Beiras à cabeça, em que, muito pelo contrário, se juntam grandes grupos para a Festividade e, não contentes com tanto, ainda correm a fazer cascalheiras arregimentadoras pelas povoações fora. Passe a algazarra jocosa, é espírito muito mais coincidente com a mensagem de partilha que o Santo Bispo de Tours, honrado na data, nos legou, ao cortar parte da sua capa para com ela cobrir o Mendigo.
Gosto deste Santo ainda pela rejeição da recompensa material que lhe fora ofertada pelo valor militar. E pela opção por uma vida de eremita, não refugiada no solipsismo sistemático, mas em comunidade com outros eleitos que voluntariamente se sujeitaram à mesma regra. Afinal um pouco a antecipação do que uma roda da Blogosfera é.

2 comentários:

Capitão-Mor disse...

Será que ainda ensinam esta lenda nas escolas? Eu ainda "sou do tempo" em que a professora primária nos ensinava a lenda e o seu simbolismo. Claro que tudo isto acompanhado de um magusto no pátio do recreio.

O Réprobo disse...

Temo que hoje se fiquem pelos comes e bebes, Caríssimo Capitão-Mor. Se falarem em Tours, são capazes de ser entendidas como referindo-se a provas ciclistas...
Ab.