A Recompensa
Um dia que correu mais do que bem, com duas alegriazinhas de tomo: a primeira foi encontrar um livro que buscava há 25 anos, «Hitler e Eu» de Otto Strasser, em versão francesa, procuradíssima nos dois Países. Irmão de Gregor, rival do que veio a tornar-se o Führer, depois da morte do mano na Noite das Facas Longas, assumiria a liderança da facção dissidente do NSDAP, partindo para vários exílios, com passagem por Portugal, onde Schellenberg lhe deu caça, infrutiteramente.
Assalta-me desde logo a memória do relato de Jacques Bergier, o qual, prisioneiro num campo, perguntou a um colega de cativeiro a razão das suas férias forçadas na mesma estância, obtendo, para total espanto, a resposta de que tal se devia a ser um verdadeiro SS, sendo os guardas que os vigiavam impostores. Era um militante da Frente Negra, dos Strasser.
Depois da compra fiquei a cismar sobre se o Mundo teria sido poupado a tanto desastre, caso a luta interna no Nacional-Socialismo tivesse pendido para o outro lado. Isto apesar de a tendência strasseriana ser, prospectivamente, "mais totalitária" do que a vencedora. Mas menos expansionista. Talvez... nunca o saberemos.
Como me pus a reflectir em mais um caso de traição, a de Goebbels, um protegido deles que se passou com armas e bagagens para o estatuto de fiel dos fiéis entre os dirigentes do III Reich. Caso tivesse ficado entre a minoria alfim expulsa, Hitler teria conseguido ganhar, nacionalmente?
E espreitando algumas páginas do volume, não deixei de sorrir ao ver um responsável pela alegada ala esquerda do partido recordar que emendara o emergente Adolfo, o qual achava serem os Três Impérios o de Bismarck, o do Tratado de Versalhes e o próprio, lembrando-lhe que Möller van den Bruck criara a expressão para designar o Sacro-Império Romano-Germânico, o bismarckiano e o que lhes retomasse os valores, ainda a fundar. Ou seja, um esquerdista a remeter para um dos pólos de contacto da Intelectualidade Germânica com a Tradição.
O volumezinho que adquiri vem em encadernação engraçada, com as capas de brochura preservadas. Na lombada as iniciais C. M.. Inquirido o Livreiro, não me soube responder, por, aparentemente, não corresponderem à identidade que vendera a biblioteca. Fiquei-me interrogando sobre o trajecto da compra, antes de à minha mão chegar.
A outra alegria? fica para amanhã, quero variar no próximo postal.
Assalta-me desde logo a memória do relato de Jacques Bergier, o qual, prisioneiro num campo, perguntou a um colega de cativeiro a razão das suas férias forçadas na mesma estância, obtendo, para total espanto, a resposta de que tal se devia a ser um verdadeiro SS, sendo os guardas que os vigiavam impostores. Era um militante da Frente Negra, dos Strasser.
Depois da compra fiquei a cismar sobre se o Mundo teria sido poupado a tanto desastre, caso a luta interna no Nacional-Socialismo tivesse pendido para o outro lado. Isto apesar de a tendência strasseriana ser, prospectivamente, "mais totalitária" do que a vencedora. Mas menos expansionista. Talvez... nunca o saberemos.
Como me pus a reflectir em mais um caso de traição, a de Goebbels, um protegido deles que se passou com armas e bagagens para o estatuto de fiel dos fiéis entre os dirigentes do III Reich. Caso tivesse ficado entre a minoria alfim expulsa, Hitler teria conseguido ganhar, nacionalmente?
E espreitando algumas páginas do volume, não deixei de sorrir ao ver um responsável pela alegada ala esquerda do partido recordar que emendara o emergente Adolfo, o qual achava serem os Três Impérios o de Bismarck, o do Tratado de Versalhes e o próprio, lembrando-lhe que Möller van den Bruck criara a expressão para designar o Sacro-Império Romano-Germânico, o bismarckiano e o que lhes retomasse os valores, ainda a fundar. Ou seja, um esquerdista a remeter para um dos pólos de contacto da Intelectualidade Germânica com a Tradição.
O volumezinho que adquiri vem em encadernação engraçada, com as capas de brochura preservadas. Na lombada as iniciais C. M.. Inquirido o Livreiro, não me soube responder, por, aparentemente, não corresponderem à identidade que vendera a biblioteca. Fiquei-me interrogando sobre o trajecto da compra, antes de à minha mão chegar.
A outra alegria? fica para amanhã, quero variar no próximo postal.
27 comentários:
Querido Paulo,
Eu tenho esse livro, era do meu pai...
bjinho
Querida Júlia,
tem um razoável tesouro, como disse é obra muito procurada pelos bibliófilos, ou simples curiosos do período...
Beijinho
Meu Caro Filomeno,
sem dúvida, na medida em que o Autor coloca o nome do rival em primeiro lugar. Mas há uma pontinha de promoção, na subentendida hipótese alternativa para que se oferece...
Não sabia da edição argentina. A francesa tem um condimento adicional de ter sido publicada em 1940, já depois do rebentamento da Guerra.
Abraço
Tenho consciência que sim, que é um tesouro.
ps- também tenho "O cão de Hitler"
beijinho
Esse não conheço, Querida Júlia.
Beijinho
Ehehehehehehe, Meu Caro Filomeno. Mas falando a sério, ele era devoto era dos Pastores Alemães, não sei se por questões de germanicidade. Foram envenenados pouco antes do suicídio do patrão, inclusivé o favorito, Wolf, ao que creio.
Ab.
Paulo,
o livro é de Gunter Grass e na tradução portuguesa tem esse titulo.
Grass é o mesmo da trilogia que iniciou com «O Tambor» e continuou com o conto «Katz und Maus» («O Gato e o Rato»), tendo a terceira parte tomado forma no romance «Hundejahre» (« Anos de cão» Só que a tradução que eu tenho é »O Cão de Hitler»
beijinho
ps- estou fara de pensar qual a raça do cão para responder ao Dom Filomeno mas baralho-me toda, dai não arriscar. Dom Filomeno que me desculpe
Por cierto, el amigo Réprobo no habrá visto el filme "El perro" 1976, de Isasi Isasmendi, con Jason Miller y Lea Massari........?
Senhor Dom Filomeno, ai ai:)
Querida Júlia,
Ah, tenho aí «O Tambor», mas não os seguimentos. E não ia lá por esse título.
Mil graças.
Beijinho
Meu Caro Filomeno,
infelizmente não tenho a menor ideia da fita.
Abraço
O Caríssimo Amigo escreveu «Foram envenenados pouco antes do suicídio do patrão, inclusivé o favorito, Wolf, ao que creio.» Contudo, perdoe-me, mas não me parece correcto. O animal que acompanhou Hitler no bunker da chancelaria até àquela tarde de 30 de Abril de 1945 era uma cadela pastor-alemão, de nome «Blondi», se não me engano. Uma ampola de cianeto foi efectivamente experimentada nela, antes de ser aplicada aos filhos de Goebbels.
Por horrendo que pareça, a terrível opção de Magda Goebbels foi talvez a menos trágica nas circunstâncias: se os filhos fossem apanhados pelas hordas do Exército Vermelho, como aconteceu a muitos outros, o seu fim seria bem mais terrível e humilhante.
Como curiosidade, Hitler suicidou-se poucas horas antes da noite de Valpurga (Walpurgis Nacht), a verdadeira «noite das bruxas» na milenar tradição europeia, que nada tem a ver com a palhaçada folclórica do «Halloween» americano que querem exportar à viva força, e que apenas é fruto da ignorância de emigrantes incultos que baralharam vários ritos e costumes (principalmente a festa dos Fiéis Defuntos, e um outro rito de origem celta).
A propósito, tenho também esse livro, na edição italiana de 1940. Era de meu Pai.
Um abraço.
"Wolf" vendría a ser "lobo" y "Blondi" equivalente a "loirita".........Creo.......
Dom Filomeno, que é Tudesco???
grata
Tudesco = Alemán
"Faremo di Himmler il nostro Ignazio da Loyola", frase pronunciata da Adolf Rotschield riportata sul libro "Hitler e io" de Otto Strasser..........
Meu Caro Carlos Portugal,
foram quatro, pelo menos, os cães envenenados no bunker e talvez a Blondi fosse, de facto a favorita. Há narração memorialística de um dos encarregados do sacrificio.
O envenenamento dos seis filhos pela mãe sempre me repugnou. Claro que se tinha presente a sorte de Clareta, a qual, no entanto, sofreu o mesmo que Mussolini por opção própria. O Dr. Goebbels não justificou assim, disse que eles não tinham lugar numa Alemanha com um regime diferente, o que é mais fluido. Não sei se o Exército Vermelho se teria vingado nas crianças, é coisa impossível de provar, resta a especulação.
Estou pasmado com a data ITALIANA da edição. Será que não foi expurgada de passos menos agradáveis ao aliado alemão, que, nessa altura, já exercia uma influência omnipresente?
Abraço amigo
Essa frase é demais, meu Caro Filomeno! Ehehehehehehehehe.
Seria o Reichsführer SS uma figura inspiradora de exercícios espirituais? Huuuum, não quero crer...
Espero que o Jagoz não leia essa citação, Ehehehehehehe.
Abraço
Amigo Réprobo: ya sabes que Von Ribbentrop llamaba "jesuíta" a Serrano Súñer........Ab.
Bem, Caríssimo, parece que o Reichsführer era grão-mestre de pelo menos uma ordem iniciática, com «loja» no castelo de Wewelsburg, onde ainda restam intactas as salas de ritual.
Ao que sei, eram rituais semelhantes aos da antiga Ordem do Templo, de que os SS se intitulavam um dos ramos, os «cavaleiros da Rosa Negra» (curioso é o confronto entre o movimento dos «Irmãos da Rosa Branca», que terminaria em tragédia para estes).
Ao lermos Otto Rahn (oficial das SS, para além de filósofo e místico), ficamos com uma ideia do esoterismo que pairava sobre as SS. Curiosíssimo é o seu «Cruzada contra o Graal» e, mais ainda, «A Corte de Lúcifer».
A propósito, a data italiana do livro de Strasser não é de espantar, dadas as posições quase sempre ambíguas de Itália. De maior espanto será o opúsculo «Fascismo, Realização PROLETÁRIA», de Benito Mussolini, estruturado em bases inegavelmente marxistas e vermelhuscas (embora nacionalistas e não leninistas). A data da edição em português é 1938. Se quiser, posso tentar digitalizá-lo e enviar-lho por e-mail, se não o tiver. É no mínimo perturbador.
Abraço.
Meu Caro Carlos Portugal,
quando referi "exercícios espirituais" não remetia para a Espiritualidade em geral, mas para a disciplina interior deixada por Santo Inácio aos Padres da Companhia de Jesus.
Aimbiguidade italiana? Encontramos posicionamentos opostos, mas não ao mesmo tempo. Até à anexação austríaca, em que Fascistas e Hitlerianos se enfrentaram sangrentamente, Mussolini foi um campeão da contenção alemã, apesar dos protestos de admiração do Tio Adolfo. A partir do momento em que a França e a Inglaterra se recusaram a activar os acordos de Locarno contra o Reich, caiu-lhe nos braços. Apesar de só ter declarado a beligerância quando viu a França à beira da débacle, desde 1938 que fazia todas as vontadinhas a Berlim, com o estaelecimento de leis anti-semitas, contrariando as suas declarações de admiração pelos Hebreus e as de Constanzo Ciano, a política de apoio a uma marinha sionista para diminuir o poder inglês no Mediterrâneo, a presença de destacados Judeus no Partido e até no Governo (Finzi) e o número de militantes Fascistas do Povo Eleito - mais de 10.200 ainda em 1938. Por isso acho estranho que a ânsia de agradar tenha permitido a circulação de obra tão crítica de Hitler.
Abraço
Carlos Portugal y Réprobo (por orden alfabético), cultísimos comentaristas.
Bem vistas as coisas, Meu caro Filomeno, deveria ser o Teu nome a juntar-se ao do Carlos...
Eu vejo-me e desejo-me para acompanhar-Vos.
Abraço
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