segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O Apagão

Pediu-me o F.Santos que abordasse o caso de alguns Judeus sem vergonha que, em Israel, cuspiram na cara de Cristãos. Não tencionava fazê-lo, como também não tratei do ataque a sepulturas de Hebreus que vergonhosos compatriotas nossos empreenderam, não há muito tempo. São abjecções de particulares que não encontram correspondência nas manifestações institucionais dos Estados, nem põem em perigo vidas ou o modo de levá-las, até porque, como expressão de ódio de solidariedades não-expansionistas, rejeitam as conversões. E dar muita importância aos casos é o que as mentes simples predispostas a amalgamar desejariam, para estender as aversões respectivas a comunidades inteiras, independentemente de culpas concretas.
Coisa bem diferente é a legitimidade que as pessoas honestas têm em lamentar que condutas destas não tenham a sanção devida da polícia e do sistema judicial, cá e lá. E aí, penso que não só a ineficácia, mas também a injustiça objectiva que nesse abstencionismo retributivo se traduz, evidenciam um gigantesco apagão nas Luzes que informaram parte da obra de Beccaria. Se o Sábio Milanês foi importantíssimo na salvaguarda das garantias processuais e na eliminação da tortura como meio de obtenção da prova confissória, fez muito mal ao contrariar as penas corporais e infamantes. Qualquer um tem o direito de ver os que atentam contra o repouso e dignidade dos Mortos, ou contra a dignidade e higiene dos vivos, receber em público os açoites que lhes faltaram dos papás. E de serem marcados com a memória da infâmia que fizeram: não se torna necessário ressuscitar marcações com ferro em brasa, basta usar as televisões, a INTERNET e Imprensa de grande circulação, de modo a que sejam apontados a dedo e rejeitados, única maneira de dar a esses auxiliares do nosso quotidiano dependentes de energia uma função que não prolongue a nossa falta de energia.
Acima de tudo não ter pressa em integrar quem afrontou. Aliás uns trabalhinhos forçados também fariam o seu serviço e seriam a proporção adequada a quem demonstrou ter tempo de sobra para empregar tão mal...

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6 comentários:

Anónimo disse...

D'acordo, Paulo. São atitudes infames, duns e doutros, a necessitar da devida correcção, mas que, num caso e noutro, não devem ser extrapoladas de forma a fazer crer que são a atitude geral do grupo alargado em que se inserem os seus indignos autores. Não me parece que seja intel4ectualmente sério.
Beijo

O Réprobo disse...

Nem mais, Cristina. Mas já se sabe que o único meio de conter a diluição de culpas que atinja inocentes é tratar, punindo forte e feio, os responsáveis como culpados.
Beijo

Flávio Santos disse...

Agradecendo a tua disponibilidade para responder ao repto, deixo aqui algumas notas:
- é tema para livros inteiros e não para uma caixa de comentários: será o comportamento descrito a essência da postura judaica ou apenas coisa de minorias fanáticas, sendo assim os judeus "civilizados" a boa e maioritária excepção - a não ser que os encaremos como aculturados às práticas ocidentais?
- porque é que não tens uma postura tão compreensiva, ou declaradamente não amalgamadora, para com os muçulmanos? Que se diria - e que publicidade o facto não teria por essa net fora - se os "cuspidores" fossem deste credo?
Um abraço, com a estima de sempre.

O Réprobo disse...

Onde está a dúvida?
Claro que não é característica da maioria judaica, potque em Israel só extremistas mal vistos pela maioria da população fazem destas. E estar aculturadoo, quando mais próximo do Ocidente, é elogiável e a essência da civilização.
Não tenho compreensão nenhuma para quem se opõe aos valores do Ocidente com bombas e tentando conversões, mesmo que forçadas, nos vários sentidos do termo. Note-se que nunca falei contra o Islão em geral, mas apenas contra a sua quota-parte de fanáticos que quer cobrir as nossas Mulheres, impedir-nos de beber o nosso vinho, fazer-nos adorar um Deus que não dá Liberdade ou Amor e a fazê-lo em posturas humilhantes. Quem cospe merece açoite, quem mata merece a forca.
E Tu, salvo quando odeias os Judeus, mereces um abraço

Flávio Santos disse...

Meu caro, ódio é sentimento que não cultivo. Se te lembrares do que escrevi por exemplo sobre Barenboim e a sua orquestra palestino-judaica não amalgamarás um postal que não tira nenhuma conclusão simplificadora a um sentimento.
Segundo ponto: tu, que leste muito mais Maurras e Sardinha do que eu se calhar alguma vez lerei, não tens consciência de que vivemos num mundo judaico e que Ocidente já pouco quer dizer? Abdicámos do desinteresse e da honra em prol de um materialismo cego e desumano; achincalhámos a religião (católica, claro) e erigimos o dinheiro no altar; desprezámos a nobreza de virtudes e promovemos a lascívia mais aviltante.
Marx dizia que «o judeu se liberta à medida que o cristão se vai tornando judeu». Não há, a meu ver, maior ingenuidade que pensar-se que, ao contrário dos judeus europeus, os muçulmanos querem atacar o nosso modo de vida! Mas que modo de vida? O "nosso" já deixou de ser o "nosso" há muitas décadas atrás!
Um abraço.

O Réprobo disse...

Andas de rabo para o ar? Não tomas um copo? Mandas encapuçar oi embuçar as Mulheres? Aquele a quem repugne a plutocracia e a usura tem bom remédio, não se meta nessas actividades. E se membros (não todos) da Comunidade Judaica do Ocidente se distinguiram nesses campos outrora interditos aos Cristãos, foi em transgressão da própria lei, que proibia a quantificação lucrativa do Tempo, o juro, porque dádiva directa de Deus. Não é pois de essência, mas de fraqueza deturpante que falamos.
O facto de ter sido influenciado por Maurras e Sardinha não quer dizer que os engula em bloco. E há que ver as razões do anti-semitismo de cada um. O do Framcês,meramente instrumental, na sequência do caso Dreyfus e da aspiração revanchista, por muitos dos judeus franceses serem de origem alsaciana germanizada suspeitos de favoráveis ao ocupante alemão e sabotadores do esforço de recuperação. Era o sentido imediato do "Inimigo do Interior", sendo que o Mestre de Martigues dempre se demarcou dos "anti-semitas", como chamava a Drumont e aos seus. Já Sardinha chegou lá por exagero reactivo contra as falsidades que se diziam da Inquisição, ignorando (elas) o papel de encorajar a coesão que desempenhou. Uma decisão triste, mas que visou controlar o sentimento maioritário das populações citadinas excitado por radicais em luta contra a Hierarquia, acrescento eu.
Ab.