quarta-feira, 30 de maio de 2007

Vista da Geral

A maneira mais segura de não ser tentado a fazer greve é não trabalhar. Compreendo o movimento grevista como elemento da luta contra os abusos desse nefando Liberalismo que deixava tudo fazer e passar aos abusadores de entre os capitalistas, de forma a criar a escravatura mais deprimente de todas, a do período da Industrialização euro-americana. Mas não aceito um regime que o inscreve constitucionalmente como direito, porque isso é consagrar o conflito como forma de regulação, quando deveria ser precisamente o que se devia tentar evitar, pela aplicação superior da justiça.
Porém, o meu posicionamento perante os grevistas decorre também do que, genericamente, penso do trabalho, que é similar à forma pela qual encaro a doença: respeito as Pessoas que são atingidas por ele, mas não o desejo a ninguém. Remetido assim para as opções individuais, será coisa excelente na medida em que permita a cada um sobreviver sem prejudicar os Outros, mas só nessa medida. Quando a justificação dele passa - e muito boa Gente cai nessa - pela sua perspectivação como "facto propiciador do orgulho" - fujo como o Demo da Cruz, por pressentir na competição ou carreirismo, fora do Desporto e do mundo hierarquizado diplomático-militar, a ausência de compaixão por quem nos rodeia, bem próxima afinal da indiferença dos trabalhadores paralisados por aqueles que lesam.
Daí que, como puro e perdido ideal me volte para o Amor, seja o da canção, pessoal e intransmissível, seja o Evangélico. Isto porque a minha extremada imperfeição me interdita os cumes da bondade franciscana, em que a vivência das Esmolas era encarada sem humilhação para o receptor, nem obrigação para o dador, num universo de onde o negativismo e as condenações das pequenas imperfeições entre irmãos estava banido.
Sem lá poder chegar, fico-me pela audição desta inspirada conversa entre Isabelle Boulay e Julien Clerc. Bebei cada verso, que cada um tem o seu quê.

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