domingo, 24 de junho de 2007

Forjas de Fronteiras

Napoleão III em Solferino de Meissonier

Passa também um ano mais sobre a Batalha de Solferino em que a família Bonaparte continuou a destruir o que restava da concepção plurinacional do Império, que durante tantos séculos tinha subsistido na Europa. Ao retirar à Áustria a influência que lhe restava no Norte Transalpino transferia para os Piemonteses a liderança da formação de um Estado centralizado que correspondesse à ideia da Unidade Italiana. Apesar da fidelidade familiar à Casa de Sabóia, tenho de me pronunciar contra esta preeminência das aspirações difundidas nos Povos como substitutiva da arte dos governantes. As unificações muito maturadas pelos intelectuais, a Italiana como a Alemã, ou até a Norte-Americana, sob forma diversa, viriam a conduzir à fatalidade expansionista que se conhece, diferentemente da insular pela fusão das Coroas da Grã-Bretanha, ou do lento trabalho de consolidação da França nas suas fronteiras naturais.
Invocar a Nação está muito bem, quando vise aumentar a coesão do Grupo, defendendo-o das quebras que espreitam. Mas é péssimo princípio de política, interna por capar o Poder, externa por estimular uma mudança qualitativa no domínio do bélico. Por isso Maurras preconizou que a acção relativa ao Exterior deveria assentar nas construções firmes que são os Estados, não nas plasmáticas que se revelam as nações. A Guerra Total, entre povos saídos da babárie, seria difícil sem a cobertura ideológica da grandeza de uma unificação, transplantada para a Cena Internacional.
Era a face apresentável da massificação da morte que, no mesmo terreno de enfrentamento, determinaria o genuíno Filantropo que se revelou Henry Dunant a tentar minorar-lhe os efeitos escabrosos e garantir ao Combatente que enverga uniforme e obedece a regras um mínimo de respeito no tratamento pelo Inimigo. A mesma realidade, vista da cadeira do curioso, ou do pó que o combatente morde.

2 comentários:

Anónimo disse...

Só que, Caríssimo Réprobo, a «união» que nos querem forçar não é idealizada por intelectuais, mas sim por dinastias bancárias e seguidores de manga-de-alpaca zelozos e cinzentões.

A família do Imperador corso podia ter muitos defeitos, mas tinha, ao menos, uma grandeza que estes vermes «comunitários» desconhecem por completo.

E já nem falo do «Petit Caporal», mas também de um Napoleão III fraco e acabrunhado, a braços com convulsões de toda a ordem, desprovido de génio militar, mas mesmo assim com um sentido de estado infinitamente suprior às alimárias de agora.

Parabéns pelo postal.

Abraço.

O Réprobo disse...

Ah, mas claro, Meu caro Carlos Portugal, quando a confecção dos Estados desce dos governantes nomeados de cima ao espírito individualizador determinante imaginado por poetas e assumido por massas desce-se um ponto. Mas quando as articulações soberanas são estilhaçadas por oligarquias influentes cai-se mil.
Abraço