domingo, 4 de novembro de 2007

Como a (Im)Perturbabilidade

A propósito de uma parecença física que noutra altura da minha vida me colaram a certo actor, episódio desenterrado do esquecimento nesta caixa de comentários, segue uma nota sobre como, recentemente, fui ludibriado. Encontrando na net a imagem de cima, não tive dúvida em crer nela captada uma das belezas da tela que mais me dizem: Gene Tierney, a da foto seguinte.
Eis senão quando me achei desenganado. Tratava-se de uma célebre fotografia de Moda da autoria do ex-marido da Princesa Margarida de Inglaterra, dando a fotografada pelo nome de Jane Quick, muito apropriado para simbolizar o carácter apressado da minha atribuição.
Fiquei então meditando genericamente sobre o Mistério da Semelhança e se ele residirá intrinsecamente nos seres aproximados por outrem, ou será traço revelador do contemplador deles...
Nesta última hipótese reduzir-se-ia a condição de mistério a mero enigma. E o próprio emblema dele à confusão de paralelos físicos intercivilizacionais - o Demónio Grego crepuscular da Morte e Destruição que punha a adivinha ameaçadora apenas por Édipo resolvida, como sósia do deus Egípcio Harmachis, divindade do Sol Nascente, protector da Perspicácia e da Serenidade, o vizinho das Pirâmides de Gizé, ambos metidos no mesmo saco por compartilharem a mistura de ingredientes animais que os compunham. Se a resposta continua prejudicada, a auto-interrogação ganha terreno, até porque a própria solução libertadora do episódio helénico assentava, afinal, nessoutra forma de simile que é a analogia.
Também por isto dedico o singelo post que lesteis à Terpsichore E. M. Psiche.

4 comentários:

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

Querido aniversariante:

Muito obrigada pela dedicação deste teu belo post!
Sim, a confusão ''intercivilizacional''que ainda se acrescenta ao enigma. Já no que te dediquei, por várias outras razões que não Édipo, falei da perplexidade:

Quando olho aquela sublime esfinge arcaica, (lá n'A Ilha) é-me impossível ver que o artista estivesse a esculpir a imagem de um ''demónio da Destruição e Morte''. Pelo contrário: antes a Victória sobre ele e elas.

Lá no blog escrevi mais.

O que é certo é que nesta visão, o paralelo com a ''divindade do Sol Nascente, protector da Perspicácia e da Serenidade'', que referiste, já faz sentido, me parece?

A Gene Tierney está linda.


Mas olha que, se te enganaste por essa vez, não te terás enganado por outras, e em coisas mais substanciais!!... :)

Como tão bem ilustra a Esfinge, há diferença entre os nosso primeiros impulsos que são animais, e os que são do santo espírito - os quais frequentemente aquilo a que chamamos razão, mas a meu ver, não o será, mata.


Beijinhos

PS - Assopraste as velinhas todas de um fôlego?

O Réprobo disse...

Pios, Querida Terpsichore, a parecença é o tal demónio que equivoca. Quanto às valências esfíngicas, lá está, herdeiros que somos de ambas as civilizações, privilegiar uma das interpretações revelará muito mais sobre o nosso estado psíquico e anímico do que sobre o Ser Mítico em si.
Estou exaurido. Puseram-me à frente aquela velinha aqui de baixo, a pedir o "Sopro Sem Fim". Ou seja a Alma.
Beijinho

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

''a parecença é o tal demónio que equivoca. ''? Não percebo bem, mia culpa...
Mas exaurir-te é que não, por favor. Só alentar!

Mesmo que às vezes não saia bem...

Jinho

O Réprobo disse...

Equanto tiver a Inspiração da Musa alento não faltará, nem arte para não ser enganado pelas tais semelhanças armadilhadas, espera-se.
Bj.