A História Numa Vida
Um Amigo meu, nascido alemão mas por cá radicado, casado e tendo criado descendência, lembrava o que a data do respectivo nascimento, ocorrida em dia sobre o qual passa mais um ano, tinha de transformadora na História do País de origem: Abdicação do Kaiser, com o fim do Império, golpe de Munique falhado que afastou Hitler de Ludendorf e o levou a teorizar o Nacional-Socialismo como o Mundo o conheceu, Noite de Cristal, com a escalada anti-semita, queda do Muro de Berlim.
Só tenho idade para recordar o último, aliás o único susceptível de ter sido assistido quase em directo pela televisão. E como recordo a alteração mais radical do mapa europeu em que crescera, começada no centro emblemático da Guerra Fria - e não nas periferias como a maior parte dos estrategas de trazer por casa da minha geração universitária se comprazia em papaguear, depois de todos termos lido «A Terceira Guerra Mundial», do General Hackett.
Esta capacidade de surpreender foi a diferença fundamental face aos outros acontecimentos. Com o armistício e a agitação interna todos viam que o Kaiser não se aguentaria. A radicalização partidária fornecia apostas seguras do extremar da ideologia, que não se coibiu de põr em livro o que foi simbolicamente começado em 1938, só surpreendendo os mais confiantes, infelizmente muitos, demasiados. A queda das pedras da Vergonha, essa, foi a razão dela para todos os analistas que se querem semi-profetas.
Ernst Jünger, quando avisado, disse que nunca esperara viver o suficiente para ver aquele dia. E ele fora dos que, como adulto testemunharam os quatro eventos.
Que haverá de transcendente na própria cacofonia que na nossa língua dá NOVE de NOVEmbro?
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