sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Re-United Colours

A reflexão da T sobre a colagem dos nossos receios a pessoas com peles de tom mais escuro lembrou-me uma queixa de um Engenheiro Africano, Bibliófilo Estimabilíssimo que sobre Si costuma ironizar com a definição de ser o único Preto que percorre as Livrarias de Lisboa, sobre as associações negativas à cor negra: A coisa está preta; Fulano tem a alma negra; o Futuro Negro... Na altura, porque nem sempre temos a presença de espírito necessária, só me ocorreu contrapor-Lhe outra negatividade, de polaridade inversa: Homem, Você está branco como a cal. Depois de pensado o assunto, diria que o melhor antídoto é o dado pela colaboração de ambas as cores, como na frase pôr preto no branco.
Um ponto há com que não posso concordar, no postal da nossa Amiga. Os terroristas não contagiaram a cor com o que de facto todos eles fizeram, ao contrário dos Ciganos, muitos honestíssimos que ficaram com a fama dos pecadores. Qualquer pessoa que haja vivido em África o pode asseverar, julgo. Branquear (esta também era boa) a acção do terror é que pode baralhar as coisas e conduzir a reacções tardias nesse sentido.
Mas tudo isto é capaz de vir do afastamento dos negrumes relativos do nosso quotidiano. Heranças talvez de uma sociedade influenciada pelo arabismo de casas com paredes brancas, desprezadoras das populações negróides, mesmo quando crentes?
O fogo combate-se com o fogo e para tanto deixo o que já foi uma figura típica de Lisboa: o Preto Caiador, no Rossio à espera de clientes. Por vezes da escuridão, se a luz não nasce, brota a claridade que a reflecte.

8 comentários:

Anónimo disse...

S. Penso que a razão está na cor do luto ocidental ser o negro.

T disse...

1-Quando eu era miúda, era das poucas que calcorreavam alfarrabistas, onde proliferavam senhores respeitáveis.
A minha alegria era apanhar o 15 no Largo Trindade Coelho, de saco cheio.
Em dias de extravagância marchava um táxi. Pelos vistos era eu e esse senhor, porque eu também escurecia consideravelmente em contacto com o pó dos livros:)
2-Quando ao medo dos Terroristas (ou "terrorristas" como dizia o ministro de então Rui Patrício) sabia porque me fora explicado que era uma guerra sem sentido e a abandonar, mas tinha o receio da perca dos familiares. Igualmente tinha receio da Pide e esses não tinham cara nem cor.
Bjo

O Réprobo disse...

Meu Caro Rudolfo Moreira,
longe de mim diminuir a importância dos hábitos conexos com a Morte no nosso inconsciente. Dito isto, o negro, até D. Manuel I, era cor de festas alegres, como hoje, um pouco, voltou a ser. O tom dos enlutados era o burel claro, a tender para o esbranquiçado, mesmo.

O Réprobo disse...

Querida T, também as palmas das minhas mãos mudam de cor com uma facilidade assustadora, em contacto com os livros, num sentido diverso dos das raças que as têm mais claras. Por isso ando com uns toalhetes perfumados na carteira, o que me dá um ar muito profissional, segundo alguns Livreiros.

Quanto à Guerra não há concordância possível, porque nunca gostei de fazer favores aos que se querem apropriar ou desbaratar o esforço dos meus Maiores. Mas não era isso que importava aqui, antes a noção de que na África Portuguesa as populações autóctones não eram metidas no mesmo saco dos turras, contrariamente aos zíngaros, que, de uma penada, foram dados todos como ladrões, com as decorrentes injustiças.
Bj.

T disse...

E a próxima guerrita é sobre quê?
Vá dê o mote:)
Bjo

O Réprobo disse...

Guerra, T? Sou um rapaz tão tão pacífico que publiquei três fotos sem gravata!
Bjinho

T disse...

Hummmmmmmmmmmmmmm!
Já lhe respondo
Beijo

O Réprobo disse...

Já vi e já me deliciei.
Bj.