segunda-feira, 30 de abril de 2007

Espreitadelas


O inefável Khadaffi, que só o circunstancialismo amoral das prioridades ocidentais mantém no poder, veio dizer das desgraçadas vítimas de Darfur que "são culpados de internacionalizar o conflito", ou porque foram noticiados uns tiros mais audíveis na fronteira com o Chade, ou porque o socorro só pode vir do estrangeiro, já que de Kartum qualquer impulso seria no sentido de acelerar a ceifa da fome. Claro que as pobres populações não querem internacionalizar coisa alguma, gostariam é de nacionalizar a comida do país, no sentido de a fazer chegar à integralidade do território. Mas há uma boa noticia: a política externa do Coronel deixou por um momento de estar livre para levantar os olhos em direcção a lideranças megalómanas contra o Ocidente, fosse do Mundo Árabe, ou do Continente Africano, para ter de resolver um imbróglio no seu próprio quintalinho, a fronteira entre a África Islâmica e a que o não é.
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Em França Ségo, não tendo conseguido tirar da cartola o "coelho" Bayrou para usar como arma no segundo turno das Presidenciais, contentou-se em exibir um roedor chamdo Strauss-Kahn, aparentemente por ser pouco socialista, assim comprovando a sua (dela) moderação. A coisa não tem pés nem cabeça. Justamente por a sua imagem não ser radical é que era supérfluo sugerir para Primeiro-Ministro um político com essas características. O que acrescenta de caracterização diferente da sua (dela) é a agenda dos contactos manhosos na manga, à beira da corrupção; e o estatuto de queridinho de uns quantos empresários, detestado pela maioria da população. Inacreditável!
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O Presidente da Comissão Europeia conseguiu, por uma vez, que a banalidade do seu raciocínio coincidisse com o bom-senso, ao dizer que espera que a Turquia se porte como uma democracia madura na questão entre laicistas e religiosos islâmicos que rebentou a par da eleição do Presidente pelo Parlamento. Assim é que é. Se o candidato do Governo levar a melhor, poderá exprimir receios da entrada de Ankara por estar em perigo a liberdade religiosa. Caso os militares intervenham para o impedir, poderá sempre dizer que é de temer a entrada de uma nação com a política tutelada pelos quartéis. Estamos safos! O pior é se o partido do Dr. Erdogan escolhe um substituto hostil à adesão que aproveite um crescente sentimento anti-europeu para reconciliar-se com o meio castrense magoado com a desconfiança de Bruxelas. Só por aí é que se imagina as fardas a aceitarem um político contestatário do laicismo como Comandante Supremo...
O Mundo não está famoso

2 comentários:

cristina ribeiro disse...

Não,meu Amigo,não está nada famoso.
Tal como estão as coisas no Darfur,é caso para fazer corar de vergonha todos aqueles que poderiam fazer algo pelos que tiveram o enorme azar de lá nascer;mas convenci-me já que vergonha é coisa que esses criminosos desconhecem...
E voltando-nos para o nosso País,que já chamaram de Jardim,mas onde agora as urtigas nascem descontroladamente,ainda hoje a Mulher de um irmão meu,professora na escola secundária local,chegou a casa a chorar,porque se sentiu impotente para lidar com a má educação dos alunos.
Sei que se trata de situações de gravidade muito distinta,mas que não auguram nada de bom...
Beijo

O Réprobo disse...

Cristina,
não vai sem a resposta: uma Amiga minha, que é professora, diz ter, neste momento, quatro colegas, de baixa, por problemas psíquicos e crises nervosas provocados pela insubordinação dos alunos. E Outra, que é psicanalista, diz-me estar a espalhar-se a reacção inconsciente contra a própria ida à escola, que era característica de crianças na primeira escolaridade, a membros dos corpos docentes.
Beijo apreensivo