segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Da Necrofilia Temerária

Estou mesmo a ver uma batalha judicial em que os representantes legais da Maldição do Faraó e os das autoridades arqueológicas egípcias troquem alegações sobre a possibilidade ou não de incluir a retirada do corpo de Tutankhamon do sarcófago na letra da praga Aquele que perturbar o sono do Faraó conhecerá a dor e a morte. Os antecedentes não são tranquilizadores, com os óbitos precoces e inexplicáveis dos expedicionários que entraram no túmulo, tendo-se reservado a Carter o terror continuado da ameaça num resto de vida sem fruição. Creio que, em ultima análise, o prolongamento da vigência da vingança mágica dependerá da prova da capacidade de o Soberano conseguir ou não dormir em qualquer lado, ficando as coisas mal paradas, se for decidido que tal seria possível no sarcófago, mas não fora dele...
À cautela, não publicarei a fotografia da múmia desembrulhada no blogue.
Mas ouso protestar contra a ideia plagiatória de a encerrarem numa caixa de vidro protectora. Parece que querem seguir ponto por ponto o calvário dos raptores de Huac Caspac, de «As Sete Bolas de Cristal», o livro de Tintin que me dava pesadelos, na minha tenríssima infância.
O aviso está feito. Não há por onde se queixarem. De Luxor vêm sempre novas inquietantes: o obelisco da Praça da Concórdia, os atentados contra turistas e, agora, mais esta!

6 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, Caríssimo, «As Sete Bolas de Cristal» também foi o único livro de Tintin que me dava pesadelos na minha infância, ao ponto de o esconder dentro de um armário de livros que se fechava à chave - e fora da vista.

E os pesadelos deviam-se sempre à múmia inca e ao que lhe estava associado.

Só nunca percebi bem por quer razão é que aqueles incas de Hergé, peritos em magia ritual, em calendários solares e planetários, não tinham conhecimento de um simples eclipse... Enfim, um desfecho menos digno, n'«O Templo do Sol», dado por Hergé à história sombria iniciado no livro precedente.

Mas que estes novos «Tomb Raiders» estão a arriscar-se, estão...

Um abraço.

O Réprobo disse...

Meu Caro Carlos Portugal,
Curiosíssimo, fechá-lo num armário era precisamente o procedimento que eu adoptava. E, claro está,por causa da múmia, que tinha/tem mesmo um aspecto atemorizante...
Por falar niso, hei-de ir ver à «História dos Eclipses», do Chambers, se vem alguma referência à relação dos Incas com eles. Mas que deu um jeitão para o happy end...
Quanto aos intimoratos expositores, não digam, depois, que nós não os avisamos...
Abraço

T disse...

Das Sete Bolas de Cristal nunca tive medo. Mas a capa do livro dos sermões de Santo Agostinho enchia-me de susto e também a escondia numa estante-armário.

O Réprobo disse...

Credo! Que capa era essa?
Gosta então de múmias, está explicada a amizade por este bloguista.
Bj.

T disse...

Não sei, era um desenho semelhante ao Darth Vader sem máscara.
Uma grande múmia estafermosa:)
Bj

O Réprobo disse...

Ah, retiro o que disse, muito aliviado.
Bj.