Por Entre os Dedos
A Vida Eterna de Michael Flaherty

De Vitorino Nemésio:
Tenho o mundo na mão pela manhã,
À noite lançam-me ao mar com ele aos pés
Tais os que morrem a bordo a meia viagem
E todo o meu dia é uma luta
No perpétuo e estúpido bulício:
A minha funda é o cilício
De que fui incapaz aspirando a santo em menino.
Assim vivo doente, enérgico à força e peregrino.
Oh como é bom e triste ser um velho espantado
De ainda há dois anos parecer gente por inteiro:
Mas quando a morte nos é mais vizinha
Mais mortos vêm como grão apurado ao celeiro
E até a luz eléctrica macaqueia a luz perpétua,
Os ausentes acodem à nossa alma
Na secura da nossa solidão.
Eu agarro-me à vida como a palmeira a palma
Mas sei amar a Morte que me espera no chão.
2 comentários:
Totalmente off-topic:
Eu sabia que ,algures,tinha um livro de Alfredo Pimenta,que comprara já há uns anos,no intuito de saber alguma coisa sobre o Pensamento do Historiador,em concreto,mas também porque o tema me atrai:
trata-se de"Nas Vésperas do Estado Novo",uma edição da Nova Arrancada,de1988.
Agora,a falta de sono aconselhou-me a arrumar as estantes,e lá estava ele,esquecido,ultrapassado por outras leituras que se foram inpondo.
Mas agora já está num lugar de destaque para a ele voltar na primeira oportunidade.
Beijo
Penso, Cristina, já ter lido algures que era o livro de combate político que o próprio Autor preferia. E se a obra era grande! Força, pois.
Beijo
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