Uma Esquerda de Mestre?
Não sei se Sarko terá visto esta imagem, mas sem dúvida que ela prova que até uma Esquerda pode exercer alguma atracção. É norma nos governos norte-americanos integrar um membro do gabinete provindo do partido derrotado na eleição presidencial, para simbolizar uma platónica postura anti-partisenship. Daí que o Sr. Norman Mineta, nome correctamente grafado, tenha acompanhado a apresentação como Secretário dos Transportes de Bush com a declaração de que aqueles não eram Republicanos, nem Democratas. Não é tão habitual em França. Por isso a celeuma acerca da corte feita pelo Presidente a alguns Socialistas. Não falarei do Sr. Eric Besson, nem dos publicistas que apoiaram o novo ocupante do Eliseu antes do sufrágio. Cingir-me-ei a breves palavras sobre aqueles ao encontro de quem o Eleito foi, na ressaca da bebedeira eleitoral.
É um Bando dos Quatro. Não porque tenha cometido malfeitorias equivalentes, mas porque a solicitação deles para que integrassem a equipa dirigente vinda do outro lado é uma verdadeira "Revolução Cultural" na rotina política do Pais. Os nomes: Claude Allègre - o coveiro da PUF -, Anne Lauvergeon, Hubert Védrine, Bernard Kouchner. Os convites geraram logo rangeres de dentes dos aparelhos partidários: na Maioria com desabafos à boca pequena de que um estaria muito bem, mas quatro em quinze ministros seria levar a governação para a Gauche. No PSF, transformando François Hollande em controleiro, ao declarar inaceitavel a cooperação de inscritos no Partido com o inimigo e o inefável Maire de Paris a adoptar linguagem ameaçadora para os "traidores". Três recusas terão resolvido os embaraços maiores da questão. E o que cedeu acaba por ser o menos significativo, embora o mais popular deles. Kouchner, apesar do cartão de militante, sempre se moveu com uma autonomia que o transformava em sucessor de Tapie como a amante cara dos socialistas. É um homem paradoxal, com uma vontade efectiva de realizar boas obras, mas uma quasi-patológica - e e todo o caso infantil - necessidade de aparecer a protagonizá-las para o Grande Público. As explicações que se vão dando para a sua nomeação em vez de Védrine para as Relações Exteriores, o seu pendor filoisraelita, confrontado com o extremo anti-sionismo do outro ministeriável, cai pela base, dado o preenchimento da vaga ter tido origem na nega deste último e não numa retirada do convite em função das propaladas pressões da Comunidade Judaica. Mas creio que a razão última da abertura de Sarkozy não foi ditada pela Política Externa, antes pela vontade de emitir sinais para os compatriotas. Quer dizer, pelo privilégio da abrangência da Nação, contra o fraccionismo dos partidos. Precisamente o contrário do que Royal fez, pressionando os seus pares para uma designação imediata do candidato ao próximo despique, daqui a cinco anos, oferecendo-se, modestamente para o cargo. Se achava assim tão vital a alteração, mandaria o pudor que não se disponibilizasse. Estou a gostar da forma como um soube ganhar e a entristecer-me com a maneira como a outra não mostra saber perder. Dentro do triste espectáculo que é sempre uma corrida divisionista, claro está.
É um Bando dos Quatro. Não porque tenha cometido malfeitorias equivalentes, mas porque a solicitação deles para que integrassem a equipa dirigente vinda do outro lado é uma verdadeira "Revolução Cultural" na rotina política do Pais. Os nomes: Claude Allègre - o coveiro da PUF -, Anne Lauvergeon, Hubert Védrine, Bernard Kouchner. Os convites geraram logo rangeres de dentes dos aparelhos partidários: na Maioria com desabafos à boca pequena de que um estaria muito bem, mas quatro em quinze ministros seria levar a governação para a Gauche. No PSF, transformando François Hollande em controleiro, ao declarar inaceitavel a cooperação de inscritos no Partido com o inimigo e o inefável Maire de Paris a adoptar linguagem ameaçadora para os "traidores". Três recusas terão resolvido os embaraços maiores da questão. E o que cedeu acaba por ser o menos significativo, embora o mais popular deles. Kouchner, apesar do cartão de militante, sempre se moveu com uma autonomia que o transformava em sucessor de Tapie como a amante cara dos socialistas. É um homem paradoxal, com uma vontade efectiva de realizar boas obras, mas uma quasi-patológica - e e todo o caso infantil - necessidade de aparecer a protagonizá-las para o Grande Público. As explicações que se vão dando para a sua nomeação em vez de Védrine para as Relações Exteriores, o seu pendor filoisraelita, confrontado com o extremo anti-sionismo do outro ministeriável, cai pela base, dado o preenchimento da vaga ter tido origem na nega deste último e não numa retirada do convite em função das propaladas pressões da Comunidade Judaica. Mas creio que a razão última da abertura de Sarkozy não foi ditada pela Política Externa, antes pela vontade de emitir sinais para os compatriotas. Quer dizer, pelo privilégio da abrangência da Nação, contra o fraccionismo dos partidos. Precisamente o contrário do que Royal fez, pressionando os seus pares para uma designação imediata do candidato ao próximo despique, daqui a cinco anos, oferecendo-se, modestamente para o cargo. Se achava assim tão vital a alteração, mandaria o pudor que não se disponibilizasse. Estou a gostar da forma como um soube ganhar e a entristecer-me com a maneira como a outra não mostra saber perder. Dentro do triste espectáculo que é sempre uma corrida divisionista, claro está.
Nota: já depois de escrito o post, chega a notícia, por Hollande, da expulsão do "colaboracionista" que aceitou o posto ministerial. No fim de contas a Revolução Cultural, na vertente viciosa, parece morar na direcção partidária...
4 comentários:
Y una Señora Vasco Francesa en Interior.........
Ah! Não a sabia dessas bandas, Caro Çamorano.
Abraço
Biarritz, 1946.......
Biarritz! O-la-la!
Ab.
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