quarta-feira, 2 de maio de 2007

Eu Hoje Abordei Assim

Jean Cocteau


Mas ainda encontrei tempo de ver os compatriotas do retratado que sonham com a Presidência debaterem. Ou antes, baterem... no ceguinho, na medida em que cada um insistiu em tentar desembaraçar-se da imagem menos positiva que hes era atribuída: a agressividade de Sarkó e a falta de profundidade de Ségó. Nicolas ganhou a discussão. Esta foi substantiva, nada do que estamos habituados a ver por cá, as eternas generalidades desacompanhadas. Mas, justamente por isso, foi mortal para a sua oponente o pedido de concretização duma taxa que ela não soube dar e menos disfarçar. Como foi corrosiva a irritação que lhe provocou ao falar nas posições de François Hollande. Era, no entanto, legítimo fazê-lo, já que as referências eram dirigidas ao líder do partido da candidata, não ao "homem da casa". Fosse como fosse, o grande trunfo de telegenia de Madame Royal evaporou-se, pois o seu rosto não passa bem quando tenso nos grandes planos pensados para a beneficiar. E a recuperação do sorriso na declaração final pareceu artifício de quem sentia o solo fugir-lhe dos pés. Chegará para o Senhor da UMP ganhar? Não sei. Porém, desde agora, passei a desejá-lo. Sabe-se como ambos são duas faces da mesma moeda, uma exaltando os valores mitificados do debate, o outro exagerando a própria capacidade e legitimidade de intervenção modificativa. Mas ele quer a Turquia fora da UE e o regresso à regra da unanimidade nas decisões no seio desta. São questões de sobrevivência nossa, contra a passadeira estendida aos inimigos da Europa, no exterior e no interior desta. O que faz toda a diferença.

4 comentários:

vs disse...

Concordo.
Parabéns pela lucidez da sua análise.

Anónimo disse...

Segolene demostró tener lo que en España se llama "mala leche"......Sarkozy, imperturbable......

O Réprobo disse...

Obrigadíssimo, meu caro Alex. As sondagens de hoje, por muito pouco que se lhes deva ligar, já apareceram a reiterar o óbvio.
Abraço

O Réprobo disse...

Meu Caro Çamorano,
toda a razão; e a tentativa de se desculpar com "imperdida a capacidade de se revoltar" suspeito que não lhe trará votos dos até agora indecisos, podendo afastar alguns antes tentados a dar-lhos.
Abraço