Portugal - Um Retrato Social
Antigamente o Festival Eurovisão da Canção era um acontecimento, senão musical, ao menos social. Hoje, ninguém dá por ele. Quanto a mim, mais do que pela inflacção de países concorrentes, por termos, desde a entrada na CEE, tomado contacto na pele com as solvências de Bruxelas, nos dois sentidos o termo. É que antes fazíamos do certame a certificação da nossa inclusão europeia, como, no tempo do Estado Novo, do noso não-isolamento, ou da unidade de Portugal Continental e Ultramarino, candidatando cançonetistas das Províncias de Além-Mar. No regime abrilino foi a nosa colagem ao "Progresso", com investidas e investimentos de muito cantadeiro caucionado por militãncia no PCP.
Mas a evaporação do prestígio, que fez o concurso pasar de trunfo da RTP a obrigação, não pode dever-se a melhoras do gosto musical, dentro da pimbalhada reinante. É sim o spleen próprio dos folgados, apesar de neste clube sermos meros remediados.
E, se formos ver, nos vencedores não há grande coisa. Exceptua-se habitualmente os ABBA, a quem realmente devemos algumas criações que entravam no ouvido e ainda me atrevo a cantarolar no banho; mas quanto a profuniade de composição...
Não quero, contudo, fazer-me melhor do que os meus Compatriotas - vibrei um tanto com «Si La Vie Est (un) Cadeau», por Corinne Hermès. Verduras da juventude!
4 comentários:
Por caridade cortem o "c" a mais em "inflação", que não dá para corrigir.
E ponham um "d" para obter "profundidade". Ai a digitação!
Caríssimo,nunca lhe disseram que a pressa é inimiga da perfeição?Eheheh(não tenho que pagar direitos de autor pelo uso da onomatopeia,pois não? :) ).
Mas tem razão:o Eurofestival banalizou-se de tal forma,que passa completamente despercebido,e longe vão os tempos em que era um acontecimento que reunia toda a família frente à televisão.Mas este é só mais um exemplo do dito Progresso.Hoje,parece-me,já não há nada que faça viver esses serões,em que todos dizíamos da nossa justiça,para qual ia a preferência de cada um.
Beijo
Pois é, Cristina e o pior é que nas postagens youtubescas não há volta. Já agora, é separar o "se" do "não", que é um grande... senão!
Quanto ao fundo da questão, é extraordinário! Reuníamo-nos em casa de amigos ou parentes, como se duma celebração se tratasse, para ver aquelas pepineiras. E olhe que entre as Pessoas que recordo nesse hábito havia alguns melómanos e até executantes muito razoáveis em vários instrumentos. Como mudam os pretextos para as festas!
Beijo
Enviar um comentário