sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Imagens da Leitura 6

A Leitura de Bruneau Carcel

O alto conceito em que se tem aquilo que é publicado em livro pode bem levar a um apequenamento de si pelo Leitor, ciente de que a procura da plena absorção do espírito que gerou a obra estará acima das suas faculdades. É muitas vezes uma ilusão, mas, por ser encomiástica de outrem e expressar modéstia, não de condenar. O escritor enfrentra muitos perigos, tal a coagulação pela pompa da estatuária ou das instituições, tão perigosa para o intercâmbio entre quem escreve e lê. Por possuir maior difusão reveste-se, inclusivé, de risco maior do que as infecções de que o público é portador, o sentimentalismo popularucho, as marcas deformadoras das interpretações deficientes e a miopia psíquica que não deixa abarcar o conjunto.
Ler é como conversar, dançar com um par, ou amar: o segredo está no encaixe das concepções e do ritmo que conduz à harmonização, não tolerando o solipsismo e as paragens que procuram ampliar os detalhes, a ponto de os isolar.

2 comentários:

Luísa A. disse...

Caro Rébrobo, gosto desta sua série de «posts» dedicados à leitura. Conhece, talvez, o livro de Stefan Bollmann, recentemente editado em Portugal, que tem por título «Mulheres que lêem são perigosas». O que pensa dele (do título, evidentemente, não do livro)? :-)
Nota: Este comentário ocorreu-me há 6 «posts» abaixo, mas não tive então coragem para o fazer…

O Réprobo disse...

Querida Luar,
ainda bem que o fez agora. Não conheço o livro, mas vem na sequência de um velho entendimento de que a erudição feminina prejudica a vida no lar. O Dr. Johnson já dizia "Vem muito maior felicidade a um homem de a sua mulher saber cozinhar um pudim do que de ela ser douta em latim".
O meu comentário? O venerando escritor inglês saberia muito de livros. Mas não percebia peva de Mulheres.
Beijinho. Deu-me ideia para o postal de amanhã.