sábado, 24 de novembro de 2007

Comer Queijo Faz Lembrar

Busca de Queijo de James SeborConhece Quem me segue, desde outras moradas blogosféricas, a minha paixão pelo queijo. Mal sabendo andar já tinha o lamentável costume de rapinar o que serviam à mesa paterna, para o ir roer para um canto. Mas é alimento que poderia simbolizar a própria universalidade humana, não só por ser feito à imagem da Lua que nos banha a Todos, como por ter desempenhado papel importante em civilizações hoje inimigas. Os Árabes davam-no como descoberto por Kanina, um mercador que levara para viagem longa leite de cabra num odre de bucho de carneiro, o qual, por insuficientemente seco, misturara ao líquido a coagulante quimosina, dando uma pasta que, provada, se verificou ser manjar de Deuses. Duas culturas tão insistentemente opostas poderiam alicerçar as bases do entendimento na comum predilecção histórica por tal maravilha, já que David levou como provisões, na jornada terminal de Golias, doze queijos, os quais, como rememoração do desenlace feliz do episodio, passaram, em número de dez, a ser oferecidos ao comandante de cada exército hebraico em campanha. E Jerusalém provou a sua aptidão para cidade Triplamente Santa pela proximidade de um Vale dos Queijeiros hoje desaparecido da toponímia.
Mas os Egípcios mais antigos de que há notícia dominavam já aquele que era fabricado com leite de ovelha, assim como os Gregos consumiam o do dos caprinos, o do de burra e o do de égua. Nunca provei estes últimos, mas gostei da experiência da minha estadia alentejana, com um outro, tirado do leite de porca. A epopeia ficou consagrada com referências na Ilíada e na Odisseia. E no período Medieval era uma das preferências nutricionistas dos guerreiros Cristãos e dos bens mais apetecidos nos saques empreendidos pelos Muçulmanos.
Vem tudo isto a propósito da minha segunda grande alegria de ontem, uma corbeille com uma variada panóplia de exemplares deste género, que me ofereceram. Sabendo-se como a conjugação do Inglês e da fotografia levaram a consagrar o Say Cheese como uma tentativa de perpetuar a alegria, faço votos para que a reunião de realizações deste âmbito, das mais díspares proveniências, possa pacificar o Mundo de forma muito mais eficaz e menos cínica do que a ONU.
Queijos de Todas as Nações de John Bowman


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Não vou sem mencionar a corporização da poesia expressa na alimentação da isolada Semiramis, alimentada a pedaços de queijo pelos pássaros, que os roubavam para lhe garantir a sobrevivência, exemplar mito propulsionador do amor puro desejável entre a Espécie Humana e as restantes.

7 comentários:

Anónimo disse...

E eu que estava à espera de outra raridade bibliográfica, procurada há uma data de tempo...
Não está mal não senhor!
E essa história de que o queijo faz mal à memória confirmo que é nada mais do que uma lenda. Aprecio também muito o queijo, e se há coisa de que me orgulho é da minha memória.
Texto delicioso, ou não fosse ele sobre o que é.
Beijo

T disse...

Queijo e vinho tinto. Ou vinho do Porto.
Estou a suspirar!
Beijinhos aos escreventes:)

T disse...

Ora vá ao Dias espreitar:)
Bj

O Réprobo disse...

Obrigado, Querida Cristina, diz-se que os olhos também comem, por que não acrescentar que o estômago também lê?
Fico contentíssimo de saber compartilhado este gosto. E a história do esquecimeto, li nem já sei onde, deve-se a uns monges não terem pago a camponeses uns queijos encomendados e fornecidos. O Povo passou a dizer "quem come muito queijo esquece-se de pagar as dívidas". Com o tempo, as dívidas caíram.
Beijo

O Réprobo disse...

Querida T,
a primeira modalidade é o desporto a que me vou agora dedicando.

É pra já!
Bjinho

T disse...

dedique-se. Bj

O Réprobo disse...

Com todas as ganas.
Bj.