quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Unhappy End

O Último (até agora) Rei de Portugal gozou sempre, na parte feminina da minha Família, da simpatia que qualquer rapaz bonito que tenha perdido tragicamente um Pai desperta entre muitas Senhoras. Daí que, pese à tradição Miguelista, sempre tenha sido lamentado cá por casa. A sua História é simples: falhou porque não entendeu da mesma forma a cena interna como a Política Exterior. No campo da Diplomacia apostou na continuidade da Aliança Inglesa, com prejuízo próprio e servindo o País, mesmo apeado do Trono, como condição da subsistência nacional. Mas não percebeu que, internamente, arrepiar caminho e voltar os pokers partidários de antes do Franquismo era encorajamento a juntar outro crime àquele que o tinha deixado orfão. Virando-se para os partidocratas, de que José Luciano de Castro era o astucioso paradigma, parecia apadrinhar-lhe o entendimento de que carácter privado e verticalidade pública não se confundem. Alienava portanto toda a intelectualidade, alta, média ou média-baixa, cansada da vileza dos procedimentos apesar da prosperidade relativa da Nação, encaminhando-se ou para o autoritarismo, ou para as promessas douradas da novidade absoluta que fingia ser a República. Acalmar não é governar, é uma prorrogação do prazo em que se pagará a fraqueza. Ao desistir de lutar este Bibliófilo amantíssimo da Sua Pátria, de uma mansidão que o levara a deixar-se conduzir a uma esquadra de Paris por suspeito de não ter direito às insígnias da Legião de Honra que ostentava, em função da pouquíssima idade aparente, entregou-se às mãos dos sicários que encomendaram a morte de uma Linhagem, antes de tentarem a da dignidade sobrevivente de todos nós.
D. Manuel II nascera a 15 de Novembro.

22 comentários:

T disse...

Não era só ter sido orfão precocemente, é que o moço era bonito dentro do género da época.
Tenho uma fotografiazinha dele que era da minha avó.
Bj

Anónimo disse...

Este nosso último rei é-me muito simpático, dado o amor que nunca desistiu de demonstrar pelo País que tão mal o tratara, igualando o fervor de sua mãe.
Não estaria, porém, preparado para tão altas responsabilidades, como certamente estava o irmão.
Ler a sua biografia, do Círculo de Leitores, é, aliás, uma das coisas a que me tinha proposto ; não o tendo feito ainda, não sabia que hoje era o seu dia.
Beijo

Capitão-Mor disse...

Um belo regresso ao passado. Hoje também poderei afirmar que é um dia fúnebre por estas paragens. Comemora-se a Proclamação da República. Quem sabe, se com a continuidade do regime monárquico, a quantidade de gatunos e corruptos não seria bem menor!
Abraço monárquico!

O Réprobo disse...

Sim, Querida T, eram ambas essas considerações que sobressaíam entre a tal Parentela minha, ainda antes da fidelidade ao Trono. A Gaby teve um trabalho agradável, pelos vistos..
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
subscrevo inteiramente a ideia da menor preparação, pois o assassinado Príncipe Real fora formado por vultos como Mouzinho...
Não conheço esta nova biografia, mas aí na bela biblioteca paterna deve encontrar a história do respectivo reinado por Rocha Martins e duas evocações doutros Autores, «O Último Rei» e «O Rei Saudade», que dão uma boa panorâmica.
Beijinho

O Réprobo disse...

Meu caro Capitão-Mor,
pois, vi a piadinha de uma das Suas Comentadoras. Muito haveria a dizer do Republicanismo Brasileiro, uma espécie de filial Sul-americana do Positivismo Conteano, feito a pensar nos interesses e gostos burgueses contra os avanços emancipalizadores e sociais da Monarquia.
Abraço
Abraço

Anónimo disse...

Paulo, gosto muito desse título «O Rei Saudade».
Obrigada por mais esta dica.
Beijo

O Réprobo disse...

Sempre às ordens!
Beijo

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Engraçado...na minha cabeça o mais bonito sempre foi o D. Fernando, não sei se por causa do cognome de "Formoso", segundo lembro.

beijo

T disse...

Eu sempre tive um fetiche pelo D. João II, sei lá porquê.
Bj

O Réprobo disse...

Querida Júlia,
Mas, ao que parece, El-Rei D. Miguel tinha, ao tempo, uma saída similar às dos músicos e actores mais em voga do nosso tempo, com as fãs a desmaiarem à respectiva passagem...
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida T,
o Doktorr Fraude explica:
uma atracção mórbida por especialistas em dar facadas nas costas...
Bjinho

T disse...

O caracinhas!
Bj

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Não lembrei dele :-)

Mas que dizer do fascínio que me causa mesmo depois de morto o protagonista da mais bela história de amor da nossa História?

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Querido Paulo,

Estou a ver o estilo, que não é o meu :-)

beijo

T disse...

O D Pedro ou o D Fernando?
Beijos aos três

T disse...

O D Miguel era muito mais interessante que o actual Duque de Bragança. Mas tem um certo ar de forcado.
Bjs

O Réprobo disse...

Querida Jília,
D. Pedro I e a celebração da que depois de morta foi Rainha? Os Franceses - e bons, diga-se - adoram a história. Mais, Montherlant, que não era lamechas, escreveu uma peça com muitos pontos de contacto, embora os especialistas afiancem que houve mais do que uma inspiração.
Beijinho

O Réprobo disse...

Querida T,
Ehehehehehehehehe (riso escarninho).

D. Fernando em histórias de amor ficou cego pela ruiva a que o Povo chamou aleivosa. Masmo assim, apesar de desprovida das consequências históricas do desempenho da mana entre lençóis, tem mais trágico o da irmã dela, apunhalada pelo marido por motivos cúpidos.

O Senhor D. Miguel havia de adorar essa analogia, com a paixão que tinha pelos touros...
Mas creio que só há base para isso no breve período em que usou patilhas.
Bj.

T disse...

Quem gosta do D Fernando é a Júlia. Eu achei-o sempre pouco despachado. Gostava de ver era imagem do Conde Andeiro.
Tem tipo de campino o D Miguel tem.
Olhe vou emailar-lhe um pacote G.
Bj

O Réprobo disse...

Mas tenho para aí...
A ver se A posso servir.
Bjinho

O Réprobo disse...

E peço desde já perdão pelo Jília que saiu em vez de Júlia.