terça-feira, 14 de agosto de 2007

A Coerência Democrática

A 14 de agosto de 1945 um tribunal constituído apenas parcelarmente por magistrados, sendo as restantes partes dele parlamentares hostis e resistentes, com um presidente e um procurador que exprimiram antecipadamente a convicção da culpabilidade do Acusado, condenou o Marechal Philippe Pétain, salvador do País em 1918 e em 1940, quando mais ninguém queria pegar no poder, à morte (comutada em prisão perpétua). As acusações? 1- Ter excedido os poderes conferidos pela Assembleia Nacional, que tinham sido os «plenos», recorde-se, entrando assim da forma mais triste na renovação da língua. 2- Ter aceite a derrota como definitiva, quando as testemunhas inglesas, de acordo com o próprio Churchill explicaram ter sido tudo combinado com Londres, para evitar que o armamento, Império Colonial, economia e território franceses ficassem completamente na mão do inimigo. 3- Ter colaborado com o ocupante, fornecido tudo o que ele exigia e de que necessitava, não considerando minimamente as toneladas de papel que evidenciavam o constante regatear das condições impostas, quando não a sabotagem do seu preenchimento.

Que espanta? Nas letras Claudel também publicou um poema laudatório dirigido ao Condenado, quando ele estava por cima. E quatro anos depois, outro, ao político que mais pesou neste exemplar acto judicial...
Ao contrário, o Réu, como única defesa, proferiu:
Ao vosso julgamento responderá o de Deus e o da posteridade. Eles serão suficientes à minha consciência e à minha memória. Confio-me à França.
Apesar da odiosa fantochada nunca se alterou.

8 comentários:

Anónimo disse...

Existe un libro de la escritora abulense Josefina Carabias Sánchez- Ocaña, republicana española refugiada en Francia, que narra la verdadera situación de la Francia regida por el Gobierno de Vichy. Tiene que reconocer que rige el orden público, no hay violaciones de mujeres, ni saqueos, ni rapiñas. Los soldados alemanes pagan hasta el último céntimo en sus compras, se comportan con la población con una caballerosidad exquisita y hasta procuran hacer poco ruido para no molestar a los vecinos cuando desfilan. Sin embargo, parece ser que hubo desmanes por parte de tropas africanas cuando Alemania fue invadida en la anterior Guerra de 1914- 1918. La actuación del Mariscal Petain ahorró muchas vidas francesas. Fue una epoca negra para la justicia francesa, que condenó a muerte al escritor Roberto Brasillach por un delito (sic) de OPINION.......!

O Réprobo disse...

Meu Caro Çamorano,
esse foi outro julgamento infeliz, embora por razões diversas, o talento do escritor. Mas Brasillach e a equipa do «Je Suis Partout» foram de facto colaboracionistas, coisa que Pétain nunca foi. E estou inteiramente de acordo com o que dizes aderca da poupança aos fagelos da desordem ou das imposições da derrota que resultou do seu governo.
Aliás reio que em Espanha é muito considerado, não só por lá ter sido diplomata, normalizando as relações entre os dois países, como pela pacificação marroquina em que participou e em que se empenharam os exércitos das duas nações.
Abraço

Maríita disse...

Ainda nem li nada, mas estou tão feliz, mas tão feliz de te ter de regresso que até perdi a capacidade de leitura!

Tenho sentido a falta dos blogamigos, tu, o capitão-mor, o Luís Graça (anda em tourné)... Quando é que nos juntamos finalmente?

Muitos beijinhos

O Réprobo disse...

Querida Mariíta,
é combinarmos.
Pensava que o Luís Te tivesse dito deste Inferno. Demorei algum tempo a certificar-me de que iria para a frente com ele, mas julgo que agora está encarreirado.
Beijinhos muito gratos pela felicidade por mim imerecida.

Anónimo disse...

Amigo Réprobo: a todos esos méritos del Mariscal Petain habría que añadir su intervención decisiva en la devolución de lingotes de oro y obras de arte que los Rojos se habían llevado a Francia y que fueron restituidos al Estado Español...........Por eso resulta indignante que el ex- Presidente de Castilla La Mancha, hijo de un Alcalde Falangista, se haya permitido criticar al gran Mariscal de Francia.........Ab.

O Réprobo disse...

Caso para mudar a letra, mas não o espírito do céebre ditado para QUEM NÃO SAI AOS SEUS DEGENERA.
Abraço, Caro Çamorano

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo:

Bastará referir que Platão, na sua «República», classificava a democracia como o segundo pior sistema governativo possível, logo acima da tirania. Se bem me recordo das minhas leituras, dizia ele que a democracia, na melhor das hipóteses, levava à hegemonia da mediocridade, por eliminar tanto os menos aptos como os mais aptos, e, na pior, resvalava para a tirania.

E não ligo ao que um Winston etilizado cronicamente balbuciava...

Muito pior que Pétain se portou um certo Charles de Gaulle que, após ter levado a sua divisão blindada para a aniquilação frente aos canhões e tanques de Rommel e Guderian, desertou vergonhosamente para Inglaterra.

A salvar a honra da França, estiveram os cadetes de St. Cyr, que resistiram sem se renderem, o que levou a Whermacht, após a queda de Paris, a deixá-los sair em liberdade e com as suas armas ao ombro, perante uma guarda de honra alemã. Os alemães reconheceram o valor destes rapazes, mas a «democracia» pós-guerra, para além de esmagar o Marechal, iria acusar (e condenar) os valerosos cadetes de St. Cyr de colaboracionistas, por o exército alemão lhes ter prestado homenagem... E iria louvar o desertor de Gaulle.

Se estou enganado, corrija-me, por favor, Caríssimo Amigo. Mas tudo leva à constatação de que estas «democracias» forçadas têm intrinsecamente uma inversão de valores, para além da dita incoerência. Razão tinha Platão.

Um grande abraço.

O Réprobo disse...

É bem verdade, Caro Carlos Portugal, que a crítica platónica considerava a Democracia forçosamente má, enquanto que as outras formas de governo poderiam sê-lo, apenas, acidentalmente.
Quando De Gaulle zarpou para Londres já não estava à frente da sua D.B., era subsecretário de Estado da Guerra no Governo Reynaud. E tenho essa prorrogação da luta sob a bandeira da França Livre como um acto digno. Desde que articulado com a diminuição dos desgastes da derrota que Pétain encabeçou. A ira persecutória contra o segundo eixo da sobrevivência francesa é que é baixeza inqualificável e, com a traição argelina, manchará irremediavelmente a sua acção na História.
Abraço