sábado, 20 de outubro de 2007

Querer E Poder

Um dos mais fortes finais do cinema francês, o de «O Prazer», de Max Ophuls, a partir de Maupassant. A Felicidade não coincidirá decerto com a Alegria, porque a primeira é totalitária e a segunda não. O que não quer dizer que seja superior a esta: tem sempre, nos espíritos bem formados, um conteúdo ético, de dedicação e dever para com o outro, enquanto a mais-valia que o combate ao sorumbatismo traz aos convívios é mera consquência não-imposta da acção. Não tens mais direito a consumir felicidade sem a produzir do que a consumir riqueza sem produzi-la, escreveu Shaw. Todavia, há que desnudar a faceta de procura que há no espírito alegre, diferente do estádio final, de obtenção que é tornar-se feliz. Não permitir que nos rendamos aos estigmas do caminho, seguindo a máxima de Sara Teasdale extraída, encontro mais alegria na dor do que tu a encontras na alegria, pode finalmente eliminar as insatisfações características de toda a falta, como as de toda a fartura. E perceber que na minha alegria está alguma felicidade, tal na minha felicidade se incluir a minha alegria. À maneira do Tempo, é um dueto que não prima por linear, aprofundadamente olhado.

2 comentários:

T disse...

"Le bonheur n'est pas gai ..."
Resta-me saber se sou só feliz ou só alegre:)
Tenho que rever este filme e reler o Maupassant. Beijinho

O Réprobo disse...

É uma grande frase, não é, Querida T? Penso que qualquer das duas é demasiado para comportar um "só". E que podem cíclica e reciprocamente "causar-se".
Bjinho