sábado, 10 de novembro de 2007

Folhas Caídas

Aniversário de dois grandes inimigos da Pedra sobre a qual Jesus edificou a Sua Igreja. Maomé (570) e Lutero (1483). Curioso como a imagem de ambos tem vindo a ser promovida pela relação com o Livro, quando a acção de cada um deles contribuiu não pouco para a degradação de certos aspectos dele. Ao fundador do Islamismo não assacarei as responsabilidades que devem ser imputadas ao seu sucessor, Omar, do incêndio maior da maior das biliotecas antigas, a de Alexandria, por os volumes lá existentes serem contrários ao Alcorão, logo heréticos, ou conformes com ele, portanto supérfluos. Mas tenho de lembrar a confessada relutância em fazer leitura, que só a insistência angelical, depois de várias vezes contrariada, conseguiu vencer.

Da mesma forma, a principal oposição ao protestante não parece tanto dever incidir sobre a falta de escrúpulo na queima de obras contrárias, a tal que deu mau nome a todos os carvalhos; nem na monopolização da imprensa pela Bíblia e sermões de consequências menores, ao individualizar a relação com o Texto Sagrado, prescindindo das mediações interpretativas. É de realçar, isso sim, um paralelo com o que aconteceu com a privatização das estações televisivas do nosso tempo: ao despromover a teologia circulante das controvérsias eruditas arbitradas para o panfletarismo afrontante, procurou-se na popularidade o critério, com a inerente quebra de qualidade. Que demorou três séculos a ser ultrapassada.

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
O Réprobo disse...

Esse também tinha sido fresco, Caro Filomeno. E a segurança aludida é não só um reconhecimento da força e certeza no pisar, como também da exclusividade na articulação dentro da Fé de valor humano e relação com o Divino num pano de fundo em que a Bondade não exclua a Justiça e Vice versa.
Abraço