domingo, 9 de setembro de 2007

Como Um Dia de Domingo

Manhã Quente de Domingo de Arne Westerman

Em boa hora Sua Santidade veio lembrar que o descanso semanal só ganha o seu pleno sentido se dirigido a uma dádiva de si. Ao Criador, de que é o Dia, à Família cuja reunião facilita, à Paz, suspendendo o bulício embrutecedor desses dias que por serem úteis não podem aspirar a voos mais altos.
É que se a circunscrevemos à órbita egoísta das nossas satisfações puramente imediatas e animais, ainda que de animalidade social, deixamos a essa folga o mero papel de interrupção do movimento acéfalo que se arroga condição natural da nossa vida, ao ponto de a sua falta redundar ou na dolência própria de animal de engorda, ou na saudade de emoções fortes, mesmo que cortantes, tão próximas do masoquismo, o qual procura no que pode ferir a confirmação da vitalidade.
É o interlúdio fatal, desprovido da generosidade vivificante, que vejo neste poema de José Bruges

INTERVALO

Hoje, nenhum sofrimento
Nem o mais leve motivo
De qualquer contentamento.
Hoje não vivo.

É intervalo este dia,
Nem adverso nem amigo,
Em que a dor e a alegria
Não são minhas, nem comigo.

Langues, mortais frialdades
Entorpecem o meu ser.
Que sono! E que saudades
De viver...

6 comentários:

Ricardo António Alves disse...

Esta ia para as minhas estampas. Ab.

O Réprobo disse...

E a Mensagem Papal para as Tuas regras de conduta, espera-se...
Abraço

T disse...

Talvez o domingo fosse mais o que devia ser, se n�o existisse uma semana t�o complicada antes:)
Beijinho

O Réprobo disse...

A aldeia é, então, o "descomplicómetro"? Vamos ao êxodo urbano! Já!
Bj.

Ricardo António Alves disse...

Of course... Ab.

O Réprobo disse...

Rejoice!
Out.