domingo, 23 de setembro de 2007

Águias Depenadas

Foi a 23 de Setembro de 1943 que os remanescentes do Fascismo, após a planada e skorzenyana libertação de Mussolini criaram essa Republica Social no Centro e Norte de Itália, conhecida por Salo, que os Nacionalistas-Revolucionários, sobretudo os mais revolucionários que nacionalistas, gostam de evocar como regresso à pureza originária. Como por cá a perspectiva é diversa, de condenação de tudo o que cheire a partidos, sejam um, ou muitos, há a lamentar esse passo final, que acentuou os fraccionismos de parte, quando a prática governativa de duas décadas fora, em grande medida, de agregação nacional. Com efeito, o Partido Nacional-Fascista aglutinara aos Fasci do princípio os Nacionalistas de Federzoni, Garibaldinos, fiéis D`annunzianos e estabeleceu pontes com a Casa Real e Vaticano (De Vecchi e Constanzo Ciano) e políticos da partidocracia que antecedera, com Salandra a dizer, contra a doutrina, que o Duce tinha coroado... o Liberalismo Italiano! Também um dos aspectos mais objectáveis do regime, o carácter milicial, tinha sido algo domesticado por De Bono, ao conferir-lhe traços militares e transformá-lo no Quarto Ramo das Forças Armadas. Agora toda essa obra unificadora era posta em causa, pela agitação do republicanismo, modernismo e obreirismo da fundação. Nem referirei a miséria da manutenção devida às armas alemãs, pois a da Coroa, no Sul, estava igualmente refém das anglo-americanas, embora a defecção de grande parte da hierarquia governamental, desiludida com os azares de uma guerra impopular, talvez fizessem para ela pender o fiel da balança.
Entretanto, a violência em que se refugiou para contrabalançar os insucessos acumulados, com uma Verona percursora das execuções guerrilheiras e "justiças expeditas" do outro lado, viriam a dar espaço de atenção para delírios artísticos atribuidores de pulsões inventadíssimas, como nos «120 Dias» de Pasolini, rotulando de sexualmente condicionada uma absolutização do Poder, que, afinal era menos extenso do que nunca.
Único aspecto positivo: ter adoptado na bandeira uma Águia perdedora, que permite desviar a minha atenção de hoje de uma outra - que me vincula, essa - empatante...

2 comentários:

Anónimo disse...

Curiosamente, Caríssimo Amigo, uma «águia perdedora» muito mais próxims (estilisticamente falando) da águia germânica do que da italiana de asas semi-recolhidas. Também curioso é o fascio horizontal, quiçá prenúncio de mais outra queda, com os acordes finais a ecoarem pelas margens (lindíssimas) do Lago de Como.

Actualmente, para além de alguns exemplos na EUR em Roma, os únicos fascii erguidos que se conhecem estão na câmara do Senado dos E.U.A., para além de figurarem na «moeda» que alguns globalistas querem ver substituir o dólar americano, o dólar canadiano e o peso mexicano, de seu nome «amero»... (mas quem será o indigente mental que inventa estes nomes, com a inegável sonância das ficções sociais em voga na literatura da primeira metade do século XX?)

Abraço.

O Réprobo disse...

Ou então, Meu Caro Carlos Portugal, confissão do que se entregava, moribundo, às garras da Germanicidade que ainda mexia...

O Senado Federal Norte-Americano sempre se gostou de rever como espelhando todos os símbolos de autoridade. Depois de ter importado o nome da Roma Antiga, perfeita coerência em imitar-lhe a simbologia dos Lictores... Curioso é que os primeiros fasci modernos designaram agremiações radicais demo-socializantes na Sicília...
Só faltava ao México, para corroborar a célebre frase de Fuentes, ter um banco unificado, juntando-o com o vizinho de cima, a decidir sobre a sua moeda. Está visto para quem será amero!
Abraço