sábado, 22 de setembro de 2007

O Povo(ao)léu

Músicos do Povo de Cruz Herrera

Surge uma série de equívocos a propósito da designação de algum interveniente público como sendo do Povo. Não falo já na mentira de Marat, pois essa reportava a um desmentido afecto por si pretensamente dedicado, mas das designações que pretendem colar a alguém a estima das Pessoas Anónimas.
Ficou a invenção dos tablóides de Princesa do Povo para Diana de Gales. Puro decalque que só a amnésia colectiva não desmascara: o epíteto tinha sido usado para o Rei Jorge VI, Rei do Povo considerado por, sem a preparação específica para assumir o Trono, ter vindo a exemplarmente cumprir as obrigações dele, lutando contra as adversidades da gaguez e das tragédias da Guerra. Eu não alinho na detracção que publicistas por mim seguidos com atenção, Vasco Pulido Valente, Manuel de Lucena & alia periodicamente exteriorizam contra a falecida Mulher de Carlos. sucumbiu decerto a um papel maior do que as possibilidades dela, mas as infidelidades e desprezo do marido em nada ajudaram. Por outro lado, sou absolutamente hostil ao vício de classificar o empenhamento em causas humanitárias como manipulação. Se assim for, gostaria de ser manipulado por todas as Figuras Públicas, começando pelos dois referidos críticos. Mas há um ponto digno de reflexão - a decadência de uma sociedade, ao ponto de ser credível dar-lhe a preferência por alguém que não conseguiu cumprir o que de Si se esperava, quando, ainda não há muitas décadas, a mesma era aplicável a Quem o conseguia, fazendo das fraquezas forças e superando-se.
Da mesma forma, as tentativas de certa Imprensa, vindas a lume nos últimos dias, de dar Mourinho como o Técnico ou Treinador do Povo. Suponho que o seja tanto como Scolari, que um jornal brasileiro diz por cá assim ser chamado, o que me faz pensar que tenho vivido noutro país... Mas concedendo que ambos dessa maneira fossem tratados, também haveria um decréscimo de qualidade, na ética massivamente estimada para que remeteria. O Filipão, conhecido por mobilizar o apoio do País contra outras selecções, num pano de fundo de alegria e reconhecimento dos craques. O nosso milionariamente desempregado compatriota, tendo-se distinguido por exarcebar os mais fragmentadores instintos clubísticos, com referências arrogantes e polémicas com colegas de profissão.
Porém, a lição maior é que não são Músicos do Povo muitos daqueles que lhe tentam dar música.


2 comentários:

Anónimo disse...

Há uma diferença intrigante entre o que se diz que o povo tem na conta bancária e o saldo real.

O Réprobo disse...

Quase se poderia dizer Dele o que Madame Roland disse da Liberdade...