quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A Sorte dos Números

Foi a Treze de Setembro que os Helénicos Avós da Liberdade do Ocidente lograram vencer a ameaça Persa nessa Maratona que iniciou outra, a da Herança Histórica, indicando o caminho para as condutas hoje exigidas, mas aparentemente postas de parte. A vitória de 20.000 contra 100.000 não teria sido conseguida por um comando repartido por dez. Por isso o Nobilíssimo Aristides deu o exemplo, logo seguido pelos restantes, de renunciar ao seu, em favor de uma decisão unificada centrada em Milcíades. Depois, voltou a Atenas, onde, hostil à Democracia, foi eleito Tesoureiro, grangeando reputação de ser o único homem honesto da Polis, aquele que de nada se apropriou, nem deixou que outros o fizessem. Apesar da aceitação geral do que ditou sobre a repartição de pagamentos de uma espécie de imposto de Defesa, teve a oposição dos Democratas de Temístocles, a quem apontara os casos concretos de corrupção, durante o primeiro mandato, sendo condenado a pagar uma pena pecuniária "por exceder as suas funções". Calou-se então, foi reeleito por larguíssima margem para um segundo mandato e elogiado por todos os lados. O que o fez dizer Quando cumpri a minha missão, dando o melhor de mim, vocês multaram-me e limitaram-me o cargo. Quando nada disse sobre o roubo dos dinheiros públicos vocês chamaram-me honesto e reelegeram-me. Quero que saibam que me envergonho mais da honra que me dais hoje do que da desonra que lançásteis sobre mim no ano passado. É uma vergonha que acheis melhor agradar aos viciosos do que preservar a nossa Cidade.
Ostracizado, como não poderia deixar de ser, consta que inscreveu o seu próprio nome no ostracon de um cidadão analfabeto que não o conhecia mas queria pô-lo fora, por estar cansado de ouvir todos dá-lo como justo. Quase tudo como hoje, enfim. O quase deve-se a ainda haver então UM Homem destes.
*
Foi também a treze de Setembro que morreu Andrea Mantegna, um dos meus Pintores preferidos, de data de nascimento ignorada. Depois do que ficou dito que melhor lembrança dele do que opor o Ideal ao Real e dar Minerva (Atena) Expulsando os Vícios do Jardim das Virtudes?

5 comentários:

Bic Laranja disse...

Uma bela lição. Cumpts.

O Réprobo disse...

Obrigadíssimo, Caro Bic. No Passado está tudo. E só não digo que com menos sombras porque isso implicaria que a luz fosse maior, hoje.
Abraço

Anónimo disse...

(Não quero crer que a frase de Renato de Sousa seja uma verdade absoluta;quero acreditar que tal política pode ser generosa,como já o foi,se bem que não no nosso País.A questão que me ponho é se ela NUNCA funcionará em Portugal,se estará o português condenado a essa burla,que foi uma constante no passado e continua no presente,ou se,como ainda espero-dizem que a esperança é a última a morrer-,não será apenas uma questão de aparecerem os homens certos)
Beijo

Anónimo disse...

(Se bem que essa esperança se encontra muito abalada,e me seja difícil acreditar que,pelo menos nos tempos próximos,e a julgar pelo quilate das novas gerações de homens na política activa, se vá alterar o estado miserável em que nos colocaram.Parece-me que posso antes falar naquilo que desejava que fosse)

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
eu sou menos particularista. Não vejo, em qualquer ponto do mundo, legitimidade de deitar cá para fora ambições de poder, muito menos premiar carreiristas ou concursistas com ele. Todos devemos levar pacatamente e sem manias da grandeza a nossa vida e, se um dia o Rei Legítimo achasse que este ou aquele poderiam ser de algum valimento no serviço da Grei, aceitar essa investidura como uma responsabilidade mais, não como um êxito pessoal.
Que em Inglaterra o parlamento funcione não obsta à ausência de direito a existir, em moldes partidários. A eficácia não é uma atenuante, apenas um analgésico.
Beijo