Curvas da Prosperidade
Que fado o da Gioconda! Tudo o que era artista irreverente a repintou, mutilando-a, por ser tida como emblema do Classicismo, não se querendo reconhecer-lhe na sua pureza a imagem de marca de toda a pintura. Esta foi-lhe admitida pelos artistas sem plasticidade que se debruçaram sobre ela, dos críticos aos exotéricos. Nunca pude impedir-me de pensar que o tão propalado "mistério" do sorriso se deveria a um esquecimento da dentadura aquando da pose, como reforçaria esta descoberta de Gellin e Segal.
Da mesma forma a atenção que as respectivas pilosidades despertam, fosse num penteado mais retorcido, do género imaginado por George Gestaldo, ou nas diminutas expressões de sobrancelhas e pestanas. Não me parece que cole a tese agora aventada de restauros involuntariamente alterantes. Quadros destes eram retocados com cuidado que não se compadecia com esquecimentos. Vejo como mais natural a varição de visual da Dama, que, à semelhança Das de hoje, nem sempre quereria aparecer com o mesmo enquadramento capilar dos olhos, o que, desde a Roma Antiga, proporcionava às Senhoras de Qualidade expedientes para se transformarem, possuindo escravas gregas especializadas.
Da mesma forma a atenção que as respectivas pilosidades despertam, fosse num penteado mais retorcido, do género imaginado por George Gestaldo, ou nas diminutas expressões de sobrancelhas e pestanas. Não me parece que cole a tese agora aventada de restauros involuntariamente alterantes. Quadros destes eram retocados com cuidado que não se compadecia com esquecimentos. Vejo como mais natural a varição de visual da Dama, que, à semelhança Das de hoje, nem sempre quereria aparecer com o mesmo enquadramento capilar dos olhos, o que, desde a Roma Antiga, proporcionava às Senhoras de Qualidade expedientes para se transformarem, possuindo escravas gregas especializadas.
Interrogado sobre o tema, nunca acertaria no facto ora apurado de ser o Inglês o europeu em que a obesidade atinge, correntemente, maiores proporções. Apesar da apregoada excelência da dieta mediterrânica, à base de legumes, bem como dos abusos do beefsteak e da cerveja, prefiguraria os mais british dos Britânicos com silhueta esguia antes do que latinos e alemães, por exemplo. Mas talvez haja uma explicação independente dos hábitos da fast food: conhecida a deficiência da culinária das Ilhas de Além-Mancha e a correspondente apetência por experimentar as dos outros países, sem excepções significativas, essa condição de globetrotters da paparoca pode dar à luz protuberâncias de tomo.
Simplesmente, a complacência, se não o prazenteiro tom, com que a ironia contra si virada se faz retratar no John Bull comilão, ignorando os perigos iminentes aqui na encarnação francesa desenhada por Gillray, neste momento histórico tão ameaçador pode bem fazê-los acreditar que o mais evoluído estádio da Espécie seja como segue:
8 comentários:
Cervantes calificó a las inglesas de su época como "Notomía de huesos" (Todavía no había nacido Lucy Pinder, claro).........Ab.
O da frente lembra-me alguém... Ab.
Querido Paulo,
resta-me a consolação de que nunca evoluirei - sou magrela.
:-))
beijo
Eu nunca entendi o fascínio pela Dama! Lamento mas é um quadro que não me fascina em aspecto nenhum, devo ser uma "bestinha" mas nespes...
Nem mistério lhe encontro, acho q não sorria com os dentes de fora porque estavam estragados ou faltava algum (o q na época era normal)... Nã, não me diz nadinha!!!!
Meu Caro Filomeno,
no tempo dela Diana Dors também disfarçava bem o esqueleto, parece-me...
Abraço
Meu Caro RAA,
mas aposto que não por abuso de fast food!
Abraço
Querida Júlia,
Quantas pessoas conheço que não dariam os olhos para partilhar essa estagnação na cadeia, ehehehehehehee.
Beijinho
Querida Luar,
no próprio Leonardo há quadros que me parecem infinitamente superiores. São os azares que fazem os ícones e as projecções de preocupações interiores dos críticos na tentativa de combinar sagacidade e sintonia com o público que determinam os êxitos duradouros, muitas vezes.
Lá está, a dentadurazinha olvidada, ehehehehehe.
O que me dá uma ideia, embora seja mau a lançar correntes. Cada bloguista dizer qual o quadro que é O da sua vida. Quer começar? Eu já escrevi no Misantropo que o meu era «Lanzas» de Velazquez.
Beijinho
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