Águas Passadas
Querida T, longe de mim contestar a importância dos aguadeiros no combate aos sinistros da nossa capital. Mas não era só como antecessores das bocas de incêndio que se distinguiam. A água que transportavam era muito requisitada para usos medicinais, quer para ingeri-la, quer para lavar os corpos. O Povo era ciente e cioso da sua História, bem como ciumento da alheia. Sabia que outrora, em Lisboa, tinham funcionado termas romanas, as dos Cássios, que já aqui referi, nas Pedras Negras com que me quis ensaboar, bem como as de Augusto, de restos ainda hoje visitáveis sob a Rua da Prata. E sabia das propriedades das águas sulfúreas das Caldas da Rainha,Pelo que, quando, no Reinado de D. João VI, prosseguindo a reconstrução do que fora o Terreiro do Paço, se encontraram na parte Ocidental da praça umas lamas esverdeadas e mais do que fedorentas, os operários que nelas imergiram as pernas tiveram uma audiência que faria inveja à TVI, ao dizerem ter sentido melhoras nas maleitas de que sofriam as partes mergulhadas. O Povo começou a tomar banhocas num brigue ancorado no Cais do Arsenal e os de bolsa mais folgada compravam-na aos nossos amigos Galegos por 100 rs. cada barril de 32 litros, no tempo de Ramalho Ortigão, o que era considerado uma exorbitância e parece desmentir os embaratecimentos ditados pela concorrência. Obtida a sanção oficial da Sociedade Farmaceutica de Lisboa, foi o navio desmantelado, explorando-se a estância numas termas rudimentares dentro do próprio edifício da Marinha, até que a Misericórdia e Agostinho Lourenço tornaram realidade o sonho, adiado por décadas, de fazer o líquido mágico chegar aos Banhos de São Paulo.
Eu é que sou sujeitinho desconfiado e, nestas coisas de água a temperaturas elevadas, lembro-me sempre da pobre Estrela Dominicana Maria Montez, cuja vaidade a fazia dizer que de cada vez que se via ao espelho se achava tão bela que gritava: para manter essa opinião tomava banhos em água a ferver, que dizia conservarem-lhe a pele. O resultado foi morrer de ataque cardíaco, numa dessas ousadias.
Eu é que sou sujeitinho desconfiado e, nestas coisas de água a temperaturas elevadas, lembro-me sempre da pobre Estrela Dominicana Maria Montez, cuja vaidade a fazia dizer que de cada vez que se via ao espelho se achava tão bela que gritava: para manter essa opinião tomava banhos em água a ferver, que dizia conservarem-lhe a pele. O resultado foi morrer de ataque cardíaco, numa dessas ousadias.
21 comentários:
Não sabia da lama verde. Rica história:)
Conte mais! Eu tenho outras engraçadas dum livro que ando a ler . Vou mostrar-lho lá no Dias.
Bjo
A informação sobre o lamaçal sportinguista colhi-a num belo artigo de Maria Archer sobre as águas de Lisboa.
Mil obrigados.
Beijinho expectante
Já lá está ó senhor expectoso:) Bjo
Água a ferver... beleza a quanto obrigas ?!
água a ferver estraga a pele, essa Dominicana era burra...
Sim. eu nem da água quente posso abusar. O dermatologista recomenda água fria:)
Beijinho
Querida Tê,
Na verdade, o que o nosso amigo Paulo queria, era saber a nossa opinião. Está-se a preparar para a fotografia e sabe que gravata só, nada significa ;-)
beijinho aos dois
ps-tb não posso usar água demasiado quente
Vou já saciar-Me, Generosa Esmoler.
Bjinho
Ambicionada Cadeira,
não admira que gritasse ao ver a imagem, só de pensar nos sacrifícios que se avizinhavam na banheira...
Ab.
Querida Júlia,
tão burra que, pretendendo fazer durar, abreviou a própria existência. Vá á entender-se aquela cabecinha, mais bonita por fora do que por dentro, decerto!
Beijinho
Não exactamente para a beleza, mas, genericamente, para a saúde da pele, é a água fria conhecida indicação. Ernst Jünger, mesmo passados os cem anos, tomava um banho dela todos os dias.
Beijinhos às Duas Banhistas Colegas do Urso Polar.
Querida Júlia,
Não pense que vou colocar no blogue uma foto de mim no duche!
Bjinho
Pode ser só sem gravata:)
Beijinho
Eheheheehe. Não vai ter de esperar muito tempo. E até em pluralidade que permita a escolha.
Bj.
Que venha a pluralidade:)
Beijinho
Vai enjoar!
Bj.
Ai é? Mostre lá isso!
Bjo
(salvo seja, risos)
Tchiu!
Se o invejosó-rançoso do anónimo vos lê, ainda diz que estamos a fazer um bale da gravata virtual :-))
ps- desta vez,fica dispensado, Paulo.
É preciso ter sempre cuidado com o anonimato, risos.
Beijinhos aos dois, perdão aos três incluindo o anónimo.
Querida T,
espere mais ima semaninha. Com compostura da minha parte, está visto!
Bjinho
Querida Júlia,
obrigado! E eu que preparava um vídeo de uma variante da "Dança dos Sete Véus", qual "Dança das Sete Gravatas"!
Beijinho
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